sábado, 28 de maio de 2016

Sugestão para o Dia dos Namorados!

No Dia dos Namorados,presenteie em versos.

http://www.literabooks.com.br/reflexoesemversos

A Cultura do Estupro

Todos nós, seres humanos ,somos em potencial,capazes de cometer atos errados.Mas a maioria de nós exerce o programa de valores que adquiriu ao longo de sua existência ,educação e formação.


30 seres humanos homens cometeram um ato perverso e felizmente, a vaidade e arrogância de um deles permitiu que o caso viesse à tona aqui, neste espaço tão ainda alvo de controvérsias mas que está trazendo informações em tempo real e assim podemos estar aqui( além das autoridades terem chance de ser mais céleres) manifestando todo o nosso repúdio.

Mas a rede social também promove a veiculação do ódio, da misoginia, do racismo ,do machismo,do feminismo,finalmente, de todas as ideias ou ideologias que fervilham nas mentes. E nos coletivos,movimentos sociais,manifestações de ruas,etc...

Então trazemos aqui o tema Cultura do Estupro ,que não é uma lenda, uma criação feminista como andam escrevendo por aqui,é uma realidade concreta e objetiva.

A sociedade julga as pessoas pelo que elas vestem, como se comportam, por seus atos.E principalmente, no caso da mulher, ainda há homens e mulheres que pensam que a roupa que a mulher está usando, sua ousadia na interação com os demais, sua irreverencia, sua alegria, sua espontaneidade, são convites ao estupro.então é que está em pleno exercício a cultura do Estupro pois, infelizmente ainda se escuta: " mas, olha a forma como ela se veste,como ela se comporta,tá pedindo,tá provocando"

E há inúmeras mulheres que se posicionam assim, o que é uma barbaridade tripla.

A respeito disso,chamou-me mais a atenção o que alguém escreveu sobre "as meninas de hoje que cantam e dançam:Lapada na Rachada; Xoxota no Chão; BicicRetinha,Toma, Puta, entre outras, e que ao dançarem e cantarem elas reforçam a cultura da vulgaridade, e se tornam mais vulneráveis, na presença desses doentes". Ele(a) sugere que devem discernir e atentar para a abusiva erotização de ambientes, ante a cultura machista e de dominação.e não reforçar a cultura da vulgaridade.

Sou mulher, mãe de filha e filhos, avó de netos e netas .Da mesma forma como penso que todo homem não é um estuprador em potencial também penso que minha filha( também mãe de filha) e minhas netas têm o direito a sua individualidade, a suas preferencias de roupas, musicas, divertimentos desde que não interfiram nas escolhas dos outros e outras.E que meus filhos(pais de filhas) tem de respeitar isso.Nunca tive problemas quanto a isso e eles e elas não me decepcionam.

Vale ressaltar aqui e após ler tantas postagens nesse sentido, que ver em cada homem um estuprador em potencial é irracional. Nós mulheres, as principais vítimas desse crime hediondo,somos mães de homens e tivemos nossos filhos e filhas em parceria com homens. . 30 seres humanos homens perversos não é a regra,é a exceção e não podemos hostilizar ou demonizar cada homem pelo hediondo crime de 30.

E com relação à opinião d(a)o internauta, eu penso que o que não aceitamos ou concordamos porque pensamos prejudicial e que pode inclusive provocar uma agressão, fatal ou não,podemos tentar transformar sem ignorar que os outros também pensam que estão fazendo e pensando da forma ideal. Não podemos impor o que nós achamos ser o certo.Há maneiras de chegar a consensos porque somos dotados da consciência e capacidade para analisar nossos atos, executar nossas tarefas, planejar nossas atividades e colocá-las em prática. Através de nossa inteligência e capacitação, lidamos com o emocional e o físico e as realidades materiais e imateriais:a verdade, o tempo, o espaço, o bem, a virtude etc.

Nossas diferenças confrontam-se todo o tempo mas através da razão é que encontramos o ponto em comum.

Então,a meu ver, o (a)autor(a) desse comentário,apesar de crer que está polemizando, na verdade está justificando um ato anti social ,não pelos transtornos mentais do autor(doentes,como ele mesmo refere) mas pelo modo subjetivo de ser da agredida. Ou seja. esta sugerindo que a agredida PROVOCOU a agressão. Então não sairemos mais nas ruas com nosso veiculo porque estamos provocando assaltos.É esse tipo de mentalidade que caracteriza a cultura do estupro ou seja culpar a vitima pelo crime que alguém cometeu contra ela. 

Pode até não ter sido a intenção d(a)o internauta justificar o crime ,mas, na rede social um postagem veicula em frações de segundo e a essa altura inúmeros que pensam igual encontram eco. Danças.a letras de musicas, roupas são .atividades e instrumentos sociais que temos liberdade individual de escolher. E essa escolha não pode e nem deve justificar qualquer ato agressivo.

No âmbito do Direito,vários estudiosos se ocupam da Vitimologia e defendem que esses estudos são em função de uma punição mais justa ao autor do fato quando for comprovado um comportamento inadequado e instigador por parte da vítima. 

