segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Comunicado

La Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 25 de setembro de 2014

Por decisão das partes, caiu o inútil secretismo que rodeava os acordos parciais alcançados na Mesa de Conversações de Havana. O fogo dos inimigos da paz já não terá o combustível da ignorância que o avivava e, por outra parte, os colombianos poderão agora interatuar com a mesa sobre o conteúdo e os alcances do acordado. Queríamos, e conseguimos, que este diálogo se desenvolvesse de frente para o país, e não poderia ser de outra maneira porque em Havana se está forjando o futuro de dignidade de todos os colombianos. Agora se trata de garantir a transparência do processo, retomando o sentido genuíno das regras de funcionamento que a Mesa traçou e que estão ligadas à participação plena da cidadania. A Mesa não somente deve elaborar informes periódicos como também, ademais, deve implementar uma estratégia de difusão eficaz. A [esse] respeito, devemos dizer que existe ainda muita deficiência.

A alma do ACORDO GERAL PARA A TERMINAÇÃO DO CONFLITO E A CONSTRUÇÃO DE UMA PAZ ESTÁVEL E DURADOURA é seu preâmbulo, que, para desencanto dos que o minimizam para tornar inútil o compromisso do Estado, é absolutamente vinculante. Tem então o preâmbulo força de mandato, e se este estima que “a construção da paz é assunto da sociedade em seu conjunto que requer a participação de todos, sem distinção”, quer dizer que o processo de paz é um propósito coletivo e que todos os colombianos podemos fornecer ideias para cimentar a reconciliação como pacto social.

Porém também ordena que devem ser respeitados os direitos humanos em todos os confins do território nacional, e entre estes estão os direitos sociais, econômicos e culturais, o respeito à vida e à integridade física, quase sempre desconhecidos e esquecidos pela amnésia deliberada das elites. Exige o preâmbulo desenvolvimento econômico social com equidade e bem-estar, razões suficientes para deixar de traçar linhas vermelhas aqui e lá no cenário dos diálogos, que negam os direitos das maiorias às transformações estruturais que exigem democracia verdadeira, vida digna e soberania pátria.

Essas linhas vermelhas traçadas como muralhas são interpeladas pelo mesmo Acordo Geral que, em numeral 5 do ponto 3 Fim do Conflito, registra que “o Governo Nacional revisará e fará as reformas e os ajustes institucionais necessários para fazer frente aos desafios da construção da paz”. Necessitamos então da vinculação ativa de todos os colombianos e todas as colombianas para que, através destes ajustes institucionais, possamos construir uma paz que se prolongue perpetuamente.

O doutor Humberto de la Calle, no dia de ontem, se referiu amplamente ao conjunto dos Acordos parciais, às vezes dando-lhe sua própria interpretação. Diríamos a respeito que o fundamental é que o conjunto da sociedade e suas organizações consigam interpretar os textos. Essa é a essência: que o povo tenha acesso direto aos conteúdos e possa depois ajudar a construir ou a corrigir.

Referindo-nos aos pontos da Agenda sobre os quais há acordos parciais, por metodologia separamos a discussão de cada tema, porém todos estão inter-relacionados; não se pode falar de reforma agrária, por exemplo, sem falar do ponto Participação Cidadã, porque em grande medida é no território onde se exerce a ação da democracia; porém, ao mesmo tempo haverá que se ter muito presente que uma reforma rural integral não é possível se não se resolvem os conflitos que nos trouxeram os Tratados de Livre Comércio ou sem aludir a problemas como o da estrangeirização da terra.

Temos formidáveis avanços, não queremos colocar em dúvida, e o acordo parcial sobre assuntos agrários é uma constância disso; porém insistimos em observar as restrições e na necessidade de meditar em torno às conclusões dos Foros que se realizaram para consultar o povo sobre o assunto, porque a construção deve continuar e o soberano deve ser ouvido na qualificação do que se está acordando; sobretudo nesta parte, deveremos levar muito em conta o que expressaram os representantes de organizações e movimentos campesinos, indígenas, afrodescendentes, que são os que trabalham o campo, e que já deixaram muito claro seus pontos de vista em conclusões como as da Cúpula Agrária e outros eventos nacionais e locais.

Pensamos que do documento “Para um novo campo colombiano: Reforma Rural Integral”, o mais importante deve ser o início sem mais demora de transformações estruturais da realidade rural e agrária, sobre bases de equidade e democracia, reconhecendo que são as injustiças derivadas da desigualdade e da miséria as que engendraram a confrontação, e que por isso se requer eliminar essas causas para que cesse o conflito.

Esta ideia de Reforma Rural Integral, em teoria, se centra no bem-estar e bem viver do povo do campo, das comunidades campesinas, indígenas, negras, afrodescendentes, palenqueras e originárias, e da gente que habita nos espaços interétnicos e inter culturais, com a pretensão de integrar as regiões, de erradicar a pobreza, promover a igualdade, o fechamento do fosso entre o campo e a cidade, a proteção e o desfrute dos direitos da cidadania e da reativação do campo, especialmente da economia campesina, familiar e comunitária. 

