sexta-feira, 8 de março de 2013
A morte de um revolucionário de Nuestra América
Por Renán Vega Cantor
Tradução: Joaquim Lisboa Neto
“A morte não é verdade quando se cumpriu bem a obra da vida”
José Martí
A terça-feira 5 de março de 2013 ficará na história deste continente como o dia em que faleceu o comandante Hugo Chávez Frías, presidente constitucional da Venezuela, um revolucionário dignamente integral de Nuestra América, cuja imagem, ideal e projeto já formam parte da legendária constelação de lutadores anti-imperialistas e anticapitalistas deste lado do planeta.
Nesta hora de profunda dor para os lutadores do mundo, é necessário recordar o caráter revolucionário da vida e obra deste líder da Venezuela, com independência das incertezas políticas que o futuro imediato lhe depare a este país e a toda América Latina, pelo precoce desaparecimento físico deste notável personagem.
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Sem pretender ser exaustivo em momentos em que a tristeza nubla o pensamento, basta mencionar algumas de suas contribuições revolucionárias. Para começar, a figura e o projeto de Hugo Chávez emergiram quando o neoliberalismo – isto é, o capitalismo realmente existente – se vangloriava vaidoso por Nuestra América e pelo mundo, sem desafios nem obstáculos à vista, enceguecido pelas falácias do “fim da história” e do “choque de civilizações”, propagados pelo imperialismo estadunidense e seus súditos locais. Este neoliberalismo vinha acompanhado da retórica da globalização, como uma suposta realidade irreversível ante a qual nada se podia fazer e à qual deviam se submeter os países, o que significava na prática aceitar o domínio das Empresas Transnacionais e suportar como algo normal o saqueio dos recursos naturais.
Eram os momentos de embriaguez, euforia e esplendor da “nova ordem mundial”, que havia sido proclamada por George Bush pai, logo após a Primeira Guerra do Golfo [1990-1991] e a dissolução da União Soviética [1991] e que havia conduzido nos Estados Unidos ao apogeu da “nova economia” durante o governo de Bill Clinton [1993-2001], e a supor que essa efêmera prosperidade especulativa, baseada na bolha punto.com, ia ser eterna.
Pois bem, para o imperialismo, essa embriaguez se converteu numa amarga ressaca quando na Venezuela se começaram a produzir notáveis mudanças a partir de 1998, ano em que Hugo Chávez ganhou as eleições e convocou uma Assembleia Constituinte que pôs fim ao domínio partidarista do punto fijismo e questionou o modelo neoliberal que havia afundado na miséria a maior parte dos venezuelanos. A primeira contribuição revolucionária de Hugo Chávez se apóia, então, em ter nadado contra a corrente, em instantes em que ninguém se atrevia a fazê-lo, e todos aceitavam como evidente o fundamentalismo de mercado, a globalização e o Consenso de Washington. Questionar o neoliberalismo e embarcar num projeto diferente, visto em perspectiva histórica, se converteu num feito revolucionário porque rompeu águas em meio à aceitação submissa da ordem existente. Isso supôs, na prática, que desde Venezuela se impulsionaram propostas encaminhadas, por exemplo, a reorganizar a Organização de Países Exportadores de Petróleo [OPEP], o que envolveu a recuperação do preço do cru para os países petroleiros, algo que até esse momento se considerava como herético, porque supostamente os preços das matérias-primas não poderiam subir, porque assim o determinava o “mercado”.
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Em segundo lugar, e acompanhando ao anterior, o discurso e a prática de Hugo Chávez assumiram uma postura anti-imperialista, porque rapidamente se evidenciou que os Estados Unidos – em concordância com sua vocação histórica de considerar nosso continente como seu “pátio traseiro” – não tolera nenhuma política nacionalista, soberana e independente e está disposto a fazer tudo o que seja para liquidar os líderes e governos que se atrevam a questionar sua hegemonia. E, efetivamente, na medida em que o projeto bolivariano na Venezuela projetava uma recuperação da soberania nacional e energética e propunha políticas redistributivas de tipo interno, imediatamente os interesses coligados das classes dominantes locais e dos Estados Unidos começaram a operar para impedir a consolidação desse projeto, como se evidenciou durante estes 15 anos, porém cujos fatos mais evidentes foram o fracassado golpe de Estado de 2002 e a paralisação petroleira de PDVSA, entre fins do mesmo ano e inícios de 2003.
