quarta-feira, 19 de março de 2014

A Unidade para a luta, a resistência, a mobilização e a Assembleia Nacional Constituinte é costurada na Cúpula Agrária.


Por Camilo Raigozo, de NOTIMUNDO



Em 15 de março no Palácio dos Esportes de Bogotá se instalou a Cúpula Agrária Camponesa, étnica e Popular, onde se fizeram presentes personalidades da política dos setores da esquerda e pelo menos 4 mil dirigentes da zona rural colombiana vindos das diferentes regiões do país.




Estiveram presentes as candidats à Presidência e vice-presidência da República, Clara López e Aída Avella, do Pólo Democrática e da União Patriótica, respectivamente; os senadores eleitos Iván Cepeda e Alberto Castilla, os quais arrancaram fortes ovações em suas respectivas intervenções.



A abertura esteve a cargo do prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, que recebeu fortes aplausos e o respaldo dos presentes, que não cessaram de gritar: "Uh! Ah!, Petro não irá".



O burgomestre da capital disse, entre outras coisas, que os habitantes da cidade e do campo devem se organizar para "impedir a arbitrariedade dos que tentam transformar o país em um único pensamento uniforme ou em um único túmulo. É preciso impedi-los e dizer-lhes: "não passarão", disse Petro.



"A articulação entre lutas urbanas pela democracia com as lutas rurais, que também são pela democracia, constituem a base fundamental indispensável da paz".



"Realizar a Cúpula Agrária em Bogotá, mobilizar milhares de forças agrárias rumo à ciade na segunda-feira e confluir com as forças urbanas que se mobilizaram, que encheram a Praça de Bolívar mais de uma vez, não pode ser vista menos do que como um símbolo e um grito da paz".



"Um grito que pode estabelecer os caminhos populares de uma Assembleia Nacional Constituinte que seja capaz de estabelecer as reformas democráticas mais profundas no campo e na cidade, reformas que abram a avenida para a paz", disse Petro.



Por fim, afirmou que na próxima-segunra feira esperava na Praça Bolívar os 30 mil camponeses e outro tanto de bogotanos porque "esperamos que este ano já seja o da paz, o da democracia já para a Colômbia".



Por sua vez, o recentemente eleito senador Iván Cepeda, logo após cumprimentar os moradores do campo presentes e por chegar, assim como as personalidades que o ouiviram, expressou sua satisfação pela tarefa conjunta e unitária que vêm desenvolvendo as diferentes organizações sociais, entre elas o Congresso dos Povos e a Marcha Patriótica.



Da mesma forma, a unidade selada entre o Pólo Democrático e a União Patriótica, cujo resultado foi o lançamento da fórmula Clara López e Aínda Avella, como candidatas conjuntas à Presidênia e Vice-presidência da República respectivamente.



"Clara López e Aída Avella representam o melhor das condidaturas aos elevados cargos, o que nos faz lutar nas ruas e nas urnas nos próximos dias e semanas".



"O propósito deste esforço que se vem fazendo é, primeiro, levar adiante a unidade do movimento social e popular de todas as esquerdas, de todos os setores democráticos, para que construam uma ampla frente que impulsionem as transformações deste país".



"Segundo, que trabalhemos todos juntos pela paz deste país. Que respaldemos os acordoscomas FARC e como ELN em mesas de conversações e, terceiro, trabalhar pelas grandes reformas requeridas pela Colômbia".



"A reforma agrária, que proporcione uma nova distribuição territorial de caráter popular ao país e que freie as transnacionais e a economia extrativista, que acabe com a sonegação de terras pelo narco-paramilitarismo e o latifúndio e que de aos trabalhadores rurais, indígenas e afro-descendentes a terra e o território para que a Colômbia mude".



"Uma grande reforma política que acabe com a fraude eleitoral, com o paramilitarismo, com as máfias. Da mesma forma uma reforma da saúde, da educação e para que todos os setores, principalmente os excluídos e os setores populares tenham acesso a todos os direitos e serviços básicos", disse Cepeda.



Por fim o atual depuitado federal disse que não se sentia um congressista de nenhum partido político em especial, mas sim como um congressisa do povo a serviço do povo para essa luta.



"Vamos precisar de todo o apoio do povo colombiano para deixar para trás o setor da extrema-direita de Álvaro Uribe, par dizer a Santos que se quer que haja paz deve fazer reformas sérias e profundas mudanças sociais", afirmou finalmente Iván Cepeda Castro".



Alberto Castilla, a grata revelação do setor camponês com presença no Congresso da República, expressou que "há uma imensa alegria porque estamos acreditando em nós. Hoje o movimento social colombiano oferece um congressista feito no Congresso dos Povos.



"É necessário que articulemos esta unidade para o exercício da mobilização social com a ação política. Por isso vamos compor uma equipe no congresso com senadores e deputados dos indígenas, afro-descendentes, do Pólo e de outros partidos progressitas que queiram legislar para as maiorias".