Esses estudos feito por pessoas da área legal talvez alimentem a cultura do estupro e aí as pessoas se sentem fortalecidas em terem esse tipo de pensamento quanto à vítima.i

Como boa internauta,estudiosa fui pesquisar e encontrei esse artigo sobre Vitimologia ,apesar de ser à luz do Direito mas nada pode ser analisado sem suas implicações sociais e emocionais.
Destaquei o trecho:
Conceito de Vitimodogmática
É o ramo da Vitimologia que estuda a participação da vítima no crime, analisando a real contribuição desta no fato.
Por meio desses estudos se percebeu que a vítima não pode mais ser tratada como um ser inerte face ao crime, pois ela interage com o seu agressor, e, em alguns casos, cria situações de risco para si própria, influenciado no resultado danoso.
Na prática penal, esse enfoque vitimodgmático tem grande relevância, pois é dele que se originam institutos como o consentimento do ofendido, a concorrência de culpas e a provocação da vítima.( fontehttp://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php…
Esses estudos podem levar a uma falsa ideia de existência de uma co-culpabilização do lesado diante de um fato criminoso, mas o que realmente se visa é uma punição mais justa ao autor do fato quando se for comprovado um comportamento inadequado e instigador por parte da vítima.”

A meu ver e não invalidando e nem denegrindo os estudos feitos, mas é possível que as pessoas extremamente conservadoras, o(a)s fascistas,misógino(a)s se sintam a vontade para expressar seus pensamentos .

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Comunicado Conjunto #70

 As delegações do Governo Nacional e das FARC-EP chegamos a um “Acordo sobre a saída de menores de 15 anos dos acampamentos das FARC-EP e compromisso com a elaboração de uma folha de rota para a saída de todos os demais membros menores de idade e um programa integral especial para sua atenção”.
No marco do fim do conflito, a proteção integral dos direitos dos meninos, das meninas e dos adolescentes [adiante menores de idade] vinculados ao conflito armado é um propósito compartilhado pelo Governo Nacional e as FARC-EP. Como uma medida de construção de confiança e com a finalidade de dar uns primeiros passos que contribuam para a saída progressiva dos menores de idade dos acampamentos das FARC-EP e a garantir seus direitos econômicos, sociais e culturais assim como seus direitos civis e cidadãos, o Governo Nacional e as FARC-EP alcançamos um acordo sobre a saída dos menores de 15 anos dos acampamentos das FARC-EP e um compromisso com a elaboração de uma folha de rota para a saída de todos os demais menores de idade e um programa integral especial para sua atenção, conforme ao seguinte:
Princípios orientadores que serão de aplicação aos menores de idade objeto deste acordo

  1. Interesse superior do menino, da menina e do adolescente
  2. Reconhecimento de direitos
  3. Reconhecimento dos direitos cidadãos aos menores de idade e seu direito a participar nas decisões que os afetam
  4. Reconhecimento de sua condição de vítima do conflito
  5. Respeito à dignidade e privacidade dos menores de idade
  6. Garantias para a proteção integral dos menores de idade, incluídas as garantias de segurança
  7. Participação dos menores de idade na execução do programa elaborado para sua atenção e respeito a seu ponto de vista
  8. Priorização da reintegração familiar e comunitária, em suas próprias comunidades ou em comunidades culturalmente similares, na medida do possível e no menor tempo possível, sempre tendo em conta os princípios a e c
  9. Enfoque diferenciado, de gênero, étnico e etário, com especial atenção aos direitos das meninas
  10. Caráter humanitário das medidas de construção de confiança: as medidas e programas aqui contidos terão um caráter estritamente humanitário



  1. Tratamento Legal:
Os menores de 14 anos, em nenhum caso podem ser declarados penalmente responsáveis. Aos menores de idade de 14 a 18 anos que saiam dos acampamentos das FARC-EP em cumprimento destas medidas de construção de confiança se lhes aplicará o benefício do indulto pela rebelião e delitos conexos quando não haja impedimento nas leis colombianas. Em relação aos menores de idade que estiveram processados ou condenados pela comissão de delitos não anistiáveis ou indultáveis, numa fase posterior se estudará sua situação.
Após a firma do Acordo Final, o Governo Nacional se compromete a tramitar as medidas necessárias para que todos os menores de idade que tenham saído ou vão sair dos acampamentos das FARC-EP e que se encontrem processados ou condenados por delitos não anistiáveis ou indultáveis fiquem à disposição da Jurisdição Especial para a Paz para examinar suas responsabilidades.
Qualquer atuação ante as autoridades judiciais se realizará por intermédio de advogados de confiança e evitando a intervenção direta dos menores de idade de que tratam estas medidas.
As FARC-EP se comprometem a implementar completa e efetivamente as seguintes medidas:
  1. Continuar cumprindo sua decisão de pôr fim ao recrutamento de menores de 18 anos
  2. Entregar a informação disponível sobre os menores de 15 anos que sairão proximamente dos acampamentos, no marco das medidas de construção de confiança
  3. Proceder à saída dos menores de 15 anos dos acampamentos das FARC-EP tão logo se acorde o protocolo e o plano transitório de acolhida, conforme o estabelecido neste acordo
  4. Tomar as medidas a seu alcance para garantir a saída progressiva de todos os menores de idade que se encontram nos acampamentos das FARC-EP para o qual o Governo e as FARC-EP trabalharão uma folha de rota
  5. Contribuir para a identificação de todos os menores de idade nos acampamentos das FARC-EP, com a finalidade de que recebam o necessário apoio e acompanhamento no processo de saída e participem no programa especial de garantia de direitos que se acorde para eles
  6. Informar sobre estas medidas às unidades guerrilheiras



