quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Atingidos pela tragédia de Mariana passarão Natal e Ano Novo sem casas

A cidade de Mariana, no Estado de Minas Gerais, foi o palco de um dos maiores desastres ambientais já ocorrido no Brasil. Duas barragens da mineradora Samarco [de propriedade da transnacionais Vale e BHP-Billiton] se romperam, alagando a região. Nessas barragens, havia lama, rejeitos sólidos e água. Os detritos, talvez tóxicos, são resultado da atividade mineradora.
Pelo menos 128 residências foram atingidas pela onda de lama e pelos dejetos. O número de mortos oficialmente contabilizados chega 12 pessoas, além de 12 desaparecidos, entre eles nove empregados terceirizados da Samarco e três moradores de Mariana. Sete dos 12 corpos encontrados ainda aguardam identificação.
Agência Brasil
Mariana foi palco do maior desastre ambiental já visto no Brasil.
A Samarco garante que não há nada tóxico nos 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, liberados durante o acidente. Mas já foram encontrados resíduos de metais pesados na lama.
A lama que desce pelo rio Doce deve atingir, no total, uma área de cerca de 10 mil quilômetros quadrados, no litoral do Estado do Espírito Santo, área equivalente a mais de seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Os prejuízos são calculados em mais de R$ 100 milhões, segundo o prefeito de Mariana, Duarte Júnior.
A Samarco já fez um acordo com o Ministério Público e concordou em pagar R$ 1 bilhão, para começar a compensar os danos materiais e ambientais. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 300 milhões da empresa para os ressarcimentos. A intenção é fazer com que a empresa repare completamente o dano causado pela lama, com ações que incluem limpeza, resgate dos animais, reconstrução das casas, entre outros.
O Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis] vai multar a Samarco em R$ 250 milhões. Se a empresa for condenada a pagar uma indenização coletiva, o dinheiro deve ir para um fundo destinado às ações de melhoria da qualidade ambiental. A partir disso, os moradores podem pedir uma indenização pelos danos pessoais. Inclusive, em caso de morte de parentes, podendo até haver pagamento de pensões às famílias das vítimas.
Partes das famílias desabrigadas irão passar o Natal, e passagem do ano novo e até o Carnaval morando em hotéis na cidade de Mariana, segundo um cronograma apresentado pela própria empresa.
Brasil de Fato
300 famílias aguardando para serem transferidas de hotéis e pousadas para casas alugadas pela empresa.
Atualmente, a Samarco calcula cerca de 300 famílias aguardando para serem transferidas de hotéis e pousadas para casas alugadas pela empresa, conforme informa José Luiz Santiago, gerente geral de projetos da Samarco. As famílias devem viver nessas moradias provisórias até que sejam reconstruídas as comunidades devastadas pela lama.
Familiares de pessoas desaparecidas depois do rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da Samarco, se reuniram com membros do Movimento do Atingidos por Barragens (MAB) para discutirem a sua pauta de reivindicações, e sobre como se organizarem para garantirem seus direitos e buscarem caminhos para reconstruírem suas vidas.
Participaram da atividade familiares que, 18 dias após o desastre, ainda não tiveram acesso aos corpos de seus entes queridos e vivem na angústia, por causa do "descaso da empresa”, informa o MAB. As famílias relatam violações de direitos que a empresa e o poder público têm provocado em suas vidas desde então. Entre elas estão: falta de transparência; demora na identificação dos corpos; assistência psicológica inadequada; falta de acesso à memória e aos bens; "ré” no controle da apuração do crime; e insegurança no trabalho, em especial dos terceirizados.
Devido a estas violações, os familiares construíram com o MAB uma pauta de reivindicações para apresentarem à empresa, com os seguintes pontos: direito de enterrarem os mortos: continuidade e agilidade nas buscas; e que a Samarco repasse recursos ao poder público para arcar com os custos; acesso à informação, diariamente e de forma irrestrita; acompanhamento psicológico com profissionais escolhidos pela própria família, com custo pago pela empresa; que haja séria investigação e que os responsáveis pelo crime sejam punidos. Além disso, que haja alguma forma de reparação para todas as famílias que perderam seus parentes.
Medidas insuficientes
A Organização das Nações Unidas (ONU) está divulgando uma nota com a opinião de dois especialistas sobre o rompimento das barragens de rejeitos pertencentes à Samarco. Segundo os especialistas, "as medidas tomadas pelo governo brasileiro, a Vale e a BHP Billiton para evitarem danos foram claramente insuficientes”.
scoopnest
Para a ONU, as medidas tomadas pelo governo brasileiro, a Vale e a BHP Billiton para evitarem danos foram claramente insuficientes.
"Dois especialistas das Nações Unidas sobre meio ambiente e resíduos tóxicos exortaram, hoje, o governo brasileiro e relevantes empresas a tomarem medidas imediatas para protegerem o meio ambiente e a saúde das comunidades em risco de exposição a substâncias químicas tóxicas, em decorrência do catastrófico colapso de uma barragem de rejeitos, no dia 05 de novembro de 2015” relata um trecho do comunicado da entidade.
A ONU lembra que o rio Doce, uma das grandes bacias hidrográficas do Brasil, agora, é considerado morto por cientistas, e a lama tóxica está seguindo lentamente seu caminho rio abaixo, em direção ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos, onde ameaça a floresta protegida e o habitat local. A lama já entrou no mar do Espírito Santo, na praia da Regência, um santuário para tartarugas ameaçadas de extinção e com uma rica fonte de nutrientes, da qual a comunidade pesqueira local depende.
Os relatores especiais da ONI afirmam que "esse desastre serve como mais um exemplo trágico do fracasso das empresas em conduzirem adequadamente a devida diligência em direitos humanos, para prevenir violações de direitos humanos”.
Movimentos sociais e voluntários se mobilizam para receberem donativos e acolherem as vítimas, que já passam de 500. De acordo com a Prefeitura de Mariana, as prioridades são doações de materiais de uso pessoal, como escovas de dente, toalhas de banho, copos, talheres e pratos descartáveis, além de água potável.
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Gean Rocha

Especial para Adital.
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Stédile: Movimentos irão às ruas impedir tentativa de ferir democracia


2 de dezembro de 2015 - 20h23

Stédile: Movimentos irão às ruas impedir tentativa de ferir democracia

A decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de aceitar o pedido de impeachment contra a presidenta constitucionalmente eleita, Dilma Rousseff, já provoca reação dos movimentos sociais. O líder do MST, João Pedro Stédile, disse, ainda nesta quarta (2), que as entidades irão às ruas barrar a tentativa de passar por cima da democracia.