O anti-imperialismo de Chávez se manifestou nos mais diversos cenários onde, diferentemente de todos os sipaios pró-estadunidenses [como os da União Europeia ou da América Latina], falou claro e chamou ao pão, pão, e ao vinho, vinho. Foi dos poucos que, no mundo, se atreveu a criticar os crimes imperialistas em Iraque e Afeganistão, assim como as ações genocidas de Israel contra os palestinos ou contra o Líbano, um feito notável em meio à aceitação desses crimes por parte da maior parte dos governos latino-americanos. Porém, o mais significativo, quanto a conquistas desta luta anti-imperialista, se manifestou no enterro do projeto imperial da ALCA, que feneceu em 2004 nas terras de Argentina, e que não pôde ser imposto ao continente na forma original, como havia sido concebido pelos Estados Unidos, que buscava ter um mercado aberto à sua disposição para seus investimentos, que cobriria desde o norte do México até a Patagônia. O fracasso da ALCA está diretamente relacionado com a decisiva atuação de Hugo Chávez, quem se encarregou não só de denunciá-la, como também em propor outras formas de integração para o continente.
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Justamente, este é um terceiro aporte revolucionário de Hugo Chávez, porque recuperou o legado integracionista de Simón Bolívar, José Martí, José Artigas, César Augusto Sandino e outros lutadores de Nuestra América. Esses projetos de integração, que antes eram simples ideias, começaram a converter-se em realidade [como a ALBA e o MERCOSUL] graças à decisiva participação do governo bolivariano da Venezuela e a seu propósito de buscar outros caminhos diferentes à falsa integração neoliberal hegemonizada pelos Estados Unidos. Evidentemente, isto se baseou na atualização do ideal bolivariano de uma pátria grande, na qual os povos se ajudem mutuamente, algo que Chávez fez efetivo com o estabelecimento de mecanismos comerciais solidários, como os que efetuou com Cuba e com outros países do Caribe. Se poderá dizer que essa integração está engatinhando e que não avançou tanto como devia, porém esse fato certo não pode ignorar que no continente latino-americano se voltou a falar de um tema tabu para as classes dominantes de cada país, que é o da integração mais além dos Estados Unidos e sem os Estados Unidos.
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Em quarto lugar, Chávez voltou a pôr sobre o tapete de discussão e reflexão o horizonte do socialismo, porque se atreveu a propor, contra as correntes dominantes, inclusive no seio de uma esquerda temente e submissa ao capitalismo, que era necessário construir outro tipo de sociedade, diferente da de hoje imperante em nível mundial. A esse projeto ele denominou de o “socialismo do século XXI”, com o qual resgatou uma palavra que havia sido esquecida no mundo após o colapso da URSS nos inícios da década dos 1990 e quando se pensava que esse assunto havia desaparecido de qualquer agenda política, ante o que se considerava como um irreversível triunfo do capitalismo.
Ainda que se alegue que nem na Venezuela nem em outros países da região se tenha avançado na construção de tal socialismo, não se pode desconhecer a importância de voltar a perguntar-se, como o fez o falecido presidente venezuelano, se o capitalismo é eterno e imodificável e se as lutas que contra ele se empreendam não podem projetar outro tipo de sociedade. Isto faz parte do abc de qualquer programa revolucionário anticapitalista desde o século XIX, que se acreditava sepultado, porém que na Venezuela foi recuperado e novamente aparece no imaginário de importantes lutadores e pensadores anticapitalistas da América e do mundo. Na raiz desta recuperação conceitual de tipo político, setores da esquerda voltaram a falar em voz alta e sem temores da necessidade de construir outra ordem, que vá mais além do capitalismo, que aprenda das experiências negativas do século XX, sem renegar o caráter igualitário e democrático de um projeto anticapitalista.