O Governo Nacional, por sua parte, se compromete a:
Conformar uma mesa técnica liderada pela Defensoria do Povo e Conselheiria de Direitos Humanos da Presidência da República, que poderá pedir a presença na qualidade de convidados de outras entidades, e com a participação do CICV, UNICEF, OIM e três organizações sociais ou especializadas escolhidas pela Mesa, a fim de que:
  1. Nos próximos 15 dias elabore e apresente à Mesa de Conversações uma proposta de protocolo para a saída dos menores de 15 anos dos acampamentos das FARC-EP no marco das medidas de construção de confiança, e um plano transitório de acolhida para a garantia de seus direitos, conforme o estabelecido neste acordo
  2. Elabore a apresente nos próximos 30 dias uma proposta para sua discussão e aprovação na Mesa de Conversações de um programa integral especial para todos os menores de idade de que trata este acordo, com vistas a garantir a restituição de seus direitos
  3. Garantir e proteger os direitos dos menores de idade objeto deste acordo
Para a elaboração da proposta de Plano Transitório e do Programa Especial, ademais dos princípios enunciados, se levará em conta os seguintes lineamentos:
  1. Priorização da reintegração familiar e comunitária, em suas próprias comunidades ou em comunidades culturalmente similares, na medida do possível e no menor tempo possível, sempre tendo em conta a opinião e o interesse superior do menor de idade
  1. Atenção em saúde
  1. Educação para os menores de idade [básica, média, técnica e tecnológica, e bolsas e facilidades de acesso à educação universitária para os que alcancem e desejem ter acesso ao referido nível acadêmico]
  1. Garantia de inclusão de suas famílias na oferta estatal e de cooperação internacional de projetos produtivos e de moradia digna, para contribuir com a sua estabilização social
  1. Participação ativa das comunidades no Programa
  1. No Programa se incluirão todos os menores de 18 anos que saíram ou que saiam dos acampamentos das FARC-EP, incluindo os que saíram nos últimos meses em cumprimento da decisão das FARC-EP de 12 de fevereiro de 2015, os três menores que foram entregues ao CICV em 4 de maio de 2014 e os dois menores indígenas entregues ao CICV no Cauca a 20 de fevereiro de 2015
5. Mecanismo de acompanhamento:
Acordamos solicitar ao UNICEF e a OIM que acompanhem o cumprimento dos compromisos adquiridos no marco destas medidas iniciais.
Convidamos ao Escritório da Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Questão das Crianças e dos Conflitos Armados, ao Centro Carter, Chamamento de Genebra e a três organizações sociais ou especializadas escolhidas pela Mesa a apoiar, acompanhar e/ou fazer vedoria às medidas aqui acordadas.
As delegações do Governo Nacional e as FARC-EP agradecemos o apoio da Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Questão das Crianças e dos Conflitos Armados, Sra. Leila Zerrouqui, e do UNICEF Colômbia para poder alcançar este acordo.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Crimes de Maio 'deram certo', por isso seguem ocorrendo, diz mãe de vítima

Mães de Maio aguardam há anos por respostas de pedidos de reabertura das investigações, federalização das apurações e análise do Conselho Nacional do Ministério Público
 
por Rodrigo Gomes, da RBA publicado 10/05/2016 09:07, última modificação 10/05/2016 10:09
 
São Paulo – Completam dez anos nesta semana os chamados Crimes de Maio, quando, oficialmente, 505 pessoas foram assassinadas entre os dias 12 e 20 daquele mês, em 2006, durante ação para o "restabelecimento da ordem" realizada pelas polícias Militar e Civil paulistas, após os atentados cometidos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Desde então, familiares de vítimas organizados no movimento Mães de Maio reivindicam a investigação de cerca de 600 mortes e outros tantos desaparecimentos, a punição dos executores e a desmilitarização das polícias. "Se isso não for esclarecido, vamos ter 'crimes de maio' ano após ano", afirma Débora Maria Silva, coordenadora do movimento.
"Eu acho que qualquer profissional que investigasse de verdade os Crimes de Maio chegaria a resultados. Mas nada é investigado. Não teve perícia. Anos depois fizeram a exumação do corpo do meu filho e encontraram uma bala na coluna dele", relata Débora. O filho dela, o gari Edson Rogério da Silva, foi morto em 16 de maio de 2006, a alguns metros de casa. O caso foi arquivado a pedido do Ministério Público (MP). "Em uma semana mataram mais do que em um ano inteiro. Mas os casos foram todos arquivados sem nenhuma explicação. Com uma canetada, o MP e a Justiça matam dez vezes", completou.
Neste tempo, as Mães de Maio realizaram várias ações pra reabrir os casos, sem sucesso. Feito em 2010, o pedido de federalização dos crimes está engavetado na Procuradoria-Geral da República. O procedimento é utilizado quando um órgão estadual se mostra incompetente para dar seguimento a um processo. E colocaria a Polícia Federal para realizar as investigações. "Houve omissão do governo federal. Foi oferecida a Guarda Nacional (para intervir na sucessão de atentados do PCC) em 2006, mas o governo de São Paulo recusou. Depois ocorreram centenas de mortes e o governo federal não viu?", questionou Débora.
Em 2014, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República criou uma comissão especial para analisar os crimes de maio. E cobrou esclarecimentos da Secretaria da Segurança Pública (SSP) Paulista.