   

Cunha decidiu aceitar o processo de impeachment no mesmo dia em que deputados do PT anunciaram que votarão contra ele no Conselho de Ética da Câmara, onde é investigado por participação no escândalo da Lava Jato.
“Certamente, os movimentos populares irão fazer suas avaliações e, nos próximos dias, nos articularemos para programarmos mobilizações e impedirmos, nas ruas, qualquer tentativa de ferir nossa nascente democracia. O povo brasileiro elegeu a presidenta e mais 27 de governadores. E todos têm direito de concluírem seus mandatos constitucionais.”
Stédile afirmou ainda que Eduardo Cunha “não tem moral” para encaminhar processo de impeachment. “Se ele tivesse um pingo de dignidade já teria renunciado para se defender no STF, onde é acusado, com fartas provas, de corrupção.”

Dilma reage e manda recado a Cunha: “Não possuo conta no exterior”

dezembro 2, 2015 23:31 



Em pronunciamento no Palácio do Planalto, a presidenta se posicionou em relação à decisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de autorizar a abertura do processo de impeachment e partiu para o ataque: “Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim (…) Nunca coagi, ou tentei coagir instituições ou pessoas na busca de satisfazer meus interesses”. Confira a íntegra da fala da presidenta
Por Redação
Após o anúncio de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de que autorizará a abertura do processo de impeachment, na tarde desta quarta-feira (2), a presidenta Dilma Rousseff fez um pronunciamento para comentar a decisão. Em sua fala, Dilma assumiu um tom de contra-ataque e negou a prática de qualquer ato ilícito em sua gestão.
“São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim, não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público”, disse a presidenta, que durante todo o seu discurso se referiu às denúncias que pesam contra Cunha.
“Não possuo conta no exterior, nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais. Nunca coagi, ou tentei coagir instituições ou pessoas na busca de satisfazer meus interesses”, ironizou.
A autorização de Cunha para a abertura do processo de impeachment veio como uma forma de retaliação à decisão da bancada do PT, que anunciou que seus deputados votariam pela continuidade do processo que investiga o presidente da Casa no Conselho de Ética e que pode culminar na cassação de seu mandato. Quanto aos rumores de um suposto acordo entre governo e Cunha para que o deputado não abrisse o processo de afastamento da presidenta, Dilma foi direta: “Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha. Muito menos com aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, bloqueiam a justiça, ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública”.
Leia abaixo a íntegra do pronunciamento da presidenta:
“No dia de hoje, vocês viram que foi aprovado pelo Congresso Nacional, o proejto de lei que atualiza a meta fiscal, permitindo a continuidade dos serviços públicos fundamentais para todos os brasileiros.
Ainda hoje, eu recebi com indignação a decisão do senhor presidente da Câmara dos Deputados de processar pedido de impeachment contra mandato democraticamente conferido a mim pelo povo brasileiro.
São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam este pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim. Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público, não possuo conta no exterior, nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais. Nunca coagi, ou tentei coagir instituições ou pessoas na busca de satisfazer meus interesses.
Meu passado e meu presente atestam a minha idoneidade e meu inquestionável compromisso com as leis e a coisa pública.
Nos últimos tempos e, em especial, nos últimos dias, a imprensa noticiou que haveria interesse na barganha dos votos de membros da base governista no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em troca, haveria o arquivamento dos pedidos de impeachment.
Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha. Muito menos com aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, bloqueiam a justiça, ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública.
Tenho convicção e absoluta tranquilidade quanto à improcedência desse pedido, bem como, quanto ao seu justo arquivamento. Não podemos deixar as conveniências e os interesses indenfensáveis abalarem a democracia e a estabilidade do nosso país.
Devemos ter tranquilidade e confiar nas nossas instituições e no estado democrático de direito.
Obrigada a todos vocês e muito boa noite!”

Luta linguística antiterrorista: por que usamos ‘Daesh’ em vez de ‘Estado Islâmico’? Leia mais: http://br.sputniknews.com/mundo/20151202/2949370/daesh-terrorismo.html#ixzz3tEtre6se

O Conselho Interreligioso russo exigiu a unificação de todos os nomes do grupo terrorista proibido na Rússia, que na mídia é conhecido como ISIL, ISIS ou Estado Islâmico (EI). Ao que se sabe, após este pedido muitas edições resolveram seguir a proposta. A Sputnik esclarece a razão por trás da exigência.

De acordo com o Conselho, o nome que os militantes usam para se referir a si mesmos dá uma noção errada de Islã. O vice-chefe da Administração clero de muçulmanos da Rússia Damir-hazrat Mukhetdinov explicou o uso linguístico da palavra e a noção religiosa:
"O mais correto é chamar a organização de acordo com a sigla árabe Daesh. É claro que a tradução em russo seria a mesma [Estado Islâmico do Iraque e Levante], mas não é óbvio, quando jornalistas escrevem Daesh. Por exemplo, o que é 'Al-Qaeda'? Nós não traduzimos isso em russo e, por esta via, não demos o equivalente à palavra, que significa 'regras'. Mas, no caso do uso do nome 'Estado Islâmico', a palavra Islã é usada no significado errado".
Daesh, ISIS, ISIL – o que tudo isto significa? 
"Daesh" é a sigla em árabe para al-Daula al-Islamiya al-Iraq wa Sham (Estado Islâmico do Iraque e Sham [Levante]). O mais correto seria "Daish", mas a variante "Daesh" é mais usada na mídia, o que é mais correto do ponto de vista de pronúncia.
O acrônimo ISIS é usado amplamente na mídia em inglês e significa Estado Islâmico do Iraque e Síria, o que provoca muita controvérsia, já que o Iraque e a Síria são dois Estados soberanos que não têm nada a ver com os terroristas cujas ações sangrentas sacodem o mundo inteiro. Altos diplomatas e políticos em várias línguas, inclusive o inglês, usam o acrônimo “ISIL” no qual a única coisa que difere da sigla anterior é a letra “L” que significa Levante – uma região não determinada de forma precisa e que abrange Síria, Palestina, Jordânia e Líbano.
Em árabe, a região do Levante chama-se al-Sham e é também conhecida como Síria. Resumindo, Levante e al-Sham são quase a mesma coisa. 
"Daesh" porque os terroristas odeiam o nome
Como é geralmente sabido, a guerra deve ser travada em todas as frentes, inclusive na mídia e na opinião pública. 
Em árabe, esta palavra é semelhante à "Daes", que significa "aquele que esmaga algo" ou "Dahes" que pode ser traduzido como "aquele que semeia a desordem".
Segundo divulgou o jornal britânico Mirror, citando o canal de TV norte-americano NBC, militantes do grupo terrorista ameaçaram "cortar as línguas de cada um que pronuncie a palavra 'Daesh'". Além disso, nos territórios controlados pelo grupo terrorista, o uso da palavra "Daesh" não só é proibido, mas o castigo são 70 chibatadas, informou o jornal britânico The Independent.
Quer dizer, os próprios terroristas oferecem mais uma razão para usar ainda mais ativamente a palavra "Daesh" porque o que é mau para os terroristas é bom para o mundo.
O Estado Islâmico não é um Estado!
O nome "Estado Islâmico" implica uma certa noção de instituição, o que claramente não tem nada a ver com a realidade. Para evitar esta noção, é melhor referir-se aos terroristas usando o termo "Daesh" porque de fato os terroristas em questão representam um quase-Estado que nunca foi reconhecido formalmente nem internacionalmente.   
Enfim, chamar "Estado" a um grupo de criminosos que cortam gargantas perante as câmeras é demasiada honra.
Execução de cristãos etíopes pelo Estado Islâmico.
Execução de cristãos etíopes pelo Estado Islâmico.
Não ao califado global! Os terroristas do Daesh desistiram da ligação regional (a autodesignação de Estado Islâmico do Iraque e do al-Sham) e adotaram "Estado Islâmico" porque não respeitam fronteiras estatais e pretendem construir um califado global. Posicionam-se como uma formação religiosa supranacional – retiraram todas as referências à Síria e ao Iraque dos livros de estudo nas escolas nos territórios controlados e eliminaram a fronteira entre a Síria e o Iraque nas áreas que controlam. 
Por isso, não querem ver nenhuma referência aos nomes de Estados (neste caso, o Iraque) e territórios históricos (neste caso é o al-Sham). Seguindo o princípio "o que é mau para os terroristas, é bom para o mundo" não devemos dar aos terroristas "combustível" para a construção do califado global, ou seja, devemos guardar a referência regional no nome do grupo terrorista – o Daesh inclui esta referência; o Estado Islâmico, não. O Daesh deve ser localizado e destruído! Não devemos dar aos terroristas a possibilidade de expandir-se globalmente.

