sábado, 7 de janeiro de 2012

A Cabanagem (1833-1836)





Os antecedentes. Desde o período colonial o Pará era dominado por um poderoso grupo de comerciantes portugueses, aliado aos altos funcionários civis e militares. Contra esse núcleo que resistiu como pôde à independência do Brasil, foi desencadeado nessa ocasião um movimento com ampla participação das camadas populares.A derrota desse núcleo só aconteceu depois do envio de tropas pelo Rio de Janeiro, sob comando do mercenário inglês Grenfell. Por esse motivo, no Pará, a independência foi retardada por quase um ano (agosto de 1823) em relação à sua proclamação oficial (setembro de 1822) Na luta contra os portugueses destacou-se o cônego Batista de Campos, que obteve grande prestígio entre a massa miserável que habitava as choupanas à beira dos rios: os cabanas.

Contudo, a independência pouco significou pan as camadas populares que lutaram por ela. Os seus lideres, como Batista Campos e Mal Cher, foram marginalizados do governo provisório. Sentindo-se traído, o povo se revoltou, exigindo a participação de seus líderes. A resposta do poder central não tardou: uma violenta repressão foi desencadeada sob a chefia do mesmo Grenfeill, que segundo o historiador Nelson Werneck Sodré “prendeu Batista Caiapós, findou muitos nativos e meteu trezentos prisioneiros no brigue Palhaço, no porão, escotilhas fechadas, atirando cal sobre eles. Dois dias depois, aberto o porão, foram retirados os cadáveres dos bravos paraenses, sacrificados por um mercenário em sua luta pela liberdade e pela independência”
O reaparecimento das agitações

O ciclo das agitações populares reapareceu com a ai delação. As autoridades provinciais nomeadas pela regência foram contestadas. A falta de firmeza da regência piorou as coisas, estabelecendo um clima de grande instabilidade. Destacou-se nas agitações, novamente, Batista Campos, que em 1832 conseguiu sublevar a comarca do Rio Negro (Amazonas) e impor a sua política ao presidente da província, Machado de Oliveira. Procurando pôr fim às agitações, no início de 1833, a regência enviou uni novo governo para a província, que, no entanto, nem sequer chegou a tomar posse. No mesmo ano, em dezembro, enfim chegaram as novas autoridades nomeadas pela regência: Bernardo Lobo de Sonsa, como presidente, e o tenente-coronel José Joaquim da silva Santiago, como comandante das Armas. O novo presidente da província iniciou, imediatamente, uma política repressora, além de recrutar à força todos os suspeitos de envolvimento nas agitações. Porém, as medidas repressivas foram ineficazes, pois estimularam rebeliões ao invés de conte-(as. Foi assim que começou a Cabanagem.
A rebelião

Preparava-se contra Lobo de Sousa um levante armado. As intensas movimentações populares, tanto na capital (Belém) como nas zonas rurais, foram aos poucos encontrando seus líderes: Eduardo Nogueira Angelim, os irmãos Vinagre (lavradores), o fazendeiro Félix Antônio Clemente Mal Cher, o jornalista maranhense Vicente Ferreira Livro e o cônego Batista Campos. Na noite de 6 para 7 de janeiro de 1834 ocorreu o levante dos cabanos, dominando facilmente a capital e executando Lobo de Sousa e as demais autoridades.

Clemente Malcher

Formou-se, então, o primeiro governo cabano, com Malcher na presidência do Pará. Este, curiosamente, declarou- se fiel ao imperador e prometeu ficar no poder até sua maioridade. E mais: reprimiu a própria rebelião que o colocara no poder e mostrou completa inabilidade ao prender e deportar Angelim e Ferreira Lavor.

Enquanto Malcher se incompatibilizava com os cabanos, crescia o prestígio dc Francisco Pedro Vinagre, comandante das Armas. Malcher tramou um golpe contra Francisco Pedro. Mas foi deposto, executado e substituído pelo rival.
Francisco Vinagre

Contudo, o novo presidente dos cabanos não se mostrou muito diferente do seu antecessor. E foi mais longe: não só se declarou fiel ao governo imperial, como ainda se dispôs a entregar o poder a quem fosse por este indicado. Procurou negociar diretamente com a regência, mas foi impedido pelo irmão,Antônio Vinagre, que se colocou à frente dos cabanos. Mesmo traídos, os revoltosos mantiveram Francisco Vinagre no poder.

O governo regencial, cada vez mais temeroso com o rumo dos acontecimentos, terminou por enviar um forte contingente militar ao Pará, sob o comando de Manuel Jorge Rodrigues, que assumiu o poder em Belém, com a ajuda do próprio Francisco Vinagre, traindo pela segunda vez os cabanos.
O fim

Com a chegada do novo presidente designado pela regência, apenas a capital foi dominada. No interior, os cabanos reagruparam suas forças e marcharam sobre Belém, retomando a cidade. O presidente Jorge Rodrigues refugiou-se na ilha de Tatu oca, enquanto os rebeldes proclamavam a República e declaravam a província desligada do Império. O novo governo cabano foi então organizado por Angelim, como presidente. Corria o mês de agosto de 1835.

Em abril do ano seguinte, a regência enviou uma poderosa esquadra com o novo presidente, o brigadeiro Francisco José de Sousa Soares de Andréia. Depois de enfrentar alguma resistência, a força repressiva desembarcou em Belém em 13 de maio. Os cabanos recuaram novamente para o interior, já enfraquecidos. Sem poder oferecer resistência a uma força militar muito superior, os cabanos foram perdendo terreno e uma violenta repressão foi desencadeada contra eles. O saído da Cabanagem foi de 30 mil mortos e em nossa história destacou-se como o primeiro movimento popular a ter chegado ao poder.
http://www.clickescolar.com.br/a-cabanagem-1833-1836.htm

Um comentário:

  1. Apesar de não ser a Cabanagem uma revolução socialista, ela é um exemplo de que é ´possivel moblizar-se em armas no sentido de lutar contra o opressor.


    CABANOS ,PRESENTE!

    Um inglês
    estrangeiro maldito
    jogou cal
    em nossos heróis,
    os cabanos pobres
    que conseguiu prender

    Nada cortez,
    o forasteiro temido
    fez o seu mal
    e nossos reróis
    morreram sem vozes
    sem ter como se defender

    Foi essa a vez
    de luta renhida
    sem ter outra igual
    de nossos herois
    sem peso, sem posses
    na insurgencia se fizeram ver.


    Ninféia G

    P.S- HOJE,7 DE JANEIRO DE 2012 ,FAZEM EXATOS 178 ANOS QUE OCORREU O LEVANTE DOS CABANOS, DOMINANDO FACILMENTE A CAPITAL E EXECUTANDO LOBO DE SOUSA E AS DEMAIS AUTORIDADES.

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