Colombianas e colombianos, irmãs e irmãos de Latinoamérica:
No presente mês de maio completamos 47 anos de barbárie imposta a nossa pátria, 47 anos de morte, perseguição implacável, encarceramentos injustos, negação dos direitos fundamentais dos colombianos, de despojo das terrinhas e moradias dos camponeses, de deslocamentos violentos, de enriquecimentos ilícitos e de empobrecimento tão violento como a pobreza mesma, causados pelos diversos governos que têm exercido o poder só para uma opulenta minoria.
47 anos de violência partindo desde o dia em que o bipartidismo liberal-conservador personificado no excludente, corrupto e infame pacto de alternância presidencial da Frente Nacional, no governo de Guillermo León Valencia, tomou a decisão de enveredar o curso histórico da pátria pelos tenebrosos caminhos da barbárie, lançando a mais grande ofensiva militar que até o momento se conhecesse em Latinoamérica, com mais de 16.000 efetivos da força armada governamental e orientada pela Casa Branca, em sua estratégia de controle geopolítico do Continente e conter os ventos de dignidade e independência que sopravam desde a revolução cubana, articulado no Plano LASO (Latin American Security Operation) para aniquilar os camponeses de Marquetalia. É que a violência e o fato de permanecer de joelhos ante o amo ianque, tem sido por excelência a conduta política da oligarquia governante na Colombia
Há verdades que incomodam as classes que detêm o poder e seus porta-vozes, como aquela de que "a violência é a característica principal de sua conduta política". E por isso, utilizando seus grandes meios de comunicação desde sempre têm feito de suas armadilhas e mentiras "verdades oficiais", tais como aquela da justificativa para agredir militarmente os camponeses da região agrária de Marquetalia, consistente em que ai existia "uma república independente". Nessa ocasião, a quadrilha da sem-razão no Congresso da República, encabeçada pelo senador ultra-conservador, Álvaro Gómez Hurtado, argumentou o terror que tomaria conta do país se não fosse eliminado com sangue e fogo o foco rebelde formado pelos camponeses marquetalianos. Foi inútil o clamor nacional e até internacional pela solução pacífica através do diálogo. Por isso, essa agressão militar da oligarquia é a responsável pelo surgimento da luta guerrilheira encarnada nas FARC-EP, e que cresce mais e mais, acompanhada pelo amor, as esperanças, iniciativas e, também, as críticas. dos colombianos.
Desde Marquetalia até hoje, nas FARC-EP jamais temos renunciado à solução política do conflito social e armado, conflito que a oligarquia colombiana incrementa em cada período governamental, porque a busca da Paz com Justiça Social é parte da nossa gêneses e razão da nossa luta, ademais, temos a certeza de que é com a participação do povo com suas ações e iniciativas como a construiremos. É com ele na luta pela Reforma Agrária, por efetivas políticas de saúde nas quais estejam primeiro o homem e a mulher, e não as contas bancárias dos empórios econômicos da corrupção, uma luta por estratégias sociais que priorizem moradias dignas em campos e cidades, por educação para todos, democracia plena para a convivência nacional e o exercício pleno da política de defesa. Só a mobilização de todos os setores da sociedade colombiana conquistará a solução política do conflito, que pode se iniciar com o Acordo Humanitário que libere todos os presos políticos que estão nos cárceres do regime e os prisioneiros de guerra em poder da Insurgência.
Antes do governo ordenar o ataque contra Marquetalia, os camponeses fizeram ouvir sua voz por saídas de paz e de melhor-estar, mas, a ambição bipartidista da Frente Nacional desatou a guerra que desde então ensangüenta o país. Todas as forças foram lançadas contra a resistência dirigida pelos legendários Comandantes Manuel Marulanda Vélez, Jacobo Arenas, Isaías Pardo, Hernando González Acosta, Joselo Lozada, Ciro Trujillo, Miguel Pascuas, Fernando Bustos, Jaime Guaracas, Miriam Narváez e os 46 combatentes da fecunda gesta Marquetaliana e da insurgência que hoje representamos as FARC-EP.