Nu frontal: veja TUDO do comércio de petróleo do ISIS-“Rockefellers de Raqqa”, Bilal Erdogan, KRG Crude & Conexão Israel

Tradução Vila Vudu
“Efetivamente, fomos financeiramente discriminados (contra), por muito tempo. No início de 2014, quando não recebemos transferências do orçamento, começamos a pensar sobre vendas independentes de petróleo” – Ashti Hawrami, ministro de recursos naturais do Curdistão.
Em junho de 2014, o navio-petroleiro “SCF Altai” chegou ao porto de Ashkelon. Horas depois, o primeiro carregamento do oleoduto curdo estava sendo entregue em Israel. “Garantir essa primeira venda de petróleo de seu petroduto independente é crucial para o Governo Curdo Regional [ing. Kurdish Regional Government (KRG)], que procura maior independência financeira do Iraque destroçado pela guerra” – a agência Reuters observou à época, acrescentando que “a nova rota de exportação para o porto turco de Ceyhan, que visa a deixar de lado o sistema federal de oleodutos de Bagdá, criou amarga disputa pelos direitos de venda do petróleo entre o governo central e os curdos.”Uma semana antes o navio-petroleiro “SCF Altai” recebera petróleo curdo numa transferência navio-navio do petroleiro United Emblem ao largo da costa de Malta. O United Emblem carregara o cru no porto [turco] de Ceyhan, que é conectado por oleoduto ao Curdistão.O movimento dos curdos para vender cru por vias independentes de Bagdá tem longa história de disputa por orçamento. Sem entrar em muitos detalhes, Erbil tem direito a 17% da renda do petróleo iraquiano e, em troca, o Governo Curdo Regional deve transferir cerca de 550 mil barris/dia à empresa SOMO (a empresa estatal iraniana de petróleo). Quase imediatamente depois de esse acordo ser firmado, no final do ano passado, Bagdá protestou, porque os curdos não estariam cumprindo a parte deles no trato; assim sendo, só uma fração do orçamento previsto foi paga a Erbil durante os cinco primeiros  meses do ano.Foi simplesmente uma continuação da velha rixa entre Erbil e Bagdá sobre a porcentagem da renda estatal do petróleo teria de ser paga ao Governo Curdo Regional. Por sua vez, o Iraque ameaçou processar qualquer um que compre petróleo da produção independente dos curdos. Por exemplo, quando o petroleiro “United Kalavrvta” – que partiu de Ceyhan em junho passado – preparava-se para atracar em Galveston, Texas, um mês depois, um funcionário da SOMO iraquiana disse à Agência Reuters que a equipe de advogados internacionais do Iraque estava “acompanhando de perto o movimento do navio e estava pronta para interpelar qualquer potencial comprador, independente da nacionalidade.”Vocês já entenderam. Erbil quer fatia maior do bolo, Bagdá não quer dar e, há algum tempo, o Governo Curdo Regional decidiu simplesmente excluir o governo iraquiano do circuito e exportar o petróleo por sua conta e risco. A disputa continua.

“Ok, mas… e por que você está contando tudo isso?” Recordem que ao longo das últimas várias semanas, temos consumido muito tempo documentando os negócios do Estado Islâmico no lucrativo mercado negro de petróleo.
No início desse mês, Vladimir Putin detalhou o objetivo de toda a operação, em reunião com os colegas do G20. “Mostrei fotos  tomadas de aviões e do espaço, que mostram claramente a escala do comércio ilegal de petróleo e de derivados de petróleo” – disse o presidente da Rússia a jornalistas, às margens da reunião do G20 em Antalya. No mesmo dia, os EUA destruíram exatamente 116 caminhões-tanque do ISIS, esforço que foi amplamente noticiado pela mídia-empresa ocidental. Nas duas semanas seguintes, Moscou e Washington vaporizaram, somados,  1.300 caminhões-tanques do ISIS para transporte de petróleo.
NINGUÉM sabe por que os EUA demoraram 14 meses para acertar o primeiro caminhão-tanque do primeiro comboio. A versão oficial é que o Pentágono estaria preocupado com possível “dano colateral”, mas duvidamos muito que essa seja a verdadeira razão (discussão detalhada dessa questão, pode ser lida aqui).
Seja como for, a mídia-empresa dominante continuou sem examinar melhor a principal fonte de renda do Estado Islâmico (o grupo faz cerca de meio bilhão de dólares/ano no comércio ilícito de petróleo roubado dos sírios). Mas nós decidimos examinar melhor para entender quem está facilitando o transporte de todo esse petróleo roubado e onde ele realmente é entregue, porque – e disso ninguém mais duvida – as grandes agências e veículos da mídia-empresa têm a mais perversa tendência de evitar cuidadosamente qualquer revelação “inconveniente”.
Essa coluna, hoje, é a quarta, numa série sobre o assunto, e consideramos importante que, antes de prosseguir, o leitor revise as três colunas anteriores:
Na 6a-feira, destacamos um estudo acadêmico dos professores George Kiourktsoglou e Alec D. Coutroubis, que examinaram a relação entre o número de navios-tanques em Ceyhan, em relação a eventos importantes que envolvessem petróleo e o ISIS. A correlação que os pesquisadores encontraram pode ser examinada nessa Tabela 1.



