segunda-feira, 4 de julho de 2016

O silêncio da esquerda: Brexit, Euro-‘austeridade’ e a ‘parceria’ do Atlântico (TTIP)

 Impressionante como um referendo ,ou seja, a voz popular, decisão popular, causa  tanto tumulto, desespero, Claro que algo não devia ir bem na UE,né?
 
A Inglaterra fez...Outros farão?
 
 
Traduzido por Vila Vudu
 
A mídia-empresa nos EUA tratou o resultado do referendo britânico contra permanecer na União Europeia (UE) como se fosse “Trumpismo populista”, voto de direita desarticulado, fruto de ignorância, efeito de bandos de idiotas velhos nem verem que estariam sendo deixados para trás pela política de crescimento econômico neoliberal. O fato de Donald Trump estar na Escócia promovendo seu campo de golfe ajudou a dar verossimilhança à história urdida pelos EUA, que apresenta o resultado pró Brexit como se fosse um psicodrama de “Trump vs. Hillary” – pura ira e ressentimento populistas vs. políticas Hillary-inteligentes.
O que resta desse quadro é que, sim, uma lógica firme nessa oposição a participar como membro da UE. Aparece no slogan de Nigel Farage, “Retomar o controle”.
Ok, mas a questão é: “retomar de quem?” Não só dos “burocratas”, mas também das regras anti-trabalho e pró-bancos consagradas nos tratados de Lisboa e de Maastricht da eurozona.
Os tabloides britânicos opuseram-se à participação na UE e apresentaram os burocratas não eleitos de Bruxelas como autores de leis que limitariam a Grã-Bretanha. O argumento foi em grande parte um apelo nacionalista a “leis britânicas, para ajudar o povo britânico”.
O problema real não é só que os burocratas façam as leis, mas, mais, o tipo de leis que fazem: leis pró-bancos e a favor da ‘austeridade’ contra o trabalho. A política de impostos e de gastos públicos sai do controle por governos nacionais e é entregue a centros de banking – que insistem em ‘austeridade’ [é ARROCHO] e em reduzir aposentadorias, pensões e aplicações em programas sociais.
Os tratados de Maastricht e Lisboa – tanto quanto a Constituição da Alemanha – impedem a eurozona de manter um banco central que gaste dinheiro para fazer reviver a economia europeia. Em vez de trabalhar para salvar a economia da deflação da dívida que ocorreu desde 2008, o Banco Central Europeu (BCE) financia bancos e obriga os governos a salvar acionistas ameaçados de perder dinheiro quando subscrevem papeis podres.
Para complicar ainda mais, os burocratas de Bruxelas parecem altamente curváveis às pressões feitas pelos EUA para que assinem o Tratado da Parceria de Comércio e Investimento , a [‘parceria’] T-TIP transatlântica neoliberal do governo Obama. Trata-se de um programa pró-grandes empresas, que transfere as políticas regulatórias para aquelas mesmas grandes empresas, afastando-as de qualquer ‘influência’ governamental: políticas ambientais, de saúde pública, de rotulagem de alimentos, para começar.
A burocracia em Bruxelas foi sequestrada não só pelos bancos, mas também pela OTAN. Os burocratas lá insistem que haveria grave ameaça de uma invasão militar russa à Europa – como se qualquer país do planeta pudesse, hoje, fazer guerra de coturnos em solo contra outros países.
Essa ameaça ficcional, inventada, é a desculpa para que todos os orçamentos nacionais europeus recebam um parágrafo que assegura gastos de 2% para comprar armas do complexo militar-industrial norte-americano e seus contrapartes franceses e em outros países. Daí os belicistas de Bruxelas-OTAN passam a desqualificar a esquerda pró-trabalho como agente “soft” contra a segurança nacional – como se a Europa estivesse realmente diante do alto risco, iminente, de ser invadida pela Rússia. Quem se oponha à euro-austeridade [é EURO-ARROCHO] são indiciados como agentes de Putin.
Até aqui, a voz da oposição a isso tem sido a do Partido da Frente Nacional de Le Pen na França. Marine Le Pen protesta contra a participação da França na OTAN, sob o argumento de que entrega o controle militar aos EUA e àquele aventureirismo conhecido.
O que antes foi uma esquerda socialista, está agora em silêncio, apesar da realidade de que há muito boas razões para as pessoas dizerem que essa não é a Europa da qual querem fazer parte. É parte do mundo que se vai convertendo em zona morta. Não pode ser “democratizada” sem que se substituam os Tratados de Lisboa e de Maastricht sobre os quais se baseia, e sem que se removam as objeções que o governo alemão faz a qualquer movimento para facilitar gastos públicos para a recuperação de Espanha, Itália, Portugal, Grécia e outros países.
O que é notável é que, ante do crescente ressentimento dos que mais ‘perdem’ por causa do neoliberalismo – os 99% –, só os partidos da direita nacionalista fascista criticaram o neoliberalismo da UE e a tal “parceria” de Obama, a T-TIP!
Os partidos da antiga ala esquerda socialista na França e Espanha; os social-democratas da Alemanha; os socialistas gregos, etc., etc., endossaram o programa neoliberal de ‘austeridade’ [É ARROCHO] pró-finanças, com seus ataques contra o poder dos sindicatos, contra salários, contra aposentadorias.
O enigma portanto é: como aconteceu que partidos originalmente pró-trabalho tornaram-se partidos anti-trabalho?
Corrupção burocrática de todos os partidos, ao longo do tempo
Ibn Khaldun, islamista e filósofo da história, estimou, no século 14, que cada dinastia governa, do apogeu à decadência, por cerca de 120 anos (quatro gerações). A tendência é começarem com um “senso de grupo” progressista, de ajuda mútua. Mas com o tempo, as dinastias sucumbem à luxúria e à ganância, tornam-se corruptas e, assim, facilmente manipuláveis por interesses especiais.