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Em quinto lugar, socialismo quer dizer, em sentido profundo, lutar pela igualdade – que não é sinônimo de homogeneização e erradicação das diferenças –, uma palavra que quase havia desaparecido da conceitualização política e inclusive do léxico corrente, e que foi substituída por um vocábulo que tem sido intoxicado pelo neoliberalismo – via Banco Mundial –, que é o de equidade. Este termo, nesta lógica mercantil, não tem nada a ver com a igualdade, senão que é o reconhecimento das desigualdades como algo natural, em nome do qual se afirma que se devem proporcionar iguais oportunidades na competição – entre um gerente de uma multinacional e um trabalhador assalariado, para assinalar um caso, para que ambos concorram nas mesmas condições para ocupar um lugar na classe executiva de um avião transcontinental. Como encarnação de um projeto socialista, Chávez enfrentou a desigualdade na Venezuela, com resultados positivos quanto à diminuição da pobreza nesse país, por ter permitido o acesso à educação, à saúde, ao lazer e à cultura importantes setores da população, antes excluídos de todos esses direitos.
Com suas políticas redistributivas, Chávez voltou a evidenciar a importância do Estado como um ator fundamental da sociedade, o que levou a impulsionar o gasto público na direção das maiorias sociais, em momentos em que os países europeus, onde tanto se presumia de haver construído sociedades de bem-estar mais ou menos igualitárias, assumem a fundo o projeto neoliberal e aumentam as desigualdades, ao tempo em que privatizam a saúde e a educação.
A luta pela igualdade levou a que na Venezuela importantes setores da população, até há pouco tempo subjugados por sua condição de classe e de “raça”, tenham adquirido consciência de seus direitos, de sua força coletiva e de seu poder de decisão, já que foram os suportes essenciais dos 14 triunfos eleitorais de Hugo Chávez, e os que impediram que se consolidasse o golpe de Estado de abril de 2002. Daí o grande carisma e ascendência de Chávez entre esses setores invisíveis e esquecidos pelo capitalismo periférico venezuelano, que nos últimos anos – desde o caracazo de 1989 – emergiram como o sujeito social mais importante da história contemporânea desse país. E daí também o ódio visceral que contra eles manifestam as classes dominantes e as classes médias da Venezuela e do resto do mundo, porque finalmente o que não se aceita e se despreza é que os pobres, os cafuzos, os afros, os indígenas, as mulheres pobres tenham direitos e se proclamem como iguais aos “brancos” pró-imperialistas.
Este mesmo fato explica essa grande onda internacional de racismo desfechada contra o comandante Hugo Chávez na autodenominada “imprensa livre” do mundo, na qual se incluem a rádio, a televisão e os meios impressos, que nos últimos 15 anos bateram todos os recordes de sevícia desinformativa, de mentiras e intrigas, quando de falar de Venezuela e de seu presidente se trata. Esta campanha forma parte já da história universal da infâmia, na qual sicários e criminosos, com microfone e com processador de palavras, recorreram a todas as mentiras para enlamear a vida de Chávez e para qualificá-lo como “ditador”, “tirano” e outros epítetos, entre os quais aparecem denominações racistas, que não vamos recordar aqui, por sua baixeza moral.