Nas palavras dos próprios especialistas: “parece que sempre que o ISIS está combatendo em área próxima a instalações da indústria petroleira, as exportações do grupo, do porto de Ceyhan, instantaneamente sobem muito. O crescimento pode ser atribuído a um aumento forte na oferta do cru contrabandeado, com o objetivo de gerar fundos imediatos, muito necessários para manter o estoque acessível de munição e de equipamento militar.”
Agora já todos podem começar a ver a conexão. Ceyhan é o porto [turco] do qual o petróleo curdo (tecnicamente “ilegal” na versão de Bagdá) é transportado, e como Kiourktsoglou e Coutroubis notam, “as quantidades de petróleo cru que estão sendo exportadas para o terminal em Ceyhan ultrapassam a marca do 1 milhão de barris/dia; e dado que o ISIS nunca antes conseguiu comerciar mais de 45 mil barris/dia, é evidente que quantidades como as que se veem de petróleo contrabandeado não podem ser alcançadas por meios legais transparentes contabilizáveis por métodos de gestão de estoques.” Em outras palavras, se o petróleo do ISIS é embarcado do porto turco de Ceyhan ele é e permanece invisível.
É onde as coisas começam a ficar interessantes. Há algumas semanas, a Reuters divulgou matéria exclusiva na qual detalha como Erbil esconde de Bagdá, os seus embarques de cru. Aqui, alguns detalhes:

Muitos compradores têm medo desses negócios, com Bagdá ameaçando processar qualquer comprador. Grandes empresas de petróleo – como Exxon Mobil e British Petroleum – têm projetos conjuntos de bilhões de dólares com Bagdá.
Alguns compradores levam os navios tanques até Ashkelon, Israel, onde são carregados com itens a serem revendidos adiante a compradores na Europa. O petróleo curdo também é vendido ao largo da ilha de Malta e transferido de navio a navio, o que ajuda a ocultar os compradores finais e, assim, os protege contra as ameaças da estatal iraquiana SOMO.
Era jogo extremamente arriscado. Um navio atraca ao largo de Malta e espera que outro chegue, para levar sua carga ao destino final. Às vezes, são mandados dois navios-tanques, um cheio e outro vazio, para complicar o rastreamento da carga.
“De repente, todo mundo virou especialista em rastrear navios. Então, tivemos de também subir o nosso jogo. Mas uma coisa está comprovada e funciona: depois que o petróleo sai, ele sempre flui” – disse Hawrami.
Ok, quer dizer que há um esquema operante, que envolve transferir cargas de petróleo de um navio ao outro ao largo da costa de Malta, e que está sendo usado para levar cru curdo até compradores como, dentre outros, Israel. “Refinarias e empresas de petróleo israelenses importaram mais de 19 milhões de barris de petróleo curdo entre o início de maio e 11 de agosto, segundo documentos de embarque, fontes comerciais e dados do rastreamento de navios-tanque por satélite” – lia-se semana passada no Financial Times. “É o equivalente a 77% da demanda média israelense, que está em torno de 240 mil barris/dia. Mais de um terço de todas as exportações do norte do Iraque, embarcadas naquele período no porto turco de Ceyhan no Mediterrâneo foram para Israel.”
Aqui já se começa a ter melhor ideia do que se passa. O petróleo curdo já é tecnicamente ilegal, e a Turquia muito se alegra com poder facilitar sua viagem até compradores estrangeiros via o porto Ceyhan. Que meio poderia ser melhor para o ISIS pôr ‘seu’ petróleo no mercado, do que movimentá-lo através de um porto que já negocia com cru suspeito?
O jornal Al-Araby al-Jadeed (veículo com sede em Londres, do grupo Fadaat Media, do Qatar) diz ter obtido informações sobre a rota até o porto turco de Ceyhan, de um coronel dos serviços de inteligência do Iraque, cujo nome não foi revelado. Eis o que Al-Araby está publicando:


A informação foi verificada por oficiais da segurança curda, alocados no ponto de passagem de fronteira Ibrahim Khalil entre Turquia e o Curdistão Iraquiano, e um funcionário de uma das três empresas de petróleo que negocia o petróleo contrabandeado do ISIS.
O coronel iraquiano, o qual, com investigadores norte-americanos, está trabalhando num modo de deter o fluxo das finanças dos terroristas, disse a al-Araby sobre os estágios pelos quais passa o petróleo contrabandeado desde os pontos de extração nos campos de petróleo iraquianos até o destino final – principalmente o porto de Ashdod, Israel.
“Depois que o petróleo é extraído e carregado, os caminhões-tanques deixam a província Nineveh e tomam rumo norte para a cidade de Zakho, 88km ao norte de Mosul,” disse o coronel. Zakho é cidade curda no Curdistão Iraquiano, junto à fronteira com a Turquia.
“Depois que os caminhões-tanques do ISIS chegam a Zakho – normalmente, 70 a 100 de cada vez – são recebidos pelas máfias do contrabando de petróleo, uma mistura de curdos sírios e iraquianos alguns turcos e iranianos”, o coronel continuou.
“O pessoal encarregado de embarcar o petróleo nos navios vende o petróleo pela maior oferta” – diz o coronel. A disputa entre gangues organizadas alcançou picos de fúria, e assassinatos de líderes de máfias já se tornaram frequentes.
Quem fizer a oferta mais alta paga em dinheiro (dólares norte-americanos), entre 10 e 20% do preço definido; o restante é pago mais tarde, sempre segundo o coronel.
Os motoristas dos caminhões-tanques entregam os veículos a outros motoristas que têm permissão e documentos para cruzar a fronteira para território turco. Os motoristas que levaram os caminhões-tanques até ali recebem caminhões vazios que terão de dirigir de volta às áreas controladas pelo ISIS.
Uma vez na Turquia, os caminhões-tanques prosseguem até a cidade de Silopi, onde o petróleo é entregue a alguém que atende pelos nomes de Dr. Farid, Hajji Farid e Tio Farid.
Tio Farid, perto dos 50 anos, tem dupla nacionalidade grega e israelense. Anda sempre acompanhado de dois guarda-costas num jipe Cherokee preto.
Uma vez na Turquia, o petróleo do ISIS é indistinguível do petróleo vendido pelo Governo Regional Curdo; e os dois carregamentos são vendidos como petróleo “ilegal”, “de origem desconhecida” ou “sem licença”.
Sempre segundo o coronel, as empresas que compram o petróleo do Governo Curdo Regional compram também o petróleo contrabandeado pelo ISIS.

