segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma estória do cotidiano

Por Ninféia G

Uma pessoa amiga vai ter que ir embora de sua cidade natal, por causa de um homem, seu ex-companheiro, que acha que porque um dia ele e ela sentiram atração um pelo outro, se relacionaram, foram viver juntos, tiveram um filho, ela é propriedade dele e o que é pior, para sempre.

Eles não estão mais juntos há alguns meses, porque depois de algum tempo não foi mais possível, a ela, conviver com ele devido ao seu comportamento agressivo e violento.

Felizmente, a Lei Maria da Penha, foi bem eficiente.

Vejam o que aconteceu:

Ele foi buscar o filho para sair e minha amiga acabou indo junto. Entretanto, como ele quer por todo jeito que ela volte ao convívio dele e ela não quer de jeito nenhum, começou a destratá-la, ofendê-la moralmente; ela então disse que queria sair do carro( eles estavam em um veículo recentemente adquirido pro ele). E quando ele parou o veículo e ela tentou descer com a criança, ele não permitiu, a criança acabou se machucando; nessa contenda toda uma pessoa que estava na via pública (uma mulher) não gostou do que estava presenciando e chamou a policia, que chegou e prendeu o sujeito em flagrante. Diante do Delegado ele assinou um termo se comprometendo a não chegar próximo da ex mulher .

Vemos muito isso nos filmes estadunidenses, mas, aqui, parece coisa do outro mundo. Mas, aconteceu. Em plena via pública, em um bairro de subúrbio.

A mãe de minha amiga, não satisfeita apenas com esse termo de compromisso e por já conhecer a natureza agressiva, violenta, machista do ex-genro, uma vez que ele morou em sua casa com a minha amiga e ela mesma presenciou seus desmandos para com sua filha, resolveu afastá-la e ao neto, da cidade. O próprio delegado aconselhou minha amiga a ir embora.

Essa é uma estória do cotidiano de seres humanos, mas que eu quis narrar aqui não apenas por ser mulher, mas por perceber que existem seres humanos preocupados com o melhor estar de outros seres humanos.

Minha amiga e seu filho vão fazer muita falta. Eu e ela temos uma amizade de quase 10anos, presenciei várias de suas dores e suas alegrias e ela as minhas.
Só posso desejar a ela que nunca mais um ser tão abominável cruze seu caminho.

E, também, desejar que outras mulheres quando alvo das violências de seus ex-maridos ou companheiros, despertem a atenção de outras mulheres ou de qualquer outro ser humano transeunte indignado com esse tipo de comportamento execrável.



Ninféia G, poetisa.

Um comentário:

  1. A mulher ainda é vista, hoje em pleno séc. XXI, como propriedade masculina.

    Isso tudo é muito, muito antigo. Começou com o início da propriedade privada, como nos fala Engels na "Origem da família, da propriedade privada e do Estado".

    A nossa luta revolucionária, portanto, também é contra isso, contra a dominação sobre a mulher.

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