O mesmo se pode dizer de partidos políticos. Cada partido que se identificou com a esquerda na Era Progressista – a era dos partidos Trabalhistas e Socialistas da Europa, e dos Democratas progressistas nos EUA – identifica-se hoje com a direita liberal, passando a ser parte do “establishment.”
Foi como se partidos da direita e da esquerda tivessem trocado, politicamente, de lugar. A esquerda socialista não protesta – até aplaude! – a austeridade na eurozona. Como Tony Blair e Gordon Brown na Grã-Bretanha, tornaram-se tatcheristas, promovendo privatizações e corporativismo.
Afinal, o sistema político europeu oferece uma saída: podem-se formar novos partidos para substituir os velhos, e as representações parlamentares refletem aproximadamente o voto público. É o que permitiu que o movimento italiano Cinco Estrelas; o Podemos espanhol e até o Syriza grego se organizassem e conquistassem assentos e votos no Parlamento. O programa é restaurar governos de esquerda, pró-trabalho, que regulem a economia para aumentar salários e o padrão de vida dos cidadãos, não canalizar a renda do país para os centros financeiros e os 1%.
O que bloqueia a esquerda política progressista nos EUA?
Os EUA são prisioneiros de um sistema bipartidário que bloqueia a ação política de quem se oponha ao neoliberalismo. O sistema de eleição presidencial nos EUA sempre foi viciado desde a origem, pela preferência a favor dos proprietários de escravos do sul. A representação foi montada para refletir uma população escrava que não podia votar, mas contava na representação do Congresso Sulista e nas eleições presidenciais via o colégio eleitoral.
Não entrarei em detalhes aqui, mas o modo como o sistema bipartidário emergiu impede completamente que um terceiro bloco alcance o controle das comissões chaves no Congresso ou de outros instrumentos chaves de governo. Por isso Bernie Sanders entendeu que seria obrigado a concorrer pelo Partido Democrata – apesar de saber que o aparelho do Partido Democrata é firmemente controlado pelas grandes empresas e firmas de Wall Street que pagam pelas campanhas eleitorais.
Assim como a União Europeia não é reformável enquanto persistirem os Tratados de Lisboa e Maastricht, assim o sistema político dos EUA também é irreformável. Nas mãos dos neoliberais, o sistema sempre favorecerá Wall Street contra o trabalho; o poder de empresas e empresários, contra a proteção do meio ambiente, a saúde pública e a recuperação da economia.
Por exemplo, semana passada a Comissão Nacional Democrata rejeitou a propsta de Bernie Sanders, para que a plataforma eleitoral dos Democratas, esse ano, rejeite as duas ‘parcerias’ de Obama, a trans-Atlântico (T-TIP) e a trans-Pacífico (TPP). Essas políticas comerciais já foram chamadas de “NAFTA ‘chapado’ de esteroides”. Por mais que Hillary sempre as tenha apoiado desde o início, ela agora está fazendo ‘gestos’ na direção da esquerda, mentindo que se opõe. Sim… Mas jamais permitirá que a ‘oposição’ dela seja escrita e assinada na plataforma (mesmo que não passe de “um pedaço de papel”, como disse Jane Sanders).
Donald Trump, assim, ‘herda’ o trunfo de denunciar os Democratas por apoiarem as grandes empresas e Wall Steet, contra o trabalho. Isso o põe ao lado de Nigel Farage na Grã-Bretanha ou de Marine Le Pen na França, ou dos nacionalistas na Áustria e Hungria.
E empurra os democratas firmemente para o campo neoliberal, anti-trabalho e anti-regulatório, como aconteceu aos socialistas franceses. E seus contrapartes de direita em outros países, como Lorrie Wallach, Paul Craig Roberts e outros são hoje quem se manifesta contra as ‘parcerias’ TPP e TTIP, mas só Trump parece capaz de jogar essa carta política crucialmente importante.
Assim se vê que o grande problema de nosso tempo é o como criar uma alternativa ao neoliberalismo, às ‘parcerias’ de Obama, trans-Atlântico e trans-Pacífico, que seja pró-trabalho e pró-meio ambiente.
Por que os EUA são absolutamente incapazes de criar um partido que tenha capacidade real para conduzir política democrática de governo? Muitos membros do Partido Verde tentaram fazer isso. Mas o sistema bipartidário dos EUA logo os marginalizou.
Embora os socialistas e outros movimentos externos tenham influenciado há um século o Partido Democrata, a campanha de Sanders mostra o quanto é mínima a probabilidade de que isso aconteça hoje. As empresas e empresários que sustentam a campanha de Hillary apertaram o cerco e o controle sobre o aparelho partidário. Sequestraram a retórica e os slogans da Era Progressista, para fecharem o cerco protetivo em torno de políticas neoliberais de direita e até de extrema direita.
Tudo isso implica dizer que há dois problemas para quem queira lutar contra a austeridade e a deflação da dívida.
Primeiro, o problema do sistema eleitoral que veda qualquer possibilidade de qualquer alternativa.
Segundo, o problema dos partidos de esquerda que regrediram e já rejeitaram as próprias origens pró-trabalho, para apoiar tatcherismos, privatizações, orçamentos ‘equilibrados’ [à bala e/ou a golpes de ‘austeridade’, de ‘ética’, de ‘legalismos’, como no Brasil do Golpe de 2016 (NTs)] e ‘austeridades’ pró bancos. Há uma esquerda, pois, que rejeitou Marx e embarcou na Nova Guerra Fria, pró Império.
Há outra economia possível para a Europa. Mas não pode ser construída a partir dos fundamentos hoje dominantes. É preciso quebrar a eurozona e construir uma União Europeia pró-trabalho.*****
 