Deve-se reconhecer que há considerável quantidade de detalhes, todos verossímeis, mas, independente de se alguém acredita ou não no “Tio Farid” e em seu jipe Cherokee preto, o que realmente interessa é que parece haver, sim, rotas que levam até a Turquia o petróleo contrabandeado; e, uma vez que esteja em território turco, pode bem ser oferecido como petróleo curdo, porque, seja o que for, sempre será produto “ilegal”, “sem licença”, como se leu acima.
Na sequência, o jornal Al-Araby al-Jadeed fala de um punhado de empresas de petróleo (mas não cita nomes) que embarcam o petróleo dos portos turcos de Mersin, Dortyol e Ceyhan, para Israel. [Tabela 2]. Aqui está toda a suposta rota [Mapa 1, de Al-Araby, 26/11/2015, Londres].
O mapa mostra que o cru viaja diretamente de Ceyhan [Turquia] até Ashdod [Israel], mas vale a pena investigar se o petróleo do ISIS não é “lavado” mediante a mesma conexão Malta usada pelos que contrabandeiam cru curdo “ilegal” (e que também acaba em Israel).
Perguntamos isso, porque Bilal Erdogan é proprietário de uma empresa de navios com sede em Malta. “O Grupo BMZ, que pertence ao filho do presidente Erdogan, Bilal, e a outros membros da família, comprou dois navios-tanques nos últimos dois meses, ao custo total de $36 milhões” – informou em setembro o jornal Today’s Zaman. “Os navios-tanques, que serão registrados em outubro como pertencentes à Empresa de Embarques e Transporte de Petróleo – associada do Grupo BMZ com sede em Malta – estiveram antes alugados à empresa Palmali Denizcilik, por dez anos.
Na sequência, uma lista recente de dados da movimentação entre os portos Ceyhan e Ashdod extraída de Fleetmon.com (Destacados na relação os navios-tanques com bandeira maltesa).

Não há dúvida de que muitas dessas ‘informações’ são circunstanciais, tudo é muito ambíguo, mas é perfeitamente possível que Erdogan esteja ativamente traficando petróleo roubado pelos terroristas do ISIS, considerado tudo que se sabe sobre os negócios de Ancara com o petróleo ilegal curdo. Vejam o que se lê em al-Monitor:

Detalhes de negócios de energia feitos entre a Turquia e o Governo Curdo Regional permanecem ainda nebulosos, entre os muitos boatos de que Erdogan e seu círculo mais íntimo beneficiam-se financeiramente daqueles negócios. Segundo  Tolga Tanis, colunista do jornal turco de grande circulação
Hurriyet, que investigou aqueles boatos, a empresa Powertrans, que possui licença exclusiva para transportar e negociar petróleo curdo, dada pelo gabinete de Erdogan em 2011, é administrada por Berat Albayrak, genro de Erdogan. E não demorou para que Erdogan, conhecido pela tendência aos litígios, iniciar um processo contra Tanis, por difamação.
Vários funcionários curdos iraquianos que pediram para não ser identificados confirmaram que Ahmet Calik, empresário com laços muito próximos com Erdogan, recebeu alvará para transportar petróleo curdo, por caminhões, até a Turkey.
Em outras palavras, parece não haver dúvidas de que Erdogan já transporta petróleo ilícito do Governo Curdo Regional (governo regional com o qual Ancara mantém laços amigáveis, apesar de serem curdos), servindo-se do próprio genro, em grandes quantidades. Por que não transportaria também petróleo do ISIS, pelas mesmas redes, servindo-se do filho Bilal? Ou talvez, mesmo, servindo-se do seu outro filho, Burak Erdogan, o qual, como nos recorda o jornal Today’s Zaman “também é proprietário de uma frota de navios [e] foi mostrado, em matéria do diário Sözcü, em 2014, quando o [navio de sua propriedade] Safran 1 permanecia ancorado no porto israelense de Ashdod.”
A imagem abaixo circulou nas mídias sociais, e supostamente mostraria Bilal Erdogan e comandantes do ISIS (nós, desse Zero Hedge fazemos o possível para oferecer jornalismo equilibrado; temos portanto de registrar que os homens que se veem nessas fotografias podem bem ser três pessoas perfeitamente normais, com longas barbas, mas sem qualquer conexão com bandidos que vivem de sacudir bandeiras pretas no deserto).
A imprensa russa diz que esses homens são “comandantes do ISIS que provavelmente participaram em massacres em Homs na Síria e em Rojava (nome que os curdos dão ao Curdistão sírio, ou Curdistão Ocidental)”.
Uma pessoa que não tem qualquer dúvida de que os Erdogans estão envolvidos no tráfico do petróleo sírio roubado pelo ISIS é o ministro da Informação da Síria, Omran al-Zoubi, o qual, na 6ª-feira passada, disse o seguinte:

“Todo o petróleo está entregue a uma empresa que pertence ao filho de Recep [Tayyip] Erdogan.
Por isso a Turquia ficou tão ansiosa quando a Rússia começou a atacar a infraestrutura do ISIS e já destruiu mais de 500 caminhões-tanques carregados de petróleo. Foi golpe que pegou em Erdogan e nos nervos de suas empresas. Eles não traficam só petróleo; também traficam trigo e peças históricas.”

E há também o ex-conselheiro de segurança nacional do Iraque, Mowaffak al-Rubaie, que, no sábado, postou o seguinte, em sua página de Facebook:

“Em primeiro lugar e sobretudo, os turcos ajudam os terroristas a vender petróleo roubado do Iraque e da Síria
a $20 o barril, que é metade do preço de mercado.” 
Fato é, porém, que os EUA estão construindo guerra de propaganda de ataque total contra a Síria, não contra a Turquia. Como o Wall Street Journal noticiou na 4a-feira, “o Tesouro acusou um empresário nascido na Síria, George Haswani, que tem dupla cidadania síria-russa, de usar a própria empresa,  HESCO Engineering and Construction Co., para facilitar os negócios de petróleo entre o regime de Assad (sic) e o Estado Islâmico (sic)”.
Mas o WSJ deixa sem explicar por que, afinal, Assad compraria petróleo de gente que usa todo e qualquer dinheiro que consiga, para fazer guerra a Damasco. É pergunta que fica aberta, principalmente se se considera que os mais próximos aliados de Assad são grandes produtores de petróleo (Rússia e Irã).
O mais provável é que ninguém jamais venha a conhecer a história inteira, mas o que já se sabe (e mesmo sem esquecer que as provas são circunstanciais, anedóticas, sem evidências comprovadas) sugere fortemente que, além de dar armas e dinheiro ao Exército Sírio Livres e à Frente al-Nusra, a Turquia é provavelmente responsável por garantir ao Estado Islâmico os lucros de mais de $400 milhões de dólares ao ano. E quanto aos consumidores finais, vejam o que dia Al-Araby al-Jadeed:

