sexta-feira, 28 de outubro de 2011

: A Honra Reconquistada de Muammar al-Gaddafi

Por Mário Maestri






Muammar Abu Minyar al-Gaddafi caiu combatendo na defesa da independência nacional de sua nação. Resistiu, cidade por cidade, quarteirão por quarteirão, casa por casa, até ficar encurralado com seus derradeiros companheiros e companheiras, feras indomáveis, nos poucos metros de terra líbia livre. Como dissera, enfrentou, até a morte, irredutível, a coligação das mais poderosas nações imperialistas ocidentais.
Ferido, foi preso, achincalhado, arrastado, torturado e, já moribundo, assassinado. Em torno dele desencadernava a canalha armada e excitada que se banqueteava, havia semanas, rapinando, executando, violando a população da cidade heróica de Sirte, arrasada por sua resistência à recolonização do país. Sirte, no litoral mediterrânico, com mais de 130 mil habitantes, éi sede de universidade pública, destruída, e do terminal do impressionante rio artificial que retirava as águas fósseis do deserto do Saara para aplacar a das populações e agricultura líbia.
Nas últimas cidades rebeldes, encanzinados franco-atiradores, homens e mulheres, jovens e adultos, foram calados com o arrasamento pela artilharia pesada dos prédios em que se encontravam. Estradas, portos, centrais elétricas e telefônicas, quartéis, escolas, creches, hospitais, aeroportos, estações televisivas e radiofônicas, a infraestrutura do país construída nas últimas quatro décadas, foi arrasada por seis meses de ataques aéreos, navais e missilísticos - mais de cinqüenta mil bombas! -, responsáveis por enorme parte dos talvez cinqüenta mil mortos, em população de pouco mais de seis milhões de habitantes.
A lúgubre paz dos cemitérios reina finalmente sobre a Líbia submetida.
Quarenta e dois anos após a conquista de sua independência nacional, a Líbia retorna ao controle neocolonial do imperialismo inglês e francês, que dividiram a hegemonia sobre o país após a 2ª Guerra, que pôs fim à dura dominação colonial da Itália fascista. Tudo é claro sob a vigilância impassível da hiena estadunidense.
Em 1969, o então jovem coronel Muammar, com 27 anos, chegava do deserto para comandar o golpe de jovens militares pela independência e unidade da Líbia, animado pelas esperançosas idéias do pan-arabismo de corte nacionalista e socialista. Do movimento surgiu um Estado laico, progressista e anti-imperialista, que nacionalizou os bancos, as grandes empresas e os recursos petrolíferos do país.
Quarenta e três anos mais tarde, Gaddafi cai simbolizando os mesmos ideais. Com sua morte, expia dramática e tardiamente sua irresponsável tentativa de acomodação às forças do imperialismo, empreendida após a vitória mundial da contra-revolução liberal.
Quem abraça o demônio, jamais dirige a dança! Foi o movimento de privatizações, de "austeridade", de abertura ao capital mundial, de apoio às políticas imperialistas na África, etc., sob os golpes da crise mundial, o grande responsável pela perda de consenso social de ordem que, no contexto de suas enormes contradições, realizara a mais ampla e democrática distribuição popular da renda petroleira das nações arábico-orientais.
Por décadas, ao contrário do que ocorria com tunisianos, argelinos, egípcios, etc. não se viu na Europa um líbio à procura de um trabalho que encontrava em seu país. Ao contrário, o país terminou como destino de forte imigração de trabalhadores da África negra subsaariana, atualmente maltratados, torturados, executados por membros das "tropas revolucionárias" arregimentadas pelo imperialismo, sob a desculpa de ser os "mercenários" de Ghadafi.
A intervenção na Líbia não procurou apenas recuperar o controle direto das importantes reservas petrolíferas pelo imperialismo inglês, francês e estadunidense. Objetivou também assentar golpe mortal na revolução democrática e popular do norte da África, mostrando a capacidade de arrasar implacavelmente qualquer movimento de autonomia real. Com uma Líbia recolonizada, espera-se construir plataforma de intervenção regional, que substitua o hoje convulsionado Egito.
A operação líbia significou também conquistas marginais, além do controle do petróleo, da disposição de sufocação da revolução democrático-popular árabe, da construção de plataforma imperialista na região.
Enormes segmentos da esquerda mundial, sem exceção de grupos auto-proclamados radicais, embarcaram-se no apoio de fato à intervenção imperialista, defendendo graus diversos da sui-generis proposta de estar com o "movimento revolucionário" líbio e contra o imperialismo que o criara e sustentara. Aplaudiam as bombas que choviam sobre o país, propondo que não sustentavam a intervenção da OTAN!
Para não se distanciarem da opinião pública sobre o governo líbio e os sucessos atuais, construída pela tradicional subordinação e hipocrisia da grande mídia mundial, seguiram na saudação das forças "revolucionárias líbias", como se não fossem meras criaturas da intervenção imperialista, como demonstraram - e seguirão demonstrando - inapelavelmente os fatos! Os revolucionários líbios não avançaram um metro nos combates, sem o aterrador apoio aéreo e a seguir terrestre da OTAN. Em não poucos casos, também como fizera Gaddafi nos últimos tempos, procuram consciente ou inconscientemente acomodar-se à besta imperialista.
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Mário Maestri, 63, sul-rio-grandense, é professor do curso e do Programa de Pós-Graduação em História da UFF. maestri@via-rs.net

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Notícias da Líbia


Saif al Islam Kadafi: “Estou livre e na Líbia, e vamos continuar a luta”

Saif Al Kadafi assume direção da Resistência


“Continuaremos nossa resistência, até o fim, até a completa revanche. Estou na Líbia, vivo e livre”, afirmou o filho de Muamar Kadafi, Saif al Islam, em mensagem de áudio levada ao ar no sábado pela TV Al Rai da Síria, na primeira manifestação dele após o assassinato do líder líbio. “Este é o nosso país, nós vivemos nele, nós morremos nele e vamos continuar a luta”, disse Saif.


“Nós continuaremos nossa resistência, até o fim, até a completa revanche. Estou na Líbia, vivo e livre”, afirmou o filho de Muamar Kadafi, Saif al Islam, em mensagem de áudio levada ao ar no sábado (22) pela TV Al Rai da Síria, na primeira manifestação dele após o assassinato do líder líbio.

“A vocês, ratos, e à Otan por trás de vocês eu digo: vão para o inferno. Este é o nosso país, nós vivemos nele, nós morremos nele e vamos continuar a luta”, ressaltou.

Saif anunciou ter recebido uma mensagem das tribos que se reuniram em Bani Walid sobre um “consenso geral” para responder às gangues de ratos e à Otan.

Anteriormente, lideranças leais ao governo Kadafi divulgaram pela internet o apoio a Saif al Islam como sucessor do líder assassinado e lhe entregaram o comando da resistência contra as forças pró-Otan/EUA


Resistência líbia explode déposito de petróleo e avisa que vem mais fogo

Na primeira ação da resistência líbia de que há notícia após o assassinato de Kadafi, um grande depósito de petróleo foi explodido em Sirte, na noite de segunda-feira (24), o que custou a vida de 100 mercenários pró Otan e causou espessas colunas de fumaça negra visível a grande distância.

A organização Frente de Libertação da Líbia assumiu a autoria da "Operação Funerais" e assinalou que a detonação do artefato explosivo foi feita por meio de celular. Operações semelhantes ocorrerão em Benghazi e Misrata, anunciou. A informação é do site www.algeria-isp.com.

"Houve uma enorme explosão e um grande incêndio. Mais de 100 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas", admitiu à agência de noticias Xinhua o "comandante" pró Otan Leith Mohamed, asseverando tratar-se de "acidente". Ele acrescentou que não tinham conseguido, ainda, debelar o fogo.



EUA assassina Kadafi para roubar o petróleo dos líbios


Kadafi morreu como viveu: lutando, doando a sua generosa vida pelo seu povo. A revolução que liderou em 1969 colocou as riquezas do país a serviço dos líbios e construiu um país moderno

A estupidez pode ser tão monstruosa quanto o crime – quando ambos são derivados da mais abjeta covardia.

Desde a quinta-feira da última semana, quando Muamar Kadafi, aos 69 anos, depois de alvejado por aviões norte-americanos e franceses que guiavam “tropas especiais” inglesas e alemãs, foi cercado, torturado e assassinado por alguns marginais de aluguel, é difícil saber o que é mais monstruoso – se esse crime sanguinário, hediondo, bárbaro, selvagem, em desprezo a milhares de anos de civilização, ou se alguns papagaios do imperialismo com sua conversa cínica sobre “transição democrática”, “avanço democrático”, ou, como disse um débil mental no Itamaraty, contra toda a nossa tradição desde o Barão do Rio Branco, supostas “aspirações democráticas” desses assassinos.

Kadafi morreu como viveu: lutando, doando a sua generosa vida pelo seu povo. A sua grandeza está acima, agora definitivamente, não só de seus bestiais assassinos, mas também dos micróbios que se agacham diante deles. O último momento de Kadafi é o desmascaramento completo e absoluto da “democracia” desse vomitante “imperialismo humanitário” - marca infame tão impossível de apagar quanto o punhal que perseguia Macbeth após o sangramento do rei Duncan no castelo de Inverness.

REGRESSÃO MORAL

A única diferença é que Macbeth escondeu o seu crime. O mesmo não se pode dizer dos EUA, dos medíocres Obama ou Hillary, e outros canalhas ainda piores, que regrediram a um estágio moral e civilizatório anterior aos primeiros albores do ser humano sobre a Terra.

Não precisamos senão dos dados da própria ONU – usada e arrastada na lama nesses 203 dias de destruição por atacado da Líbia para saquear o seu petróleo – para mostrar quem era Kadafi: a Líbia era o país de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de toda a África (aliás, maior que o do Brasil: cf. United Nations Development Programme, Human Development Report 2010).