Então, se conseguiu fazer um pacto de formalização da propriedade da terra, com o compromisso governamental de que serão concedidos os títulos de propriedade a todos os campesinos que possuem terras de fato, o qual guarda suma transcendência, se se considera que mais de 48 por cento de nossos campesinos possuem a terra em situação de informalidade [posseiros-n.t.]. Se agrega a isto o compromisso do governo de entregar a terra ao que não a tenha ou o de ampliar a propriedade aos que a tenham de maneira insuficiente. Também se subscreveram acordos referidos a estímulos à produção agropecuária e à economia solidária e cooperativa, assistência técnica, subsídios, crédito, geração de rendas, comercialização e formalização trabalhista.

Nós estamos por uma visão que beneficie ao povo, e por isso é que cremos que o anterior não é suficiente, e que se faz imprescindível que em breve retomemos o debate pendente sobre a necessidade de acabar com o latifúndio, sobre a urgência de colocar limites à estrangeirização da terra. E que assumamos com patriotismo que existem problemas muito complexos, como o dos conflitos de uso, os quais há que resolver.

Se bem que o acordado reconhece e se centra no papel fundamental da economia campesina, familiar e comunitária para o desenvolvimento do campo, há necessidade de garantir que às populações rurais não se lhes continue roubando a terra mediante mecanismos de bancarização ou outras artimanhas que se desdobram dentro de uma daninha concepção de associação capitalista.

Não há que perder de vista, para a definição do Fundo de Terras, que nos meros processos de construção das Zonas de Reserva Campesina seus protagonistas calculam um envolvimento de 9.5 milhões de hectares, e que, em contraste, os latifundiários pecuaristas concentram em muito poucas mãos não menos de 40 milhões de hectares subutilizados. 

Quando falamos de restrições, em qualquer dos pontos, não se trata de colocar sobre a Mesa problemas impossíveis de resolver, enquanto há assuntos mínimos intransponíveis para alcançar a democratização e modernização do país dentro de parâmetros que ninguém poderia dizer que são os do socialismo, senão que são simplesmente os de um moderno Estado Social de Direito, do qual a Colômbia ainda dista muito. 

Dissemos que até o momento temos acordos muito importantes, porém modestos; a maioria dos quais não são outra coisa que reivindicações cujas soluções podem se materializar cumprindo as normas legais e constitucionais. Um Estado com verdadeira vontade de paz não teria que fazer muito esforço para tornar realidade este tipo de reivindicações.

Reiteramos isto porque, sem dúvida, neste momento, uma das maiores reflexões que há que fazer é a de que o governo deve ir mais além da retórica e concretizar seus compromissos com as comunidades; preocupar-se por refletir na realidade o que promete para o futuro, o qual não ocorre nos atos de governo e muito menos dentro da atividade legislativa neoliberal que contradiz o que se está aprovando em Havana.

Porém, bem, já sobre o tema em si da participação política e cidadã é muito conhecido o acordado em torno do estatuto para a oposição, a ampliação dos mecanismos de participação cidadã, o fortalecimento da democracia, a criação de circunscrições especiais eleitorais para as zonas rurais ou mais marginalizadas do país, a maior participação das comunidades em meios de comunicação de ordem local e regional, a maior presença nos organismos de controle etc. 

Concretizamos acordos importantes, como o compromisso de convocar sem mais demoras os partidos e porta-vozes das organizações sociais para que tracem os lineamentos que permitam elaborar finalmente um estatuto para a oposição política, e também uma normatização que dê um verdadeiro reconhecimento, com garantias, à existência e aos direitos do movimento social. Quer dizer, o que se acordou está no caminho de expandir a democracia, porém, naturalmente, esta democracia, primeiro, há que fundá-la.

Um primeiro passo neste mesmo sentido seria conseguir para já o compromisso da revisão e, sendo necessária, a modificação de todas as normas que se aplicam à mobilização e ao protesto social. Ao mesmo tempo, é uma necessidade vital para a democracia redefinir a posse dos meios de comunicação. São estes aspectos nodais da participação cidadã, porém ressaltando que, como fundo, um dos temas principais que há que abordar é o da superação da Doutrina da Segurança Nacional, a respeito da qual exigimos seu desmonte no marco da necessária desmilitarização da sociedade e do Estado que a paz requer.

O acordado neste campo não pode ser confundido com o caminho simplesmente que pode ajudar a criação de novos partidos políticos ou a preservação do atrofiado sistema de partidos que existe em nosso país.

Sobre o terceiro acordo parcial, haveria que ressaltar que nele ficou muito claro que o conflito em Colômbia não deriva do narcotráfico, nem este é sua razão de ser, porque existem causas de ordem social muito anteriores ao aparecimento do fenômeno de produção e comercialização das drogas ilícitas. Inclusive o fenômeno dos cultivos de folha de coca e a vinculação de campesinos e outros setores rurais às etapas primárias de produção está ligado à situação de miséria de que padecem. Então, o conflito político, social e armado da Colômbia não começa nem termina com o narcotráfico, senão que tem profundas raízes de miséria e desigualdade.