Original emhttp://www.orientemidia.org/o-silencio-da-esquerda-brexit-euro-austeridade-e-a-parceria-do-atlantico-ttip/

Daesh /”Estado Islâmico” e os homossexuais

"

Ao contrário do que tanta a mídia a serviço do Poder divulgar como verdade, olha só como pensa a Síria, um país árabe e muçulmano!

"Os Sírios não encaram a questão da homossexualidade sob o ângulo da tolerância ou da intolerância, mas sob a da vida privada. E, milhares de anos de civilização ensinaram-lhes que eles não podem sobreviver nesta região do mundo senão vivendo juntos, e que eles só podem conseguir isso respeitando a privacidade particular. É, pois, possível ter declarações de desprezo pelos homossexuais em geral, ao mesmo tempo se abstendo de acusar seja quem fôr, em particular, de ser gay."




Thierry Meyssan

Um dia histórico

 
Por Alonso Ojeda Awad
Fonte pacocol.org
 
 
 
O 23 de junho de 2016 será relembrado pelas gerações futuras como o dia histórico em que nasceu a Paz para nossa martirizada sociedade, depois de ter vivido e sofrido décadas inteiras de violência e guerras políticas, onde a morte apoderou seus reais de extremo a extremo de nossa geografia. Os fatos vividos fizeram recordar, novamente, as datas lutuosas de quando o partido liberal perdeu a Guerra dos Mil Dias e obrigado pela derrota firmou os dois tratados históricos, pondo fim a esta conflagração fratricida.
O primeiro foi a firma do Tratado de Neerlandia subscrito pelo general Rafael Uribe Uribe, na famosa fazenda do mesmo nome, localizada na zona bananeira do estado do Magdalena, perto do povoado de Ciénaga, a 24 de outubro de 1902, e posteriormente foi firmado o Tratado de Wisconsin, pelo general Benjamín Herrera, no buque insígnia da armada norte-americana que levava esse nome, no porto da cidade de Panamá em 21 de novembro de 1902. Este último tratado pôs fim à confrontação violenta e abriu passagem à hegemonia conservadora até o ano de 1930, quando ganha a presidência o liberal Enrique Olaya Herrera, quem, com Alfonso López Pumarejo, dá início à significativa “Revolução em marcha”.
Porém, as condições da firma da Paz se deram em circunstâncias diferentes. Hoje, a organização insurgente mais significativa e emblemática durante estes últimos cinquenta anos, as FARC-EP, dando demonstração de coesão política e mando centralizado, firmaram em Havana, junto ao presidente Juan Manuel Santos, um Acordo que põe fim à guerra. Este emocionante ato solene de firma entre o presidente Santos e o Comandante “Timochenko”, presidido pelo presidente de Cuba, Raúl Castro Ruz, com a honrosa companhia na mesa do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, do chanceler da Noruega, Borge Brende, do presidente da Assembleia das Nações Unidas, Mogens Lykketoft, do presidente do Conselho de Segurança da ONU e do embaixador da França François Delattre, dos presidentes dos países acompanhantes do Chile Michelle Bachelet e da Venezuela Nicolás Maduro, do enviado especial do presidente dos EUA Bernard Aronso, da União Europeia Eamon Gilmore e dos presidentes latino-americanos Salvador Sánchez de El Salvador, Danilo Medina da República Dominicana e presidente da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos [CELAC], junto com o presidente do México Enrique Peña Nieto.
