domingo, 12 de dezembro de 2010

Regularização das relações homo afetivas e descriminalização do aborto, já!

Por Ninféia G

Estamos terminando o ano com uma noticia que eu considero estarrecedora: segundo a pesquisa realizada pelo Vox Populi, “82% dos brasileiros desejam manter o aborto como crime, e 72% são contra sua descriminalização. 75% dos evangélicos, 73% dos católicos e 69% das outras religiões se opondo à descriminalização.

Além disso, sessenta por cento dos brasileiros são contra a criação de "uniões civis" homossexuais, enquanto só 35% são a favor."


Diante de resultados como esses, só é possível muito pesar, afinal, aí está a face do nosso atraso cultural.

Aí, esse mesmo pessoal que a Vox Populi entrevistou assiste Passione, Ana Maria Braga, Fazenda, Jornal Nacional, lê a revista Veja e outras porcarias alienantes
Por isso são tão desinformados!

Nem procuram entender o que significa a descriminalizarão do aborto e nem o que significa mais uma opção de formação familiar.

Pelo que já procurei ler sobre o tema do homo afetividade,além de minha prática profissional, casais homo afetivos têm mais possibilidades de cuidar de filhos que casais hetero afetivos. Sabem esse ciúme, sentimento de posse que tem entre homem e mulher , e que no dia a dia, nas brigas e conflitos, nas demonstrações de possessividade, prejudica ,inclusive os filhos? Não têm entre os casais homo afetivos pois quando entram num relacionamento assim, mais efetivamente, de casal, mesmo, o fazem bem mais conscientes que os casais tradicionais( homem x mulher).

Juízes, em algumas partes do Brasil, já têm essa percepção, minha gente, já sentenciaram favoravelmente a essas uniões e à adoção de crianças por essa opção de formação familiar. O que é um avanço em nossa sociedade, ainda que bem pequeno.

Percebe-se que esses casais sabem trabalhar muito melhor a questão da intolerância, prepotência, arrogância, submissão da mulher, muito freqüente entre os casais tradicionais onde, por exemplo, a mulher diz” não sei se vou porque meu marido não vai” ; ou o marido não gosta dos amigos da mulher e vice versa e quando ambos querem conviver com seus amigos, surgem conflitos; ou naqueles casos do colega de trabalho, que é comunicativo, fala com a gente todo dia no ambiente de trabalho mas no dia em que o encontramos com a esposa, em outro local, ele finge que não conhece direito a gente.Ou seja, típicos exemplos de falta de respeito pela própria individualidade.E de intolerância por parte do parceiro.Que são freqüentes em relações homem x mulher.

Isso para não citar mais coisas, porque essa relação homem e mulher é cheia de complicação, um querendo mandar mais que o outro e como em nossa sociedade ainda tem muito essa coisa do machismo, além de que as próprias mulheres são machistas, tipo” ah! Meu marido não gosta assim;” ou “ tenho quem perguntar pro meu marido”( ou vice versa, acontece, também, por parte do homem)
Em uma relação homo afetiva, essas características aí não perturbam a ordem natural das coisas, pois no momento em que dois homens ou duas mulheres resolvem viver juntos como um casal, já superaram essas mazelas referidas aí em cima.Muitas vezes, até ja passaram por elas em uma relação tradicional.
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São mais unidos, tem mais convicção.

E no caso do aborto, essa sociedade é muito hipócrita, mesmo! Os abortos são realizados por aí, clandestinamente, às vezes em clinicas até conceituadas e o médico diz que faz um trabalho perfeito, sem vestígios e por isso está cobrando um preço tão alto( isso na classe medis, que pode pagar o tal preço) Mas a maioria, a classe pobre, excluída, miserável , que vive na penúria, vai fazer onde????

A descriminalização do aborto vai evitar justamente essa clandestinidade, gente. E além do mais, a constituição diz que a vida começa ao nascimento, portanto, essa questão do aborto é puramente por conta de seduções e ingerências religiosas.Percebeu-se ,agora há pouco na época das eleições, que as Igrejas( que se dividiram no apoio à candidatura Dilma), “deram as cartas” nesse tema e a Dilma recuou em seu pensamento sobre o aborto manifestado anteriormente( que, certamente, é o pensamento dela, como mulher). E aí vieram com aquela “lenga- lenga” política de que foi um recuo tático.Mas aí os “ religiosos” se aproveitaram!!!

Olhem só: Se eu tentar me matar e não conseguir, vou ser indiciada por tentativa de homicídio? Não, por que meu corpo me pertence e a lei diz que a vida começa ao nascimento, portanto, antes da criança nascer ainda não existe um outro sujeito às leis de nossa sociedade.

Talvez eu pareça fria demais com esse comentário, entretanto, não sou eu que sou fria, é a sociedade que é injusta, afinal, ricos e classe média podem transar a vontade, esquecer o preservativo ainda que tenham dinheiro para adquiri-los e estocá-los, que tem médico em boas clinicas fazendo aborto; mas pobres não podem não, que segurem seus desejos e excitações porque a eles não é permitido esquecer o preservativo( e muito menos comprá-los).

Aí vem a questão de que os centros de saúde têm preservativos para distribuir de graça. Inicialmente devo dizer, que segundo informações, não tem não, assim, “jogando pelo ladrão” a não ser em épocas como carnaval, por ex. E as pessoas têm que ir às filas, se cadastrar, essas coisas. Então, por que para transar a vontade o pobre tem que entrar em filas, se cadastrar em centros de saúde e a classe média e os ricos não tem que fazer isso??

Os direitos são iguais, já diz a Constituição, e todos somos seres humanos.

A realidade em que vivemos é a da maioria da população vivendo em penúria (extrema miséria). E uma minoria desfrutando dos privilégios que um bom salário ou uma boa renda mensal lhes proporciona.

Portanto, deixemos de ser hipócritas: ou as autoridades promovem um programa rígido de controle de natalidade( e manda as igrejas darem uma volta para ver se as autoridades estão na esquina) , tipo como foi feito na China há muitos anos atrás, ou descriminaliza o aborto e aí as pessoas, que engravidarem inadvertidamente, podem recorrer ao mesmo para interromper a gravidez , a classe média paga e os pobres, recorrem ao sistema único de saúde.Quer dizer, o SUS teria que ter especialistas, em aborto,certo?. De repente, os caras lá, que estão exigindo um dinheirão para participarem de sessões extras no Congresso, fazem a lei especificando tipo assim: “ aborto só até os 3 meses de gravidez”… Dessa forma, com certeza, parte desse problema de nascimento de crianças que não vão ter qualquer tipo de assistência nesse contexto de injustiça social em virtude da desigualdade, seria, no mínimo, amenizado.Mas, claro, em um sistema neo liberal como o nosso não haveria essa iniciativa porque sem crianças nas ruas, não tem justificativa paras ONGs, verbas estrangeiras, programas paliativos eleitoreiros tipo as bolsas( que, prestem atenção, não começaram no governo do PT, este só fez continuar e ampliar,aliás, “bote” ampliação nisso, gostou tanto que aloprou, etc..

E a rede Globo e outras do ramo, no ar, todo dia, seduzindo mentes e corações .

É ruim!


Ninféia G, Assistente Social e Poetisa de Belém do Pará.

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