"Não esclarecido"

No relatório de 600 páginas, com documentos de todas as seccionais da Polícia Civil, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) reafirmou que não acreditava que tenham ocorrido abusos, criticou a atuação do órgão federal e defendeu que não havia motivo para reabrir uma investigação arquivada pela Justiça. Além disso, supostos autores de ataques a policiais foram encontrados. Mas, entre as vítimas civis, a resposta recorrente foi de "crime não foi esclarecido".
Em abril do ano passado, o Conselho Nacional do Ministério Público realizou audiência na sede do Ministério Público Estadual paulista para ouvir os relatos das Mães de Maio. O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais do conselho, Jarbas Soares Júnior, e o então procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, estavam presentes e receberam o pedido delas para reabrir os casos.
A previsão era de que até agosto de 2015 o conselho apresentaria um relatório recomendando, ou não, a reabertura das investigações. Até hoje não há previsão de quando o relatório será divulgado.
Sem perspectiva dentro do Brasil, as Mães de Maio passaram a procurar ajuda fora do país. Com apoio do Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria, os familiares de vítimas denunciaram o Brasil à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Na denúncia, destacam que grupos de extermínio formados por policiais militares assassinaram centenas de pessoas no Estado, na maioria pardos e negros, e nenhum dos casos foi investigado. A ação, no entanto, pode levar até dez anos para produzir resultados.
"O que aconteceu em 2006 foi crime de lesa-humanidade. Não poderia nunca ser arquivado. Se tivesse havido punição, não teríamos mães enterrando filhos vítimas do Estado todos os dias do ano", disse Débora.
E essa é justamente a avaliação do jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP) Bruno Paes Manso, para quem o modus operandi pouco mudou em 30 anos, mas teve uma evolução a partir de 2006. "Quando foram atacados os policiais se vingaram promovendo uma ação de extermínio. A impunidade, a sensação de vulnerabilidade do policial, o corporativismo e a falta de ação das autoridades deu vazão para esse tipo de 'solução'. E permite que continue ocorrendo", afirmou.
Paes Manso lembrou que os antigos "esquadrões da morte" nasceram por vingança, após o assassinato de um agente. E isso agora é a prática recorrente. O pesquisador listou ao menos dez chacinas ocorridas desde 2010 que tiveram como fato gerador a morte de um policial. E ressaltou que já não é só em São Paulo, mas por todo o nordeste e também no Amazonas e no Paraná.
A mais recente foi a chacina ocorrida nas cidades de Osasco e Barueri, região metropolitana de São Paulo, em que 19 pessoas foram executadas em pouco mais de duas horas. As ações ocorreram após os assassinatos de um policial militar e de um guarda-civil. Cinco policiais e um guarda-civil foram detidos durante as investigações. Todos acabaram soltos quatro meses depois e não há previsão de julgamento para o caso.
Para Paes Manso, em vez de intimidar, a violência policial piorou a situação, levando a perda de controle do comando sobre a tropa e aumento da violência também dos grupos criminosos. "Isso é evidente no Rio de Janeiro com as milícias. Deixa o assassinato ocorrer impunemente. Depois de matar, o cara vai prestar segurança para boca de fumo ou para roubo de carga. Quando se vê, já é um soldado do crime."

Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2016/05/crimes-de-maio-deram-certo-por-isso-seguem-ocorrendo-diz-familiar-de-vitima-5800.html

Estudantes paulistas unificam luta e afirmam que 'não estão de brincadeira'

Em protesto contra os cortes no orçamento da educação feitos pelo governo Alckmin e reivindicando investigação e punição da máfia da merenda, secundaristas pararam hoje (10) o centro de São Paulo
           
 
por Redação RBA publicado 10/05/2016 14:42, última modificação 10/05/2016 17:01
 
 
São Paulo – "Queremos mostrar para o Estado que a gente não está de brincadeira. Aqui reivindicamos uma coisa digna e o governador tem que se ligar. Nos não negociamos, temos as pautas claras: queremos merenda", disse um estudante identificado apenas como João. Assim os estudantes concluíram a mobilização de hoje (10) que marcou a união de secundaristas das escolas estaduais regulares e das escolas técnicas (Etecs), em torno de uma pauta comum: investigação e punição da máfia da merenda, oferta de alimentação de qualidade nas unidades escolares da rede pública estadual e fim dos cortes de verbas nas escolas administradas pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB).
Os secundaristas também reivindicam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa paulista para investigar a máfia da merenda, esquema de superfaturamento contratos de fornecimento de alimentação nas escolas, na qual estaria envolvido o presidente da Casa, deputado Fernando Capez (PSDB). E que as escolas que não puderem dispor de refeitório ofereçam vale-refeição ou marmita. O ato contou com a participação de professores da rede estadual.
Para os protestos de hoje, o grupo saiu do Parque da Luz, na região central da capital paulista e passou pela sede do Centro Paula Souza, que administra as Etecs e ficou cinco dias ocupado na última semana. Depois tomaram o sentido norte da Avenida Prestes Maia, passaram em frente ao Batalhão das Rota, onde protestaram contra a violência policial. Dali seguiram em passeata até a Etec Parque da Juventude, no Carandiru, zona norte da cidade. Com pouca presença policial, o ato seguiu sem incidentes de violência.
Mais cedo, um grupo de estudantes das Escolas Estaduais João XXIII, Emygdio de Barros e Virgília Rodrigues Alves de Carvalho travou a Rodovia Raposo Tavares. A PM reprimiu o protesto com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Os estudantes se dirigiram em seguida para o ato no Parque da Luz.
Na semana passada, os secundaristas ocuparam a Assembleia e a sede do Paula Souza. Na assembleia, após ameaça de multa de R$ 30 mil por ocupante por dia determinada pelo judiciário paulista, os estudantes deixaram o local. No Paula Souza eles foram expulsos pela Polícia Militar em ação de reintegração de posse.
Após a saída, o governo Alckmin anunciou que até agosto vai regularizar a oferta de merenda, com a contratação de uma empresa para fornecer marmitex aos alunos que estudam em período integral.
Até agora são 18 Etecs ocupadas, além de quatro escolas estaduais e três diretorias de ensino. Ontem (9), a Etec Geraldo José Rodrigues Alckmin, em Taubaté, na região do Vale do Paraíba, se tornou a primeira unidade do interior a ser ocupada por estudantes.
Assista ao documentário Desobedientes, do produtor independente Lucas Duarte de Souza, em que capta momentos antes, durante e depois do processo de reintegração de posse do Centro Paula Souza.