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Hugo Chávez foi um personagem notável na política venezuelana e latino-americana por seu carisma, sua influência popular, sua capacidade discursiva, sua vivacidade, sua originalidade, sua inventiva, seus dotes histriônicos, porém, sobretudo por atuar como um educador e pedagogo prático. Este é outro de seus aportes revolucionários, que já se evidenciou desde quando participou num mal-sucedido golpe de Estado contra o regime neoliberal de Carlos Andrés Pérez em 1992, porque as palavras pronunciadas no momento de render-se tiveram grande impacto na população, e fizeram-no conhecido ante a Venezuela e o mundo. Desse momento adiante, as milhares de reuniões, assembleias, conversas e conferências nas quais participou se converteram em eventos de tipo educativo, que conferiram um caráter revolucionário a sua ação e a sua palavra, isto é, foram dardos contundentes contra as evidências estabelecidas como verdades inquestionáveis sobre o capitalismo, o neoliberalismo e a globalização.
Para entender este assunto, é bom recordar que os políticos contemporâneos se desempenham como se fossem bonecos amestrados, como os apresentadores de televisão, que se limitam a repetir sempre o mesmo discurso, frio, aborrecido, sem alma e sem vida, sem abandonar o roteiro preestabelecido e entoando sempre seu insuportável vocabulário neoliberal. Chávez rompeu com tudo isso ao empregar uma linguagem simples, descomplicada, direta, sem usar eufemismos e atrevendo-se a chamar os criminosos por seu nome [como fez com George Bush na ONU ou com um ex-presidente colombiano ao qual qualificou, como o que é, de mafioso], porque se baseava na máxima atribuída a José Gervasio Artigas, e que lhe agradava citar, “com a verdade nem ofendo nem temo”.
Porém, há outra contribuição revolucionária de Hugo Chávez em suas alocuções e conferências: a reivindicação da leitura. Isto é importante recordar num momento em que ninguém lê nada, começando pelos presidentes e funcionários governamentais – ou acaso alguém com dois dedos além do nariz crê seriamente que alguma vez leram um livro personagens tão “cultos” como Carlos Menem, Álvaro Uribe Vélez, Juan Manuel Santos, José María Aznar, Juan Carlos de Bourbón, George Bush ou Mariano Rajoy?–. Nas conversações e encontros que Chávez realizava, costumava citar e fazer alusões a autores diversos da tradição socialista e revolucionária de Nuestra América e do mundo, e vale recordar suas menções a Eduardo Galeano, István Mészaros, León Trotsky, Noam Chomsky, entre alguns. E, ao mesmo tempo que em suas conversas mencionava livros e autores, também anunciava a necessidade de difundi-los, coisa que efetivamente se fez, porque na Venezuela se tem editado milhões de exemplares a baixos preços de clássicos do pensamento revolucionário universal.
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Sem esgotar o assunto nesta nota, tais são alguns dos principais aportes revolucionários de Hugo Chávez, cuja figura e realizações já formam parte da história do continente e, sobretudo, da história dos esquecidos e dos vencidos. Chávez, como o proclamava sabiamente José Martí, foi um homem de seu tempo e de todos os tempos, porque soube encarnar no momento adequado um projeto antineoliberal e anti-imperialista para enfrentar o que se concebia como inatacável em seu país e no continente. Ele soube entender as necessidades mais sentidas do povo venezuelano, empobrecido e humilhado pelo capitalismo neoliberal e, nesse esforço por afrontar a miséria que esse sistema gera, fez contribuições reais ao ideário anticapitalista do mundo. Como alguma vez disse Jorge Plekhanov, ao analisar o papel do indivíduo na história: “Um grande homem, o é não porque suas particularidades individuais imprimam uma fisionomia individual aos grandes acontecimentos históricos, mas sim porque está dotado de particularidades que lhe convertem no indivíduo mais capaz de servir às grandes necessidades sociais de sua época”. E isso se aplica cabalmente ao caso de Chávez, que serviu às necessidades sociais não só do povo venezuelano como também dos povos de todo o continente.