"Nossa voz será forte no parlamento se a mobilização é forte neste país. Por isso o convite é no sentido de construir entre todos a unidade. Vamos construir juntos a agenda politica da transformação da Colômbia nesta cúpula agrária e nos cenários que surjam", disse entre outras razões Castilla, em meio a fortes aplausos

Aída Avella, aspirante a Vice-presidência da República pela União Patriótica e pelo Pólo Democrático, disse emocionada que era uma grande satisfação ver, depois de muitos anos, reunidos de maneira abunante e unida os camponeses colombianos.



"Me expulsaram há 18 anos os setores da intolerância e da ignomínia, mas vivemos para voltar e voltamos para vencer. Alegra-me imensamente que o companheiro Castilla faz parte do Senado da República".



"Sabemos que será uma das vozes que nos represente nos estratos onde uns senhores de sempre se apropriaram , com dinheiros sujos e da corrupção, e que chegam ao Congresso comprando votos", disse Avella.



Piedad Córdoba expressou que é preciso aproveitar este momento histórico para a unidade, sem a qual - disse, não seremos capazes de construir o caminho da liberdade e da paz com justiça social. "A paz que se constrói em Havana, coml o ELN, com os oprimidos, com os exluídos, com os refugiados", exprssou emotivamente Córdoba.



Em seguida falaram Lilia Solano, Luis Guillermo Pérez, Robert Daza, César Pachón, a Mane e outros líderes sociais.



Durante este domingo e na manhã de segunda-feira as comunidades debaterão sobre oitos pontos, entre os quais se enontram: Terra, território e ambiente: Paz com justiça social; economia camponesa versus modelo de desenvolvimento; mineração e energia; relação campo-cidade e cultivos de coca, maconha e papoula.



O documento final a sair dessa cúpula será publicitado na Praça Bolívar diante de 30 mil camponeses e número similar de bogotanos que marcharão desde o Coliseu El Campín ate a mítica praça bolivariana.


Fonte: www.pacocol.org

domingo, 9 de março de 2014

Finalizou o ciclo 21 e com ele a entrega de propostas sobre o ponto três

Ao finalizar o ciclo 21 de conversações entre o governo colombiano e as FARC-Exército do Povo, a Delegação de Paz guerrilheira apresentou novas propostas referidas ao ponto “Solução ao problema das drogas ilícitas”, terceiro na Agenda Geral.
O delegado de Paz das FARC, comandante Sergio Marín, fez a leitura das cinco propostas mínimas para uma “Política antidrogas centrada na perseguição aos capitais envolvidos no processo econômico do narcotráfico”.



Nesta nova entrega, as FARC propõem como primeiro ponto a conformação de uma Comissão especializada que estabeleça a verdade sobre a empresa capitalista transnacional do narcotráfico, a qual deverá ser integrada por acadêmicos e pesquisadores expertos nacionais e internacionais a fim de desmantelar os elos fortes deste obscuro mercado, “seu nível de penetração no Estado e nas suas instituições, assim como seus impactos macroeconômicos e sobre as finanças públicas”.


Os seguintes quatro pontos se referem à identificação, perseguição e expropriação dos capitais do narcotráfico, os controles estatais às empresas produtoras ou importadoras de insumos requeridos para a produção de drogas ilícitas, do controle do Estado aos fluxos de capital, das regulações financeiras e auditorias especiais e de uma nova institucionalidade democrática da política antidrogas. Ler proposta em http://www.pazfarc-ep.org/index.php/noticias-comunicados-documentos-farc-ep/delegacion-de-paz-farc-ep/1779-desarrollo-punto-9-de-10_persecucion-a-los-capitales-involucrados-en-el-proceso-econ%C3%B3mico-del-narcotrafico.html



No mesmo cenário, o comandante Fidel Rondón, também delegado de Paz das FARC-EP, parte do último grupo incorporado à delegação, se dirigiu pela primeira vez aos meios de comunicação apresentando as últimas três propostas mínimas sobre a “Responsabilidade dos Estados do capitalismo central, compromissos regionais e requerimentos para a implementação de uma política antidrogas de caráter global”.



Estas três propostas fazem referência ao “compromisso que os Estados consumidores devem assumir na redução da demanda no mercado, enfocando a problemática como um assunto de saúde pública e com enfoque de direitos humanos”.



Do mesmo modo, assinalam que “uma política antidrogas deve promover a integração sub-regional, baseando-se na soberania, na autodeterminação, na participação democrática, nos direitos humanos e na atenção dos elos mais frágeis da economia das drogas ilícitas”.



Finalmente, propõem uma “Reforma substancial ao sistema internacional de controle de drogas das Nações Unidas”, começando “pela realização de uma Conferência Internacional sobre produção e tráfico de drogas ilícitas” a fim de “avançar na identificação de responsabilidades do capitalismo globalizado frente à empresa criminal transnacional do narcotráfico, propiciar a não estigmatização de países considerados produtores”. Ler proposta em http://www.pazfarc-ep.org/index.php/noticias-comunicados-documentos-farc-ep/delegacion-de-paz-farc-ep/1778-desarrollo-punto-10-implementacion-de-una-politica-anti-drogas-de-caracter-global.html




Assim terminam as FARC-EP a entrega de propostas que sobre o problemas das drogas de uso ilícito e narcotráfico vieram se discutindo ao longo dos últimos 4 ciclos.