Fonte:http://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2016/05/estudantes-paulistas-unificam-luta-e-afirmam-que-nao-estao-de-brincadeira-6041.html
 

Cartilha para refugiados previne exploração no trabalho

 
     
 
Desconhecimento da língua e da cultura local colocam imigrantes em situação de vulnerabilidade e risco de abuso nas relações de trabalho
por Redação RBA publicado 10/05/2016 09:40, última modificação 10/05/2016 10:09      
 
São Paulo – Quem procura emprego precisa de informações seguras e confiáveis. Para os refugiados, a situação se torna ainda mais complexa. Na tentativa de evitar constrangimentos e situações ilegais de trabalho, a Cáritas e o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) lançaram uma cartilha para orientar o trabalhador refugiado.
"Eles podem ser assediados, eles podem ser levados a trabalhar de uma maneira sem qualquer proteção, com uma exploração absurda, porque eles não têm noção de como funciona a lei brasileira, de como funciona o sistema brasileiro", explica a procuradora do MPT-RJ Juliana Mombelli, em entrevista à repórter Marina Vianna, para o Seu Jornal, da TVT.
No Brasil, são mais de 8 mil refugiados, a maioria vinda da Síria, país que vive uma guerra civil desde 2011. Grande parte dessas pessoas possui uma grande dificuldade para encontrar emprego e desconhece seus direitos.
"Essa cartilha contém todos os direitos trabalhistas que a lei brasileira garante aos trabalhadores refugiados, que são os mesmos dos trabalhadores brasileiros, e também orientações de cunho social, por exemplo, de como se comportar numa entrevista de emprego, até mesmo que tipo de roupa usar, porque às vezes a cultura é completamente diferente, e eles não têm noção de como devem proceder no país", afirma Juliana.
A Cáritas, ligada à Arquidiocese do Rio de Janeiro, há tempos desenvolve um trabalho de apoio aos refugiados e a cartilha é apenas um deles, como explica Aline Thuller, que integra a organização. "É um trabalho que se inicia na cartilha, mas a gente não termina nele. A gente trabalha com um grupo de orientação sobre o mercado de trabalho. A gente tem advogados, psicólogos e assistentes sociais que trabalham nesses espaços fazendo orientação sobre direitos trabalhistas no Brasil."

 
 
 
 

O golpe, a resistência e o risco de isolamento da esquerda

 
 
por Rodrigo Vianna, na Fórum publicado 11/05/2016 09:25
 
Está claro que o governo golpista de Michel Temer começa frágil. Primeiro, porque os personagens que o cercam têm imagem péssima e capivaras gigantes na Justiça. E, em segundo lugar, porque o vice golpista colocará em ação um plano ultra-liberal, na linha do adotado por Macri na Argentina; só que fará isso sem ter recebido o aval das urnas.
Esse plano provocará desarranjo social, instabilidade, fragilizará os trabalhadores e os mais pobres. Já sabemos disso. Mas o povo que assiste a tudo, desconfiado, ainda não se deu conta.
Ouço algumas pessoas, ligadas aos movimentos sociais e a partidos de esquerda, dizendo que esse quadro favorece uma reação imediata nas ruas – para deslegitimar Temer. Minha impressão é de que, bem ao contrário, Temer conta com essas ações (fechamento de ruas e estradas, ocupações de prédios públicos e propriedades privadas) para construir a legitimidade de que necessita.
O que quero dizer? Que a narrativa buscada pelo governo Temer será a de que “baderneiros” ligados ao PT buscam obstaculizar a nova “unidade nacional”. As ações de rua da esquerda, quanto mais virulentas forem, mais fornecerão a Temer o álibi de que necessita: “temos um inimigo, uma quadrilha que foi desalojada do poder e que se recusa a aceitar a derrota”. Essa será a narrativa. A Globo e suas sócias minoritárias no oligopólio midiático saberão construir essa narrativa. Já começaram, aliás.
No Judiciário e no aparato de Estado, veremos ações de repressão, intimidação, perseguição. Caminhamos para uma semi-democracia. Ou uma quase-ditadura – no estilo colombiano: as instituições funcionam, mas a esquerda e os movimentos populares organizados são expurgados.
Reparem que o secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre de Morais, cotado para ser Ministro da Justiça do governo golpista, dá a senha: chamou de “ações guerrilheiras” os protestos desse dia 11 de maio.
Outros exemplos: a Policia Federal deteve um grupo de mulheres pró-Dilma que se dirigia a Brasília porque elas se manifestaram dentro do avião na viagem; e grupos fascistas invadiram escolas ocupadas no Rio para expurgar a esquerda que ousa protestar contra o descalabro da educação fluminense.
Isso é o que nos espera nos próximos meses. Um “choque de ordem”, baseado em abusos de autoridade e fascismo social.