A revolução de 1969, liderada pelo então coronel Kadafi, transformou um dos mais pobres e explorados países do planeta, num país moderno, com infraestrutura avançada, e com suas riquezas, em especial o seu petróleo, a serviço do povo. Nem falaremos na sua ajuda a outros povos. Sobre isso, basta uma frase de Nelson Mandela: “Os que se irritam com nossa amizade com o presidente Kadafi podem pular na piscina”. Kadafi ajudou a África do Sul no pior momento de sua história. Não por acaso, um dos netos de Mandela chama-se Kadafi.

Mas, o que dizer de um país em que a eletricidade era um direito comum, isto é, não era sujeita a pagamento? De um país em que a moradia havia sido declarada “direito da Humanidade”? Em que era proibido cobrar juros por empréstimos ao consumidor? Em que o atendimento médico e a educação eram públicos e gratuitos? Em que o governo garantia aos agricultores não somente a terra, mas uma casa, os animais, o equipamento e as sementes?

Foi exatamente isso o que foi destruído na Líbia por bombardeiros dos EUA, “tropas especiais” de seus satélites e mercenários arregimentados no esgoto da sociedade líbia. Essa é a “transição democrática” dessas bestas feras. Quem quiser conciliar com isso que o faça. Mas há certas coisas na vida que são inesquecíveis - de tão imperdoáveis.

É verdade, Kadafi tinha lá suas manias: uma delas era não aceitar pagamento pelo petróleo em dólares – podia até trocá-lo por outras mercadorias, mas em dólares, não.

Outra era não acreditar em parlamentos, para ele sempre corruptos. Por isso, elaborou um sistema de democracia direta – sem partidos, com o objetivo dos eleitores escolherem diretamente, sem intermediação. Independente da opinião que se tenha sobre este experimento, se há algo que não se pode honestamente acusar a Jamahiriya (república de massas) Árabe Popular e Socialista da Líbia era de falta de liberdade.

Naturalmente, tudo isso é o contrário do que dizem o imperialismo, sua mídia e seus papagaios. Mas não foi sempre assim? Não foi de ditadores – ou de tentar instalar uma ditadura - que acusaram João Goulart, Lumumba, Allende, Mossadegh, Sukarno, Árbenz, Sadam? E todos nós sabemos o que veio depois do golpe, sempre deslanchado em Washington, contra cada um desses líderes. E, aliás, não é do mesmo modo que ainda agora tentam difamar o presidente Chávez, o comandante Fidel Castro, o presidente Evo Morales, e até a suave presidente Cristina Kirchner?
Naturalmente, Kadafi cometeu erros. Mas o principal foi, precisamente, o de ser pacífico demais e até confiar um pouco demais na canalha imperialista. O petróleo líbio era explorado pela estatal NOC (em inglês, Libia Oil National Corporation). Porém, sucessivas licitações introduziram na Líbia cerca de 60 multinacionais. O enfraquecimento da NOC (não só a redução de seu controle sobre o petróleo: seus funcionários mais especializados foram atraídos pelas multinacionais) não foi bom para o povo líbio – nem o programa de privatizações.

Alguns telegramas revelados pelo Wikileaks expõem a trama: num deles, o chefe da missão dos EUA na Líbia, John Stevens, diz que o governo líbio estava reduzindo o lucro das multinacionais, ao exigir uma “excessiva” contrapartida pela exploração do petróleo (despacho de 27 de novembro de 2007, Stevens para o Departamento de Comércio dos EUA).

Noutro, o mesmo Stevens relata uma conversa com um entreguista alojado na estatal petrolífera líbia, que reclama da gestão, supostamente política e centralizadora, da empresa – que, no momento, tentava aumentar a produção de petróleo dos 1,7 milhão de barris/dia, de 2008, para 3 milhões de barris/dia em 2012. Um executivo – ex-funcionário da estatal – diz que “minha empresa obtém os mesmos lucros em um país vizinho, extraindo apenas 25% do petróleo extraído na Líbia”. O fim da mensagem é mais revelador ainda: fala de membros do governo líbio que gostariam que houvesse mais empresas norte-americanas explorando o petróleo líbio (despacho de 1º de dezembro de 2008)

DEFESA DA LÍBIA

Em suma, o que o imperialismo tinha contra Kadafi é que ele defendia os interesses do povo líbio, era que ele não permitia que as multinacionais fizessem na Líbia o que fizeram em outros, e desgraçados, países petrolíferos: escravizar o povo, jogá-lo na fome, na miséria, e pilhar a sua maior riqueza natural.

Realmente, a entrada de multinacionais e as privatizações fizeram com que alguns membros do governo líbio fossem corrompidos e se tornassem traidores.

Porém, não Kadafi. Pelo contrário, sua atitude diante da agressão e da traição, sua disposição de dar a vida pelo seu povo, redimem qualquer erro – até porque, compreensíveis, num país que suportava intenso bloqueio e sabotagem por décadas.

Kadafi morreu como o herói que revolucionou a Líbia – e assim permanecerá, não somente na memória, mas como exemplo para os líbios e para a Humanidade. Agora, que não podem mais assassiná-lo, ele se tornou eterno, para castigo de seus algozes. Cada líbio e cada homem digno desse nome, agora é um Kadafi, e estarão à altura de sua vida e de sua obra. Mais cedo do que tarde, é o que se verá.


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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ao Comitê Central do Partido Comunista do Brasil((PCdoB)

Por Anita Prestes


Dirijo-me à direção do PCdoB para externar minha estranheza e minha indignação com a utilização indébita da imagem dos meus pais, Luiz Carlos Prestes e Olga Benario Prestes, em Programa Eleitoral desse partido, transmitido pela TV na noite de ontem, dia 20 de outubro de 2011.

Não posso aceitar que se pretenda comprometer a trajetória revolucionária dos meus pais com a política atual do PCdoB, que, certamente, seria energicamente por eles repudiada. Cabe lembrar que, após a anistia de 1979 e o regresso de Luiz Carlos Prestes ao Brasil, durante os últimos dez anos de sua vida, ele denunciou repetidamente o oportunismo tanto do PCdoB quanto do PCB, caracterizando a política adotada por esses partidos como reformista e de traição da classe operária. Bastando consultar a imprensa dos anos 1980 para comprovar esta afirmação.

Por respeito à memória de Prestes e de Olga, o PCdoB deveria deixar de utilizar-se do inegável prestígio desses dois revolucionários comunistas junto a amplos setores do nosso povo, numa tentativa deplorável de impedir o desgaste, junto à opinião pública, de dirigentes desse partido acusados de possível envolvimento em atos de corrupção.

Atenciosamente,

Anita Leocádia Prestes


Anita Leocádia Prestes é a filha de Luis Carlos Prestes e Olga Benário.

O Estado, as pessoas e a Reforma Agrária. Para que serve o Estado?

Por INFCAR

Quando se fala em sem terra ou em movimento sem terra, vem logo a nossa mente, um bando de pessoas, vestidas de vermelho, com enxadas e foices nas mãos e barracas de plásticos de lona pretos. Essa é a imagem que as mídias passam para nós. Mas a verdade, não interessa mostrar!

O ocorrido em Corumbiara, Estado de Rondônia em 1995, mais conhecido como MASSACRE DE CORUMBIARA, onde 11 trabalhadores do campo foram mortos, acusados de serem invasores de terras, a mídia vendeu que era um bando de baderneiros, que invade e destrói o que é dos outros.

Mas a verdade é outra! O MASSACRE DE CORUMBIARA foi planejado pelos fazendeiros do Estado de Rondônia e o julgamento foi uma verdadeira farsa. Os policiais que foram condenados tiveram direito a mais um julgamento e foram absolvidos. Já os camponeses, foram condenados e sem direito a um novo julgamento.

A CPT (Comissão Pastoral da Terra) prontamente acionou a OEA (Organização dos Estados Americanos) para que interviesse no caso. A apuração da OEA mostrou que houve falhas gravíssimas nas investigações feitas exclusivamente pela polícia de Rondônia.

O governo Brasileiro até hoje está com o Relatório da OEA engavetado. Esse relatório indica e solicita uma nova investigação sobre o caso do MASSACRE DE CORUMBIARA, nada mais.

O Comitê Nacional em Defesa dos Camponeses buscou vários entendimentos para saber do Governo, o porquê nada fez sobre o relatório da OEA e até agora não obtivemos respostas!

Restou-nos procurar por parlamentares que pudesse ajudar. Foi protocolado na Câmara dos Deputados um PEDIDO DE ANISTIA POLÍTICA AOS TRABALHADORES CAMPONESES DE CORUMBIARA, projeto de número 2000/2011, que tramita na Câmara dos Deputados.

Essa foi o único caminho que encontramos para chamar a atenção da sociedade e buscar uma solução para o caso. Portanto, precisamos da sua ajuda!!!

Para maiores informações, temos alguns Blogs e páginas de internet que vocês podem acessar e saber que estamos falando para vocês. Ajude-nos, ajude o Brasil a corrigir este crime contra os trabalhadores do campo.



http://joaopaulo.ning.com/profile/Tiagofrancisco

http://www.reflexoesemversos.com.br/

http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn119-41.htm

http://www.direitos.org.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=4531

http://institutonacionaladelinoramos.blogspot.com

http://hastalavictoriasempre.blogspot.com/

http://camponescorumbiara.blogspot.com/

http://institutonacionaladelinoramos.blogspot.com/2011/09/anistia-aos-trabalhadores-rurais-de.html

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O papel genocida da Otan-1

Por Fidel Castro

Essa brutal aliança militar se converteu no mais pérfido instrumento de repressão conhecido pela história da humanidade.

A Otan assumiu o papel repressivo global, depois que a URSS, que tinha servido aos Estados Unidos de pretexto para criá-la, deixou de existir. Seu propósito criminoso se tornou patente na Sérvia, um país de origem eslava, cujo povo lutou heroicamente contra as tropas nazistas, na Segunda Guerra Mundial.

