29/11/2015, Tyler Durden, Zero Hedge
Tradução Vila Vudu
“Efetivamente, fomos financeiramente discriminados (contra), por
muito tempo. No início de 2014, quando não recebemos transferências do
orçamento, começamos a pensar sobre vendas independentes de petróleo” –
Ashti Hawrami, ministro de recursos naturais do Curdistão.
Em junho de 2014, o navio-petroleiro “SCF Altai” chegou ao porto de Ashkelon. Horas depois, o primeiro carregamento do oleoduto curdo estava sendo entregue em Israel. “Garantir essa primeira venda de petróleo de seu petroduto independente é crucial para o Governo Curdo Regional [ing. Kurdish Regional Government (KRG)], que procura maior independência financeira do Iraque destroçado pela guerra” – a agência Reuters observou à época, acrescentando que “a nova rota de exportação para o porto turco de Ceyhan, que visa a deixar de lado o sistema federal de oleodutos de Bagdá, criou amarga disputa pelos direitos de venda do petróleo entre o governo central e os curdos.”Uma semana antes o navio-petroleiro “SCF Altai” recebera petróleo curdo numa transferência navio-navio do petroleiro United Emblem ao largo da costa de Malta. O United Emblem carregara o cru no porto [turco] de Ceyhan, que é conectado por oleoduto ao Curdistão.O movimento dos curdos para vender cru por vias independentes de Bagdá tem longa história de disputa por orçamento. Sem entrar em muitos detalhes, Erbil tem direito a 17% da renda do petróleo iraquiano e, em troca, o Governo Curdo Regional deve transferir cerca de 550 mil barris/dia à empresa SOMO (a empresa estatal iraniana de petróleo). Quase imediatamente depois de esse acordo ser firmado, no final do ano passado, Bagdá protestou, porque os curdos não estariam cumprindo a parte deles no trato; assim sendo, só uma fração do orçamento previsto foi paga a Erbil durante os cinco primeiros meses do ano.Foi simplesmente uma continuação da velha rixa entre Erbil e Bagdá sobre a porcentagem da renda estatal do petróleo teria de ser paga ao Governo Curdo Regional. Por sua vez, o Iraque ameaçou processar qualquer um que compre petróleo da produção independente dos curdos. Por exemplo, quando o petroleiro “United Kalavrvta” – que partiu de Ceyhan em junho passado – preparava-se para atracar em Galveston, Texas, um mês depois, um funcionário da SOMO iraquiana disse à Agência Reuters que a equipe de advogados internacionais do Iraque estava “acompanhando de perto o movimento do navio e estava pronta para interpelar qualquer potencial comprador, independente da nacionalidade.”Vocês já entenderam. Erbil quer fatia maior do bolo, Bagdá não quer dar e, há algum tempo, o Governo Curdo Regional decidiu simplesmente excluir o governo iraquiano do circuito e exportar o petróleo por sua conta e risco. A disputa continua.
Em junho de 2014, o navio-petroleiro “SCF Altai” chegou ao porto de Ashkelon. Horas depois, o primeiro carregamento do oleoduto curdo estava sendo entregue em Israel. “Garantir essa primeira venda de petróleo de seu petroduto independente é crucial para o Governo Curdo Regional [ing. Kurdish Regional Government (KRG)], que procura maior independência financeira do Iraque destroçado pela guerra” – a agência Reuters observou à época, acrescentando que “a nova rota de exportação para o porto turco de Ceyhan, que visa a deixar de lado o sistema federal de oleodutos de Bagdá, criou amarga disputa pelos direitos de venda do petróleo entre o governo central e os curdos.”Uma semana antes o navio-petroleiro “SCF Altai” recebera petróleo curdo numa transferência navio-navio do petroleiro United Emblem ao largo da costa de Malta. O United Emblem carregara o cru no porto [turco] de Ceyhan, que é conectado por oleoduto ao Curdistão.O movimento dos curdos para vender cru por vias independentes de Bagdá tem longa história de disputa por orçamento. Sem entrar em muitos detalhes, Erbil tem direito a 17% da renda do petróleo iraquiano e, em troca, o Governo Curdo Regional deve transferir cerca de 550 mil barris/dia à empresa SOMO (a empresa estatal iraniana de petróleo). Quase imediatamente depois de esse acordo ser firmado, no final do ano passado, Bagdá protestou, porque os curdos não estariam cumprindo a parte deles no trato; assim sendo, só uma fração do orçamento previsto foi paga a Erbil durante os cinco primeiros meses do ano.Foi simplesmente uma continuação da velha rixa entre Erbil e Bagdá sobre a porcentagem da renda estatal do petróleo teria de ser paga ao Governo Curdo Regional. Por sua vez, o Iraque ameaçou processar qualquer um que compre petróleo da produção independente dos curdos. Por exemplo, quando o petroleiro “United Kalavrvta” – que partiu de Ceyhan em junho passado – preparava-se para atracar em Galveston, Texas, um mês depois, um funcionário da SOMO iraquiana disse à Agência Reuters que a equipe de advogados internacionais do Iraque estava “acompanhando de perto o movimento do navio e estava pronta para interpelar qualquer potencial comprador, independente da nacionalidade.”Vocês já entenderam. Erbil quer fatia maior do bolo, Bagdá não quer dar e, há algum tempo, o Governo Curdo Regional decidiu simplesmente excluir o governo iraquiano do circuito e exportar o petróleo por sua conta e risco. A disputa continua.
“Ok, mas… e por que você está contando tudo isso?” Recordem que ao
longo das últimas várias semanas, temos consumido muito tempo
documentando os negócios do Estado Islâmico no lucrativo mercado negro
de petróleo.
No início desse mês, Vladimir Putin detalhou o objetivo de toda a
operação, em reunião com os colegas do G20. “Mostrei fotos tomadas de
aviões e do espaço, que mostram claramente a escala do comércio ilegal
de petróleo e de derivados de petróleo” – disse o presidente da Rússia a
jornalistas, às margens da reunião do G20 em Antalya. No mesmo dia, os
EUA destruíram exatamente 116 caminhões-tanque do ISIS, esforço
que foi amplamente noticiado pela mídia-empresa ocidental. Nas duas
semanas seguintes, Moscou e Washington vaporizaram, somados, 1.300
caminhões-tanques do ISIS para transporte de petróleo.
NINGUÉM sabe por que os EUA demoraram 14 meses para acertar o
primeiro caminhão-tanque do primeiro comboio. A versão oficial é que o
Pentágono estaria preocupado com possível “dano colateral”, mas
duvidamos muito que essa seja a verdadeira razão (discussão detalhada
dessa questão, pode ser lida aqui).
Seja como for, a mídia-empresa dominante continuou sem examinar
melhor a principal fonte de renda do Estado Islâmico (o grupo faz cerca
de meio bilhão de dólares/ano no comércio ilícito de petróleo roubado
dos sírios). Mas nós decidimos examinar melhor para entender quem
está facilitando o transporte de todo esse petróleo roubado e onde ele
realmente é entregue, porque – e disso ninguém mais duvida – as grandes
agências e veículos da mídia-empresa têm a mais perversa tendência de
evitar cuidadosamente qualquer revelação “inconveniente”.
Essa coluna, hoje, é a quarta, numa série sobre o assunto, e
consideramos importante que, antes de prosseguir, o leitor revise as
três colunas anteriores:
- The Most Important Question About ISIS That Nobody Is Asking (“Quem são os intermediários?”, 19/11/2015)
- Meet The Man Who Funds ISIS: Bilal Erdogan, The Son Of Turkey’s President (24/11/2015)
- How Turkey Exports ISIS Oil To The World: The Scientific Evidence (27/11/2015)
Na 6a-feira, destacamos um estudo acadêmico dos professores George
Kiourktsoglou e Alec D. Coutroubis, que examinaram a relação entre o
número de navios-tanques em Ceyhan, em relação a eventos importantes que
envolvessem petróleo e o ISIS. A correlação que os pesquisadores encontraram pode ser examinada nessa Tabela 1.
