Luiz Inácio Lula da Silva representa as urgências da sociedade,
a se contrapor à restauração do poder político conservador,
ferramenta de supremacia dos interesses econômicos de uma minoria
que controla os meios de produção, as terras, os meios de
comunicação privados e o poder financeiro, por intermédio da banca
nacional e internacional.
Interessa à direita brasileira, subordinada à plutocracia
mundial, estancar o ciclo desenvolvimentista no Brasil e também na
América do Sul, que se deu início no fim dos anos 1990 e início
dos anos 2000, quando políticos progressistas começaram a
conquistar a Presidência da República em vários países das
Américas Central e do Sul.
Os quinze anos de avanços sociais e estruturais em países como o
Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela, Chile, Bolívia, Paraguai,
Equador, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala, com
interregnos conservadores em alguns países, mobilizou o
establishment dessas regiões de tal forma, que defender os
interesses do mercado e reefetivar a agenda neoliberal se tornou uma
obsessão por parte de grupos direitistas mais radicais.
Setores influentes que não estão dispostos a negociar com a
sociedade, ou seja, com a maioria das populações desses países, no
que diz respeito a permitir que se continue a distribuir riqueza e
renda, mesmo de forma moderada, como tem acontecido, bem como se
contrapõem ao estado como principal agente indutor do
desenvolvimento, como sempre fizeram no decorrer da história,
inclusive a promover golpes de estado contra presidentes socialistas,
trabalhistas e desenvolvimentistas.
Trata-se de segmentos ligados umbilicalmente à plutocracia
internacional fomentadora de invasões, guerras e golpes, em suas
diferentes formas. As casas grandes detentoras do dinheiro e,
consequentemente, do poder político controlador do Estado e
dispostas a não aceitar o jogo democrático, como, por exemplo, o
que ocorreu no Paraguai, um golpe "suave" contra o
presidente constitucional, Fernando Lugo, ao contrário do que se
sucedeu em Honduras, quando o presidente Manuel Zelaya foi
brutalmente destituído do poder por meio de um golpe militar, em
pleno século XXI e após a redemocratização da América Latina.
A imprensa hegemônica e porta-voz das oligarquias apoiou a
quartelada à moda latino-americana, assim como os políticos de
direita de toda a região se acumpliciaram com o crime praticado
pelos militares e empresários, que sempre se beneficiam
financeiramente com a quebra da ordem institucional e constitucional.
Evidencia-se dessa forma draconiana o poder estatal burguês,
atrelado aos interesses das elites dominantes, que sempre controlaram
os estados nacionais.
O estado que sempre serviu ao patrimonialismo da casa grande e aos
interesses da plutocracia internacional, a verdadeira patroa dos
multimilionários da América Latina. O Estado que possui em seus
quadros os juízes, os promotores e procuradores e os policiais, que
farão o trabalho de conspirar e atacar os políticos que não foram
cooptados pelo status quo, ao tempo que efetivam programas e projetos
de apelos populares, pois são ações de inclusão social, que
promovem a igualdade de oportunidades.
Evidentemente quando se inclui e se dá oportunidades aos mais
pobres, aos que são hereditariamente e historicamente excluídos,
aos que podem menos, porque não tem acesso à boa escolaridade, além
de não ter influência política e econômica, os avanços sociais
são visíveis. Dentre o conjunto de principais avanços constam a
instrução, o conhecimento e o saber.
Quando uma sociedade, por intermédio de seus governos e
governantes, permite, e mais do que isto, exige que a população se
instrumentalize para se tornar emancipada, tal sociedade se torna
livre, porque ser livre é ter consciência do que é justo e
injusto, legal e ilegal, democrático e antidemocrático e verdadeiro
ou falso.
A conscientização e a emancipação dos povos são conquistas
que a plutocracia não quer, ao tempo que sempre irá combatê-los,
inclusive com suas máquinas de guerras, como ocorre, agora, na Síria
e em todo o Oriente Médio, Norte da África e no leste europeu, com
destaque para a Ucrânia, que hoje está nas mãos de políticos
golpistas, de ideologia nazista e apoiados pelos Estados Unidos.
E é exatamente o que acontece, em termos políticos, partidários
e eleitorais com o ex-presidente e político trabalhista, Luiz Inácio
Lula da Silva, que está a ser colocado à força, em um garrote vil,
pela máquina judiciária estatal e pela mídia dos magnatas
bilionários de imprensa, moedora de reputações alheias, cuja
intenção é sufocá-lo até matá-lo politicamente, por meio da
desqualificação e desconstrução de sua imagem como cidadão e
político.
Trata-se da imolação e do linchamento público de um político
notável, de esquerda e carismático, que saiu das raízes do povo
brasileiro para assumir por oito anos o maior poder da República,
bem como elegeu também por mais oito anos sua sucessora, Dilma
Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil, além de ter vindo
das fileiras da esquerda revolucionária, que optou por combater a
ditadura militar pela força das armas.
Essas realidades juntas, além de Lula ser um competente
formulador político, estrategicamente quase perfeito, assim como
dono de um discurso simples ao tempo que complexo, porque
compreensível para o povo, por ser direto e baseado em figuras de
linguagem, que levam o povo a pensar, a conjecturar, a ponderar e a
fazer comparações sobre o que sua vida é no presente, como foi no
passado e o que pode ser no futuro.
Ademais, o discurso de Lula, um dos melhores e maiores oradores
produzidos pelo Brasil em todos os tempos, faz os inquilinos da casa
grande perceberem que a retomada da agenda neoliberal terá de
enfrentar uma barreira poderosa se o estadista trabalhista for
eleito, em 2018, presidente da República pela terceira vez.
É tudo que o sistema de capitais, que vive de renda, aplicações
e jogatinas em bolsas de valores e bancos não deseja, bem com tudo
fará para criminalizar o presidente mais popular da história do
Brasil, juntamente com Getúlio Vargas, o civilizador das hordas
empresariais e comerciais selvagens deste País, que escravizaram
seres humanos por 400 anos.
O propósito é impor novamente o neoliberalismo, que de maneira
incipiente teve o caçador de marajás e hoje senador, Fernando
Collor, como seu patrono, mas que tomou força e se tornou amplo no
governo de Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, aquele
que desmantelou o Estado nacional e entregou o Brasil e seu povo às
aves de rapinas da América do Norte e da Europa.
Estados belicosos que financiam grupos terroristas como o Estado
Islâmico, criaturas que depois se voltam contra os países
colonialistas, seus criadores, que insistem em resolver suas demandas
geoestratégicas e econômicas a invadir, bombardear e matar
populações inteiras, em massa, ainda mais quando se trata de países
e nações historicamente não alinhadas com as potências do
ocidente, a exemplo da Síria, da Líbia e do Iraque.
Aliás, todas essas guerras e tragédias tem origens no Iraque,
que está a ser roubado pelos trustes dos Estados Unidos, Inglaterra
e França, além de outros países menos importantes, que estão a
tremer por temer virar alvos de terroristas, que se explodem, em uma
fúria desumana, pois fanática, que chega às raias do satânico.
Contudo, a realidade é esta; e o maior culpado desse banho de
sangue e violência são, sem sombra de dúvida, os Estados Unidos —
o cowboy da diplomacia do porrete. Quem com ferro fere, com ferro
será ferido. Quem planta vento colhe tempestade. Você colherá o
que plantar. É a lei do retorno. A lei infalível. A Lei de Deus.
O mesmo Deus cujo nome é usado em vão por homens e mulheres que
se tornam insofismavelmente diabólicos por defenderem causas
políticas e religiosas, bem como por mandatários ocidentais de
estados imperiais e colonialistas, que insistem em matar e roubar
àqueles que discordam de seus valores e interesses, ou seja, não
leem por suas cartilhas. Ponto.
Lula está a atravessar uma ponte que está a balançar, porque
terá de enfrentar, sem estar no poder, os diferentes grupos que hoje
lhe combatem, sem trégua e sem lhe dar água. Sua luta não se
resume a apenas mobilizar as forças populares organizadas na
sociedade civil, que sempre apoiaram-lhe e deram-lhe sustentação
política e garantiram-lhe votos, inclusive em setores importantes e
emblemáticos da classe média, que hoje, em sua maioria, faz-lhe
oposição feroz, intolerante e até mesmo sem discernimento das
realidades.
A verdade é que o político do PT está em uma encruzilhada e
necessita reverter esse quadro de desconstrução que tem por
finalidade destruí-lo como ser moral e político. Para isto, a
mobilização tem de ser grande, consistente e sistemática. Do
contrário, os conservadores voltarão a conquistar o poder e impor,
mais uma vez, suas agendas e seus projetos neoliberais, que no
passado levou a América Latina e o Brasil à bancarrota, mas que
privilegiou os ricos, os bilionários, os países desenvolvidos e os
trustes internacionais e nacionais.
Esses grupos de dominação e rapinagem estão desesperados. A
ascensão ao poder de mandatários progressistas na América Latina
diminuiu as remessas de lucros para o exterior, dívidas externas
foram saldadas e, com efeito, a qualidade de vida dos povos ricos
caiu, como comprovam as crises que abateram suas economias, a partir
de 2008.
Impedir que um político de esquerda, trabalhista e compromissado
com as camadas populares de uma Nação poderosa como o Brasil é uma
questão imperiosa para a direita plutocrata e de alma sectária como
a brasileira, que, subalterna e submissa, trabalha para as
estrangeiras, a fim de receber migalhas em forma de favores nunca
explicitados por seus jornais, rádios e televisões. Jamais expostos
ao público sobre seus reais interesses e desejos.
Levar Lula ao garrote vil da política é a mesma coisa que
impedir o Brasil de avançar, principalmente no que concerne à
independência do País em todos os setores e segmentos, inclusive o
militar. Destruir o Lula é subordinar o Brasil aos ditames
neocolonialistas. E por quê? Porque não emancipar a Nação
representa manter privilégios e benefícios de uma casta que deixou
há muito tempo de ser brasileira, porque se estrangeirou e se
colonizou de tal forma que hoje demonstra, inquestionavelmente, que
odeia o Brasil e seu povo.
Colonizar-se para submeter-se requer distanciamento emocional do
Brasil e da brasilidade. Requer ainda se afastar para não
compreender as necessidades, os desejos e os sonhos dos brasileiros —
do povo. Colonizar-se e se tornar escravo da vontade de outros países
ou de uma casta rica é permitir, e mais do que isto, apoiar o atraso
e o retrocesso, na forma de eliminar da vida da Nação brasileira a
legislação trabalhista, não regulamentar a Constituição, bem
como emendá-la para atender anseios antinacionais e antipopulares.
Deixar ser dominado é acabar com a valorização do salário
mínimo, vender a Petrobras ou entregar o Pré-sal, assim como
prejudicar a aposentadoria dos trabalhadores para que as classes
dominantes e os credores possam receber dinheiro sem se preocupar se
vai recebê-lo. Ser dominado é extinguir o Bolsa Família, o maior e
mais competente programa de inclusão social do mundo, além de dar
fim a projetos de igualdade de oportunidades, como o Ciência sem
Fronteiras, o Fies, o ProUni, o Enem, o Pronatec e o Sisu, todos
ligados è educação e ao ensino, que permitem que milhares de
pessoas pobres e negras se integrassem à sociedade, porque só a
educação integra e liberta.
Além disso, tem ainda as questões relativas à diplomacia
internacional, que levou o Brasil a outros patamares e o tirou da
condição de país de segunda linha em termos mundiais. A direita
por não pensar o Brasil, o quer na posição de vagão e não de
locomotiva. Sendo assim, a casa grande continua com sua vidinha de
privilégios e sectarismo, a fazer do Brasil um clube para atendê-la
e deleitá-la. É isto mesmo. Não se engane. E Lula é a
continuidade da diplomacia independente e não alinhada, bem como
voltada a cooperar com os países de outros continentes e regiões.
Não se pode esquecer que foi nos governos petistas e trabalhistas
que os pobres e a classe média passaram a ser consumidores de forma
plena. Por sua vez, as obras de urbanização e de infraestrutura que
aconteceram e acontecem aos milhares em todos o Brasil geraram mais
de 20 milhões de empregos, porque fez a roda da economia girar. O
Brasil ainda se tornou anfitrião de mais de dez megaeventos
internacionais e, por seu turno, referência turística e geográfica
no mundo.
O envolvimento do Brasil em grupos econômicos e políticos, além
do fortalecimento dos já existentes, faz do poderoso País da
América Latina, dono de um mercado interno gigantesco, alvo do
establishment mundial, que deseja impor seus interesses por meio de
seus blocos econômicos, como a Alca e a UE.
A criação do Brics e de seu bilionário banco, a efetivação do
G-20, que hoje é mais importante do que o G-7 ou G-8, o
fortalecimento do Mercosul, da Unasul e as relações Sul-Sul, em
termos hemisféricos, entre o Brasil e os países africanos e
asiáticos deram uma percepção positiva e de respeito por parte da
comunidade internacional, no que se refere à potência sul-americana
de língua portuguesa.
O "País tropical, abençoado por Deus e bonito por
natureza", conforme a música de Jorge Benjor, transformou-se na
sétima maior economia do mundo, mas que continua a ser visto pela
sua colonizada, provinciana e subalterna classe dominante como um
País menor. Lula nunca pensou assim, e mostrou como se faz um País
crescer, porém, sem esquecer de que o sol nasce para todos e não
apenas para alguns apaniguados da sorte e beneficiados na vida, que
pensam que governar é para a minoria se divertir, deleitar e
refestelar.
Por tudo isto que foi dito é que Lula está agora no garrote vil.
E a bronca é grande e violenta. Essa gente pequena está a se
esmerar em suas perversidades, maledicências e golpes. Vão se
conduzir como bárbaros fora do poder até o fim, que são as
eleições de 2018. O sistema de capitais e a oposição partidária
querem destruir o presidente mais popular da história do Brasil e o
mais respeitado e conhecido no exterior. Apesar dessa realidade, a
casa grande quer tratar o Lula como seu empregado e matá-lo por
intermédio do garrote vil. É isso aí.
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