Quando, em março de 1999, os países dessa nefasta organização, em seus esforços por desintegrarem a Iugoslávia, após a morte de Josip Broz Tito, enviaram suas tropas em apoio dos secessionistas kosovares, depararam-se com uma forte resistência daquela nação, cujas experientes forças estavam intactas.

A administração ianque, aconselhada pelo governo da direita espanhola de José María Aznar, atacou as emissoras de televisão da Sérvia, as pontes sobre o rio Danúbio e Belgrado, a capital desse país. A embaixada da República Popular da China foi destruída pelas bombas ianques, vários dos funcionários morreram, e não podia haver erro possível, como alegaram os autores. Inúmeros patriotas sérvios perderam a vida. O presidente Slobodan Milosevic, premido pelo poder dos agressores e pelo desaparecimento da URSS, cedeu às exigências da Otan e admitiu a presença das tropas dessa aliança em Kosovo, sob mandato da ONU, o que finalmente conduziu a sua derrota política e seu julgamento posterior pelos tribunais nada imparciais de Haia. Morreu estranhamente na prisão. Caso o líder sérvio tivesse resistido uns dias mais, a Otan teria entrado numa grave crise, que esteve a ponto de eclodir. O império dispôs, assim, de muito mais tempo para impor sua hegemonia entre os cada vez mais subordinados membros dessa organização.

Entre 21 de fevereiro e 27 de abril do presente ano, publiquei no site Cubadebate nove Reflexões sobre o tema, nas quais abordei amplamente o papel da Otan na Líbia e o que em minha opinião ia acontecer.

Vejo-me na obrigação de fazer uma síntese das ideias que expus, e dos fatos que foram acontecendo tal como foram previstos, agora que um personagem central de tal história, Muamar Kadafi foi ferido gravemente pelos mais modernos caças-bombardeiros da Otan, os que interceptaram e inutilizaram seu veículo, capturado ainda vivo e assassinado pelos homens que essa organização militar armou.

Seu cadáver foi sequestrado e exibido como trofeu de guerra, uma conduta que viola os princípios mais elementares das normas muçulmanas e de outras crenças religiosas prevalecentes no mundo. Anuncia-se que logo a Líbia será declarada “Estado democrático e defensor dos direitos humanos”.

Vejo-me na obrigação de dedicar várias Reflexões a estes importantes e significativos fatos. Prosseguirá proximamente.

(Continua na próxima edição)


http://www.horadopovo.com.br/2011/10Out/3004-26-10-2011/P7/pag7e.htm

sábado, 22 de outubro de 2011

O petróleo e o sangue

Por Mauro Santayana
Em Carta Maior






Ao que parece, a Terra cobra, em sangue, o petróleo que é retirado de suas entranhas. Mas tem cobrado mal: não são os que consomem o óleo alucinadamente os que pagam a dívida para com o planeta, mas sim os que tiveram a maldição de o ter em abundância, como os paises árabes e muçulmanos. Todas as teorias – a defesa dos direitos humanos, da democracia, da civilização ocidental, e, até mesmo, do cristianismo – são ociosas para explicar a sangueira dos tempos modernos. No caso do Oriente Médio, a cobiça pelo petróleo, desde o início do século passado, tem sido a causa de todos os males.

As imagens divulgadas ontem, da prisão, da tortura e da morte do coronel Kadafi são semelhantes às da prisão, da farsa do julgamento, e da execução de Saddam Hussein. Da execução de Osama bin Laden ainda não conhecemos todas as imagens, mas é provável que um dia sejam divulgadas.

A biografia desses três homens é semelhante. Todos eles tiveram, em um tempo ou outro, as melhores relações com os países ocidentais, democráticos e cristãos. Em livro que será publicado nos próximos dias, a Sra. Condoleeza Rice confessou um certo fascínio por Kadafi, que a ela se referia como “minha princesa africana”. Hillary Clinton reagiu com interjeição de alegre surpresa, ao ver as imagens do trucidamento do coronel. Terça-feira, em Trípoli, ela disse claramente que Kadafi devia ser preso ou morto, imediatamente



Osama bin Laden, como é sabido, foi sócio de Bush pai em negócios de petróleo. No Afeganistão se uniu à CIA e ao Pentágono, no trabalho político junto aos combatentes anti-soviéticos. Essas ligações devem ter influído no ódio de pai e filho ao combatente muçulmano



O caso de Saddam é ainda mais significativo. O Iraque não podia ser considerado um país obscurantista. Ainda que não fosse democrático – e, segundo os indignados norte-americanos, tampouco há democracia nos Estados Unidos – era um regime tolerante, que dava relativa liberdade às mulheres, autorizadas a freqüentar as universidades e a usar trajes ocidentais, e não exercia perseguição aos não islamitas, tanto assim que o segundo homem do governo, Tariq Aziz, era cristão católico do rito caldeu.

Nessa cruzada disfarçada de conflito de civilizações, as mentiras foram as mais importantes armas dos Estados Unidos. Suspeita-se que todas elas decorram de uma mentira ainda maior: a de que o ataque às Torres Gêmeas de Nova Iorque tenha sido uma operação determinada por bin Laden. Que Saddam Hussein nada tinha a ver com isso, é hoje fora de dúvida.

Para justificar a invasão ao Iraque, os Estados Unidos apresentaram “provas” forjadas, como fotografias de caminhões e de galpões, como sendo de instalações nucleares. Afirmaram ao mundo, por Collin Powell e outros, que Saddam, além de desenvolver seu arsenal atômico, dispunha de outras armas de destruição em massa, como produtos químicos letais. O embaixador brasileiro José Maurício Bustani, então diretor da Organização das Nações Unidas para a Proibição de Armas Químicas, e conhecia a realidade iraquiana, sabia que se tratava de uma mentira, e tentava obter a adesão de Saddam ao tratado internacional contra as armas químicas – o que desmentiria as acusações americanas - foi destituído de seu cargo pelas pressões do governo Bush. Hoje, é o embaixador do Brasil em Paris.




A terceira peça do tabuleiro, a ser eliminada, foi o governante líbio. Ele fora declarado “limpo” pelos governos ocidentais, e privava da intimidade dos líderes norte-americanos e europeus. Caiu na esparrela de acreditar nisso, e enfrentou, ao mesmo tempo, os que o consideravam um renegado e os sedentos de seu petróleo e, por isso mesmo, sedentos de sangue.

Esses três casos são uma forte advertência aos países árabes que têm sido vassalos fiéis de Washington. Os príncipes da Arábia Saudita que se cuidem. O Paquistão, ao que parece, já está com suas barbas no molho.

E as mentiras continuam. Muhamad Jibril, que é o primeiro ministro interino e terá que vencer facções que lhe são contrárias, mentiu descaradamente, ao afirmar que Kadafi fora morto em “fogo cruzado” dos rebeldes com as tropas leais ao dirigente líbio. As imagens, divulgadas no mundo inteiro, mostram Kadafi ainda vivo, caminhando, levantando o braço, até ser derrubado a socos e pontapés, para ser, finalmente, assassinado.



Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um mar de povo sem precedentes no majestoso comício de greve do PAME em Atenas e em outras 70 cidades por toda a Grécia





Um mar sem precedentes de centenas de milhares de pessoas participou no majestoso comício de greve do PAME, o qual encheu Atenas de um modo jamais visto nas últimas décadas, no primeiro dia da greve geral de 48 horas à escala nacional. Todas as ruas centrais de Atenas foram cheias num nível sufocante pelas enormes multidões de trabalhadores e durante muitas horas.

Comícios maciços e sem precedentes em dimensão e militância tiveram lugar em todas as cidades da Grécia.

Estas forças uniram-se de modo a que a proposta de lei com novas medidas anti-povo não será votada. As palavras de ordem foram: Abaixo o governo e os partidos da plutocracia, organização e aliança de trabalhadores por toda a parte, solução quanto à questão do poder. O slogan que ressoou no comício foi "Trabalhador, sem ti nenhum dente da engrenagem pode girar, tu podes actuar sem os patrões", "Desobediência à plutocracia", "Povo, uma frente para o poder".

O enorme êxito da greve baseou-se na paralisação de fábricas incontáveis, grandes unidades de produção e outros lugares de trabalho por parte de trabalhadores e empregados que experimentam pobreza, privação e o beco sem saída do desemprego. Sua enorme dimensão e militância também foram baseadas no encerramento de numerosos pequenos negócios e loja os quais enfrentam o perigo do encerramento permanente. Muitas novas forças de trabalhadores participaram pela primeira vez na greve dando uma dinâmica especial à luta contra a barbárie das medidas do governo, da plutocracia, do FMI e da UE.

Desde a alvorada as forças do PAME com suas linhas de piquete apoiaram decisivamente os trabalhadores em lugares de trabalho "ghetto" os quais decidiram avançar para a greve pela primeira vez, desafiando a intimidação do empregador e mesmo a mobilização civil, a qual governo impôs aos colectores de lixo em greve das municipalidades, bem como os outros mecanismos de ruptura de greve utilizados pelo governo.

Os grupos provocadores que saltaram fora dos contingentes das organizações sindicais comprometidas do GSEE e da ADEDY procuraram mais uma vez criar incidentes encenados. No entanto, eles não conseguiram esconder a enorme dimensão e as exigências do imenso comício da greve, a participação organizada e protegida do povo trabalhador nas manifestações do PAME onde não se verificou um único incidente.