Risco de isolamento

Pensei muito se deveria escrever este texto, porque poderia parecer uma nota de desânimo no momento em que é preciso resistir. Mas sinto-me na obrigação de dizer o que vejo: nos próximos meses, a esquerda e os democratas em geral ficarão minoritários. O maior risco que corremos é o de isolamento social.
A mesma máquina midiática que criou a narrativa (vitoriosa, pelo que vemos) de que uma organização criminosa tomou de assalto o país passará, a partir de agora, a operar em outro diapasão: a “quadrilha” de desordeiros não quer deixar o Brasil seguir seu curso.
Percebam que o 17 de abril (com a infame votação do “em nome da minha família”, “em nome de deus”) foi o dia em que se mostrou – sem véu – a ideologia hoje vitoriosa no Brasil. A ideologia da ordem. E essa narrativa foi meticulosamente construída…
Em março de 2015, no estouro da boiada da direita, vocês se lembram qual era a frase pronta repetida pelos repórteres da Globo ao cobrir as manifestações: “milhares de famílias, em ordem, protestam contra o governo do PT e contra a corrupção.”
Famílias em ordem x corrupção petista. Esse é o resumo da ópera.
O próprio lulismo, como já ressaltado por André Singer, opera dentro da ordem. Amplos setores que votaram em Lula e Dilma são conservadores. Queriam (e querem) melhorias dentro da ordem, até porque a liderança da classe trabalhadora lhes ofereceu esse programa.
Reparem que são relativamente pequenos os grupos que saíram às ruas nos últimos dias (em atos que considero heroicos e necessários) para denunciar o golpe Temer/Cunha/Globo/PSDB. Não há muita gente disposta a enfrentar o golpe na rua em ações “radicais”. Por enquanto, esse é o quadro.
Há setores na esquerda que apostam nessa estratégia: atos fortes, ainda que pequenos, para logo atrair as massas à resistência. Temo que esse tipo de ação esteja em completo desajuste com tudo que significou o lulismo nos últimos 15 anos. E temo que esse tipo de ação possa aprofundar o isolamento social da esquerda e dos movimentos sociais.
Será que a massa trabalhadora compreende essa sintaxe dos pneus queimados e das estradas fechadas?
Estou longe de ter a resposta definitiva.
O que percebo é que MST, CUT e demais centrais sindicais, ao lado de PT e PCdoB, são tudo que Temer e seus operadores da lei e da ordem querem ver nas ruas nos próximos meses. Será fácil carimbar essas manifestações como “desordens”, lançando esse povo no gueto dos “desesperados” e desalojados do poder.
O que não quer dizer, evidentemente, que devam se ausentar das ruas…
O melhor caminho para enfrentar o governo golpista, imagino eu, é apostar em ações descentralizadas, criativas, comandadas por jovens e mulheres. Ações que obriguem Temer e as PMs nos estados a botar seus dentes de fora. Ações pautadas em temas concretos, e que mostrem o que significará na vida prática de cada um esse golpe à democracia.
Teremos que fazer isso e ao mesmo tempo ter energia e muita solidariedade para enfrentar a onda de perseguições, difamações e violência que se abaterá sobre todo o campo popular e democrático.
Serão dias difíceis, como sabemos.
E talvez a maior de todas dificuldades seja: como defender o legado da (centro)esquerda que tivemos até aqui (o lulismo, com suas conquistas e sua sintaxe baseada nos acordos institucionais), ao mesmo tempo em que construímos uma nova esquerda – menos institucional, mais voltada às ruas, às redes e aos movimentos horizontais que pipocam Brasil afora?
Faremos isso tudo em meio a uma grave crise da democracia, com o discurso religioso e policialesco a dominar o cenário.
Qual papel de Dilma? E o de Lula?
Certamente são importantes, assim como o da Frente Brasil Popular e dos partidos e sindicatos. Mas isso tudo Temer e a Globo já botaram na conta. Vão partir pra cima dessa turma já conhecida.
O curinga na manga será a construção de novos movimentos sociais. Populares e de esquerda, mas não necessariamente “petistas”. É daí que poder vir a novidade mais consistente. Contra ela, toda a força e a virulência de Temer e das PM pode se transformar em fraqueza.
Esse é o cenário que vejo.
O Brasil entra num novo ciclo. Temer parece hoje ter pouca força pra se consolidar. Se errarmos muito, ele pode construir sua legitimidade a partir de nossos erros. Mas se o surpreendermos, toda força midiática e judicial não será capaz de evitar a construção (em 6 meses, 2 anos ou 10 anos) de um novo ciclo de esquerda no Brasil.
Haverá resistência! Agora e sempre. De muitas formas.

Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2016/05/o-golpe-a-resistencia-e-o-risco-de-isolamento-da-esquerda-5154.html

Síria : talvez a guerra limitada ?

 
Cada vez que o Exército Árabe Sírio bate os jiadistas, novos combatentes se infiltram, aos milhares, no país. Forçoso é constatar que esta guerra é alimentada do exterior, e que ela durará tanto, quanto, para aí se enviar combatentes para morrer. Assim sendo, será preciso compreender as razões externas que a fazem prosseguir sem parar. Então e só então, se poderá elaborar uma estratégia que poupe vidas.
| DAMASCO (SÍRIA)
 
 
A antiga «Rota da Seda» ligava o Irã à costa Síria, atravessando o Iraque e passando por Palmira. É geograficamente impossível abrir outras grandes vias de comunicação através do deserto. Por consequência, a cidade tornou-se o centro do jogo na guerra da Síria. Após ter sido ocupada durante um ano pelo Daesh(E.I.), ela foi libertada pelo Exército Árabe Sírio e acaba de acolher dois concertos, televisionados na Síria e na Rússia, para celebrar a vitória sobre o terrorismo.