Segundo funcionário europeu de empresa internacional de petróleo que se cruzou com jornalistas de al-Araby numa capital do Golfo, Israel só refina “uma ou duas vezes” o petróleo, porque não tem refinarias avançadas. E exporta o petróleo para países mediterrâneos – onde o petróleo “ganha um status semilegítimo” – por $30-$35 o barril.
“O petróleo é vendido no prazo de um, dois dias, para várias empresas privadas, e a maior parte vai para uma refinaria italiana que pertence a um dos maiores acionistas de um clube italiano de futebol [nome aqui omitido], o petróleo é refinado e usado localmente” – completou o funcionário europeu do petróleo.
“De um modo ou de outro, Israel torna-se o principal agente de vendas do petróleo do ISIS. Sem Israel, o petróleo produzido pelo ISIS permaneceria só entre Iraque, Síria e Turquia. E nem as três empresas não poderiam receber o petróleo se não houvesse um comprador em Israel” – disse o mesmo funcionário.
Por fim, o leitor/a leitora perceberá que tudo até aqui ainda é esforço para responder à pergunta que apresentamos como “a mais importante [pergunta] que ninguém pergunta”, a saber: “Quem são os intermediários?”
Como já observamos há mais de uma semana, “sabemos quem podem ser: os mesmos nomes que eram tão destacados no mercado em setembro, quando Glencore teve sua primeira, e com certeza não última, experiência de quase morte: as [empresas de comércio de petróleo] Glencores, Vitols, Trafiguras, Nobels, Mercurias do mundo.”
Considerem tudo isso, e considerem o que a Agência Reuters disse sobre o comércio do petróleo ilícito do Governo Curdo Regional: “Fontes no mercado disseram que várias grandes casas comerciantes de petróleo, inclusive Trafigura e Vitol, negociaram com petróleo curdo. Nem Trafigura nem Vitol quis comentar sobre o papel que tenha tido nas vendas de petróleo.”
Assim também, o Financial Times observa que “Vitol e Trafigura pagaram adiantado ao Governo Curdo Regional pelo petróleo, negócio conhecido como “pré-pago”, o que ajuda Erbil a superar os buracos no orçamento.”
Fato é que, quando o Curdistão precisou de conselheiro que ajudasse no esforço para escapar de Bagdá, o Governo Curdo Regional escolheu “Murtaza Lakhani, que trabalhou para a empresa Glencore no Iraque nos anos 2000s, para ajudar a encontrar navios.”
“Ele sabia perfeitamente quem negociaria e quem não negociaria conosco. Ele nos abriu as portas e identificou empresas de transporte de petróleo que trabalhariam conosco,” disse Ashti Hawrami (acima referido).
Aí está. Considerado o que acima ficou dito, sobre o casamento dos embarques de cru ilegal do Governo Curdo Regional com os embarques de petróleo ilegal do ISIS, não é difícil concluir que as mesmas empresas e especialistas estejam trabalhando para o ‘Estado Islâmico’, nos arranjos para transportar e vender seu petróleo.*****

original em:http://www.orientemidia.org/nu-frontal-veja-tudo-do-comercio-de-petroleo-do-isis-rockefellers-de-raqqa-bilal-erdogan-krg-crude-conexao-israel/

A Reconciliação e Normalização da Nação

Por Carlos Antonio Lozada, integrante do Secretariado das FARC-EP
Na medida em que a possibilidade real de firmar um acordo definitivo de paz entre as FARC-EP e o Governo Nacional se faz maior, surgem ao debate nacional temas de singular importância, relacionados com interrogantes que as partes sentadas na Mesa e a sociedade em seu conjunto devemos resolver.
Nessa direção, nas últimas semanas as FARC-EP apresentaram uma série de propostas, referentes aos temas do ponto 3 da Agenda, denominado Fim do Conflito, partindo da premissa de que a culminação da guerra deve abrir passagem a um processo de reconciliação e normalização da vida nacional.
Reconciliação, entendida não só como o silenciamento dos fuzis mas também como uma etapa na qual comecem a se fechar as grandes e profundas diferenças econômicas, sociais e políticas existentes entre a Colômbia esquecida, que tem vivido e padecido em suas comunidades e territórios o conflito armado, e a Colômbia na qual esse conflito se percebe como algo estranho e distante.
Só se a firma do acordo de paz consegue desatar essa dinâmica de mudanças será possível alcançar a normalização da vida nacional, entendida como geração das condições materiais e as subjetividades necessárias para que os conflitos sociais e de classe possam se resolver pela via política democrática.
O acima exposto nos leva ao tema da transformação das FARC-EP numa organização política legal; e, evidentemente, ao das condições indispensáveis para que esse processo possa abastecer-se com plenas garantias para a participação política num entorno de segurança, sem as quais a paz não será mais que uma quimera.
Paz e garantias plenas para a participação política são inseparáveis; por isso, não se entende que ainda haja quem ponham em dúvida se devem abrir-se espaços para que, uma vez firmado o acordo final, as FARC-EP possam entrar no cenário da política aberta, e a fazer parte do Congresso da República, assim como das assembleias estaduais e das câmaras de vereadores, mediante a destinação direta de cadeiras nestes órgãos de representação popular.
Complementarmente, devem ser criadas circunscrições especiais de paz; outorgar personalidade jurídica por tempo indeterminado à nova organização política que nasça da firma dos acordos; dar-lhe assento no Conselho Nacional Eleitoral, tudo devidamente garantido pela Comissão Especial de seguimento à participação política que deve ser criada com esse fim.
Estas medidas se complementam com os acordos parciais já firmados no ponto 2 de Agenda sobre participação política e constituem o ponto importante do processo de normalização da vida nacional e da reconciliação dos colombianos.