No palanque do comício, Giorgos Perros, membro do Secretariado Executivo do PAME, declarou entre outras coisas: "não há governo pró povo não importa se é chamado de centro-esquerda ou esquerda, se ele não entrar em conflito com os monopólios, se o seu programa não incluir o derrube dos monopólios ou, por outras palavras, a sua socialização. Ou com o povo ou com os monopólios. O poder do povo trabalhador ou o poder dos monopólios. Não há nenhum outro caminho! Não desperdicem qualquer momento. Contra-ataquemos todos juntos! Amanha, quinta-feira devem vir todo para o cerco do Parlamento pelo PAME, de todos os lados e ruas.

Processos nos partidos burgueses para inibir a torrente de fúria do povo

O enorme êxito do primeiro dia da greve exerce pressão sobre os partidos da plutocracia e o seu governo. Portanto, nestes momentos há uma intensificação dos processos para a reforma do sistema político pelo PASOK, o ND e os outros partidos burgueses, com cenários de uma "grande coligação PASOK-ND" bem como esforços a fim de assegurar o consenso para a aprovação das medidas anti-povo contra a torrente da greve que hoje inundou Atenas e outras cidades.

Em relação a estes processos, a secretária-geral do Comité Central do KKE, Aleka Papariga, afirmou em declarações aos media: "Não penso que o sr. Papandreu espere a nossa tolerância e consenso. Talvez por razões que têm a ver com publicidade no exterior ele está a reunir-se com partidos a fim de demonstrar que tem o seu apoio. Ele não tem apoio de nós. Nenhum e de modo algum. O que ele tem de nós é a nossa confrontação radical, total, real e substancial".

Após a sua saída da reunião que teve com o primeiro-ministro, o qual efectuou uma série de reuniões com todos os líderes partidários, a secretária-geral do KKE declarou:

"A partir de agora as coisas serão decididas literalmente pelo poder do povo e não pelas negociações que o governo realiza ou pelos conselho e cimeiras com outros partidos". Aleka Papariga apelou ao povo para ir em frente sem medo, para abandonar ilusões até a vitória final e acrescentou: "Há uma solução: a riqueza que existe neste país deve tornar-se do povo. Devemos desligar-nos dos títulos da UE e cancelar unilateralmente a dívida. Não há solução intermediária".

Deveria ser notado que todas as forças com orientação de classe reunir-se-ão para a segunda batalha na quinta-feira e para o cerco do Parlamento o qual constituirá um novo marco memorável na luta contra as medidas anti-povo, em conflito com os monopólios e o seu poder.

19/10/2011


O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-10-191meraapergia/

Este comunicado encontra-se em http://resistir.info/ .

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Khadafi morreu combatendo com dignidade e coerência

Por Miguel Urbano Rodrigues

A foto divulgada pelos contra-revolucionários do CNT elimina dúvidas: Muamar Khadafi morreu.

Notícias contraditórias sobre as circunstâncias da sua morte correm o mundo, semeando confusão. Mas das próprias declarações daqueles que exibem o cadáver do líder líbio transparece uma evidência: Khadafi foi assassinado.

No momento em que escrevo, a Resistência líbia ainda não tornou pública uma nota sobre o combate final de Khadafi. Mas desde já se pode afirmar que caiu lutando.

A midia a serviço do imperialismo principiou imediatamente a transformar o acontecimento numa vitória da democracia, e os governantes dos EUA e da União Europeia e a intelectualidade neoliberal festejam o crime, derramando insultos sobre o último chefe de Estado legitimo da Líbia.

Essa atitude não surpreende, mas o seu efeito é oposto ao pretendido: o imperialismo exibe para a humanidade o seu rosto medonho.

A agressão ao povo da Líbia, concebida e montada com muita antecedência, levada adiante com a cumplicidade do Conselho de Segurança da ONU e executada militarmente pelos EUA, a França e a Grã Bretanha deixará na História a memória de uma das mais abjectas guerras neocoloniais do início do século XXI.

Quando a OTAN começou a bombardear as cidades e aldeias da Líbia, violando a Resolução aprovada sobre a chamada Zona de Exclusão aérea, Obama, Sarkozy e Cameron afirmaram que a guerra, mascarada de «intervenção humanitária», terminaria dentro de poucos dias. Mas a destruição do país e a matança de civis durou mais de sete meses.

Os senhores do capital foram desmentidos pela Resistência do povo da Líbia. Os «rebeldes», de Benghazi, treinados e armados por oficiais europeus e pela CIA, pela Mossad e pelos serviços secretos britânicos e franceses fugiam em debandada, como coelhos, sempre que enfrentavam aqueles que defendiam a Líbia da agressão estrangeira.

Foram os devastadores bombardeamentos da OTAN que lhes permitiram entrar nas cidades que haviam sido incapazes de tomar. Mas, ocupada Tripoli, foram durante semanas derrotados em Bani Walid e Sirte, baluartes da Resistência.

Nesta hora em que o imperialismo discute já, com gula, a partilha do petróleo e do gás libios, é para Muamar Khadafi e não para os responsáveis pela sua morte que se dirige em todo o mundo o respeito de milhões de homens e mulheres que acreditam nos valores e princípios invocados, mas violados, pelos seus assassinos.

Khadafi afirmou desde o primeiro dia da agressão que resistiria e lutaria com o seu povo ate à morte.

Honrou a palavra empenhada. Caiu combatendo.

Que imagem dele ficará na História? Uma resposta breve à pergunta é hoje desaconselhável, precisamente porque Muamar Khadafi foi como homem e estadista uma personalidade complexa, cuja vida reflectiu as suas contradições.

Três Khadafis diferentes, quase incompatíveis, são identificáveis nos 42 nos em que dirigiu com mão de ferro a Líbia.

O jovem oficial que em 1969 derrubou a corrupta monarquia Senussita, inventada pelos ingleses, agiu durante anos como um revolucionário. Transformou uma sociedade tribal paupérrima, onde o analfabetismo superava os 90% e os recursos naturais estavam nas mãos de transnacionais americanas e britânicas, num dos países mais ricos do mundo muçulmano. Mas das monarquias do Golfo se diferenciou por uma politica progressista. Nacionalizou os hidrocarbonetos, erradicou praticamente o analfabetismo, construiu universidades e hospitais; proporcionou habitação condigna aos trabalhadores e camponeses e recuperou para uma agricultura moderna milhões de hectares do deserto graças à captação de águas subterrâneas.

Essas conquistas valeram-lhe uma grande popularidade e a adesão da maioria dos líbios. Mas não foram acompanhadas de medidas que abrissem a porta à participação popular. O regime tornou-se, pelo contrário, cada vez mais autocrático. Exercendo um poder absoluto, o líder distanciou-se progressivamente nos últimos anos da política de independência que levara os EUA a incluir a Líbia na lista negra dos estados a abater porque não se submetiam. Bombardeada Tripoli numa agressão imperial, o país foi atingido por duras sanções e qualificado de «estado terrorista».

Numa estranha metamorfose surgiu então um segundo Khadafi. Negociou o levantamento das sanções, privatizou empresas, abriu sectores da economia ao imperialismo. Passou então a ser recebido como um amigo nas capitais europeias. Berlusconi, Blair, Sarkozy, Obama ,Sócrates receberam-no com abraços hipócritas e muitos assinaram acordos milionarios , enquanto ele multiplicava as excentricidades, acampando na sua tenda em capitais europeias.

Na última metamorfose emergiu com a agressão imperial o Khadafi que recuperou a dignidade.

Li algures que ele admirava Salvador Allende e desprezava os dirigentes que nas horas decisivas capitulam e fogem para o exílio.

Qualquer paralelo entre ele e Allende seria descabido. Mas tal como o presidente da Unidade Popular chilena, Khadafi, coerente com o compromisso assumido, morreu combatendo. Com coragem e dignidade.

Independentemente do julgamento futuro da História, Muamar Khadafi será pelo tempo afora recordado como um herói pelos líbios que amam a independência e liberdade. E também por muitos milhões de muçulmanos.

A Resistência, aliás, prossegue, estimulada pelo seu exemplo.

http://anncol-brasil.blogspot.com/2011/10/khadafi-morreu-combatendo-com-dignidade.html
Vila Nova de GAIA, no dia da morte de Muamar Khadafi

Carta aberta ao gov. do RJ de uma médica de coragem e convicção

Sabe governador, somos contemporâneos, quase da mesma idade, mas vivemos em mundos bem diferentes. Sou classe média, bem média, médica, pediatra, deprimida e indignada com as canalhices que estão acontecendo.Não conheço bem a sua história pessoal e certamente o senhor não sabe nada da minha também. Fiz um vestibular bastante disputado e com grande empenho tive a oportunidade de freqüentar a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, hoje esquartejada pela omissão e politiquices do poder público estadual. Fiz treinamento no Hospital Pedro Ernesto, hoje vivendo de esmolas emergenciais em troca de leitos da dengue. Parece-me que o senhor desconhece esta realidade. O seu terceiro grau não foi tão suado assim, em universidade sem muito prestígio, curso na época pouco disputado, turma de meninos Zona Sul ...Aprendi medicina em hospital de pobre, trabalhei muito sem remuneração em troca de aprendizado. Ao final do curso, nova seleção, agora, para residência. Mais trabalho com pouco dinheiro e pacientes pobres, o povo.. Sempre fui doutrinada a fazer o máximo com o mínimo. Muitas noites sem dormir, e lhe garanto que não foram em salinhas refrigeradas costurando coligações e acordos para o povo que o senhor nem conhece o cheiro ou choro em momento de dor..

No início da década de noventa fui aprovada num concurso para ser médica da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro'. A melhor decisão da minha vida, da qual hoje mais do que nunca não me arrependo, foi abandonar este cargo. Não se pode querer ser Dom Quixote, herói ou justiceiro. Dói assistir a morte por falta de recursos. Dói, como mãe de quatro filhos, ver outros filhos de outras mães não serem salvos por falta de condições de trabalho. Fingir que trabalha, fingir que é médico, estar cara-a-cara com o paciente como representante de um sistema de saúde ridículo, ter a possibilidade de se contaminar e se acostumar com uma pseudo-medicina é doloroso, aviltante e uma enorme frustração. Aprendi em muitas daquelas noites insones tudo o que sei fazer e gosto muito do que eu faço. Sou médica porque gosto. Sou pediatra por opção e com convicção. Não me arrependo. Prometi a mim mesma fazer o melhor de mim.