Nas palavras dos próprios especialistas: “parece que sempre que o ISIS
está combatendo em área próxima a instalações da indústria petroleira,
as exportações do grupo, do porto de Ceyhan, instantaneamente sobem
muito. O crescimento pode ser atribuído a um aumento forte na oferta
do cru contrabandeado, com o objetivo de gerar fundos imediatos, muito
necessários para manter o estoque acessível de munição e de equipamento
militar.”
Agora já todos podem começar a ver a conexão. Ceyhan é o porto
[turco] do qual o petróleo curdo (tecnicamente “ilegal” na versão de
Bagdá) é transportado, e como Kiourktsoglou e Coutroubis notam, “as
quantidades de petróleo cru que estão sendo exportadas para o terminal
em Ceyhan ultrapassam a marca do 1 milhão de barris/dia; e dado que o ISIS
nunca antes conseguiu comerciar mais de 45 mil barris/dia, é evidente
que quantidades como as que se veem de petróleo contrabandeado não podem
ser alcançadas por meios legais transparentes contabilizáveis por
métodos de gestão de estoques.” Em outras palavras, se o petróleo do ISIS é embarcado do porto turco de Ceyhan ele é e permanece invisível.
É onde as coisas começam a ficar interessantes. Há algumas semanas, a Reuters divulgou matéria exclusiva na qual detalha como Erbil esconde de Bagdá, os seus embarques de cru. Aqui, alguns detalhes:
Muitos compradores têm medo desses negócios, com Bagdá ameaçando processar qualquer comprador. Grandes empresas de petróleo – como Exxon Mobil e British Petroleum – têm projetos conjuntos de bilhões de dólares com Bagdá.
Alguns compradores levam os navios tanques até Ashkelon, Israel, onde
são carregados com itens a serem revendidos adiante a compradores na
Europa. O petróleo curdo também é vendido ao largo da ilha de Malta e
transferido de navio a navio, o que ajuda a ocultar os compradores
finais e, assim, os protege contra as ameaças da estatal iraquiana SOMO.
Era jogo extremamente arriscado. Um navio atraca ao largo de Malta
e espera que outro chegue, para levar sua carga ao destino final. Às
vezes, são mandados dois navios-tanques, um cheio e outro vazio, para
complicar o rastreamento da carga.
“De repente, todo mundo virou especialista em rastrear navios. Então,
tivemos de também subir o nosso jogo. Mas uma coisa está comprovada e
funciona: depois que o petróleo sai, ele sempre flui” – disse Hawrami.
Ok, quer dizer que há um esquema operante, que envolve transferir cargas de petróleo de um navio ao outro ao largo da costa de Malta, e que está sendo usado para levar cru curdo até compradores como, dentre outros, Israel. “Refinarias e empresas de petróleo israelenses importaram mais de 19 milhões de barris de petróleo curdo entre o início de maio e 11 de agosto, segundo documentos de embarque, fontes comerciais e dados do rastreamento de navios-tanque por satélite” – lia-se semana passada no Financial Times. “É o equivalente a 77% da demanda média israelense, que está em torno de 240 mil barris/dia. Mais de um terço de todas as exportações do norte do Iraque, embarcadas naquele período no porto turco de Ceyhan no Mediterrâneo foram para Israel.”
Ok, quer dizer que há um esquema operante, que envolve transferir cargas de petróleo de um navio ao outro ao largo da costa de Malta, e que está sendo usado para levar cru curdo até compradores como, dentre outros, Israel. “Refinarias e empresas de petróleo israelenses importaram mais de 19 milhões de barris de petróleo curdo entre o início de maio e 11 de agosto, segundo documentos de embarque, fontes comerciais e dados do rastreamento de navios-tanque por satélite” – lia-se semana passada no Financial Times. “É o equivalente a 77% da demanda média israelense, que está em torno de 240 mil barris/dia. Mais de um terço de todas as exportações do norte do Iraque, embarcadas naquele período no porto turco de Ceyhan no Mediterrâneo foram para Israel.”
Aqui já se começa a ter melhor ideia do que se passa. O petróleo
curdo já é tecnicamente ilegal, e a Turquia muito se alegra com poder
facilitar sua viagem até compradores estrangeiros via o porto Ceyhan. Que meio poderia ser melhor para o ISIS pôr ‘seu’ petróleo no mercado, do que movimentá-lo através de um porto que já negocia com cru suspeito?
O jornal Al-Araby al-Jadeed (veículo com sede em Londres, do
grupo Fadaat Media, do Qatar) diz ter obtido informações sobre a rota
até o porto turco de Ceyhan, de um coronel dos serviços de inteligência
do Iraque, cujo nome não foi revelado. Eis o que Al-Araby está publicando:
A informação foi verificada por oficiais da segurança curda, alocados
no ponto de passagem de fronteira Ibrahim Khalil entre Turquia e o
Curdistão Iraquiano, e um funcionário de uma das três empresas de
petróleo que negocia o petróleo contrabandeado do ISIS.
O coronel iraquiano, o qual, com investigadores norte-americanos,
está trabalhando num modo de deter o fluxo das finanças dos terroristas,
disse a al-Araby sobre os estágios pelos quais passa o petróleo
contrabandeado desde os pontos de extração nos campos de petróleo
iraquianos até o destino final – principalmente o porto de Ashdod,
Israel.
“Depois que o petróleo é extraído e carregado, os caminhões-tanques
deixam a província Nineveh e tomam rumo norte para a cidade de Zakho,
88km ao norte de Mosul,” disse o coronel. Zakho é cidade curda no
Curdistão Iraquiano, junto à fronteira com a Turquia.
“Depois que os caminhões-tanques do ISIS chegam a Zakho –
normalmente, 70 a 100 de cada vez – são recebidos pelas máfias do
contrabando de petróleo, uma mistura de curdos sírios e iraquianos
alguns turcos e iranianos”, o coronel continuou.
“O pessoal encarregado de embarcar o petróleo nos navios vende o
petróleo pela maior oferta” – diz o coronel. A disputa entre gangues
organizadas alcançou picos de fúria, e assassinatos de líderes de máfias
já se tornaram frequentes.
Quem fizer a oferta mais alta paga em dinheiro (dólares
norte-americanos), entre 10 e 20% do preço definido; o restante é pago
mais tarde, sempre segundo o coronel.
Os motoristas dos caminhões-tanques entregam os veículos a outros
motoristas que têm permissão e documentos para cruzar a fronteira para
território turco. Os motoristas que levaram os caminhões-tanques até ali
recebem caminhões vazios que terão de dirigir de volta às áreas
controladas pelo ISIS.
Uma vez na Turquia, os caminhões-tanques prosseguem até a cidade de
Silopi, onde o petróleo é entregue a alguém que atende pelos nomes de
Dr. Farid, Hajji Farid e Tio Farid.
Tio Farid, perto dos 50 anos, tem dupla nacionalidade grega e
israelense. Anda sempre acompanhado de dois guarda-costas num jipe
Cherokee preto.
Uma vez na Turquia, o petróleo do ISIS é indistinguível do
petróleo vendido pelo Governo Regional Curdo; e os dois carregamentos
são vendidos como petróleo “ilegal”, “de origem desconhecida” ou “sem
licença”.
Sempre segundo o coronel, as empresas que compram o petróleo do
Governo Curdo Regional compram também o petróleo contrabandeado pelo
ISIS.
Deve-se reconhecer que há considerável quantidade de detalhes, todos verossímeis, mas, independente de se alguém acredita ou não no “Tio Farid” e em seu jipe Cherokee preto, o que realmente interessa é que parece haver, sim, rotas que levam até a Turquia o petróleo contrabandeado; e, uma vez que esteja em território turco, pode bem ser oferecido como petróleo curdo, porque, seja o que for, sempre será produto “ilegal”, “sem licença”, como se leu acima.
Na sequência, o jornal Al-Araby al-Jadeed fala de um punhado
de empresas de petróleo (mas não cita nomes) que embarcam o petróleo dos
portos turcos de Mersin, Dortyol e Ceyhan, para Israel. [Tabela 2]. Aqui está toda a suposta rota [Mapa 1, de Al-Araby, 26/11/2015, Londres].
O mapa mostra que o cru viaja diretamente de Ceyhan [Turquia] até Ashdod [Israel], mas vale a pena investigar se o petróleo do ISIS não é “lavado” mediante a mesma conexão Malta usada pelos que contrabandeiam cru curdo “ilegal” (e que também acaba em Israel).
O mapa mostra que o cru viaja diretamente de Ceyhan [Turquia] até Ashdod [Israel], mas vale a pena investigar se o petróleo do ISIS não é “lavado” mediante a mesma conexão Malta usada pelos que contrabandeiam cru curdo “ilegal” (e que também acaba em Israel).
Perguntamos isso, porque Bilal Erdogan é proprietário de uma empresa de navios com sede em Malta. “O
Grupo BMZ, que pertence ao filho do presidente Erdogan, Bilal, e a
outros membros da família, comprou dois navios-tanques nos últimos dois
meses, ao custo total de $36 milhões” – informou em setembro o jornal Today’s Zaman. “Os
navios-tanques, que serão registrados em outubro como pertencentes à
Empresa de Embarques e Transporte de Petróleo – associada do Grupo BMZ
com sede em Malta – estiveram antes alugados à empresa Palmali
Denizcilik, por dez anos.“
Na sequência, uma lista recente de dados da movimentação entre os portos Ceyhan e Ashdod extraída de Fleetmon.com (Destacados na relação os navios-tanques com bandeira maltesa).
Não há dúvida de que muitas dessas ‘informações’ são circunstanciais, tudo é muito ambíguo, mas é perfeitamente possível que Erdogan esteja ativamente traficando petróleo roubado pelos terroristas do ISIS, considerado tudo que se sabe sobre os negócios de Ancara com o petróleo ilegal curdo. Vejam o que se lê em al-Monitor:
Detalhes de negócios de energia feitos entre a Turquia e o Governo Curdo Regional permanecem ainda nebulosos, entre os muitos boatos de que Erdogan e seu círculo mais íntimo beneficiam-se financeiramente daqueles negócios. Segundo Tolga Tanis, colunista do jornal turco de grande circulação Hurriyet, que investigou aqueles boatos, a empresa Powertrans, que possui licença exclusiva para transportar e negociar petróleo curdo, dada pelo gabinete de Erdogan em 2011, é administrada por Berat Albayrak, genro de Erdogan. E não demorou para que Erdogan, conhecido pela tendência aos litígios, iniciar um processo contra Tanis, por difamação.
Vários funcionários curdos iraquianos que pediram para não ser
identificados confirmaram que Ahmet Calik, empresário com laços muito
próximos com Erdogan, recebeu alvará para transportar petróleo curdo,
por caminhões, até a Turkey.
Em outras palavras, parece não haver dúvidas de que Erdogan já transporta petróleo ilícito do Governo Curdo Regional (governo regional com o qual Ancara mantém laços amigáveis, apesar de serem curdos), servindo-se do próprio genro, em grandes quantidades. Por que não transportaria também petróleo do ISIS, pelas mesmas redes, servindo-se do filho Bilal? Ou talvez, mesmo, servindo-se do seu outro filho, Burak Erdogan, o qual, como nos recorda o jornal Today’s Zaman “também é proprietário de uma frota de navios [e] foi mostrado, em matéria do diário Sözcü, em 2014, quando o [navio de sua propriedade] Safran 1 permanecia ancorado no porto israelense de Ashdod.”
Em outras palavras, parece não haver dúvidas de que Erdogan já transporta petróleo ilícito do Governo Curdo Regional (governo regional com o qual Ancara mantém laços amigáveis, apesar de serem curdos), servindo-se do próprio genro, em grandes quantidades. Por que não transportaria também petróleo do ISIS, pelas mesmas redes, servindo-se do filho Bilal? Ou talvez, mesmo, servindo-se do seu outro filho, Burak Erdogan, o qual, como nos recorda o jornal Today’s Zaman “também é proprietário de uma frota de navios [e] foi mostrado, em matéria do diário Sözcü, em 2014, quando o [navio de sua propriedade] Safran 1 permanecia ancorado no porto israelense de Ashdod.”
A imagem abaixo circulou nas mídias sociais, e supostamente mostraria Bilal Erdogan e comandantes do ISIS (nós, desse Zero Hedge fazemos o possível para oferecer jornalismo equilibrado; temos portanto de registrar que os
homens que se veem nessas fotografias podem bem ser três pessoas
perfeitamente normais, com longas barbas, mas sem qualquer conexão com
bandidos que vivem de sacudir bandeiras pretas no deserto).
A imprensa russa diz que esses homens são “comandantes do ISIS
que provavelmente participaram em massacres em Homs na Síria e em
Rojava (nome que os curdos dão ao Curdistão sírio, ou Curdistão
Ocidental)”.
Uma pessoa que não tem qualquer dúvida de que os Erdogans estão envolvidos no tráfico do petróleo sírio roubado pelo ISIS é o ministro da Informação da Síria, Omran al-Zoubi, o qual, na 6ª-feira passada, disse o seguinte:
“Todo o petróleo está entregue a uma empresa que pertence ao filho de Recep [Tayyip] Erdogan. Por isso a Turquia ficou tão ansiosa quando a Rússia começou a atacar a infraestrutura do ISIS e já destruiu mais de 500 caminhões-tanques carregados de petróleo. Foi golpe que pegou em Erdogan e nos nervos de suas empresas. Eles não traficam só petróleo; também traficam trigo e peças históricas.”
E há também o ex-conselheiro de segurança nacional do Iraque, Mowaffak al-Rubaie, que, no sábado, postou o seguinte, em sua página de Facebook:
“Em primeiro lugar e sobretudo, os turcos ajudam os terroristas a vender petróleo roubado do Iraque e da Síria a $20 o barril, que é metade do preço de mercado.”
Fato é, porém, que os EUA estão construindo guerra de propaganda de ataque total contra a Síria, não contra a Turquia. Como o Wall Street Journal noticiou na 4a-feira, “o Tesouro acusou um empresário nascido na Síria, George Haswani, que tem dupla cidadania síria-russa, de usar a própria empresa, HESCO Engineering and Construction Co., para facilitar os negócios de petróleo entre o regime de Assad (sic) e o Estado Islâmico (sic)”.
Mas o WSJ deixa sem explicar por que, afinal, Assad compraria
petróleo de gente que usa todo e qualquer dinheiro que consiga, para
fazer guerra a Damasco. É pergunta que fica aberta, principalmente se se
considera que os mais próximos aliados de Assad são grandes produtores
de petróleo (Rússia e Irã).