Lula no garrote vil, Brasil independente e política externa

Luiz Inácio Lula da Silva representa as urgências da sociedade, a se contrapor à restauração do poder político conservador, ferramenta de supremacia dos interesses econômicos de uma minoria que controla os meios de produção, as terras, os meios de comunicação privados e o poder financeiro, por intermédio da banca nacional e internacional.
Interessa à direita brasileira, subordinada à plutocracia mundial, estancar o ciclo desenvolvimentista no Brasil e também na América do Sul, que se deu início no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando políticos progressistas começaram a conquistar a Presidência da República em vários países das Américas Central e do Sul.
Os quinze anos de avanços sociais e estruturais em países como o Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela, Chile, Bolívia, Paraguai, Equador, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala, com interregnos conservadores em alguns países, mobilizou o establishment dessas regiões de tal forma, que defender os interesses do mercado e reefetivar a agenda neoliberal se tornou uma obsessão por parte de grupos direitistas mais radicais.
Setores influentes que não estão dispostos a negociar com a sociedade, ou seja, com a maioria das populações desses países, no que diz respeito a permitir que se continue a distribuir riqueza e renda, mesmo de forma moderada, como tem acontecido, bem como se contrapõem ao estado como principal agente indutor do desenvolvimento, como sempre fizeram no decorrer da história, inclusive a promover golpes de estado contra presidentes socialistas, trabalhistas e desenvolvimentistas.
Trata-se de segmentos ligados umbilicalmente à plutocracia internacional fomentadora de invasões, guerras e golpes, em suas diferentes formas. As casas grandes detentoras do dinheiro e, consequentemente, do poder político controlador do Estado e dispostas a não aceitar o jogo democrático, como, por exemplo, o que ocorreu no Paraguai, um golpe "suave" contra o presidente constitucional, Fernando Lugo, ao contrário do que se sucedeu em Honduras, quando o presidente Manuel Zelaya foi brutalmente destituído do poder por meio de um golpe militar, em pleno século XXI e após a redemocratização da América Latina.
A imprensa hegemônica e porta-voz das oligarquias apoiou a quartelada à moda latino-americana, assim como os políticos de direita de toda a região se acumpliciaram com o crime praticado pelos militares e empresários, que sempre se beneficiam financeiramente com a quebra da ordem institucional e constitucional. Evidencia-se dessa forma draconiana o poder estatal burguês, atrelado aos interesses das elites dominantes, que sempre controlaram os estados nacionais.
O estado que sempre serviu ao patrimonialismo da casa grande e aos interesses da plutocracia internacional, a verdadeira patroa dos multimilionários da América Latina. O Estado que possui em seus quadros os juízes, os promotores e procuradores e os policiais, que farão o trabalho de conspirar e atacar os políticos que não foram cooptados pelo status quo, ao tempo que efetivam programas e projetos de apelos populares, pois são ações de inclusão social, que promovem a igualdade de oportunidades.
Evidentemente quando se inclui e se dá oportunidades aos mais pobres, aos que são hereditariamente e historicamente excluídos, aos que podem menos, porque não tem acesso à boa escolaridade, além de não ter influência política e econômica, os avanços sociais são visíveis. Dentre o conjunto de principais avanços constam a instrução, o conhecimento e o saber.
Quando uma sociedade, por intermédio de seus governos e governantes, permite, e mais do que isto, exige que a população se instrumentalize para se tornar emancipada, tal sociedade se torna livre, porque ser livre é ter consciência do que é justo e injusto, legal e ilegal, democrático e antidemocrático e verdadeiro ou falso.
A conscientização e a emancipação dos povos são conquistas que a plutocracia não quer, ao tempo que sempre irá combatê-los, inclusive com suas máquinas de guerras, como ocorre, agora, na Síria e em todo o Oriente Médio, Norte da África e no leste europeu, com destaque para a Ucrânia, que hoje está nas mãos de políticos golpistas, de ideologia nazista e apoiados pelos Estados Unidos.
E é exatamente o que acontece, em termos políticos, partidários e eleitorais com o ex-presidente e político trabalhista, Luiz Inácio Lula da Silva, que está a ser colocado à força, em um garrote vil, pela máquina judiciária estatal e pela mídia dos magnatas bilionários de imprensa, moedora de reputações alheias, cuja intenção é sufocá-lo até matá-lo politicamente, por meio da desqualificação e desconstrução de sua imagem como cidadão e político.
Trata-se da imolação e do linchamento público de um político notável, de esquerda e carismático, que saiu das raízes do povo brasileiro para assumir por oito anos o maior poder da República, bem como elegeu também por mais oito anos sua sucessora, Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil, além de ter vindo das fileiras da esquerda revolucionária, que optou por combater a ditadura militar pela força das armas.
Essas realidades juntas, além de Lula ser um competente formulador político, estrategicamente quase perfeito, assim como dono de um discurso simples ao tempo que complexo, porque compreensível para o povo, por ser direto e baseado em figuras de linguagem, que levam o povo a pensar, a conjecturar, a ponderar e a fazer comparações sobre o que sua vida é no presente, como foi no passado e o que pode ser no futuro.
Ademais, o discurso de Lula, um dos melhores e maiores oradores produzidos pelo Brasil em todos os tempos, faz os inquilinos da casa grande perceberem que a retomada da agenda neoliberal terá de enfrentar uma barreira poderosa se o estadista trabalhista for eleito, em 2018, presidente da República pela terceira vez.
É tudo que o sistema de capitais, que vive de renda, aplicações e jogatinas em bolsas de valores e bancos não deseja, bem com tudo fará para criminalizar o presidente mais popular da história do Brasil, juntamente com Getúlio Vargas, o civilizador das hordas empresariais e comerciais selvagens deste País, que escravizaram seres humanos por 400 anos.
O propósito é impor novamente o neoliberalismo, que de maneira incipiente teve o caçador de marajás e hoje senador, Fernando Collor, como seu patrono, mas que tomou força e se tornou amplo no governo de Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, aquele que desmantelou o Estado nacional e entregou o Brasil e seu povo às aves de rapinas da América do Norte e da Europa.
Estados belicosos que financiam grupos terroristas como o Estado Islâmico, criaturas que depois se voltam contra os países colonialistas, seus criadores, que insistem em resolver suas demandas geoestratégicas e econômicas a invadir, bombardear e matar populações inteiras, em massa, ainda mais quando se trata de países e nações historicamente não alinhadas com as potências do ocidente, a exemplo da Síria, da Líbia e do Iraque.
Aliás, todas essas guerras e tragédias tem origens no Iraque, que está a ser roubado pelos trustes dos Estados Unidos, Inglaterra e França, além de outros países menos importantes, que estão a tremer por temer virar alvos de terroristas, que se explodem, em uma fúria desumana, pois fanática, que chega às raias do satânico.