É um deboche numa cidade como o Rio de Janeiro, num estado como o nosso assistir políticos como o senhor discursarem com a cara mais lavada que este é o momento de deixar de lenga-lenga para salvar vidas. Que vidas, senhor governador ? Nas UPAS? tudo de fachada para engabelar o povão!!!! Por amor ao povo o senhor trabalharia pelo que o senhor paga ao médico ? Os médicos não criaram os mosquitos. Os hospitais não estão com problema somente agora. Não faltam especialistas. O que falta é quem queira se sujeitar a triste realidade do médico da SES para tentar resolver emergencialmente a omissão de anos.

A mídia planta terrorismo no coração das mães que desesperadas correm a qualquer sintoma inespecífico para as urgências... Não há pediatra neste momento que não esteja sobrecarregado. Mesmo na medicina privada há uma grande dificuldade em administrar uma demanda absurda de atendimentos em clínicas, consultórios ou telefones. Todos em pânico. E aí vem o senhor com a história do lenga-lenga.

Acorde governador ! Hoje o senhor é poder executivo. Esqueça um pouco das fotos com o presidente e com a mãe do PAC, esqueça a escolha do prefeito, esqueça a carinha de bom moço consternado na televisão. Faça a mudança. Execute.
"Lenga-lenga" é não mudar os hospitais e os salários. Quem sabe o senhor poderia trabalhar como voluntário também. Chame a sua família. Venha sentir o stress de uma mãe, não daquelas de pracinha com babá, que o senhor bem conhece, mas daquelas que nem podem faltar ao trabalho para cuidar de um filho doente. Venha preparado porque as pessoas estão armadas, com pouca tolerância, em pânico. Quem sabe entra no seu nariz o cheiro do pobre, do povo e o senhor tenta virar o jogo. A responsabilidade é sua,
governador.

Afinal, quem é, ou são, os vagabundos, Governador ?

Dra. Ma. Isabel Lepsch
ICARAÍ Rua Miguel de Frias 51 sala 303 Tel: 2704-4104/9986- 2514
NITERÓI Av. Amaral Peixoto 60 sala 316 Tel: 2613-2248/2704- 410 4/9982- 8995
SÃO GONÇALO Rua Dr. Francisco Portela 2385 Parada 40 Tel: 2605-0193/3713-
0879
Através da Divulgação é que podemos tentar ajudar a diminuir a
DESASISTÊNCIA TOTAL DO GOVERNO AOS HOSPITAIS PÚBLICOS DO BRASIL

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Tapajós e Carajás: furto, furtei, furtarei

José Ribamar Bessa Freire
09/10/2011 - Diário do Amazonas

Essa foi a vaia mais estrondosa e demorada de toda a história da
Amazônia. Começou no dia 4 de abril de 1654, em São Luís do Maranhão,
com a conjugação do verbo furtar, e continuou ressoando em Belém, num
auditório da Universidade Federal do Pará, na última quinta-feira, 6
de outubro, quando estudantes hostilizaram dois deputados federais que
defendiam a criação dos Estados de Tapajós e Carajás.

A vaia, que atravessou os séculos, só será interrompida no dia 11 de
dezembro próximo, quando quase 5 milhões de eleitores paraenses irão
às urnas para votar, num plebiscito, se querem ou não a criação dos
dois Estados desmembrados do Pará, que ficará reduzido a apenas 17% de
seu atual território caso a resposta dos eleitores seja afirmativa.

A proposta de divisão territorial não é nova. Embora o fato não seja
ensinado nas escolas, o certo é que Portugal manteve dois estados na
América: o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão e Grão-Pará, cada
um com governador próprio, leis próprias e seu corpo de funcionários.
Somente um ano depois da Independência do Brasil, em agosto de 1823, é
que o Grão-Pará aderiu ao estado independente, com ele se unificando.

Pois bem, no século XVII, a proposta era criar mais estados. Os
colonos começaram a pressionar o rei de Portugal, D. João IV, para que
as capitanias da região norte fossem transformadas em entidades
autônomas. O padre Antônio Vieira, conselheiro do rei de Portugal, D.
João IV, convenceu o monarca a fazer exatamente o contrário, criando
um governo único do Estado do Maranhão e Grão-Pará sediado
inicialmente em São Luís e depois em Belém.

Para isso, o missionário jesuíta usou um argumento singular. Ele
alegava que se o rei criasse outros estados na Amazônia, teria que
nomear mais governadores, o que dificultaria o controle sobre eles. É
mais fácil vigiar um ladrão do que dois, escreveu Vieira em carta ao
rei, de 4 de abril de 1654: “Digo, senhor, que menos mal será um
ladrão que dois, e que mais dificultoso será de achar dois homens de
bem que um só”.

Num sermão que pregou na sexta-feira santa, já em Lisboa, perante um

auditório onde estavam membros da corte, juízes, ministros e
conselheiros da Coroa, o padre Vieira, recém-chegado do Maranhão,
acusou os governadores, nomeados por três anos, de enriquecerem
durante o triênio, juntamente com seus amigos e apaniguados, dizendo
que eles conjugavam o verbo furtar em todos os tempos, modos e
pessoas. Vale a pena transcrever um trecho do seu sermão:

- “Furtam pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim
do governo, e sempre lá deixam raízes em que se vão continuando os
furtos. Esses mesmos modos conjugam por todas as pessoas: porque a
primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados, e as
terceiras quantos para isso têm indústria e consciência”.

Segundo Vieira, os governadores ”furtam juntamente por todos os
tempos”. Roubam no tempo presente , “que é o seu tempo” durante o
triênio em que governam, e roubam ainda ”no pretérito e no futuro”.
Roubam no passado perdoando dívidas antigas com o Estado em troca de
propinas, “ vendendo perdões” e roubam no futuro quando “empenham as
rendas e antecipam os contrato, com que tudo, o caído e não caído, lhe
vem a cair nas mãos”.

O missionário jesuíta, conselheiro e confessor do rei, prosseguiu:
“Finalmente, nos mesmos tempos não lhe escapam os imperfeitos,
perfeitos, mais-que-perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam,
furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais se mais
houvesse. Em suma, que o resumo de toda esta rapante conjugação vem a
ser o supino do mesmo verbo: a furtar, para furtar. E quando eles têm
conjugado assim toda a voz ativa, e as miseráveis províncias suportado
toda a passiva, eles como se tiveram feito grandes serviços tornam
carregados de despojos e ricos; e elas ficam roubadas e consumidas”.

Numa atitude audaciosa, padre Vieira chama o próprio rei às suas
responsabilidades, concluindo:
“Em qualquer parte do mundo se pode verificar o que Isaías diz dos
príncipes de Jerusalém: os teus príncipes são companheiros dos
ladrões. E por que? São companheiros dos ladrões, porque os
dissimulam; são companheiros dos ladrões, porque os consentem; são
companheiros dos ladrões, porque lhes dão os postos e os poderes; são
companheiros dos ladrões, porque talvez os defendem; e são finalmente,
seus companheiros, porque os acompanham e hão de acompanhar ao
inferno, onde os mesmos ladrões os levam consigo”.

Os dois novos Estados – Carajás e Tapajós – se criados, significam
mais governadores, mais deputados, mais juizes, mais tribunais de
contas, mais mordomias, mais assaltos aos cofres públicos. Por isso, o
Conselho Indígena dos rios Tapajós e Arapiuns, sediado em Santarém,
representando 13 povos de 52 aldeias, se pronunciou criticamente em
relação à proposta. Em nota oficial, esclarece:

“Os indígenas, os quilombolas e os trabalhadores da região nunca
estiveram na frente do movimento pela criação do Estado do Tapajós,
porque essa não era sua reivindicação e também porque não eram
convidados. Esse movimento foi iniciado e liderado nos últimos anos
por políticos. E nós temos aprendido que o que é bom para essa gente
dificilmente é bom para nós”.

Aeroportuários iniciam paralisação no dia 20 contra as privatizações

A Anac divulgou o valor mínimo dos leilões, que está estipulado em R$ 2,88 bilhões, enquanto a receita bruta no período de concessão dos aeroportos é estimada em R$ 44,2 bilhões

Por Mariana Moura

Em assembleia, na segunda-feira (17), mais 1,2 mil trabalhadores da Infraero no Aeroporto Internacional de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, aprovaram a greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Aeroportuários (SINA) contra a entrega dos terminais de Guarulhos, Brasília e Campinas para grupos privados. Os trabalhadores de Brasília já tinham aprovado a paralisação de 48 horas marcada para os dias 20 e 21 de outubro.

No final de setembro, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgou a minuta do edital de privatização de três dos maiores aeroportos brasileiros: Guarulhos, Brasília e Campinas. O Sindicato alerta que a saída da Infraero da administração dos terminais pode provocar demissões, aumento das tarifas e coloca em risco a segurança aeroportuária. Segundo o presidente SINA, Francisco Lemos, “os empresários trabalham com um conceito de aeroshopping. Mas, isso pode ser perigoso porque deixa em posição secundária as operações de aviação”.

De acordo com o sindicato, apenas 15% dos aeroportos do mundo são privatizados e 98% dos acidentes acontecem durante as manobras de pouso ou decolagem. “A paralisação é para alertar a sociedade dos riscos de entregar à iniciativa privada a atividade fim dos aeroportos”, afirmou o presidente do SINA.