Em todo caso, chegamos a um acordo entre o governo e uma organização política-militar, e esse acordo se faz porque se consegue definir que o problema é assunto de todos e sua solução também; isto é, estamos falando de uma responsabilidade coletiva em sua solução, e nisso o primeiro compromisso que conseguimos é que o Governo Nacional, entendendo que nas instituições há corrupção causada pelo problema das drogas ilícitas, porá em marcha as políticas e programas que acordamos, incluindo liderar um processo nacional eficaz para romper de maneira definitiva qualquer tipo de relação deste flagelo com os diferentes âmbitos da vida pública. A partir daí é que as FARC-EP fizemos o compromisso de contribuir de maneira efetiva, com a maior determinação e de diferentes formas e mediante ações práticas, com a solução definitiva ao problema das drogas ilícitas.

Para alcançar estes propósitos, haverá que traçar uma nova política criminal, propender pela suspensão imediata das aspersões aéreas com glifosato e pela reparação integral de suas vítimas; acabar definitivamente com o velho esquema de erradicações forçadas-fumigações, o qual fracassou gerando enormes danos ao tecido ambiental e social, o qual implica que devem ser buscadas alternativas urgentes.

À parte da Conferência Internacional que aborde tão complexa problemática, uma das tarefas principais deve ser a de convocar uma conferência nacional para analisar e elaborar conclusões sobre o problema da comercialização e produção de drogas ilícitas como fenômeno ligado ao paramilitarismo. A Conferência também deverá abordar o assunto concernente à relação entre conflito, narcotráfico e impacto na institucionalidade.

Ao mesmo tempo, com os debates e conclusões alcançados ao longo de 28 ciclos, estão sobre a Mesa, e no cenário nacional de discussão, outros temas de suma importância e complexidade, necessários, isso sim, para preparar da melhor maneira o terreno sobre o qual iremos construir a paz.

Sobre o armistício. Para dinamizar o processo de paz é urgente concretizar já o cessar bilateral de fogos e hostilidades, que a cidadania está exigindo de maneira crescente. O governo não pode continuar confundindo o cessar bilateral de fogos com a paz ou a firma do acordo final. Não há que esperar a firma da paz para pactuar o armistício. Este passo deve ser dado para atenuar as dores dos que se encontram vitimizados pelo fogo cruzado. Urge desescalar a guerra, porque a construção do acordo necessita um meio ambiente favorável para ascender a novos níveis.

Sobre a deixação de armas: Afirma o chefe da delegação do governo que “o fim do conflito requer, certamente, que as guerrilhas deixem as armas e se reintegrem à vida civil. Essa é uma condição necessária, porém não é uma condição suficiente para construir a paz”. E estamos de acordo. Essa é uma condição insuficiente, porque a deixação das armas deve ser entendida como o ato de renúncia de ambos os lados à utilização das armas como forma de fazer política. O que queremos dizer é que, se a solução é a paz com democracia e com justiça social, já não se terá que utilizar as armas para fazer política. Porém isto é válido para todas as partes do conflito. Se a paz se forja dentro destas condições, as FARC já não usarão as armas para fazer política; e o Estado não pode continuar usando as armas para fazer política, pois a utilização das armas por parte do Estado é, com efeito, uma expressão política, dado que o conflito armado colombiano é político-social. A deixação das armas para o Estado implica a renúncia do uso das armas de guerra ao interior das fronteiras para enfrentar a seus cidadãos; isto é, não cabe mais o uso de armas na política interna, e muito menos com a forma assimétrica e anti cidadã como a executa. Isso é deixação de armas. A força pública regressa a seu papel natural, constitucional, que não é precisamente o de imiscuir suas armas na política interna, senão que o de atender a defesa das fronteiras e a soberania pátria.

Sobre Justiça transicional: Rechaçamos uma vez mais a maldade jurídica que veio se semeando no campo da paz com o atrevimento de dificultar os diálogos de Havana, e consequentemente desconhecemos os instrumentos de justiça transicional que o Ato Legislativo 01 de 2012 estabelece, porque não obedecem a nenhum consenso entre as partes. Reiteramos: estes, para nós, não existem, porque os temas que pretendem se definir e regular nunca foram objeto de estudo na Mesa de diálogo. Não estamos num processo de submissão. Não nos vamos a pôr a discrição frente a uma administração de justiça parcializada, corrupta, politizada e especializada em perseguir ao movimento político e social inconformista. O Estado não pode ser juiz e parte. Por isso, o processo está chamado a criar novo direito no qual se transmude a tradicional justiça para o castigo em justiça para a paz. Por isso, nas atuais circunstâncias, o único marco jurídico válido para as FARC-EP é o Acordo Geral de Havana de 2012.