Certamente, Chávez foi, como todos nós, um ser humano de carne e osso, com suas próprias contradições e limitações, tanto em suas formulações como em suas realizações práticas. É elementar que os revolucionários são seres humanos e não deuses, em razão do que acertam e se equivocam, porém justamente são revolucionários, porque maiores são seus acertos que seus erros, porque estão convencidos da importância de lutar contra a ordem estabelecida, em troca do qual dão tudo, até a própria vida, e porque com sua luta deixam um esplendor de exemplo e dignidade, que os engrandece ante seus contemporâneos e serve de legado a outras gerações. Chávez foi um formidável revolucionário – um vocábulo que não tem nada a ver com as capelas de iluminados de todas as seitas de esquerda –, que brindou mais aportes reais à luta por outra sociedade que centenas de doutrinados puristas, que, tanto hoje como ontem, o qualificaram como “populista”, “caudilho” ou coisas pelo estilo.
E seu caráter de revolucionário fica evidenciado nestes momentos se nos fixamos em quem são os que choram por ele e os que se alegram por sua morte. Choram-no os pobres de seu país e muitos pobres de outros lugares do mundo. Choram os que entendem o que significa a perda de um valioso líder da esquerda internacional. Choram-no os que na Venezuela e em outros países sentiram o que significa a solidariedade, em instantes em que se impôs como se fosse parte da natureza humana o egoísmo e o individualismo neoliberal. Estes são os que nos importam, enquanto as bestas carniceiras da morte [encabeçadas pelo Partido Republicano dos Estados Unidos] se lambem de felicidade pela morte de um perigoso inimigo, como o expressam sem estardalhaço, através de seus pornográficos meios de incomunicação, chamem-se El País, Clarín, El Tiempo, CNN, Caracol, RCN ou como seja.
Chávez já é um patrimônio dos revolucionários do mundo e seu nome permanecerá na memória não somente do povo venezuelano, mas também dos povos de Nuestra América e isto deve orgulhar aos revolucionários, por dolorosa e dura que seja sua partida, e pelas difíceis e incertas que sejam as lutas que se avizinham. Enquanto isso, todos os seus detratores e seus inimigos do capitalismo e do imperialismo, entre esses muitos pigmeus morais e insignificantes indivíduos que se desempenham como presidentes de muitos países – representantes incondicionais dos exploradores e das classes dominantes – não ficarão sequer no cesto de lixo da história e mais rápido do que previsto serão esquecidos.
Porque, como disse com intensidade César Vallejo em seu vibrante poema Masa, que parafraseamos: “Não morras comandante, te queremos tanto”, e cujo belo texto é uma alegoria da maneira como a memória do revolucionário Hugo Chávez permanecerá em Nuestra América:
Ao fim da batalha,
e morto o combatente, veio para ele um homem
e lhe disse: “Não morras, te amo tanto!”
Porém o cadáver, ai!, seguiu morrendo.
Dois dele se aproximaram e repetiram:
“Não nos deixes! Coragem! Volte à vida!”
Porém o cadáver, ai!, seguiu morrendo.
Acorreram a ele vinte, cem, mil, quinhentos mil,
clamando: “Tanto amor, e não poder nada contra a morte!”
Porém o cadáver, ai!, seguiu morrendo.
Cercaram-no milhões de indivíduos,
com uma súplica comum: “Fica, irmão!”
Porém o cadáver, ai!, seguiu morrendo.
Então, todos os homens da Terra
cercaram-no; viu-lhes, o cadáver, triste, emocionado;
incorpora-se lentamente
abraçou o primeiro homem; lançou-se a andar...
(*) Renán Vega Cantor é historiador. Professor titular da Universidad Pedagógica Nacional, de Bogotá, Colômbia. Autor e compilador dos livros Marx y el siglo XXI (2 volúmenes), Editorial Pensamiento Crítico, Bogotá, 1998-1999; Gente muy Rebelde, (4 volúmenes), Editorial Pensamiento Crítico, Bogotá, 2002; Neoliberalismo: mito y realidad; El Caos Planetario, Ediciones Herramienta, 1999; entre outros. Prêmio Libertador, Venezuela, 2008.
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