GREVE

“A aeronave não chega e não sai”, disse Ademir Lima de Oliveira, diretor jurídico do SINA. O Sindicato se reuniu por diversas vezes com representantes da Secretaria de Aviação Civil para apontar o erro de privatizar os terminais. O SINA e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) propuseram que as atividades fim dos aeroportos continuem nas mãos da Infraero: operação, segurança, carga e navegação aéreas, controle de tarifas e manutenção e engenharia especializada. O edital da Anac entrega as operações ao “acionista privado”, impedindo por contrato a Infraero de exercer o controle da Concessionária. Segundo Oliveira, “o governo endureceu não querendo mais ouvir os trabalhadores. E como não quer ouvir os trabalhadores, só indo à greve”.

“A gente espera que a Infraero não seja privatizada e não se torne, no governo Dilma, uma Vale do Rio Doce ou uma Embraer, ambas privatizadas no governo de FHC. A primeira mulher presidenta do país, eleita pelos trabalhadores, não pode deixar isso como legado”, argumentou Celso Klafke, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores na Aviação Civil (Fentac/CUT).


VENDA

Na quinta-feira (13), a Anac divulgou os valores da venda. Os estudos contratados pela Agência apontaram um preço mínimo de outorga, com base numa avaliação econômico-financeira dos três terminais aeroportuários mais rentáveis do país, de R$ 2,888 bilhões a serem pagos em suaves parcelas anuais ao longo da concessão. No caso do aeroporto de Guarulhos seria em 20 anos, em Brasília seriam 25 ano e em Campinas por 30 anos. As concessionárias vão pagar esta “contribuição fixa” com a receita bruta prevista de R$ 40,270 bilhões (quarenta bilhões e duzentos e setenta milhões de reais).

Entre as fontes de receita propostas pela Agência estão as tarifas diferenciadas para os aeroportos sob concessão – como a recém criada “tarifa de conexão”, que adicionará R$ 7 para cada conexão realizada no aeroporto privatizado – e o Adicional de Tarifa Aeroportuária (Ataero), criado em 1989 para “melhoramentos, reaparelhamento, reforma, expansão e depreciação de instalações aeroportuárias e da rede de telecomunicações e auxílio à navegação aérea”. O estudo prevê que o Ataero, uma das fontes de financiamento da Infraero, seja dividido com o “acionista privado”.

Conforme o Plano de Exploração Aeroportuária, as obras que já estiverem em andamento no momento da assinatura do contrato serão finalizadas pela Infraero, que participará das concessões com até 49%.

Mesmo os investimentos previstos para a ampliação dos terminais, de R$ 13,2 bilhões, podem vir do bolso do trabalhador, já que o BNDES – que utiliza os recursos do FAT e do Tesouro Nacional – já oferece uma linha de crédito para os futuros acionistas privados.

http://www.horadopovo.com.br/2011/10Out/3002-19-10-2011/P4/pag4a.htm

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Manifestantes mauricinhos varrem corrupção para debaixo do tapete

Uma turma acostumada a dirigir seus Porsches, Camaros, Ferraris, etc decidiu fazer algo diferente no dia 12 de outubro e saiu às ruas de Brasília e de outras cidades, arregimentados através das redes sociais e açulados pela mídia lacerdista e pela oposição.

As patricinhas e mauricinhos portavam vassouras que só vêm em suas mansões nas mãos dos seus criados (e querem mantê-las sempre nas mãos deles). Mas fizeram uma exceção no dia 12, já que o movimento era folclórico mesmo e um dia apenas para aparecer com elas não fazia mal. Dava até muito “Ibope” e holofotes aparecer com os objetos, encenando varrer o chão. Imitando o patrono Jânio Quadros - que se elegeu presidente em 1960 com o apoio da direitista UDN de Carlos Lacerda e cujo símbolo era uma vassoura, diziam que aquilo simbolizava varrer a corrupção que, segundo eles, estava em tudo quanto era lugar: no Congresso, no governo, na quitanda, na biboca, padaria da esquina, embaixo da cama e na toca do tatu.


Só não viram corrupção e não falaram nada onde realmente ela existe. No saque bilionário dos monopólios contra o Estado e contra o povo, recursos desviados da sociedade para se locupletarem. No desvio de R$ 160,207 bilhões, gastos somente com juros, em apenas 8 meses, até agosto. Enquanto a Saúde, Educação, Saneamento e outros padecem com parcos recursos. Na taxa de juros (Selic) que se mantém ainda a mais alta do mundo, beneficiando os especuladores que faturam com os títulos do governo. Dá para entender porque não querem ver essa vasta corrupção e só criticam a roubalheira miúda, varrendo a corrupção pesada para debaixo do tapete.

Fonte:http://www.horadopovo.com.br/2011/10Out/3001-14-10-2011/P3/pag3b.htm

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Contra a verdadeira corrupção e suas causas

As recentes manifestações de rua “contra a corrupção”, que vêm ocorrendo, principalmente, nas grandes cidades, têm recebido ampla divulgação da grande mídia e apoios de personalidades diversas. Os atos públicos, muito bem estruturados, com palanques e equipamento de som, vassouras (colocadas como símbolo da campanha, como fazia o ex-presidente e prefeito de São Paulo, Jânio Quadros) distribuídas generosamente não deixam dúvida quanto ao caráter não-espontâneo da movimentação.
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Os “líderes” se mostram bem afinados em suas intervenções, fazendo, sem exceção, o discurso anti-corrupção com viés claramente moralista, fazendo lembrar o perfil da antiga UDN. Para eles, as causas da corrupção que assola o país são as pessoas sem “moral” ou princípios éticos, e os alvos são claros: os “políticos” em geral e alguns membros do governo. Nas manifestações não é permitida a presença de partidos – principalmente, é claro, das agremiações de esquerda.
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Em nenhum momento, nos atos do movimento e nas declarações de suas lideranças, se fala nos grandes empresários, os corruptores beneficiados por licitações e favorecimentos fraudulentos – e agora, por conta da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, por obras contratadas sem licitação. São estes que, através do financiamento privado das campanhas, compram os mandatos de políticos, alguns até de origem popular, para os exercerem a serviço dos interesses dos capitalistas.

Se uma ação de um dirigente público ou parlamentar desperta suspeitas, o Ministério Público é imediatamente acionado (o que é correto) e o fato ganha, imediatamente, grande destaque na imprensa. Se um deputado “comprado” para votar pela aprovação de um projeto de lei que beneficia privilegiadamente uma empresa privada é denunciado, passa-se, nos meios de comunicação, a visão de que apenas ele é corrupto, como se a empresa que o “comprou” não existisse - o crime do corruptor é ignóbil tanto quanto o do corrompido.
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Não se fala das ligações perenes entre o Estado e os interesses das empresas privadas, existentes nesse governo e nos anteriores, pois o Estado, no sistema capitalista, tem como função básica atender as necessidades dos empresários e patrões, lesando diretamente a grande maioria da população, a classe trabalhadora. Mesmo na hipótese de eliminação de todas as formas de corrupção formal, portanto, o Estado seguiria privilegiando os interesses da burguesia. Mas esta hipótese não existe, porque o capitalismo é intrinsicamente corrupto.

O “combate à corrupção”, na forma manipulada com que é alardeado e conduzido por este movimento, atende claramente a demandas da direita, dos setores mais retrógrados da sociedade brasileira, que, nos idos de 1964, marcharam em favor do golpe empresarial-militar e que, hoje, se articulam para restringir, o mais que puderem, o pouco espaço democrático de que dispomos, no Brasil, conquistado à custa de muita luta nas décadas passadas. O objetivo principal é afastar os trabalhadores e os setores populares dos partidos políticos e da própria política, para que o exercício desta seja privativo dos homens e mulheres de “bens”. A mídia burguesa buscará sempre a defesa da suposta “neutralidade” do Estado, ao mesmo tempo em que justifica, muitas vezes de forma descarada, a opção preferencial dos governos pela defesa dos interesses dos empresários e atribui a corrupção a “desvios de conduta” de indivíduos ou de grupos “incrustados” no aparelho estatal.

É claro que a corrupção tem que ser combatida: O PCB condena qualquer tipo de corrupção no executivo, legislativo, judiciário e no setor privado. Se não temos ilusão de que seja possível eliminar a corrupção sob o sistema capitalista, entendemos que, para mitigá-la, devemos lutar para que haja pressão organizada dos trabalhadores sobre o Estado, visando conquistar a mais ampla liberdade de organização partidária, de informação e expressão, o fim da impunidade para os crimes cometidos pelos donos do capital e do poder, a democratização do acesso à Justiça e o controle social sobre a mídia.

Partido Comunista Brasileiro

Comissão Política Nacional


fonte:http://www.diariodaclasse.com.br/forum/topic/show?id=3451330:Topic:50568&xgs=1&xg_source=msg_share_topic

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

''Ocupar Wall Street é o movimento mais importante do mundo hoje''

Na quinta-feira, 06 de outubro, Naomi Klein compareceu, convidada, à Assembleia Geral de Nova York. A amplificação foi banida pela polícia. Não havia microfones. Num inesquecível gesto, a multidão mais próxima a Klein repetia suas frases, para que os mais distantes pudessem ouvir e, por sua vez, repeti-las também. Era o "microfone humano". O memorável discurso de Klein foi assistido por dezenas de milhares de pessoas via internet.

O sítio da revista Fórum,com tradução de Idelber Avelar – reproduziu a fala da ativista.

Eis o pronunciamento.