Há que reconhecer que nunca, em nossa longa vida republicana, havíamos conseguido tanto êxito diplomático, colocada nossa nação como o ponto mais importante do mundo nessas 24 horas que selaram nossa sorte como nação democrática e em Paz, exemplo imperecível para todas as nações do mundo. Um novo movimento político aparece no firmamento democrático colombiano ao desaparecerem as FARC, como sigla de Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, para transformar-se num partido político que lutará dentro dos parâmetros da Constituição política para chegar ao poder. Segundo manifestaram seus comandantes guerrilheiros, o que muda são os métodos de luta porque sua plataforma e seus sonhos políticos de justiça social e desenvolvimento popular continuarão tendo a vigência que mantiveram nesses 52 anos de luta armada nos campos e nas montanhas colombianos.
Os quatro pontos vitais para o fim do conflito armado são os seguintes:
  1. Cessar do fogo e das hostilidades. Este ponto na prática diária e cotidiana já é o fim da guerra fratricida entre o Estado e as FARC-EP. Isto significa que não haverá ações ou agressões entre as partes contendoras nem contra a população civil. As FARC, como demonstração de seu compromisso pela Paz, haviam declarado cessar-fogo unilateral por tempo indeterminado desde 20 de julho de 2015. O governo suspendeu os bombardeios aos grupos guerrilheiros como uma demonstração de sua decidida vocação de Paz. Agora, com o cessar-fogo bilateral, cessam na raiz as agressões mútuas.

Zonas de Localização. Se definiu 23 zonas, cujo nome técnico é Zonas Veredais Temporárias para a Normalização. As zonas têm o tamanho de uma vereda, que vão de 8 a 14 quilômetros quadrados. O número final de 23 leva em conta a capacidade da Missão Política da ONU, que coordenará a verificação e da qual fazem parte as FARC, o Governo e países da CELAC.
Cronograma do desarmamento. É o tempo no qual as FARC deixarão as armas. Em todo caso, as zonas veredais se acabam em 6 meses. Este tempo dependerá da transição das FARC à vida civil e sua autorizada e esperada conversão num movimento político. A guerrilha e o governo estão decididos a que este processo não vá mais além de 31 de dezembro de 2016.

Garantias de segurança. Esta é uma das preocupações centrais para que não se volte a repetir o doloroso caso da União Patriótica, que foi dizimada pelo paramilitarismo, sanguinário setor inimigo da Paz. Neste ponto se contemplam medidas de segurança pessoal para os integrantes das FARC dentro das zonas veredais e, posteriormente, quando se mobilizem pelo país em seus novos compromissos políticos. O governo garante a luta contra as estruturas criminais tipo bacrim e suas redes de apoio que se consideram sucessoras do paramilitarismo e que atentam contra defensores de Direitos Humanos e dirigentes dos novos movimentos políticos e sociais.
Assim as coisas, os amantes da Paz estamos de parabéns e queremos felicitar ao presidente Juan Manuel Santos e ao Comandante “Timochenko” por este belo presente que brindam hoje em dia à sociedade colombiana. Deus os ilumine!

NOTA: Conheço o compromisso profundo que com a Paz têm os dirigentes sociais Carlos Velandia e Francisco Galán. Sou testemunha dos múltiplos esforços que desenvolveram para pôr fim à guerra e iniciar a construção de uma nova nação, longe da dor da violência e da morte. Participaram ativamente como conferencistas no “Programa Pedagogia de Paz” que durante 16 anos mantive aberto na Universidade Pedagógica de Bogotá. Clamamos por sua imediata Libertade.

Ex-Embaixador da Colômbia na Europa

Vice-presidente do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos.


27 de Junho de 2016.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

“Nenhum Papa foi tão longe na condenação ao capitalismo como Francisco”. Entrevista com Michael Löwy

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