Sobre a Comissão Histórica do conflito e outras subcomissões de trabalho: Registramos que o processo de paz protagonizou um salto qualitativo no caminho da reconciliação, ao pôr em marcha a “Comissão histórica do conflito e suas vítimas” como cenário chave para o esclarecimento da verdade, a partir da auscultação das origens, causas, efeitos e responsabilidades que acomodam o desenvolvimento da confrontação política, econômica, social e armada.

Estamos profundamente comprometidos em que se esclareçam os fatos que marcaram o desenvolvimento da confrontação, e por isso propomos na Mesa a composição também de uma “Comissão da Verdade”. O trabalho da “Comissão histórica do conflito e suas vítimas” e da “Comissão da verdade” compreendemo-lo como parte de um todo. O Informe da Comissão Histórica, cujos alcances consideramos vinculantes, será marco de referência inevitável, não substitutivo, no qual se deberá apoiar a Comissão da Verdade. A marcha da Comissão Histórica, da Comissão da Verdade, da Subcomissão de Gênero e da Subcomissão Técnica para o fim do conflito já são também um acordo na Mesa de Conversações de Havana.

DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP

Santos e Uribe são caras de uma mesma moeda

A intensa e custosa campanha midiática repete maquinalmente multidões de mentiras até convertê-las em “verdades” que terminam desinformando e alienando a frágil opinião pública e ao conglomerado colombiano em seu conjunto.

Uma dessas mentiras é fazer crer que Santos é a antítese de Uribe. Quer dizer, o primeiro é o homem da paz e o segundo o homem da guerra.

Não é certo. Santos é tão criminal como o senhor Uribe, tal como ficou muito claro no debate recentemente desenvolvido pelo senador Iván Cepeda Castro contra o paramilitarismo e o hoje senador Álvaro Uribe Vélez, com quase toda sua família a bordo.

Seria ingênuo pensar que a paz com a qual sonha o presidente Santos é a mesma com a qual sonha o povo colombiano. Não há ponto de comparação. Só um detalhe. Enquanto o objetivo do governo é desarmar a guerrilha, o objetivo do povo colombiano é que a paz seja produto de mudanças estruturais. Isto é, paz com justiça social.

A criminalidade do presidente Santos está na cara. O editorial do semanário VOZ La verdade del pueblo [A verdade do povo] que está em circulação,[i] apresenta umas cifras simplesmente arrepiantes, cifras que não podem passar despercebidas ou olimpicamente.

Devem ser submetidas a uma análise séria que nos permita determinar com clareza qual é realmente a vontade de paz que tanto afirma o chefe de Estado com tanta alegria em foros nacionais e internacionais e nos meios de comunicação dependentes do regime capitalista.

O editorial, escrito nesta oportunidade pelo camarada [amigo] Luis Jairo Ramírez H, uma das pessoas mais versadas em temas de direitos humanos em Colômbia, é contundente e valente desmascarar com cifras o discurso ambíguo do presidente Santos. Inclusive, mais que ambíguo, contraditório, porque diz uma coisa e faz outra outra bem diferente.

Diz o editorialista num parágrafo: “Apesar do discurso de Santos de que em Colômbia finalmente reina o paraíso dos direitos humanos, nos primeiros meses de 2014 foram assassinados trinta defensores de Direitos Humanos. De 2009 a 2014 foram assassinados 290. Nos últimos três anos, algo mais de cem reclamantes de terras iludidos na restituição foram assassinados; há 9.500 presos políticos amontoados em cárceres do país. A instigação do Mindefesa Pinzón contra a Marcha Patriótica deixou setenta de seus membros assassinados em diversas regiões do país”.

Assinala também que se incrementaram as ameaças contra dirigentes sindicais classistas e suas organizações, em distintas regiões do país. E, enquanto aumenta a insegurança para os sindicalistas classistas, o governo nacional, através da Unidade Nacional de Proteção [UNP], se obceca em levantar esquemas de segurança e o precário que há em bloqueá-lo por todo lado.

A cada vez a oligarquia se torna mais agressiva, como adiantando-se ao processo de paz de Havana [Cuba] ou em seu prejuízo, usando os mesmos mecanismos que Pastrana Arango utilizou quando dos diálogos do Caguán, que, enquanto simulava conversar com a insurgência, preparava a todo vapor o criminal Plano Colômbia com a direção direta dos Estados Unidos.

O [acima] dito se corrobora ao trazer novamente a colação o editorial assinalado: “A violência está agora legalizada: ‘Estatuto de segurança cidadã’, ampliação do foro militar, multimilionária campanha midiática para justificar e manter o gasto de guerra nos pós acordos de paz, construção de mais prisões e inação frente ao fenômeno paramilitar, que é funcional para evitar-se finalmente restituir as terras despojadas”.

Não se pode desconhecer semelhante conduta contraditória da oligarquia que Santos representa. Enquanto fala de paz de dentes para fora, fortalece os aparelhos ideológicos e repressivos do Estado Capitalista.