Eu amo vocês.
E eu não digo isso só para que centenas de pessoas gritem de volta “eu também te amo”, apesar de que isso é, obviamente, um bônus do microfone humano. Diga aos outros o que você gostaria que eles dissessem a você, só que bem mais alto.
Ontem, um dos oradores na manifestação dos trabalhadores disse: “Nós nos encontramos uns aos outros”. Esse sentimento captura a beleza do que está sendo criado aqui. Um espaço aberto (e uma ideia tão grande que não pode ser contida por espaço nenhum) para que todas as pessoas que querem um mundo melhor se encontrem umas às outras. Sentimos muita gratidão.
Se há uma coisa que sei, é que o 1% adora uma crise. Quando as pessoas estão desesperadas e em pânico, e ninguém parece saber o que fazer: eis aí o momento ideal para nos empurrar goela abaixo a lista de políticas pró-corporações: privatizar a educação e a seguridade social, cortar os serviços públicos, livrar-se dos últimos controles sobre o poder corporativo. Com a crise econômica, isso está acontecendo no mundo todo.
Só existe uma coisa que pode bloquear essa tática e, felizmente, é algo bastante grande: os 99%. Esses 99% estão tomando as ruas, de Madison a Madri, para dizer: “Não. Nós não vamos pagar pela sua crise”.
Esse slogan começou na Itália em 2008. Ricocheteou para Grécia, França, Irlanda e finalmente chegou a esta milha quadrada onde a crise começou.
“Por que eles estão protestando?”, perguntam-se os confusos comentaristas da TV. Enquanto isso, o mundo pergunta: “por que vocês demoraram tanto? A gente estava querendo saber quando vocês iam aparecer.” E, acima de tudo, o mundo diz: “bem-vindos”.
Muitos já estabeleceram paralelos entre o Ocupar Wall Street e os assim chamados protestos anti-globalização que conquistaram a atenção do mundo em Seattle, em 1999. Foi a última vez que um movimento descentralizado, global e juvenil fez mira direta no poder das corporações. Tenho orgulho de ter sido parte do que chamamos “o movimento dos movimentos”.
Mas também há diferenças importantes. Por exemplo, nós escolhemos as cúpulas como alvos: a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o G-8. As cúpulas são transitórias por natureza, só duram uma semana. Isso fazia com que nós fôssemos transitórios também. Aparecíamos, éramos manchete no mundo todo, depois desaparecíamos. E na histeria hiper-patriótica e nacionalista que se seguiu aos ataques de 11 de setembro, foi fácil nos varrer completamente, pelo menos na América do Norte.
O Ocupar Wall Street, por outro lado, escolheu um alvo fixo. E vocês não estabeleceram nenhuma data final para sua presença aqui. Isso é sábio. Só quando permanecemos podemos assentar raízes. Isso é fundamental. É um fato da era da informação que muitos movimentos surgem como lindas flores e morrem rapidamente. E isso ocorre porque eles não têm raízes. Não têm planos de longo prazo para se sustentar. Quando vem a tempestade, eles são alagados.
Ser horizontal e democrático é maravilhoso. Mas esses princípios são compatíveis com o trabalho duro de construir e instituições que sejam sólidas o suficiente para aguentar as tempestades que virão. Tenho muita fé que isso acontecerá.
Há outra coisa que este movimento está fazendo certo. Vocês se comprometeram com a não-violência. Vocês se recusaram a entregar à mídia as imagens de vitrines quebradas e brigas de rua que ela, mídia, tão desesperadamente deseja. E essa tremenda disciplina significou, uma e outra vez, que a história foi a brutalidade desgraçada e gratuita da polícia, da qual vimos mais exemplos na noite passada. Enquanto isso, o apoio a este movimento só cresce. Mais sabedoria.
Mas a grande diferença que uma década faz é que, em 1999, encarávamos o capitalismo no cume de um boom econômico alucinado. O desemprego era baixo, as ações subiam. A mídia estava bêbada com o dinheiro fácil. Naquela época, tudo era empreendimento, não fechamento.
Nós apontávamos que a desregulamentação por trás da loucura cobraria um preço. Que ela danificava os padrões laborais. Que ela danificava os padrões ambientais. Que as corporações eram mais fortes que os governos e que isso danificava nossas democracias. Mas, para ser honesta com vocês, enquanto os bons tempos estavam rolando, a luta contra um sistema econômico baseado na ganância era algo difícil de se vender, pelo menos nos países ricos.
Dez anos depois, parece que já não há países ricos. Só há um bando de gente rica. Gente que ficou rica saqueando a riqueza pública e esgotando os recursos naturais ao redor do mundo.
A questão é que hoje todos são capazes de ver que o sistema é profundamente injusto e está cada vez mais fora de controle. A cobiça sem limites detona a economia global. E está detonando o mundo natural também. Estamos sobrepescando nos nossos oceanos, poluindo nossas águas com fraturas hidráulicas e perfuração profunda, adotando as formas mais sujas de energia do planeta, como as areias betuminosas de Alberta. A atmosfera não dá conta de absorver a quantidade de carbono que lançamos nela, o que cria um aquecimento perigoso. A nova normalidade são os desastres em série: econômicos e ecológicos.
Estes são os fatos da realidade. Eles são tão nítidos, tão óbvios, que é muito mais fácil conectar-se com o público agora do que era em 1999, e daí construir o movimento rapidamente.
Sabemos, ou pelo menos pressentimos, que o mundo está de cabeça para baixo: nós nos comportamos como se o finito – os combustíveis fósseis e o espaço atmosférico que absorve suas emissões – não tivesse fim. E nos comportamos como se existissem limites inamovíveis e estritos para o que é, na realidade, abundante – os recursos financeiros para construir o tipo de sociedade de que precisamos.
A tarefa de nosso tempo é dar a volta nesse parafuso: apresentar o desafio à falsa tese da escassez. Insistir que temos como construir uma sociedade decente, inclusiva – e ao mesmo tempo respeitar os limites do que a Terra consegue aguentar.
A mudança climática significa que temos um prazo para fazer isso. Desta vez nosso movimento não pode se distrair, se dividir, se queimar ou ser levado pelos acontecimentos. Desta vez temos que dar certo. E não estou falando de regular os bancos e taxar os ricos, embora isso seja importante.
Estou falando de mudar os valores que governam nossa sociedade. Essa mudança é difícil de encaixar numa única reivindicação digerível para a mídia, e é difícil descobrir como realizá-la. Mas ela não é menos urgente por ser difícil.
É isso o que vejo acontecendo nesta praça. Na forma em que vocês se alimentam uns aos outros, se aquecem uns aos outros, compartilham informação livremente e fornecem assistência médica, aulas de meditação e treinamento na militância. O meu cartaz favorito aqui é o que diz “eu me importo com você”. Numa cultura que treina as pessoas para que evitem o olhar das outras, para dizer “deixe que morram”, esse cartaz é uma afirmação profundamente radical.
Algumas ideias finais. Nesta grande luta, eis aqui algumas coisas que não importam:
Nossas roupas.
Se apertamos as mãos ou fazemos sinais de paz.
Se podemos encaixar nossos sonhos de um mundo melhor numa manchete da mídia.

E eis aqui algumas coisas que, sim, importam:
Nossa coragem.
Nossa bússola moral.
Como tratamos uns aos outros.
Estamos encarando uma luta contra as forças econômicas e políticas mais poderosas do planeta. Isso é assustador. E na medida em que este movimento crescer, de força em força, ficará mais assustador. Estejam sempre conscientes de que haverá a tentação de adotar alvos menores – como, digamos, a pessoa sentada ao seu lado nesta reunião. Afinal de contas, essa será uma batalha mais fácil de ser vencida.
Não cedam a essa tentação. Não estou dizendo que vocês não devam apontar quando o outro fizer algo errado. Mas, desta vez, vamos nos tratar uns aos outros como pessoas que planejam trabalhar lado a lado durante muitos anos. Porque a tarefa que se apresenta para nós exige nada menos que isso.
Tratemos este momento lindo como a coisa mais importante do mundo. Porque ele é. De verdade, ele é. Mesmo.

Naomi Klein,jornalista canadense,nascida em Montreal, em 1970, é hoje uma das principais intelectuais e militantes anticapitalistas do planeta, autora do livro A Doutrina do Choque: A Ascensão do Capitalismo do Desastre,no qual descreveu como as empresas aproveitam dos desastres naturais, das guerras ou outros choques culturais para avançar políticas de liberalização econômicas e que a elevou à condição de uma das principais intelectuais de esquerda do mundo

http://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_noticia.php?codNoticia=9518/a-coisa-mais-importante-do-mundo-

sábado, 8 de outubro de 2011

Lula recebe diploma em Paris e irrita mídia neoescravocrata

Por Sergio Cruz

Jornalista argentino do “Página/12” testemunhou o papelão dos repórteres brasileiros que tentaram desmerecer prêmio dado ao ex-presidente do Brasil


O ex-presidente Lula afirmou, na última terça-feira (27), ao receber o título de Doutor Honoris Causa do Instituto de Estudos Políticos de Paris, conhecido como Sciences-po, que se sente honrado de ser o primeiro latino-americano a receber esta homenagem e destacou que ela é um reconhecimento, não apenas a ele, “mas ao Brasil e a todo o povo brasileiro”.


A iniciativa francesa de premiar Lula irritou parte da elite colonizada brasileira, representada no evento por alguns correspondentes de certa mídia. Essa parte da elite, segundo o próprio ex-presidente, costuma ter “complexo de vira-lata”. Ela esperneou o quanto pôde contra a homenagem antes e depois do evento.


CASTA


A correspondente de “O Globo”, Deborah Berlink, por exemplo, indagou aos organizadores do evento por que escolheram Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber a homenagem da instituição. O presidente do instituto, Richard Descoings, com toda a diplomacia, deu a resposta: “O presidente Lula fez uma carreira política de alto nível, que mudou muito o país e, mudou radicalmente a imagem do Brasil no mundo. O Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula, e ele não tem estudo superior. Isso nos pareceu totalmente em linha com a nossa política atual no Sciences-po, a de que o mérito pessoal não deve vir somente de um diploma universitário”.


Richard Descoings ainda acrescentou: “Na França, temos uma sociedade de castas. E o que distingue a casta é o diploma. O presidente Lula demonstrou que é possível ser um bom presidente, sem passar pela universidade. Ele foi eleito por unanimidade pelo nosso conselho de administração”.