Eis que há mais de cinco anos que a Síria está em guerra. Aqueles que apoiaram este conflito explicavam-no, à partida, pelo avançar das «primaveras árabes». Mas, hoje, mais ninguém mantêm este discurso. Simplesmente porque os governos saídos destas «primaveras» foram já derrubados. Longe de serem uma promoção democrática, estes acontecimentos eram apenas uma táctica de mudança de regimes laicos a favor dos Irmãos Muçulmanos.
Pretende-se agora que a «primavera» síria foi desviada por outras forças; que a «revolução» –-que nunca existiu— teria sido devorada por jihadistas bem reais.
Como o fez ressaltar o Presidente Vladimir Putin, em primeiro lugar o comportamento dos Ocidentais e dos países do Golfo é incoerente. É impossível, no campo de batalha, combater, ao mesmo tempo, tanto os jihadistas como a República e fingir tomar uma terceira posição. Ora, ninguém assumiu publicamente a sua escolha, de tal modo que a guerra prossegue.
A verdade é que esta guerra não tem nenhuma causa interna. É o fruto de um ambiente não regional, mas, antes global. Quando ela foi declarada pelo Congresso dos EUA, ao votar o Syrian Accountability Act (Lei de Responsabilização da Síria- ndT), em 2003, o objectivo de Dick Cheney era deitar a mão às gigantescas reservas de gaz do país. Sabe-se, hoje em dia, que o «pico petrolífero» do crude oil(petróleo bruto) não marca o fim do petróleo e que Washington vai, em breve, explorar outras formas de hidrocarbonetos no Golfo do México. O objetivo estratégico dos Estados Unidos mudou, portanto. Agora, é para travar o desenvolvimento econômico e político da China e da Rússia, forçando-as a comerciar exclusivamente pelas rotas marítimas controladas pelos seus porta-aviões.
Desde a sua chegada ao poder, em 2012, o Presidente Xi Jinping anunciou a intenção do seu país de superar esta limitação e construir duas rotas comerciais continentais em direcção à União Europeia. A primeira, sobre o antigo traçado da Rota da Seda, a segunda via Rússia até à Alemanha. De imediato dois conflitos surgiram: primeiramente a guerra na Síria não teve, nunca, como objetivo mudar o regime, mas criar o caos, enquanto o mesmo caos se instalava, sem outra razão, na Ucrânia. Depois, a Bielorrússia aproximou-se da Turquia e dos Estados Unidos, estendendo ao Norte a divisão da Europa em duas. Assim, estes dois conflitos, sem fim, cortam as duas Rotas.
A boa nova, é que ninguém pode negociar uma vitória na Ucrânia contra uma derrota na Síria, uma vez que as duas guerras têm o mesmo objectivo. A má notícia, é que o caos continuará, em ambas as frentes, enquanto a China e a Rússia não conseguirem construir um outro eixo de comunicação.
Por consequência, não há nada a esperar de uma negociação com pessoas que são pagas para fazer durar o conflito. Mais valia fazer prova de pragmatismo, aceitar a ideia que estas guerras não são mais do que meios para Washington cortar as Rotas da Seda. Só nessa altura será possível desenovelar os muitos interesses em jogo, e estabilizar todas as áreas habitadas.
Thierry Meyssan  Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación(Monte Ávila Editores, 2008).
Tradução  Alva

segunda-feira, 9 de maio de 2016

“Impeachment tem o cofre e o cérebro fora do País”,

 
Por Marcello Antunes
O ex-presidente da OAB, Marcello Lavenère, que foi um dos advogados que assinou a denúncia com pedido do impeachment contra o ex-presidente Fernando Collor, afirmou nesta terça-feira (3) que o “cérebro” da armação do impedimento sem crime de responsabilidade da presidenta Dilma Rousseff está fora do País, não está na Fiesp ou atrás dela. Segundo ele, o impeachment não é contra um presidente, como foi no caso do Collor, mas sim contra a redução das desigualdades sociais, contra o aumento da renda a valorização do salário mínimo e todas as conquistas dos últimos treze anos – mas também contra a independência da política externa brasileira. Em sua apresentação na comissão especial que avalia o impeachment gestado por Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados, Lavenère apontou as disparidades entre o que ocorreu com Collor, onde havia crime, e o que está acontecendo com Dilma, onde se tenta criar um crime para afastá-la.
“Ficou comprovado que o ex-presidente praticava improbidade, que recebia dinheiro em suas contas. Foi um presidente que ofendeu o decoro. Hoje, o impeachment não atinge a presidenta Dilma. O que está se tentando é acabar, aniquilar um projeto de futuro, o projeto de inclusão, um projeto que tornou nosso País mais soberano”, afirmou.
Marcello Lavenère disse que cresce a cada dia, dentro e fora do Brasil, o entendimento de que a construção do golpe, arquitetada pela oposição, com PSDB e DEM à frente, comandados por Eduardo Cunha, e pelo vice-presidente, Michel Temer, não conseguirá enganar o povo por muito tempo. Mesmo tendo apoio da mídia, ninguém consegue mostrar que Dilma cometeu crime de responsabilidade, pois o enredo de narrativa criado a partir da denúncia com base em mudanças de entendimento do TCU sobre decreto de crédito suplementar e do plano safra é insustentável.
“Não acredito que senadores e senadoras, consciente e sinceramente, digam que pedalada fiscal, plano safra e decreto de abertura de crédito constituam crimes do tipo que toda a doutrina internacional, americana, brasileira, estrangeira considera como os únicos crimes que podem causar um processo de impeachment”, afirmou.
Para o advogado, a posição que está sendo tomada no ponto extremo ao propor o afastamento da presidenta se parece muito com um médico que prescreve quimioterapia pesada para quem se apresenta com um corte nas mãos. “A dose pode matar o paciente. Tem efeitos colaterais terríveis que nenhum médico recomendaria uma quimioterapia pesada para quem não padecesse de nenhum mal exatamente da mesma natureza. Não há crime algum a justificar o afastamento da presidenta da República”, observou. Lavenère acrescentou que “os que perderam as eleições disseram ‘essa senhora não pode ser eleita; e, se for eleita, não pode tomar posse; e, se tomar posse, não pode governar’".
Segundo ele, o que está em curso é a morte política de um projeto de futuro. “É a morte política de um projeto que, pela primeira vez na história desse País, em 500 anos, se volta para os mais pobres, se volta para um projeto de inclusão, aplicada a pena de morte política não só à presidenta Dilma, não só a seus correligionários. Estão aplicando a pena de morte aos sonhos de um País”, salientou para, em seguida, arrematar: “as nuvens que pesam no horizonte são muito negras”.