Não em vão, disse por estes dias um campesino Comunista: “O paramilitarismo está se reavivando no Tolima, certamente por ordem do senhor Uribe. Em Cajamarca estão proliferando panfletos ameaçadores. Aos campesinos, lhes estão chegando desconhecidos armados dizendo que são guerrilheiros e que têm unidades suas feridas. A mesma proliferação de panfletos vem se apresentando no sul do Tolima, especialmente em Natagaima, dizem os indígenas e campesinos da zona. Olho com isso! A comunidade nacional e internacional deve tomar atenta nota e o povo mobilizar-se, porém organizadamente. Não há outro caminho.
Assim as coisas: Santos e Uribe são caras de uma mesma moeda.

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[i] VOZ La verdad del pueblo edición 2757 semana del 24 al 30 de septiembre de 2014. Página 5.

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Somos sonhadores, mas não os únicos
La Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 24 de setembro de 2014

Hoje queremos dizer para todos: “Imagina que não há um paraíso nem nenhum inferno debaixo de nós; acima de nós, somente o céu. Imagina que não há por que matar, imagina a toda gente vivendo a vida em paz. Imagina que não há posses, nenhuma necessidade de cobiça ou fome, senão a irmandade do homem. Imagina a toda gente compartilhando o mundo. Tu podes dizer que sou um sonhador, porém não sou o único.”

A propósito destas palavras que parafraseiam a linda canção IMAGINE de John Lennon, queremos refletir sobre as declarações do presidente Santos quando disse: “Que lindo poder transladar isso para a Colômbia para que os colombianos imaginemos a Colômbia em paz”. E é que, simplesmente como FARC, estamos de acordo, porém é necessário refleti-lo em fatos concretos.

Como um gesto de generosidade com o povo e com as vítimas que têm clamado por um cenário sem hostilidades, se deveria proceder a brindar não só uma canção de paz, mas sim o fato concreto do cessar bilateral de fogos que evite mais derramamento de sangue, o armistício que nos coloque na reta final de nossa reconciliação.

Fazer uma excursão em função da paz, como a que está protagonizando o presidente dos Estados Unidos, implicaria, então, para ir mais além da retórica, esclarecer, entre outros, sem mais evasivas, o fenômeno do paramilitarismo para desentranhar suas origens, seus efeitos e os responsáveis. Um complemento necessário é, sem dúvida, a abordagem de temas sensíveis dentro da confrontação como são a ingerência no conflito interno de potências estrangeiras que mantêm a Colômbia em condições de país ocupado, e assuntos como o uso desproporcionado da força num plano de assimetria criminal, por parte do governo, na contramão dos princípios mais elementares que regem a guerra.

Dentro da mesma perspectiva, não é pertinente seguir mostrando o processo de paz que se adianta em Havana como um novo modelo de justiça transicional. Sendo consequentes com a realidade, o correto seria propender por processos de paz pós acordo e normalização que surjam do consenso e não de posições unilaterais, como a que entranha o marco jurídico e sua justiça transicional. Para a insurgência o verdadeiro e único marco jurídico para a paz não é o que faz trâmite no parlamento e nas cortes a instâncias do executivo, mas sim o Acordo Geral de Havana e o que dele se derive.

Também queremos nos referir ao tema da mudança climática que ocupa as manchetes e a atenção do mundo. Um discurso ambientalista coerente deve corresponder-se com ações que ponham ponto final à devastação de nosso entorno e suas riquezas naturais. É hora de suspender –em consequência com a aplicação de uma nova política antidrogas- as aspersões aéreas de agentes químicos que tanto prejuízo e vitimização têm gerado nos campos da Colômbia; há que deter a feira de licenças express a companhias mineiras e petroleiras, entre outras, que ameaçam o ecossistema. O roubo da exploração mineiro-energética não pode seguir na aventura louca da exploração do gás de xistos mediante o procedimento de fracking ou fratura hidráulica, nem na pretensão de destruir importantes áreas da Amazônia, de parques naturais e zonas de reserva, tão somente pela obsessão de satisfazer a voracidade capitalista das transnacionais e de governantes corruptos.  

Deste tamanho são os problemas que deveremos resolver nesta etapa do processo de diálogo, se na verdade queremos apressar a marcha para o objetivo de paz com justiça social, democracia e soberania.


DELEGACIÓN DE PAZ DE LAS FARC-EP

EUA: UM ESTADO TERRORISTA INIMIGO DA HUMANIDADE

Por Miguel Urbano Rodrigues


O chamado Estado Islâmico- ISIL, que se apresenta como refundador do Califado, é a ultima aberração gerada pela estratégia de terrorismo de estado do imperialismo estado-unidense.
Essa estratégia surgiu como consequência de efeitos não previstos da execução do projeto de dominação perpétua e universal sobre a humanidade, concebido ainda em vida de Roosevelt, no âmbito do War and Peace Program, um projeto que identificava nos EUA o herdeiro natural do Imperio Britânico.
O Médio Oriente foi a área escolhida pelo Pentágono e o Departamento de Estado para a arrancada do ambicioso Programa, precisamente porque o Reino Unido, muito enfraquecido pela guerra, ter iniciado ali a sua política de retirada escalonada de bastiões imperiais no mundo islâmico.
Nas décadas seguintes, a CIA promoveu golpes na Região com destaque para o que derrubou Mossadegh e restabeleceu no trono do Irã, o Xá Reza Pahlavi.

O PÂNTANO AFEGÃO
A partir de 1980, o governo Reagan financiou e armou as organizações terroristas sunitas de Peshawar que combatiam a Revolução Afegã. Alguns dos seus dirigentes foram recebidos como heróis na Casa Branca como «combatentes da liberdade»; Reagan saudou-os como combatentes da liberdade e «novos Bolivares».Os bandos desses heróis cortavam os seios a mulheres que não usavam a burka ou cegavam-nas com ácido sulfúrico.
Nessa época, o saudita Bin Laden interveio ativamente como aliado de confiança dos EUA (seu pai fora amigo da família Bush) nas campanhas que visavam o derrubamento do governo revolucionário de Kabul.
Quando Mikhail Gorbatchov abandonou o Afeganistão e os 7 de Peshawar tomaram o poder no país, essas organizações desentenderam-se e iniciou-se um período de guerras fratricidas.
No final da Presidência de Bush pai, os EUA, que tinham patrocinado a guerra de Saddam Hussein contra o Irã, reagiram à ocupação do Koweit, desencadeando a primeira guerra do Golfo, em 1991. Com o apoio de uma grande coligação avalisada pelo Conselho de Segurança, os iraquianos foram rapidamente derrotados. Bagdad foi submetida a bombardeamentos destruidores, mas Washington não se opôs a que Saddam permanecesse no poder.
No Afeganistão, cujo subsolo encerra recursos fabulosos, a situação assumiu aspetos tao caóticos, com os senhores da guerra a digladiarem-se, que Washington abriu a porta à entrada em cena dos Taliban, uma organização terrorista que a CIA havia criado no Paquistão como «reserva».
Os autointitulados «estudantes de teologia» conquistaram facilmente o país e, instalados em Kabul, assassinaram Muhammad Najibullah, o ultimo presidente legitimo, asilado na Sede da ONU, e promoveram uma política de fanatismo religioso que fez regressar o país à Idade Média. Bin Laden, mudando de campo, surgiu então como aliado preferencial do mullah Omar, chefe espiritual dos Taliban.
Os EUA recolhiam frutos amargos da sua política agressiva contra o Islã e de apoio incondicional ao Estado sionista de Israel.
Mas foi somente em 2001, após os atentados contra o World Trade Center e o Pentágono, que a Casa Branca, onde então pontificava Bush filho, tomou a decisão de invadir e ocupar o Afeganistão. Bin Laden foi guindado a inimigo número 1 dos EUA e a Al Qaeda, por ele fundada, adquiriu na propaganda americana as proporções de um polvo demoníaco cujos tentáculos envolveriam todo o mundo islâmico.
Mas, contrariando as previsões de Washington, o povo afegão resistiu à ocupação do país pelos EUA e pela OTAN.
O Presidente Obama, que prometera acabar com aquela guerra impopular, enviou para o país mais 120.000 militares. Sucessivas ofensivas de «pacificação» fracassaram e generais prestigiados foram demitidos. Anunciada para este ano a total retirada das forças de combate, a promessa não será cumprida.
Transcorridos 13 anos da invasão, a Resistência Afegã (que transcende largamente os Talibans) controla quase todas as províncias, com as tropas estrangeiras concentradas em Kabul e nas principais cidades. O país, devastado pela guerra, está mais pobre do que antes da chegada dos americanos, mas a produção de ópio aumentou muitíssimo.
O assassínio de Bin Laden no Paquistão numa operação de comandos nebulosa, montada pela CIA e o Pentágono, não contribuiu, aliás, para melhorar a imagem de Obama.

IRAQUE, LIBIA, SIRIA
Longe de extraírem lições da sua política para a Região, os EUA desencadearam em março de 2003 a segunda guerra do Iraque, desta vez sem o aval da ONU.
O pretexto invocado – a existência de armas de extermínio massivo - foi forjado por Bush e Tony Blair. Tais armas, como foi provado, não existiam.
Na invasão, foram utilizadas armas químicas proibidas pelas convenções internacionais. Crimes monstruosos foram cometidos e as torturas (incluindo abusos sexuais) infligidas pela soldadesca americana aos prisioneiros iraquianos tornaram-se tema de escândalo de proporções mundiais.
Saddam Hussein foi executado após um julgamento sumário, com o aplauso de um governo fantoche. Mas, transcorrida mais de uma década, o Iraque regrediu meio século. Centenas de milhares de iraquianos morreram de doenças curáveis e de desnutrição.
Hoje, ocupado por dezenas de milhares de mercenários ao serviço de empresas mafiosas, o Iraque é na prática uma terra humilhada e ocupada, onde o poder real é exercido pelas transnacionais que se apropriaram do seu petróleo e do seu gás.
Incapazes de encontrar soluções para a sua crise estrutural, os EUA prosseguiram com a sua agressiva estratégia (ampliando-a) de dominação imperial.
A política de cerco à China e à Rússia intensificou-se. De documentos secretos do Governo federal, tornados públicos por influentes mídias, constam planos para arruinar e desmembrar a Rússia, reduzindo-a a potência de segunda classe.
A multiplicidade de objetivos a atingir quase simultaneamente tem contribuído, porém, para que os resultados dessa política não correspondam às esperanças da Casa Branca.
As mal chamadas «primaveras árabes» foram ideadas para produzirem no Islã um efeito comparável ao das «revoluções coloridas». E isso não aconteceu. No Egito, apos uma cadeia de crises complexas e um golpe de estado que derrubou o presidente Morsi, os EUA conseguiram o que pretendiam. No Cairo, ocupa o poder um governo militar do agrado do imperialismo norte-americano e que Israel encara com simpatia.
Mas o balanço da intervenção militar na Líbia é desastroso. Derrubaram e assassinaram Kadhafi, numa guerra de agressão imperial, viabilizada pela cumplicidade da ONU, guerra em que participaram ativamente a França e o Reino Unido, preparada com antecedência pela CIA e os serviços secretos britânicos e a Mossad israelense. Destruíram as infraestruturas do país para se apossarem do seu petróleo e do seu gás.
Mas o desfecho da operação criminosa não correspondeu ao previsto no organograma da agressão.
A Líbia é hoje um país ingovernável. Uma parte significativa dos «rebeldes», treinados e armados pelo imperialismo para lutar contra Khadafi, passaram a atuar por conta própria, em milícias que desconhecem o governo títere de Trípoli. O terrorismo tornou-se endêmico. O atentado terrorista contra a missão diplomática dos EUA em Bengasi confirmou o estado de anarquia existente e a incapacidade de Washington para controlar as organizações terroristas que o imperialismo introduziu no país.
Do caos líbio não foram porém extraídos também os ensinamentos neles implícitos.
A escalada de agressões prosseguiu. A Síria foi o alvo seguinte. Washington repetiu a fórmula. Uma campanha mediática ampla e ruidosa demonizou o presidente Assad, apresentado como ditador brutal. Depois, «rebeldes» patriotas – muitos dos quadros são estrangeiros – iniciaram a luta contra o governo legitimo do pais.
Contrariando as previsões da CIA, as forças armadas, unidas em defesa do presidente Assad, resistiram e as organizações terroristas, ostensivamente apoiadas pela Turquia e pela Arabia Saudita, sofreram severas derrotas.
Dezenas de milhares de civis, sobretudo mulheres e crianças, foram vítimas da guerra patrocinada pelos EUA.
Compreendendo finalmente que o plano elaborado em Washington estava a fracassar, Obama, numa guinada tática, informou num discurso ameaçador que tinha decidido bombardear a Síria.
A firme atitude assumida pela Rússia obrigou-o, entretanto, a recuar e a desistir da intervenção militar direta.
Essa inocultável derrota política tornou necessária uma revisão da estratégia global dos EUA para todo o Médio Oriente.
Apercebendo-se de que haviam avaliado mal a relação de forças, a Casa Branca e o Pentágono adiaram sine dia o projeto de agressão à Republica Islâmica do Irã, e abriram negociações sobre o tema nuclear com um governo que o imperialismo identificava como polo do «eixo do mal».

A CATÁSTROFE UCRANIANA
A derrota sofrida pelo imperialismo na Síria coincidiu praticamente com o desenvolvimento de outro projeto imperial, mais ambicioso, que visava a integração a médio prazo da Ucrânia na União Europeia e na OTAN.
Dispenso- me de recordar, por serem amplamente conhecidos, os acontecimentos que conduziram ao poder em Kiev um governo neofascista após o derrubamento do presidente Yanukovich. Era um aventureiro, mas havia sido eleito democraticamente.
Mais uma vez o plano golpista foi minuciosamente preparado em Washington.
Mas, novamente, a História seguiu um rumo diferente do previsto pelo sistema de poder imperial.
A integração da Crimeia à Rússia demonstrou que o governo de Putin e Medvedev‎ não se deixava intimidar pela agressiva estratégia de Washington.
A recusa das populações russófonas do leste da Ucrânia a submeter-se aos golpistas de Kiev levou observadores internacionais a admitir que a ofensiva das forças armadas da Ucrânia contra os «separatistas» de Donetsk e Lugansk poderia ser o prólogo de uma III Guerra Mundial. Mas a prudência e serenidade de Putin contribuíram para uma redução de tensões na área, evitando o alastramento de um conflito que poderia ter trágicas consequências para a humanidade.
A crise persiste, mas a própria incapacidade militar do bando de Kiev conduziu ao atual cessar-fogo e às negociações de Minsk.
Na Ucrânia, o tiro saiu também vez pela culatra ao governo dos EUA cuja aliança com fascistas assumidos ilumina o desprezo pela ética política da Administração Obama.