O vexame da repórter e de outros seus colegas da mídia brasileira (?) chamou a atenção de Martín Granovsky, do jornal argentino “Página/12”, que não perdoou e ironizou no seu artigo “Os escravistas contra Lula”: “Seria bom que [Lula] soubesse que, antes de receber o doutorado Honoris Causa da Sciences-po, deve pedir desculpas aos elitistas de seu país. Um trabalhador metalúrgico não pode ser presidente. Se por alguma casualidade chegou ao Planalto, agora deveria guardar recato. No Brasil, a casa grande das fazendas estava reservada aos proprietários de terras e escravos. Assim, Lula, agora, silêncio, por favor. Os da casa grande estão bravos”.


Ao contrário do espírito de caramujo da mídia elitista brasileira que foi cobrir o evento, Lula esbanjou otimismo com o Brasil e fez um balanço amplo de suas realizações, dando destaque à área da educação. “Investimos fortemente em educação, pesquisa e desenvolvimento. Orgulho-me de ter criado 14 novas universidades federais e 126 extensões universitárias, democratizando e interiorizando o acesso ao ensino público”. Ele resgatou o fato de ter dobrado o número de matrículas nas instituições federais. “Mas não ficamos restritos a isso e instituímos o Prouni, um sistema inovador de bolsas de estudo em universidades particulares. Com ele, garantimos que 912 mil jovens de baixa renda pudessem cursar o ensino superior”.


O ex-presidente ainda aproveitou para mostrar a grande força que tem o povo brasileiro, ao dizer que essa “oportunidade não foi desperdiçada: os jovens com bolsas do Prouni têm-se destacado em todas as áreas, liderando em muitos casos os exames nacionais de avaliação feitos pelo Ministério da Educação. Ou seja, bastou uma chance e a juventude brasileira deu firme resposta ao mito elitista segundo o qual a qualidade é incompatível com a ampliação das oportunidades”. “Também me orgulho muito de termos inaugurado 214 novas escolas técnicas federais, que criaram possibilidades inéditas de formação profissional para a juventude”, acrescentou.


O correspondente do “Página 12” descreveu ainda uma outra manifestação do complexo de vira-lata, a que se referia Lula. Um repórter brasileiro [não citado] “perguntou com ironia” ao presidente do Instituto “se o Honoris Causa a Lula fazia parte da política de ação afirmativa da Sciences-po”. Descoings observou-o com atenção antes de responder. “As elites não são só escolares ou sociais”, rebateu. “Os que avaliam quem são os melhores são os outros, não os que são iguais a alguém. Se não, estaríamos frente a um caso de elitismo social. Lula é um torneiro mecânico que chegou à presidência, mas segundo entendi não ganhou uma vaga, mas foi votado por milhões de brasileiros em eleições democráticas”, completou Descoings.


MORAL


Perguntado por que premiar um presidente que “tolerou” a corrupção, o professor sorriu e disse: “Veja, Sciences-po não é a Igreja Católica. Não entra em análises morais, nem tira conclusões apressadas. Deixa para o balanço histórico esse assunto e outros muito importantes, como a instalação de eletricidade em favelas em todo o Brasil e as políticas sociais”. E acrescentou, pegando o Le Monde: “Que país pode medir moralmente hoje outro país? Se não queremos falar destes dias, recordemos como um alto funcionário de outro país teve que renunciar por ter plagiado uma tese de doutorado de um estudante”. Falava de Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro de Defesa da Alemanha até que se soube do plágio. Mais ainda: “Não desculpamos, nem julgamos. Simplesmente não damos lições de moral a outros países”. “Um dos colegas perguntou se era correto premiar alguém que se jacta de nunca ter lido um livro. O professor manteve sua calma e o olhou assombrado. Talvez saiba que essa jactância de Lula não consta em atas, ainda que seja certo que não tem título universitário”, contou o correspodnente do “Pagina/12”.


Segundo ainda o articulista do “Página 12”, outro luminar resolveu perguntar se era correto premiar alguém que, certa vez, chamou Muamar Kadafi de “irmão”. “Com as devidas desculpas, que foram expressadas ao professor e aos colegas, a impaciência argentina [referindo-se à historiadora Diana Quattrocchi Woisson presente na coletiva] levou a perguntar onde Kadafi havia comprado suas armas e que país refinava seu petróleo, além de comprá-lo”, continuou Granovsky o seu relato. “O professor deve ter agradecido que a pergunta não tenha mencionado com nome e sobrenome França e Itália”. Aliás, os dois países europeus que agora , junto com os EUA, estão bombardeando a Líbia para saquear o seu petróleo. Com isso, o nosso “hermano”, habilmente, deixou evidente tanto a hipocrisia da elite francesa como daqueles que seguem seus passos por aqui.





http://www.horadopovo.com.br/2011/setembro/2997-30-09-2011/P3/pag3a.htm

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Líbia e Colômbia: farsas e fossas da mídia pró-EUA (II)

Por Leonardo Severo

Em agosto de 2010, pouco depois de uma audiência pública em La Macarena, foi informada “a suposta detenção, desaparição e execução extrajudicial da senhora Norma Irene Perez, identificada com o CC 40.206.080, de quem não se voltou a ter conhecimento desde o dia 7 de agosto de 2010, entre 7h e 8h da manhã, quando dirigia-se a sua casa depois de sair de uma assembleia com a junta de ação comunal da referida localidade. Posteriormente seu corpo foi encontrado nas estranhas circunstâncias no dia 13 de agosto de 2010 na jurisdição de La Unión, do município de La Macarena, do departamento de Meta. A comunidade afirma que o exército encontra-se na aldeia dos oásis, local próximo de onde ocorreu o fato”.

Agricultora, mãe de quatro crianças, Norma era presidenta do Comitê de Direitos Humanos de La Unión e membro do comitê regional de direitos humanos da região de Guayabero do departamento do Meta, onde há uma base militar dos EUA, mas nenhum órgão de imprensa.

Conforme relataram Felipe Cantera e Laura Bouza, que participaram da audiência pública, os testemunhos de vizinhos e familiares das vítimas, deixaram “em evidência as ameaças de morte, torturas, assassinatos, execuções extrajudiciais e desaparições forçadas – conhecidas e mal chamadas de ‘falsos positivos’ pelo exército”. Esta era a senha para que os civis fossem identificados como “guerrilheiros mortos em combate” e levados por helicópteros do exército até o cemitério de La Macarena. “O óbvio é que não se pode negar o que salta aos olhos. Na atualidade, os meios de comunicação oficiais colombianos têm a digital da família Santos, que hoje em dia é o presidente da Colômbia e anteriormente era seu ministro da Defesa”.

Cifrões e mais cifrões

Da mesma forma que na Líbia as transnacionais buscam tomar de assalto o petróleo, na Colômbia diferentes empresas estrangeiras buscam explorar 200 mil hectares da região de La Macarena e convertê-la em área para o monocultivo de agrocombustível, como a palma africana. Além disso, conforme denuncia o movimento sindical e social, o departamento de Meta é a porta da Amazônia e de todo o controle genético da zona, abrindo caminho para o transporte de minérios e de petróleo até a capital.

De acordo com documentos “desclassificados” pelo governo dos EUA - (jargão técnico que indica a liberação oficial de informações secretas), mais da metade dos recursos do Plano Colômbia em 2009 foram direcionados a multinacionais norte-americanas para desenvolver, promover e impulsionar a guerra irregular no país sul-americano. Conforme a advogada americana-venezuelana Eva Golinger, os documentos comprovam que houve uma “privatização total da guerra na Colômbia”. “Essas transnacionais mercenárias não têm a obrigação de responder legalmente a nenhum sistema judicial do mundo. Em outras palavras, gozam de total imunidade”, acrescentou. Na lista foram encontradas 31 multinacionais estadunidenses ligadas ao Departamento de Estado mas que, apesar de serem empresas americanas contratadas pelo Pentágono, não estão sujeitas a nenhuma lei pública dos EUA. “Como parte do acordo binacional, na Colômbia têm imunidade total, ou seja, não respondem a ninguém por seus crimes, ações e operações”.

Entre as empresas de maior relevância destacam-se a Lockheed-Martin, gigante do complexo industrial-militar que tem 95% de seu orçamento anual vinculado ao Departamento de Defesa dos EUA, a Dyn Corp International – que tem no currículo a participação na Guerra do Vietnã, contra a insurgência de El Salvador e no Golfo Pérsico -, a Oackley Network (que entrega softwares de monitoração de internet), a tristemente célebre ITT - transnacional de telecomunicações comprometida até a medula no golpe de estado contra Salvador Allende no Chile - e o Grupo Rendón, que elabora campanhas que mexem com “operações psicológicas” na mídia.

Seu proprietário, John Rendon, é um dos propagandistas preferidos de Washington por seus métodos de mentira, difamação e calúnia. É dele a invenção da história da soldado Jessica Lynch, de 19 anos, que teria sido resgatada das garras de Saddam em um hospital de Bagdá durante a segunda guerra do Golfo, em 2003. Empenhado em satanizar o presidente iraquiano, o “guerreiro da informação” e “dirigente de percepções” inventou que Jessica havia sido capturada durante uma “batalha sangrenta”, mas por ter resistido como uma leoa foi “torturada e estuprada” por sádicos médicos iraquianos. Na verdade, foram os médicos que doaram seu próprio sangue para salvar a vida da soldada invasora, tendo sido levada ao hospital pelas tropas especiais iraquianas.

Na Colômbia, entre as multinacionais que apostaram suas fichas nos grupos de extermínio para limpar o terreno e facilitar sua entrada no território de La Macarena está a petroleira BP, iniciais da British Petroleum. Muito conhecida na Líbia, ao lado da francesa Total, da espanhola Repsol YPF e da italiana Eni. Todas, igualmente, bastante parceiras de certa mídia. E de seus crimes.

http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5225
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