Chega de golpes na América Latina

Argentino Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1980, alerta que a situação que o Brasil vive hoje afeta a todos os povos da região; "A oposição aponta contra Dilma procedimentos contábeis já praticados por governos anteriores, e inclusive por muitos dos acusadores da presidente. Trata-se de uma situação semelhante aos golpes brancos que já vimos recentemente em Honduras e no Paraguai"; segundo ele, as organizações sociais brasileiras resistem com esperança, pois sabem que a luta é justa: "Elas contam com a solidariedade de várias entidades internacionais. Não queremos mais golpes de Estado na América Latina"
9 de Maio de 2016 às 06:17

247 - O argentino Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1980, defendeu novamente o mandato da presidente Dilma Rousseff contra o golpe em curso no Congresso. Ele alerta que a situação que o Brasil vive hoje afeta a todos os povos da região: "As organizações sociais brasileiras resistem com esperança, pois sabem que a luta é justa. Elas contam com a solidariedade de várias entidades internacionais. Não queremos mais golpes de Estado na América Latina", disse.
Leia no artigo abaixo: 
Chega de golpes na América Latina

A democracia, cuja conquista nos custou tanto, está novamente em risco na América Latina. A situação que o Brasil vive hoje afeta a todos os povos da região.
Em minha passagem recente pelo Brasil, reuni-me com a presidente Dilma Rousseff para oferecer meu apoio e o de muitas organizações, dado que a oposição no Congresso procura destituí-la do cargo, que ela assumiu pelo voto majoritário, por meio de impeachment baseado em um delito inexistente.
A oposição aponta contra Dilma procedimentos contábeis já praticados por governos anteriores, e inclusive por muitos dos acusadores da presidente.
Trata-se de uma situação semelhante aos golpes brancos que já vimos recentemente em Honduras e no Paraguai. Todos motivados por procedimentos ilegais para violentar a vontade popular, com um aumento da repressão e das políticas contra o povo.
Há, por trás desse processo de destituição, um projeto econômico explícito de maior dependência, privatização e desnacionalização.
Provável futuro presidente da República, Michel Temer já manifestou sua intenção de impor ao Brasil políticas econômicas contrárias às escolhidas pelos eleitores, como privatizar tudo o que for possível da infraestrutura do país e reduzir as políticas sociais das quais dependem os setores mais vulneráveis.
O Senado Federal do Brasil convidou-me cordialmente a oferecer uma mensagem na sessão do dia 28 de abril, e ali transmiti minhas saudações e a preocupação com a possibilidade de um golpe de Estado no Brasil. Lamentavelmente, a resposta dos senadores da oposição não foi levantar dúvidas sobre o processo que promovem, mas pedir que as palavras "possível golpe", contidas em minha breve mensagem, fossem cortadas da versão estenografada.
Após a sessão, tivemos um encontro com dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que nos manifestou sua preocupação com a situação do país, com o aumento do ódio, da intolerância e da descrença na política e na institucionalidade.
Steiner mostrou-se também aflito com a atitude da direção política opositora, que, na sessão da Câmara dos Deputados que aprovou o impeachment, permitiu que parlamentares fizessem apologia da ditadura e da tortura, sem sofrerem qualquer reprimenda. Ele teme que o clima exaltado das ruas transcenda os limites do respeito.
Por sua parte, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, de maneira muito respeitosa, transmitiu-nos sua inquietação diante de uma crise política de tal magnitude, que não se imaginava mais possível após a redemocratização do Brasil.
Encerrei minha visita compartilhando o Dia do Trabalho com os movimentos sociais que lutam para defender os direitos de nossos povos à terra, ao teto, ao trabalho e à democracia. A ansiedade desses grupos não é pouca, levando em conta que os deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária já estão pedindo a Temer que use as Forças Armadas para reprimir protestos sociais e desalojar assentamentos rurais e indígenas.
As organizações sociais brasileiras resistem com esperança, pois sabem que a luta é justa. Elas contam com a solidariedade de várias entidades internacionais. Não queremos mais golpes de Estado na América Latina.Chega de golpes na América Latina
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