Por
Carlos Antonio Lozada, integrante do Secretariado das FARC-EP
Na
medida em que a possibilidade real de firmar um acordo definitivo de
paz entre as FARC-EP e o Governo Nacional se faz maior, surgem
ao debate nacional temas de singular importância, relacionados com
interrogantes que as partes sentadas na Mesa e a sociedade em seu
conjunto devemos resolver.
Nessa
direção, nas últimas semanas as FARC-EP apresentaram uma série de
propostas, referentes aos temas do ponto 3 da Agenda, denominado Fim
do Conflito, partindo
da premissa de que a culminação da guerra deve abrir passagem a um
processo de reconciliação e normalização da vida nacional.
Reconciliação,
entendida não só como o silenciamento dos fuzis mas também como
uma etapa na qual comecem a se fechar as grandes e profundas
diferenças econômicas, sociais e políticas existentes entre
a Colômbia esquecida, que tem vivido e padecido em suas comunidades
e territórios o conflito armado, e a Colômbia na qual esse conflito
se percebe como algo estranho e distante.
Só
se a firma do acordo de paz consegue desatar essa dinâmica de
mudanças será possível alcançar a normalização da vida
nacional,
entendida como geração das condições materiais e as
subjetividades necessárias para que os conflitos sociais e de classe
possam se resolver pela via política democrática.
O
acima exposto nos leva ao tema da transformação das FARC-EP numa
organização política legal; e, evidentemente, ao das condições
indispensáveis para que esse processo possa abastecer-se com plenas
garantias para a participação política num entorno de segurança,
sem as quais a paz não será mais que uma quimera.
Paz
e garantias plenas para a participação política são inseparáveis;
por isso, não se entende que ainda haja quem ponham em dúvida se
devem abrir-se espaços para que, uma vez firmado o acordo final, as
FARC-EP possam entrar no cenário da política aberta, e
a fazer parte do Congresso da República, assim como das assembleias
estaduais e das câmaras de vereadores, mediante a destinação
direta de cadeiras nestes órgãos de representação popular.
Complementarmente,
devem ser criadas circunscrições especiais de paz; outorgar
personalidade jurídica por tempo indeterminado à nova organização
política que nasça da firma dos acordos;
dar-lhe assento no Conselho Nacional Eleitoral, tudo devidamente
garantido pela Comissão Especial de seguimento à participação
política que deve ser criada com esse fim.
Estas
medidas se complementam com os acordos parciais já firmados no ponto
2 de Agenda sobre participação política e constituem o ponto
importante do processo de normalização da vida nacional e da
reconciliação dos colombianos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário