domingo, 18 de setembro de 2016

Palavras do Comandante Timoleón Jiménez na instalação da Décima Conferência Nacional Guerrilheira


Camaradas:

Nos encontramos reunidos aqui, após cinquenta e dois anos contínuos de confrontação política e militar com o Estado colombiano, com o propósito de realizar nossa Décima Conferência Nacional, máximo evento democrático contemplado em nossos Estatutos. Ademais do Estado-Maior Central e seu Secretariado, estão aqui presentes os delegados e as delegadas eleit@s por votação nas Assembleias de Guerrilheiros cumpridas em cada em cada Frente, Coluna, Companhia e Guerrilha. Uma representação a mais ampla possível de todos os guerrilheiros e guerrilheiras das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo.
 
Contrariamente a como apregoam nossos contraditores e críticos gratuitos, as FARC-EP nos encontramos muito longe de ser uma organização de exclusiva natureza militar, regida pelos caprichosos critérios de um corpo de mandos ambiciosos. Se algo nos caracterizou desde nosso mesmo nascimento, é precisamente nossa natureza rigorosamente política, fundada na mais ampla democracia, com uns lineamentos políticos, militares e culturais tecidos pelo conjunto de seus integrantes desde suas primeiras conferências nacionais. Foram estas as encarregadas de designar, mediante o voto de todos os seus participantes, aos membros de sua direção nacional, mandatado assim pelo coletivo para se encarregarem da execução das linhas traçadas por ele, e para responder por seu desempenho ante a seguinte Conferência.

Vocês podem dar fé da existência das células partidárias, onde os integrantes de cada esquadra ou unidade básica gozam de plena liberdade, para mostrar os defeitos e erros tanto de seu corpo de mandos como de todos os seus militantes, em reuniões semanais ou quinzenais, e nas quais os comandantes de todos os escalões estão obrigados a participar, sem direito a ocupar cargos de representação, que de algum modo pudessem constranger a expressão livre do coletivo.

Também podem predicar a contínua prática de balanços, nos quais as guerrilheiras e os guerrilheiros gozam do pleno direito para expressar sua opinião em relação às tarefas ou missões objeto de análise. E da realização das Assembleias de cada unidade, pelo menos uma vez ao ano, nas quais o coletivo reunido analisa e debate o trabalho cumprido por mandos e combatentes de base, no curso do período submetido a análise.

Sem sombra de dúvidas, foi essa contínua prática democrática a que nos permitiu permanecer coesos e ferreamente unidos, ante os enormes desafios de natureza militar e política que nos tocou enfrentar ao longo destas cinco décadas. Graças a ela saímos sempre adiante, convictos de que nossas decisões e atuações não são o produto de nenhum gênio individual mas sim o amadurecimento de um pensamento coletivo cuidadosamente construído com a colaboração de todos. E é por isso que na execução do conjunto de nossas políticas os combatentes das FARC-EP temos atuado com o entusiasmo de quem se sabe comprometido por uma causa comum, entregando o melhor de si com a convicção plena de estar fazendo o justo.

Aqueles que desconhecem essa natureza das FARC não podem se explicar como os 48 campesinos marquetalianos passaram a se converter nas/nos milhares de mulheres e homens, que compõem a formidável organização que chegamos a ser após várias décadas de luta, e portanto buscam explicar esse prodigioso fato histórico lançando mão das mais aventureiras teorias, encaminhadas sempre a desconhecer a poderosa força criadora da consciência e da organização popular. Um povo unido e organizado devidamente constitui uma força invencível.

As FARC não só resistimos à mais longa e violenta investida empreendida pelo poder imperial e seus aliados do capital nacional e do latifúndio, contra um exército guerrilheiro e um povo declarado em rebeldia, como também conseguimos nos sentar à mesa de conversações com eles, e levar avante um Acordo Final de Terminação do Conflito, com o que fica definitivamente claro que nesta guerra não existem vencedores nem vencidos, ao tempo em que nossos adversários se veem obrigados a reconhecer nosso direito pleno ao exercício político, com as mais amplas garantias. Para nós é claro como e por que o conseguimos. E queremos que aqueles que ainda têm dúvidas sobre nossa luta se aproximem e reconheçam a vontade que nos assiste de entregar todas as energias pelo novo país com que a maioria de colombianos e colombianas sonham.  
 
Vocês sabem bem, e estão em condições de expô-lo com a consciência limpa ante a imprensa nacional e estrangeira aqui presente, ou em qualquer outro cenário, que as FARC-EP sempre pregamos o respeito à população civil, a seus interesses e bens, acima de qualquer circunstância. Que essa população, a qual conhecemos com o nome de massas, tem sido portanto nosso suporte fundamental ao longo de todos estes anos. Em nossa experiência repousam milhares e milhares de exemplos nos quais famílias campesinas, indígenas, negras ou de condição humilde do campo e da cidade nos brindaram apoio incondicional e protegido nossa força e a seus integrantes de múltiplas maneiras, ainda sob o risco de sua própria vida ou liberdade, ameaçadas permanentemente pela fúria das forças estatais ou paramilitares. Sabemos que no coração e na mente da gente simples e honesta que nos conhece em pessoa, e que trata diariamente conosco, aninha uma verdade completamente diferente da apregoada pelos meios de comunicação que estão a serviço da oligarquia.

A Paz reclama que o poder midiático não continue se utilizando como um instrumento mais da guerra. Façamos de seu potencial e eficácia uma ferramenta para a reconciliação entre as colombianas e os colombianos. Há com efeito outra Colômbia, outro acumulado de histórias e verdades que esperam sua oportunidade. Aqui estamos nos preparando para isso, com o afeto e a solidariedade de muita gente de nosso país e de todo o mundo. Nossa mais profunda aspiração é chegar com nossa mensagem a muito mais, até conseguir que a torrente pelas grandes transformações se torne irreprimível. 

O significado do Acordo Final para a Terminação do Conflito e a Construção de uma Paz Estável e Duradoura é ainda mais importante do que parece à primeira vista. Se nossos adversários querem apregoar que ganharam a guerra, lá eles. Para as FARC-EP e nosso povo, a maior satisfação será sempre haver ganhado a paz.

Certamente que desta Conferência Nacional haverão de surgir múltiplas conclusões distintas a seu objetivo primordial. Uma delas deverá ser o eterno agradecimento aos povos e aos governos de Cuba e da Noruega, que como países garantidores fizeram até o impossível para conseguir com que este difícil processo chegasse a feliz culminância. De igual modo aos de Venezuela e Chile, que acompanharam as duas partes em todos os momentos em que o requereu a materialização do objetivo final das conversações.

Especial homenagem teremos que render à memória e à abnegação desse titã dos povos de Nossa América, o Presidente Eterno Hugo Rafael Chávez Frías, sem cujo apoio e impulso inicial nada do alcançado teria sido possível. Não há dúvida de que Bolívar e ele ainda têm muito o que fazer na América Latina. E, ao mesmo tempo que a Chávez, haverá que homenagear a todas e cada uma das organizações e personalidades, homens e mulheres, que de maneira admirável levantaram durante anos as bandeiras da solução política, nos mais variados cenários e eventos, arrastando atrás de si a crescentes multidões, que conseguiram posicionar no imaginário colombiano a necessidade de um acordo final de paz.

O Estado-Maior Central e seu Secretariado convocamos esta Conferência Nacional em cumprimento ao disposto pelo Plenário Ampliado do Estado-Maior Central celebrado em março do ano passado, o qual avaliou todos os acordos firmados até então por nossa Delegação de Paz na Mesa de Conversações de Havana, ao tempo em que facultou ao Estado-Maior, seu Secretariado e à Delegação de Paz, para continuar desenvolvendo todos os esforços possíveis, em conformidade com nossos lineamentos históricos, a fim de alcançar um Acordo Final de Paz nos termos concebidos pela Agenda pactuada em agosto de 2012.

Do mesmo modo, o mencionado Plenário estabeleceu de maneira terminante que, chegados a um Acordo Final entre o governo nacional e as FARC-EP, este não poderia adquirir validez para nossa força sem o reconhecimento e a aprovação de uma Conferência Nacional Guerrilheira, a qual deveria ser convocada para esse efeito específico.
Como é de público conhecimento, no 24 de agosto passado foi subscrito na cidade de Havana, ante testemunhas internacionais e com todas as formalidades, o Acordo Final para a Terminação do Conflito e a Construção de uma Paz Estável e Duradoura, entre os chefes da Delegação de Paz do governo da Colômbia, Humberto de la Calle Lombana, e das FARC-EP, Iván Márquez.

O passo seguinte previsto pelas duas partes, uma vez entrado em vigência o cessar-fogo e de hostilidades bilateral e definitivo, deve ser a firma do Acordo final pelo presidente da República, Juan Manuel Santos, e por mim, como Comandante em Chefe das FARC-EP.

Também é de público conhecimento que está definida a data de 26 de setembro para a celebração deste histórico ato na cidade de Cartagena de Índias. Conhecedor o governo nacional da previsão do Plenário do Estado-Maior Central de março de 2015, concordou em cercar de completas garantias a celebração desta Conferência Nacional, com o objetivo de dar a oportunidade a nossa máxima instância democrática, de comprometer a palavra de todas as FARC-EP com este Acordo Final. 

Assim que esta Conferência se convoca com dois propósitos específicos que ficam à sua inteira discussão e definição. Em primeiro lugar, a análise e referenda do Acordo Final que subscrevemos, a fim de que adquira caráter vinculante, isto é, que seja de obrigatório cumprimento para nossa guerrilha. E, em segundo lugar, produzir as disposições políticas e organizativas para iniciar o trânsito para um partido ou movimento político, dentro das quais se encontra a convocatória do Congresso constitutivo que deverá definir o Programa, o Estatuto e a Direção Política.

De todo coração, esperamos que esta histórica Décima Conferência Nacional se caracterize, como todos os nossos eventos, pela mais ampla democracia, a altura dos debates, e o apego fiel à linha político-militar traçada por nossos fundadores Manuel Marulanda Vélez e Jacobo Arenas. Não me resta mais que convidá-los a inspirar-se no conjunto dos guerrilheiros e das guerrilheiras das FARC-EP que, desde cada um dos blocos, frentes e diversas unidades, esperam que vocês transmitam fielmente o sentir das assembleias gerais que os delegaram.

Há todo um povo que já leva 52 anos à espera da paz, e que tem batalhado incansavelmente por ela. Muitíssimos de seus filhos e de suas filhas ficaram no caminho desse objetivo, e outros muitos permanecem entre as grades nos cárceres do país ou do estrangeiro. Nosso compromisso indeclinável com esse povo deve ser ratificado neste evento de maneira determinante. Nossa preocupação principal há de ser como conseguir que a paz se converta numa realidade em nosso país, sobre a base da justiça social e da democracia.

Isso implica a vinculação das grandes maiorias inconformadas com a vida política ativa de nossa nação, a necessidade de uma nova mensagem, revigorante e esperançosa pelas mudanças, a imprescindível tarefa da unidade sem a qual todo esforço se desperdiça e perde, a presença no cenário de uma forma distinta, sadia e transparente de fazer a política. Nos encontramos frente à transcendental oportunidade de abordar estas tarefas essenciais. Nossa responsabilidade ética e histórica é hoje maior que nunca. Que as meninas e os meninos da Colômbia tenham a real possibilidade de crescer e serem felizes num país em paz. Convido a que esse seja o marco de referência de suas valiosas intervenções.

Declaro oficialmente instalada a Décima Conferência Nacional das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia Exército do Povo. Em suas mãos se encontra o destino da Colômbia.

Savanas do Yarí, 17 de setembro de 2016, o ano da paz.

Colômbia. O outro rosto da guerra: as mulheres das FARC

Resumen Latinoamericano/ Sputnik/ 15 de Setembro 2016.-
Colômbia é um país conservador e machista, porém, entre os intentos de emancipação da mulher nesse país, um dos melhores é o das guerrilheiras das FARC, assegura Oleg Yasinsky, jornalista ucraniano radicado no Chile, quem visitou um dos acampamentos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, exclusivo para Sputnik.
Ali, Yasinsky, quem se encontrava no país latino-americano junto a dois repórteres russos que neste momento preparam um documentário sobre esta organização colombiana, teve a oportunidade de conversar com as guerrilheiras e retratá-las com sua câmara. Segundo o jornalista, aproximadamente 40% dos guerrilheiros das FARC são mulheres, razão pela qual seus estatutos destacam a necessidade de igualdade de gênero.
Seria ingênuo afirmar que o machismo nas fileiras [das FARC] desapareceu totalmente; porém entre eles é muitíssimo menor que nas zonas rurais dos lugares mais remotos da Colômbia”, explica o jornalista.

As relações entre os homens e as mulheres das FARC são muito francas e cada pessoa tem o direito de eleger seu/sua parceiro/a, de viver com ele/ela ou de se separar.
Ao mesmo tempo, a moral revolucionária professada pelos guerrilheiros cultiva o lado romântico das relações, sem acolher o desenfreio sexual ou o hedonismo”, observa Yasinsky.

Segundo o jornalista, as FARC, entre outras coisas, se convertem numa alternativa para as meninas, as jovens e mulheres da Colômbia que veem a guerrilha como um escudo de proteção contra a exploração sexual e a prostituição, negócios controlados tanto pelo narcotráfico como pelos altos mandos do Exército colombiano, de acordo com várias organizações defensoras dos direitos humanos.
A participação massiva de mulheres no movimento guerrilheiro é, por sua vez, uma resposta e uma alternativa a essa realidade”.
Entre as mulheres que Yasinsky conheceu em sua viagem se encontravam alguma menores de idade, as quais não podia entrevistas, pois, segundo os acordos de Havana, os menores de idade de encontram em processo de abandonar as fileiras das FARC e devem ser entregues à Cruz Vermelha e à ONU.
Não obstante, diferentemente do que dizem os meios de comunicação, explica Oleg, “os adolescentes se unem aos guerrilheiros de maneira totalmente voluntária. Sua motivação, evidentemente, não é ideológica; a eles lhes interessa a possibilidade de receber educação [...] e comida três vezes ao dia”.
Quando o comandante em nossa presença reuniu aos menores de idade e lhes informou que era necessário separar-se, no marco do acordado em Havana, eles receberam a notícia com tristeza, algo incomodados; se lhes teve que explicar que ninguém os estava expulsando da organização, que o contato e a amizade continuarão e que em breve todos os guerrilheiros se converterão em civis, porém que a organização revolucionária deve ser honesta e deve cumprir com os compromissos adquiridos”.
Essa foi a outra realidade que o jornalista encontrou em sua viagem. Dois dias depois de Oleg Yasinsky abandonar o acampamento das FARC, a 24 de agosto foi anunciado, na capital cubana, o fim de quatro anos de negociações e o esperado acordo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o Governo. É possível que na próxima vez que estas mulheres vejam a lente de uma câmara, seja nas ruas de uma Colômbia em paz.




1-  Guerrilheiras


2-Cristina. Sete anos na guerrilha. Participou em vários combates com o Exército
3-Milena. O pai de seu filho Adrián morreu num combate sem poder conhecer ao pequeno
4-Patricia. Comandante de esquadra. Combateu por 20 anos junto a seu esposo. Seu filho de onze anos vive em Medellín
5-Olga, Guerrilheira das FARC
6-Os guerrilheiros das FARC visitam uma aldeia vizinha
7-Apenas Paz na Colombia!
Tradução: Joaquim Lisboa Neto

COMUNICADO CONJUNTO Nº 01, Reunião entre Governo Nacional e FARC-EP no Yarí

16 Setembro de 2016
No dia de hoje se reuniram nas Planícies do Yarí o Alto Comissionado para a Paz, Sergio Jaramillo, o Comandante do Comando Estratégico de Transição – COET, General Javier Flórez, com os membros do Secretariado das FARC-EP, com o acompanhamento do Chefe da Missão da ONU, Jean Arnault, e sua equipe; se acordou o seguinte:
  1. Como resultado das visitas de reconhecimento, e em consideração da logística necessária para facilitar a posta em marcha das Zonas Veredais Transitórias de Normalização, serão 20 Zonas Veredais Transitórias de Normalização [ZVTN] e 7 Pontos Transitórios de Normalização, situados nas veredas que se precisa a seguir:



Estado
Município
Vereda
Guajira
Fonseca
Pondores (PTN)
Cesar
La Paz
Los Encantos (ZVTN)
Norte de Santander
Tibú
Caño Indio (ZVTN)
Antioquia
Remedios
Carrizal (ZVTN)
Antioquia
Ituango
Santa Lucia (ZVTN)
Dabeiba
Llano Grande (ZVTN)
Anori
El Carmin (PTN)
Vigía del Fuerte
Vidri (PTN)
Choco
Ríosucio
Brisas/La Florida (PTN)
Córdoba
Tierra Alta
Gallo (PTN)
Tolima
Planadas
El Jordan (ZVTN)
Cauca
Buenos Aires
El Ceral, Robles (ZVTN)
Caldono
Los Monos (ZVTN)
Corinto
Cominera (PTN)
Nariño
Policarpa
Betania/La Paloma (ZVTN)
Tumaco
La Variante (ZVTN)
Putumayo
Puerto Asís
La Pradera (ZVTN)
Caquetá
Cartagena del Chaira
La Esperanza (ZVTN)
La Montañita
El Carmen (ZVTN)
San Vicente Caguan
Mira Valle (PTN)
Tolima
Villarica
Guanacas (ZVTN)
Arauca
Arauquita
Bocas del Ele (ZVTN)
Meta
Mesetas
La Guajira (ZVTN)
Vista Hermosa
La Reforma (ZVTN)
La Macarena
Yarí (ZVTN)
Guaviare
San José del Guaviare
Charras (ZVTN)
El Retorno
La Colina (ZVTN)
  1. Se avançou na definição dos elementos logísticos necessários para dar início ao funcionamento das Zonas Veredais Transitórias de Normalização. A 25 de setembro em Cartagena se promoverá uma reunião para finalizar a preparação logística das Zonas Veredais Transitórias de Normalização e do Mecanismo de Monitoramento e Verificação.



  1. A partir de 27 de setembro as Nações Unidas iniciarão o acompanhamento e a verificação começando pelo nível Nacional e Regional.



  1. Entre 6 e 10 de outubro se realizará o desdobramento do Mecanismo de Monitoramento e Verificação a suas sedes locais, sem prejuízo das coordenações que se adiantaram e que contaram com o acompanhamento da ONU.



  1. Se acordou as coordenações necessárias para a Firma do Acordo Final para a terminação do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura no dia 26 de setembro em Cartagena.



  1. Se acordou os protocolos para a Décima Conferência das FARC-EP, na qual se reunirão delegados de toda a organização para referendar os acordos e dar o passo que permita a transformação das FARC-EP num movimento político na legalidade.



  1. Se acordou que a 27 de setembro se realizará o ato de instalação da Comissão de Implementação, Seguimento e Verificação em desenvolvimento do Acordo Final de Paz e de Resolução de Diferenças [CSVR].

COLÔMBIA: De Marquetalia à X Conferência das FARC-EP

Por Allende La Paz, Cambio Total, 14 setembro 2016.-

Os povos fazem a história. Escrevem-na os vitoriosos. A Vitória da Firma do Acordo Final para alcançar a Paz entre as FARC-EP e o governo nacional é precisamente o povo colombiano. É esse povo, então, o que está escrevendo sua própria história no dia a dia de luta por suas mais sentidas reivindicações, as quais têm sido longamente adiadas pela elite no poder.


De Marquetalia ao Plano Colômbia
Com múltiplos artigos os escritores populares, a partir de distintas esquinas, têm demonstrado que as FARC nascem após a agressão de 48 campesinos que tinham suas parcelas numa zona remota conhecida como Marquetalia, Tolima, centro da Colômbia. Num artigo intitulado “De Marquetalia ao Plano Colômbia. A Guerra permanente em Colômbia. Nem um instante de paz” http://www.rebelion.org/noticia.php?id=69465, 
mostrávamos que os colombianos não viveram um instante de Paz desde há 206 anos.
A última fase da guerra desatada pela elite no poder e pelo imperialismo estadunidense foi o Plano Colômbia, no qual mal gastaram mais de 10 bilhões de dólares mais o mal gasto do governo colombiano por conta do imposto sobre a guerra, orçamentado ordinariamente. O governo colombiano dizia muito vaidoso que era “o maior esforço contra a insurgência armada colombiana”.
A imprensa oligárquica embutia nos colombianos o conto de que o Plano Colômbia era um Plano para a Paz.
Por exemplo, um analista da revista SEMANA qualificou ao Plano como “Plano Colômbia: um plano para a paz”. E deste teor foram as chamadas de todos esses meios burgueses.



Do Plano Colômbia à X Conferência das FARC-EP
Não é exagero dizer que o referido Plano Colômbia colheu a mais estrondosa derrota, ao ponto de que hoje lhe deram enterro de terceira categoria e o rebatizaram de “Paz Colômbia”.
As FARC-EP enfrentaram, contiveram e superaram o Plano Colômbia apesar dos milhares de milhões mal gastos na Guerra pelo governo colombiano, apesar dos mais de 3.000 assessores estadunidenses e apesar de contar com 50.000 unidades no total.
Muito sangue correu desde o Plano LASO [Latin American Security Operation] até o reconhecimento, resmungando, da derrota de todos os planos implementados pelos diferentes governos oligárquicos. Noutro artigo denominado “A capacidade de luta das FARC-EP” https://cambiototalrevista.blogspot.se/2016/08/sobre-la-capacidad-de-lucha-de-las-farc.htmlassinalamos claramente esta situação. As FARC-EP, como organização insurgente, foram realizando, ao tempo de suas ações político-militares, suas Conferências Nacionais de Guerrilheiros que abordavam pontos nevrálgicos da vida do país, em geral, e da vida guerrilheira, em particular. Assim se sucederam suas Conferências num ambiente de Guerra até chegar à X Conferência Nacional de Guerrilheiros das FARC-EP.
Esta Conferência fariana tem a particularidade de ser convocada pelo Secretariado Nacional para informar o acordado na Mesa de Havana e decidir se a Conferência Nacional de Guerrilheiros aprova o acordado ou o rechaça. Acolhendo-o, as FARC-EP passariam a ser um Partido Político e se transformaria essa X Conferência de Guerrilheiros na I Convenção Nacional do Partido, cujo nome deverá ser decidido pela guerrilheirada.
A primeira particularidade da X Conferência Nacional das FARC-EP é precisamente que se realiza num ambiente de Paz. Basta ver a alegria dos delegados que vão chegando às selvas do Yari para demonstrar o anterior, evidenciadas nas imagens dos diferentes meios de comunicação que também estão chegando a essa zona histórica, tanto de imprensa burguesa como a imprensa internacional e desde logo os meios alternativos.
Isso ratifica a real vontade de Paz das FARC-EP –segunda particularidade-, as quais sabem que a Paz se começa construindo por um fio extremamente tênue –que os “inimigos da Paz” tentarão romper-, o qual irá crescendo em firmeza e magnitude na medida em que o povo colombiano vá cercando o Acordo Final e o vá tornando seu até incorporá-lo ao sentir e viver dos colombianos.
De igual maneira, as FARC-EP, ocorrendo sua transformação em partido político –terceira particularidade-, não terão que começar do zero. Tem toda uma estrutura que funcionará numa ou noutra direção de acordo com a “análise concreta da situação concreta” vá determinando que deve dirigir-se seu acionar. Ademais tem um capital humano forjado nas mais árduas e sacrificadas condições de luta.
É necessário esclarecer que assim como as FARC-EP não foram derrotadas no plano militar, muito menos o serão no plano político [já há “inimigos ocultos da Paz” prognosticando que as derrotarão nas urnas]. Nosso povo tem manifestado seu rechaço ao manejo oligárquico do poder, o qual tem se sustentado na enorme corrupção eleitoral –compra de júris, de registradores regionais, de eleitores mediante o oferecimento de migalhas, retenção de títulos, contubérnio espúrio com bandos narco-paramilitares etc etc-, corrupção que terá que ser enfrentada pelos 10.000 membros que para começar tem o Novo Partido que nasceria das FARC-EP. E mais, estamos certos de que muitas personalidades, acadêmicos, pesquisadores, profissionais, estudantes se somarão ao Novo partido na medida em que vejam que as causas que possibilitaram e perpetuaram a guerra vão sendo superadas.
A X Conferência de Guerrilheiros das FARC-EP dará enterro de quarta categoria à guerra, ao assassinato do adversário como forma de fazer política e começaremos a viver outra época, ainda quando os “inimigos da Paz” ou o Terrorismo de Estado, em seus estertores, estejam provocando a morte de líderes populares valiosíssimos, como todos eles.
Saúde, X Conferência Nacional de Guerrilheiros das FARC-EP! Vosso triunfo é o triunfo do povo!



Tradução: Joaquim Lisboa Neto

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A MAIS BELA DE TODAS AS BATALHAS

La Habana, Cuba, sede dos Diálogos de paz, 24 de agosto de 2016
 
Encerramos no dia de hoje em Havana, Cuba, o acordo de paz mais almejado da Colômbia. Terra, democracia, vítimas, política sem armas, implementação de acordos com vedoria internacional são, entre outros, os elementos de um acordo que terá que ser convertido, mais cedo que tarde, pelo constituinte primário em norma pétrea que garanta o futuro de dignidade para todos e todas.

Podemos proclamar que termina a guerra com as armas e começa o debate das ideias. Confessamos que concluímos a mais bela de todas as batalhas: a de assentar as bases para a paz e a convivência.

O acordo de paz não é um ponto de chegada mas sim o ponto de partida para que um povo multiétnico e multicultural, unido sob a bandeira da inclusão, seja ourives e escultor da mudança e da transformação social pelas quais as maiorias clamam.
 
Hoje estamos entregando ao povo colombiano a potência transformadora, que construímos durante mais de meio século de rebeldia, para que, com ela, e a força da união, comece a edificar a sociedade do futuro, a de nosso sonho coletivo, com um santuário consagrado à democracia, à justiça social, à soberania e às relações de fraternidade e de respeito com todo o mundo.

Subscrevemos compromissos sobre os seis pontos que integram a Agenda do Acordo Geral:

Acordo “Para um novo campo colombiano: Reforma Rural Integral”, que busca a transformação das condições de miséria e desigualdade que imperam nas zonas agrárias de nosso país, levando os planos e programas para o bem viver e o desenvolvimento a partir da titulação das terras em poder das comunidades rurais.

Acordo “Participação política: abertura democrática para alcançar a paz”, no qual a ênfase está na eliminação da exclusão a partir da expansão da democracia que permita a ampla participação cidadã na definição dos destinos do país.

Acordo “Solução ao problema das drogas ilícitas”, que projeta uma nova política de luta contra as drogas de uso ilícito, mirando suas conotações sociais e propiciando um enfoque com ênfase nos direitos humanos que supere as falências da fracassada “guerra contra as drogas”.

Acordo sobre Vítimas, consistente num “Sistema Integral de Verdade, Justiça, Reparação e Não Repetição”, uma “Jurisdição Especial para a Paz”, uma Unidade para a Busca de Pessoas dadas por Desaparecidas no contexto e em razão do conflito, planos de reparação integral, medidas de restituição de terras e garantias de não repetição, entre outras.

Acordos sobre o ponto Fim do Conflito: “1. O cessar-fogo e de hostilidades bilateral e definitivo; 2. A Deixação das armas; 3. O Mecanismo de Monitoramento e verificação que as Nações Unidas puseram em marcha mediante o desdobramento de observadores de países da CELAC; Definiu-se acordos sobre garantias de segurança e desmonte do fenômeno do paramilitarismo criando uma unidade de investigação e desmantelamento das organizações criminais, incluindo as que tenham sido consideradas como sucessoras do paramilitarismo, e suas redes de apoio..., porém com uma visão não militarista e sim de busca de soluções que evitem mais derramamentos de sangue e dor; e, como aspecto quinto, o mais recente combinado foram os acordos sobre Reincorporação das FARC-EP à vida civil –no econômico, social e no político, o qual, a partir do indulto e da mais ampla anistia política, abre o caminho para nossa conversão em partido ou movimento político legal no novo cenário social que surge do conjunto dos Acordos de Paz.

Temos também um Acordo sobre implementação, referenda e verificação, que dá as garantias para o planejamento, financiamento e orçamento, como para a realização das mudanças normativas que permitam a materialização dos compromissos.

Durante o tratamento de cada ponto, paralelamente, a Subcomissão de Gênero trabalhou sobre a análise do conjunto dos textos pactuados e dos temas em debate, fornecendo insumos que abrem passagem à plena reivindicação do ser humano.

Cumprimos a tarefa. Nos próximos dias estaremos em Colômbia realizando a Décima Conferência Nacional Guerrilheira, nossa máxima instância de autoridade, à qual devemos subordinação, para submeter a seu veredito a obra política que representa o Acordo Especial de Paz de Havana.

Confessamos que foi uma construção dura e repleta de dificuldades, com luzes e talvez com sombras, porém trabalhada com o coração pleno de amor pela pátria e pelos pobres da Colômbia. Nos assiste a convicção de que interpretamos fielmente o sentimento de nossos companheiros e nossas companheiras de armas e de ideias, que sempre combateram pensando na solução política do conflito e, sobretudo, na possibilidade de uma pátria justa, sem esses abismos horrorosos que hoje se interpõem entre o desenvolvimento e a pobreza.

Aos companheiros e às companheiras reclusos em prisões e calabouços do país e fora das fronteiras vai nossa mensagem de amor com a esperança de tê-los em breve construindo em liberdade a Nova Colômbia sonhada por nossos pais fundadores.

Ao povo da Colômbia o abraçamos com toda a força de nosso coração, para reafirmar que a luta guerrilheira que se encenou em todos os pontos da geografia nacional não teve razão diferente à dignificação da vida humana, no marco do direito universal que assiste a todos os povos do mundo a se levantarem em armas contra a injustiça e a opressão. Lamentavelmente, em toda guerra, porém especialmente nas de longa duração, se cometem erros e se afeta involuntariamente a população. Com a firma do acordo de paz, que leva implícito o compromisso de Não Repetição, esperamos isolar definitivamente o risco de que as armas se voltem contra os cidadãos.

A paz é para todos e abraça todos os estratos de nossa sociedade chamando-os à reflexão, à solidariedade, e nos diz que é possível levar o país adiante. Aos estratos que sobrevivem nas catacumbas da desesperança, do esquecimento e do abandono oficial lhes dizemos que é possível, confiando na força interior e decisão que levamos por dentro, levantar-nos da miséria e da pobreza. Enquanto tenhamos vida, tudo é possível, e muito melhor se o fazemos organizadamente. Aí estão os jovens da Colômbia, sempre generosos, desde as cátedras e universidades, dispostos a ajudar na busca coletiva de soluções à problemática social.

Aos campesinos, homens e mulheres repletos de humildade e de pureza, que buscam na lavoura através de seu trabalho e suor a soberania alimentar da Colômbia, lhes oferecemos um posto de luta na Reforma Rural Integral acordada. Às comunidades afro da Colômbia, aos povos indígenas, os convidamos a olhar na geografia de todo o acordado o enfoque étnico diferenciado, conquistado com sua própria luta. Às mulheres, lhes dizemos que faremos valer o enfoque de gênero que o acordo Especial de Paz respira. 

Não será possível deter a poderosa força da mudança originada nos sonhos e nas esperanças de um povo que reclama seus direitos. Nada poderá nos desviar do caminho. O povo da Colômbia exige respostas a suas inquietudes e o governo deve dá-las com ações palpáveis.

Haverá vedoria internacional para os compromissos das duas partes, não só para a guerrilha, como quiseram alguns, como também para os compromissos do Governo em temas fundamentais do fim do conflito, como a reincorporação no político, econômico e social, nas garantias de segurança, e no trânsito da guerrilha ao movimento político legal.

Nos suscita grande expectativa o desenvolvimento do compromisso das reformas e dos ajustes institucionais necessários para fazer frente aos desafios da construção da paz. Para isso, consideramos, se deve abrir campo ao GRANDE ACORDO POLÍTICO NACIONAL pós plebiscito, proposto pelas partes, ao qual convidamos as forças vivas da nação para que nesse espaço pensemos num novo marco de convivência político e social que garanta tranquilidade às gerações vindouras.

Teremos paz se os acordos são respeitados. O povo deve se constituir em garantidor principal de seu cumprimento. Acordo Especial de Paz e povo devem ser um só como mar e onda, onde os acordos são o mar e o povo a onda persistente exigindo seu cumprimento.

Em nome das FARC me dirijo às nações do mundo pedindo aos povos e aos governos sua solidariedade, seu respaldo em todo sentido para que o mais prolongado conflito do continente se converta numa referência e assunto do passado que um povo  não deve repetir.

Ao Governo dos Estados Unidos, que durante tanto tempo apoiou a guerra do Estado contra a guerrilha e contra a inconformidade social, lhe pedimos que continue respaldando de maneira transparente os esforços colombianos por restabelecer a paz, sempre esperando de Washington gestos humanitários que concordem com a bondade que caracteriza a maioria do povo norte-americano, amigo da concórdia e da solidariedade. Ficamos à espera de Simón Trinidad.

Esperamos que o ELN possa encontrar um caminho de aproximação para que a paz que almejamos seja completada plenamente envolvendo assim a todos os colombianos.

Finalmente as FARC expressam seu mais profundo agradecimento ao governo liderado pelo General de Exército Raúl Castro Ruz e ao povo de Cuba, tudo o que fez pela paz da Colômbia, gratidão eterna à pátria de Martí. Obrigado também ao Reino e ao povo da Noruega por sua contribuição generosa e por seu acompanhamento como garantidor aos esforços da reconciliação do país. Nosso reconhecimento e afeto à República Bolivariana de Venezuela, por seu estímulo permanente a sua irmã Colômbia, na concretização do acordo de paz. Muito obrigado Nicolás Maduro, por continuar a obra que lhe encomendara o Presidente Chávez. Um agradecimento à Presidenta Michelle Bachelet e ao povo do Chile por seu acompanhamento extraordinário a uma paz que, sabem muito bem, é essencial para consolidar a paz do continente.

Permitam-nos render a mais sentida homenagem aos caídos nesta longa confrontação fratricida. Às famílias, mães, viúvas, irmãos, filhos e amigos nossas condolências pelo luto e pela tristeza da guerra. Unamos nossas mãos e nossas vozes para gritar NUNCA MAIS, NUNCA MAIS.

Do conclave de Havana surgiu fumaça branca. Habemus Pacem, Temos paz. Viva a Colômbia! Viva a Paz!

Iván Márquez
Chefe da Delegação de Paz das FARC-EP


Fonte: Pravda

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Colômbia. O que nos deixa a guerrilha das FARC-EP.

Hernando Vanegas Toloza, Allende la Paz, Postales de Estocolmo.Resumen Latinoamericano/ 5 de Agosto 2016.- 
Já firmado o Cessar-Bilateral de Fogos e quase às portas do Acordo Final na Mesa de Havana, chega o momento de analisar o papel jogado pelas FARC-EP na vida do país e a herança deixada para as futuras gerações. Assinalaremos apenas alguns dos pontos que consideramos relevantes. Ainda que já se tenha feito este exercício em alguns escritos no passado [Ver ao final do artigo], esse exercício foi feito em plena confrontação armada. Hoje estamos quase no início de uma nova época quando se dará a firma de um Acordo que contém elementos inéditos para os povos, especialmente o povo colombiano, e lhe confere características especiais à existência de uma organização guerrilheira que se enfrentou não só a um pé de força descomunal -500.000 unidades-, como também teve que enfrentar ao próprio império estadunidense com todo seu poderio, contê-lo e obrigar suas forças conjuntas –assessores gringos e oficiais nativos- a aceitar sua incapacidade para vencer uma guerrilha infinitamente menor em número e recursos, e obrigar seus comandantes supremos a se sentarem numa Mesa de Negociação para buscar conjuntamente uma saída política civilizada ao conflito interno desatado pela oligarquia colombiana com a assessoria estadunidense.
As FARC nos deixa o ensinamento de aceitar o desafio, por descomunal que pareça, de lutar pelo povo entregando até a própria vida. Muitos guerrilheiros se sacrificaram pelo cumprimento de suas tarefas. Talvez nunca saberemos quantos guerrilheiros caíram na confrontação armada ou fora dela, estes últimos assassinados inermes. O comandante Jacobo Arenas disse que “em algum momento publicaremos seus nomes”.
Dentre os caídos em combate tenho obrigatoriamente que mencionar a meu irmão carnal, Cristian Pérez, cantautor que morreu nas montanhas do estado do Cauca. Cristian estava imbuído do ideário fariano e por esse ideário e por seu amor ao povo entregou sua vida. Como ele são todos os guerrilheiros das FARC, daí a enorme fortaleza demonstrada durante 52 anos de dura e mortal luta armada para mudar as causas que originaram o Conflito Interno colombiano.
Outra herança que nos deixam as FARC-EP é seu amor à Paz. É quase inverossímil que homens endurecidos no combate professassem tão profundo convencimento de que cada ação os aproximava da Paz e da solução política do Conflito Interno, como com efeito está sucedendo nos atuais momentos. A entrega da vida do Comandante em Chefe Alfonso Cano é exemplo vivo disso.
Igualmente, é necessário mencionar que só organizações dotadas de um ideário como o das FARC são capazes de suportar os embates de uns inimigos impiedosos e curtidos na arte de matar para impor aos povos suas políticas e sua visão do mundo, no qual só seus mesquinhos interesses primam.
Desde 1964 as FARC lançaram seu primeiro chamamento pela Paz. Posteriormente, em todos os seus documentos podemos ler uma máxima: “O futuro da Colômbia não pode ser a guerra civil”. Hoje as FARC podem dizer a seus combatentes sacrificados e ao povo colombiano: “Estamos cumprindo!”
Não é por culpa das FARC se a Colômbia é encaminhada à Guerra Civil. Serão outros os responsáveis assim como foi a outra parte a responsável pela guerra desde há mais de 60 anos. Felizmente –para o bem do povo colombiano- as FARC conseguiram concretizar sua política de Paz.
Hoje digo SIM à Paz e me comprometo a acompanhar as FARC em seu trânsito para a legalidade e para a atividade política legal. O povo colombiano merece esta oportunidade.
Tradução: Joaquim Lisboa Neto

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