E prometeram que em poucas semanas se daria seu aniquilamento físico e com ele o fim da resistência. Desde então, as ameaças e o "foi tombado em combate", "fugiu gravemente ferido", ou "lhe estamos respirando no seu pescoço", "em cinco meses dos derrotaremos", ou "necessito outros quatro anos para derrotá-los", ou "este é o fim do fim" tem sido o argumento para justificar o exponencial gasto militar, que tem disparado a força pública armadas a mais de 500 mil efetivos e que consumirá a quinta parte do orçamento nacional do próximo ano. E que, ademais, recebeu quase todos os dez mil milhões de dólares da ajuda norteamericana do fracassado Plano Colombia, ratificando a falácia da tese governamental do "pós-conflito" e aprofundando as desigualdades que hoje deixam mais de 30 milhões de pobres.
No quase meio século de confrontação armada, temos posto todas nossas energias na busca da solução política do conflito, mas os setores do poder, que enriquecem mais e mais, ao amparo dos privilégios da guerra, têm disparado seus arsenais para que essa solução no seja possível. Os Acordos de La Uribe, assinados há 27 anos e que foram esperança de paz e de prosperidade para a nação, foram afogados em sangue com o assassinato de mais de cinco mil integrantes da UP (Movimento político União Patriótica), o maior genocídio contra um partido de oposição na América Latina. Em Caracas e Tlaxcala foi colocado todo o nosso entusiasmo pela retomada dos caminhos da solução política, mas o guerrerismo da classe dirigente, ostentado na guerra integral do governo neoliberal de César Gaviria, lhe apostou ao jogo da derrota militar da guerrilha, e, no econômico, à chamada abertura, que levou à falência centenas de meias e pequenas empresas, elevando assim os níveis de pobreza.
Aos Diálogos do Caguán chegamos carregando nas mochilas as esperanças de reconciliação do povo, mas a estratégia da classe dirigente, orientada desde Washington, não era de paz, mas para ganhar tempo e assim rever as estruturas de sua força armada, golpeada duramente pelo acionar das FARC-EP e, desenvolver os planes de guerra através do Plano Colombia e pôr o território a disposição das forças de ocupação ianques e, cabeça de praia para a agressão contra os povos irmãos de América Latina que constroem soberania e democracia.
A violência nunca tem sido nossa razão de ser, a violência nos foi imposta pela oligarquia e é a característica principal de um regime decadente que se beneficia dela, assassina opositores para monopolizar o poder político e aumentar as contas bancárias dos corruptos ou para alcançar reconhecimento dentro da estratificação da morte que estabeleceu o ministério da defesa para recompensar os crimes de Estado e que para ocultar sua responsabilidade denominou esses crimes como "falsos positivos". Essa violência oficial tem enxotado mais de 5 milhões de compatriotas de suas terras e desaparecido mais de 19 mil colombianos, somente nos 8 anos do governo de Uribe Vélez, com o fim de enriquecer mais ainda, industriais, agro-industriais, grandes pecuaristas, narco-latifundiários e militares.
Nossa razão de ser é a paz da moradia digna, o desenvolvimento humano equilibrado, a educação gratuita para todos, a saúde preventiva para toda a população, a Reforma Agrária Integral que beneficie as comunidades camponesas, indígenas e afro-descendentes; a paz do salário justo e o emprego garantido, a proteção integral do meio ambiente, as garantias políticas para o debate e a participação nos órgãos do poder político, a garante do exercício pleno dos direitos humanos integrais; a paz do respeito e garantias às comunidades LGTV, o reconhecimento pleno dos direitos de gênero, o reconhecimento do aborto como parte substancial de uma sociedade que deve crescer em direitos e a paz do direito à protesta e a mobilização social. E à busca dessa paz temos dedicado todos nossos esforços, até a vida mesma, como tem sido referendado com generosidade centenas de combatentes guerrilheiros, entre os que destacamos, com compromisso indeclinável, os inesquecíveis Comandantes Guerrilheiros Manuel Marulanda Vélez, Jacobo Arenas, Efraín Gusmán, Raúl Reyes, Iván Ríos, Jorge Briceño, Mariana Páez e todos nossos heróis farianos.