Às 08:45 da manhã se ofereceu a rodada de imprensa de encerramento do ciclo 21, onde o chefe da delegação insurgente, através dos meios de comunicação convocados, se dirigiu ao país e ao mundo entregando uma síntese das 50 propostas nas quais as FARC-EP expõem suas iniciativas para contribuir na resolução, desde uma perspectiva humana, do problema das drogas de uso ilícito na Colômbia. Ler documento da rodada de imprensa aqui http://www.pazfarc-ep.org/index.php/noticias-comunicados-documentos-farc-ep/delegacion-de-paz-farc-ep/1780-universo-de-propuestas-de-las-farc-ep-frente-al-problema-de-los-cultivos-de-uso-ilicito-y-narcotrafico.html



Neste final de ciclo não houve comunicado conjunto. A manhã transcorreu em reuniões de comissões de trabalho de ambas delegações e destas com representantes dos países garantidores e acompanhantes, que, como sempre, se apresentam no fim de ciclo.




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Gabriel García Márquez completa 87 (06-03-14)




Como um dos maiores escritores em língua espanhola de todos os tempos, Gabriel García Márquez completa nesta quinta-feira (6) 87 anos. Aposentado desde 2009, o escritor colombiano infelizmente sofre de um mal pelo qual está perdendo a memória.




O Nobel de Literatura de 1982 (pelo conjunto de sua obra) disse no livro de memórias Eu Não Vim Fazer Um Discurso o autor relata sua vida dos 17 aos 80 anos e conta que se tornou escritor meio à força ao ser desafiado por um critico literário compatriota. “Eduardo Zalamea Borda, diretor do suplemento literário do El Spectador de Bogotá, publicou um artigo no qual dizia que as novas gerações de escritores não ofereciam nada, que não se via em lugar algum um novo contista ou um novo romancista”, disse Márquez provocado a escrever. Ele enviou um conto ao editor que reconheceu o engano e pediu desculpas sem saber que Márquez se tornaria o maior romancista de seu país e um dos mais importantes do mundo.




No discurso de agradecimento pelo Prêmio Nobel, disse que “a independência do domínio espanhol não nos pôs a salvo da demência”, porque “os desaparecidos pela repressão somam quase 120 mil” e ainda porque “20 milhões de crianças latino-americanas morreram antes de fazer dois anos” e complementa com as denúncias ao afirmar que “é compreensível que insistam em nos medir com a mesma vara com que se medem, sem recordar que os estragos da vida não são iguais para todos, e que a busca da identidade própria é tão árdua e sangrenta para nós como foi para eles”, ao falar sobre a atitude dos europeus e norte-americanos em relação a nós. No discurso “A América Latina existe”, Márquez afirma que “tudo o que não parece com eles parece um erro, e fazem tudo para a sua maneira, corrigir isso, como, aliás, fazem os Estados Unidos”.




Em defesa da paz, um dos principais representantes do “realismo mágico” na América Latina, afirma que “a corrida das armas vai ao sentido contrário da inteligência”, ele diz ainda “a educação privada, boa ou ruim, é a forma mais efetiva da discriminação social”. Ao debater a necessidade de se investir na educação pública, no incentivo à leitura e na defesa da cultura nacional dos países, respeitando-se as formas populares de expressão. Para ele, vivemos num continente “no qual a morte há de ser derrotada pela felicidade e haverá mais paz para sempre, mais tempo e melhor saúde, mais comida quente, mais rumbas saborosas, mais de tudo de bom para todos. Em duas palavras: mais amor”. Um tempo, diz o escritor colombiano, “que cada um possa fazer apenas aquilo que goste do berço à tumba”.





O escritor comunista revela a obstinação por um mundo melhor através de sua literatura e de livros fundamentais para a leitura de todos, como Cem Anos de solidão, O Amor nos Tempos do Cólera e muitos outros livros que o colocam como um das vozes mais constantes em defesa da América Latina. García Márquez teve inúmeras obras adaptadas para o cinema e aposentou-se em 2009 deste ofício do qual diz ser falta de escolha na vida. Como seria bom se todos os que não tivessem escolha na vida se tornassem escritores tão grandiosos como Gabo, como é chamado pelos amigos.




Algumas obras de Gabriel García Márquez:




O enterro do diabo: A revoada (La Hojarasca) (1955)
Ninguém escreve ao coronel (1961)
Cem anos de solidão (1967)
Como contar um conto (1947-1972)
Crônica de uma morte anunciada (1981)
O Amor nos tempos do cólera (1985)
Doze contos peregrinos (1992)
Do amor e outros demônios (1994)
Memória de minhas putas tristes (2004)



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