O mais provável é que ninguém jamais venha a conhecer a história
inteira, mas o que já se sabe (e mesmo sem esquecer que as provas são
circunstanciais, anedóticas, sem evidências comprovadas) sugere
fortemente que, além de dar armas e dinheiro ao Exército Sírio Livres e à
Frente al-Nusra, a Turquia é provavelmente responsável por garantir ao
Estado Islâmico os lucros de mais de $400 milhões de dólares ao ano. E
quanto aos consumidores finais, vejam o que dia Al-Araby al-Jadeed:
Segundo funcionário europeu de empresa internacional de petróleo que se cruzou com jornalistas de al-Araby numa capital do Golfo, Israel só refina “uma ou duas vezes” o petróleo, porque não tem refinarias avançadas. E exporta o petróleo para países mediterrâneos – onde o petróleo “ganha um status semilegítimo” – por $30-$35 o barril.
“O petróleo é vendido no prazo de um, dois dias, para várias empresas
privadas, e a maior parte vai para uma refinaria italiana que pertence a
um dos maiores acionistas de um clube italiano de futebol [nome aqui
omitido], o petróleo é refinado e usado localmente” – completou o
funcionário europeu do petróleo.
“De um modo ou de outro, Israel torna-se o principal agente de
vendas do petróleo do ISIS. Sem Israel, o petróleo produzido pelo ISIS
permaneceria só entre Iraque, Síria e Turquia. E nem as três empresas
não poderiam receber o petróleo se não houvesse um comprador em Israel” – disse o mesmo funcionário.
Por fim, o leitor/a leitora perceberá que tudo até aqui ainda é esforço para responder à pergunta que apresentamos como “a mais importante [pergunta] que ninguém pergunta”, a saber: “Quem são os intermediários?”
Por fim, o leitor/a leitora perceberá que tudo até aqui ainda é esforço para responder à pergunta que apresentamos como “a mais importante [pergunta] que ninguém pergunta”, a saber: “Quem são os intermediários?”
Como já observamos há mais de uma semana, “sabemos quem podem ser: os
mesmos nomes que eram tão destacados no mercado em setembro, quando
Glencore teve sua primeira, e com certeza não última, experiência de
quase morte: as [empresas de comércio de petróleo] Glencores, Vitols, Trafiguras, Nobels, Mercurias do mundo.”
Considerem tudo isso, e considerem o que a Agência Reuters disse
sobre o comércio do petróleo ilícito do Governo Curdo Regional: “Fontes
no mercado disseram que várias grandes casas comerciantes de petróleo,
inclusive Trafigura e Vitol, negociaram com petróleo curdo. Nem
Trafigura nem Vitol quis comentar sobre o papel que tenha tido nas
vendas de petróleo.”
Assim também, o Financial Times observa que “Vitol e Trafigura
pagaram adiantado ao Governo Curdo Regional pelo petróleo, negócio
conhecido como “pré-pago”, o que ajuda Erbil a superar os buracos no
orçamento.”
Fato é que, quando o Curdistão precisou de conselheiro que ajudasse
no esforço para escapar de Bagdá, o Governo Curdo Regional escolheu
“Murtaza Lakhani, que trabalhou para a empresa Glencore no Iraque nos
anos 2000s, para ajudar a encontrar navios.”
“Ele sabia perfeitamente quem negociaria e quem não negociaria conosco. Ele nos abriu as portas e identificou empresas de transporte de petróleo que trabalhariam conosco,” disse Ashti Hawrami (acima referido).
Aí está. Considerado o que acima ficou dito, sobre o casamento dos
embarques de cru ilegal do Governo Curdo Regional com os embarques de
petróleo ilegal do ISIS, não é difícil concluir que as mesmas
empresas e especialistas estejam trabalhando para o ‘Estado Islâmico’,
nos arranjos para transportar e vender seu petróleo.*****
original em:http://www.orientemidia.org/nu-frontal-veja-tudo-do-comercio-de-petroleo-do-isis-rockefellers-de-raqqa-bilal-erdogan-krg-crude-conexao-israel/
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