O PESADELO JIHADISTA
Atolado no pantanal ucraniano, o imperialismo estado-unidense (e os seus aliados) enfrenta nestes dias um desafio assustador para o qual sabe não ter solução.
Inesperadamente, uma organização de islamitas fanáticos irrompeu no noroeste do Iraque e em poucas semanas ocupou um amplo território naquele país e no norte da Síria.
Assumindo-se como interpretes intransigentes da sharia, tal como a concebem, proclamaram a restauração do Califado árabe e declaram a sua intenção de promover a sua expansão territorial e espiritual.
Logo nas primeiras semanas, a passagem desses jihadistas por cidades e aldeias conquistadas ficou assinalada pela prática de crimes hediondos, inseparáveis do fanatismo exacerbado da seita jihadista.
O imperialismo sentiu que o empurravam para um impasse. Obama não pode aceitar a ajuda do governo de Bashar al Assad, nem a do Irã. Perderia a face também se recorresse a forças terrestres para combater os jihadistas depois de ter festejado como acontecimento histórico a retirada do Iraque das tropas de combate. Optou então pelo recurso a bombardeamentos aéreos. Recebeu o apoio dos governos de Hollande e de Cameron, mas os especialistas do Pentágono acham que esses bombardeamentos, ditos «cirúrgicos» terão uma eficácia muito limitada.
Os jihadistas responderam degolando dois reféns britânicos em seu poder e ameaçam abater outros se os bombardeamentos prosseguirem.
É imprevisível no momento o desfecho do confronto. Mas os generais do Pentágono afirmam que o exército iraquiano e as milícias do Curdistão autónomo, aliado de Washington, não têm capacidade militar para derrotar os jihadistas.
Em Washington, a Administração está mergulhada num pesadelo. A mídia mais influente, do New York Times à CNN, também.
Muitos quadros jihadistas são, afinal, provenientes de organizações terroristas criadas e financiadas pelos EUA para combater regimes que não se submetiam à dominação imperial. Alguns foram treinados por oficiais da US Army.
O desconforto dos media também é compreensível.
As guerras de agressão que atingiram o Afeganistão, o Iraque, a Líbia e a Síria foram precedidas de gigantescas campanhas de desinformação. Durante semanas, os povos dos EUA e da Europa foram massacrados com um tipo de propaganda que apresentava as intervenções militares como exigência da defesa da liberdade e dos direitos humanos em prol da democracia, contra a ditadura e a barbárie.
Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, afirmava que uma mentira à força de repetida é aceite como verdade. As técnicas de desinformação utilizadas na época parecem hoje brincadeira de crianças se comparadas com a monstruosa máquina mediática controlada pelo imperialismo para anestesiar a consciência dos povos e justificar crimes monstruosos.
O presidente Obama cumpre neste jogo criminoso o papel que lhe foi distribuído. Na realidade, o poder nos EUA está nas mãos do grande capital e do Pentágono. Mas isso não atenua a sua responsabilidade; a máscara não funciona , o presidente desempenha com prazer e hipocrisia a sua função na engrenagem do sistema de poder. Comporta-se na Casa Branca como inimigo da Humanidade.
Nos últimos séculos somente a Alemanha de Hitler criou uma situação comparável pela monstruosidade dos crimes cometidos à resultante hoje da estratégia de poder dos EUA. Com duas diferenças fundamentai: a política do III Reich suscitou repúdio universal, mas apenas a Europa foi cenário dos seus crimes.
No tocante aos EUA, centenas de milhões de pessoas são confundidas pela fachada democrática do regime, mas os crimes cometidos têm dimensão planetária.
Qual o desfecho da perigosa crise de civilização que ameaça a própria continuidade da vida na Terra?
Vivemos um tempo, após a transformação da Rússia num país capitalista, em que as forças da direita governam com arrogância em quase toda a Europa. Em Portugal, sofremos um governo em que alguns ministros são mais reacionários que os de Salazar.
Mas a Historia é, há milénios, marcada pela alternância do fluxo e do refluxo. O pessimismo, o desalento não se justificam. A maré da contestação ao capitalismo está a subir.
Não esqueço que Marx, após a derrota na Alemanha da Revolução de 1848-49, quando uma vaga de desalento corria pela Europa criticou com veemência o oportunismo de esquerda e o de direita, que contaminava a Liga dos Comunistas. Dirigindo-se à classe operária, afirmou que os trabalhadores poderiam ter de lutar 15, 20 ou mesmo 50 anos antes de tomarem o poder. Mas isso não era motivo para se desviarem dos princípios e valores do comunismo.
A revolução socialista tardou 70 anos. E não eclodiu na Alemanha ou na França , mas na Rússia autocrática.
O ensinamento de Marx permanece válido. Mas neste inicio do século XXI não será necessário esperar tanto tempo.
A vitória final depende das massas como sujeito da História.
A advertência de Rosa Luxemburgo - Socialismo ou Barbárie - não perdeu atualidade. Ou o capitalismo, hegemonizado pelo imperialismo norte-americano, empurra a humanidade para o abismo, ou a luta dos povos o erradica do planeta. A única alternativa será então o socialismo.



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Equipe ANNCOL - Brasil
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