Contudo, a realidade é esta; e o maior culpado desse banho de sangue e violência são, sem sombra de dúvida, os Estados Unidos — o cowboy da diplomacia do porrete. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Quem planta vento colhe tempestade. Você colherá o que plantar. É a lei do retorno. A lei infalível. A Lei de Deus.
O mesmo Deus cujo nome é usado em vão por homens e mulheres que se tornam insofismavelmente diabólicos por defenderem causas políticas e religiosas, bem como por mandatários ocidentais de estados imperiais e colonialistas, que insistem em matar e roubar àqueles que discordam de seus valores e interesses, ou seja, não leem por suas cartilhas. Ponto.
Lula está a atravessar uma ponte que está a balançar, porque terá de enfrentar, sem estar no poder, os diferentes grupos que hoje lhe combatem, sem trégua e sem lhe dar água. Sua luta não se resume a apenas mobilizar as forças populares organizadas na sociedade civil, que sempre apoiaram-lhe e deram-lhe sustentação política e garantiram-lhe votos, inclusive em setores importantes e emblemáticos da classe média, que hoje, em sua maioria, faz-lhe oposição feroz, intolerante e até mesmo sem discernimento das realidades.
A verdade é que o político do PT está em uma encruzilhada e necessita reverter esse quadro de desconstrução que tem por finalidade destruí-lo como ser moral e político. Para isto, a mobilização tem de ser grande, consistente e sistemática. Do contrário, os conservadores voltarão a conquistar o poder e impor, mais uma vez, suas agendas e seus projetos neoliberais, que no passado levou a América Latina e o Brasil à bancarrota, mas que privilegiou os ricos, os bilionários, os países desenvolvidos e os trustes internacionais e nacionais.
Esses grupos de dominação e rapinagem estão desesperados. A ascensão ao poder de mandatários progressistas na América Latina diminuiu as remessas de lucros para o exterior, dívidas externas foram saldadas e, com efeito, a qualidade de vida dos povos ricos caiu, como comprovam as crises que abateram suas economias, a partir de 2008.
Impedir que um político de esquerda, trabalhista e compromissado com as camadas populares de uma Nação poderosa como o Brasil é uma questão imperiosa para a direita plutocrata e de alma sectária como a brasileira, que, subalterna e submissa, trabalha para as estrangeiras, a fim de receber migalhas em forma de favores nunca explicitados por seus jornais, rádios e televisões. Jamais expostos ao público sobre seus reais interesses e desejos.
Levar Lula ao garrote vil da política é a mesma coisa que impedir o Brasil de avançar, principalmente no que concerne à independência do País em todos os setores e segmentos, inclusive o militar. Destruir o Lula é subordinar o Brasil aos ditames neocolonialistas. E por quê? Porque não emancipar a Nação representa manter privilégios e benefícios de uma casta que deixou há muito tempo de ser brasileira, porque se estrangeirou e se colonizou de tal forma que hoje demonstra, inquestionavelmente, que odeia o Brasil e seu povo.
Colonizar-se para submeter-se requer distanciamento emocional do Brasil e da brasilidade. Requer ainda se afastar para não compreender as necessidades, os desejos e os sonhos dos brasileiros — do povo. Colonizar-se e se tornar escravo da vontade de outros países ou de uma casta rica é permitir, e mais do que isto, apoiar o atraso e o retrocesso, na forma de eliminar da vida da Nação brasileira a legislação trabalhista, não regulamentar a Constituição, bem como emendá-la para atender anseios antinacionais e antipopulares.
Deixar ser dominado é acabar com a valorização do salário mínimo, vender a Petrobras ou entregar o Pré-sal, assim como prejudicar a aposentadoria dos trabalhadores para que as classes dominantes e os credores possam receber dinheiro sem se preocupar se vai recebê-lo. Ser dominado é extinguir o Bolsa Família, o maior e mais competente programa de inclusão social do mundo, além de dar fim a projetos de igualdade de oportunidades, como o Ciência sem Fronteiras, o Fies, o ProUni, o Enem, o Pronatec e o Sisu, todos ligados è educação e ao ensino, que permitem que milhares de pessoas pobres e negras se integrassem à sociedade, porque só a educação integra e liberta.
Além disso, tem ainda as questões relativas à diplomacia internacional, que levou o Brasil a outros patamares e o tirou da condição de país de segunda linha em termos mundiais. A direita por não pensar o Brasil, o quer na posição de vagão e não de locomotiva. Sendo assim, a casa grande continua com sua vidinha de privilégios e sectarismo, a fazer do Brasil um clube para atendê-la e deleitá-la. É isto mesmo. Não se engane. E Lula é a continuidade da diplomacia independente e não alinhada, bem como voltada a cooperar com os países de outros continentes e regiões.
Não se pode esquecer que foi nos governos petistas e trabalhistas que os pobres e a classe média passaram a ser consumidores de forma plena. Por sua vez, as obras de urbanização e de infraestrutura que aconteceram e acontecem aos milhares em todos o Brasil geraram mais de 20 milhões de empregos, porque fez a roda da economia girar. O Brasil ainda se tornou anfitrião de mais de dez megaeventos internacionais e, por seu turno, referência turística e geográfica no mundo.
O envolvimento do Brasil em grupos econômicos e políticos, além do fortalecimento dos já existentes, faz do poderoso País da América Latina, dono de um mercado interno gigantesco, alvo do establishment mundial, que deseja impor seus interesses por meio de seus blocos econômicos, como a Alca e a UE.
A criação do Brics e de seu bilionário banco, a efetivação do G-20, que hoje é mais importante do que o G-7 ou G-8, o fortalecimento do Mercosul, da Unasul e as relações Sul-Sul, em termos hemisféricos, entre o Brasil e os países africanos e asiáticos deram uma percepção positiva e de respeito por parte da comunidade internacional, no que se refere à potência sul-americana de língua portuguesa.
O "País tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza", conforme a música de Jorge Benjor, transformou-se na sétima maior economia do mundo, mas que continua a ser visto pela sua colonizada, provinciana e subalterna classe dominante como um País menor. Lula nunca pensou assim, e mostrou como se faz um País crescer, porém, sem esquecer de que o sol nasce para todos e não apenas para alguns apaniguados da sorte e beneficiados na vida, que pensam que governar é para a minoria se divertir, deleitar e refestelar.
Por tudo isto que foi dito é que Lula está agora no garrote vil. E a bronca é grande e violenta. Essa gente pequena está a se esmerar em suas perversidades, maledicências e golpes. Vão se conduzir como bárbaros fora do poder até o fim, que são as eleições de 2018. O sistema de capitais e a oposição partidária querem destruir o presidente mais popular da história do Brasil e o mais respeitado e conhecido no exterior. Apesar dessa realidade, a casa grande quer tratar o Lula como seu empregado e matá-lo por intermédio do garrote vil. É isso aí.
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