Compatriotas, a paz é um direito que temos que fazer realidade na nossa pátria. A barbárie não pode seguir fazendo parte de nosso destino por mais 47 anos e, menos agora que com a mobilização podemos construir um futuro certo e civilizado, agora que o terror e o medo perdem terreno diantge a luta contra o modelo de Estado mafioso que implantou Uribe Vélez, modelo patrocinador da corrupção ocultada pela "segurança democrática", a parapolítica, a Yidis-política, os "falsos positivos" os encarceramentos massivos, a covas comuns, o roubo dos recursos destinados para os camponeses, mediante o programa "Agro-ingresso seguro" para enriquecimento dos aliados do regime, as zonas francas para benefício da família do ex-presidente, os seguimentos ilegais do DAS, a extradição de seus aliados narco-paramilitares para garantir sua impunidade, as mansões dentro das Bases Militares para oficiais condenados por crimes de guerra e de Estado.
Todo isso, já não atemoriza nosso povo que a cada dia se mobiliza mais e mais ao calor do clamor por Justiça Social que reclama a nação contra o continuidade do Uribismo que representa a "Unidade Nacional" do presidente Santos, seu neoliberalismo que ofereça garantias às multinacionais mineiro-energéticas, que aumentará a crise humanitária e do meio ambiente em cada câmbio de estação, de recorte e repressão das liberdades públicas, de aumento do conflito social e armado justificado em uma concepção de segurança nacional imposta desde Washington e que fundamenta todas as modalidades de crimes de Estado que se aplicam na Colombia, de impunidade da corrupção presente em todo o Estado.
Será a mobilização e a unidade de todos, de todas as organizações e expressões da luta como será possível alcançar a reconciliação e a reconstrução da nação. Os esforços de todas e todos os combatentes farianos estará a disposição dessa patriótica empresa. Derrotaremos a barbárie oligárquica com a solução civilizada do conflito, com o poder da mobilização popular. Convidamos a todas as colombianas e colombianos e suas organizações para que reunamos todas nossas esperanças de paz com justiça social que palpitam no coração da Pátria, realizando atividades culturais, exposições de arte, música, dança e poesia, com encontros esportivos, marchas ecológicas, encontros literários, grupos de estudo, foros, encontros, talheres, para que a tocha da paz se ascenda desde já e ilumine a esperança de paz do povo colombiano. Também saudamos nossas irmãs e irmãos de Latinoamérica que têm acompanhado o povo colombiano nessa empreitada.
Convocamos todo o povo à ação e à mobilização para colocar a nação no caminho da solução política e dialogada, criando regras fiscais com o propósito de apoiar os mais desprotegidos, mas também, que estabeleçam impostos maiores para os que mais acumulam riquezas. Que a mobilização, também, seja por uma política educacional que redima e eleve os níveis de investigação científica e não as contas dos monopólios privada do ensino; por uma Lei das vítimas, para que a impunidade e os crimes de Estado no continuem sendo a norma; por uma profunda e verdadeira Reforma Agrária e não a pretendida política do presidente Santos de entregar terras improdutivas aos camponeses enquanto entrega as férteis para os empresários agroindustriais e latifundiários.
Mobilizarmos pela proteção dos recursos naturais da exploração das multinacionais que acaba com a mineração artesanal e as pequenas empresas mineradoras e destroem o meio ambiente; pela derrota da continuidade da chamada "segurança democrática", hoje camada de "unidade nacional" e, que persiste na militarização da nação e na criminalização da protesta social, suas organizações e dirigentes. Lutemos por uma reforma profundo do infame regime de pensões e das lesivas normas trabalhistas que exploram o trabalhador e favorecendo o patrão.
Em nosso 47 aniversário de batalhas pela paz da Colombia desde a resistência armada, nos ratificamos no empenho pela reconstrução e reconciliação da Colombia bolivariana, a Pátria Grande e o Socialismo, iluminados pelo pensamento unitário do Libertador Simón Bolívar. Porque a unidade e a paz são possíveis.
Compatriotas.
Estado Maior Central das FARC-EP.
Maio 27 de 2011
segunda-feira, 30 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Religiosos pressionam e Dilma suspende "kit anti-homofobia" para escolas
Brasília, 25 mai (EFE).-
A presidente Dilma Rousseff determinou nesta quarta-feira a suspensão da elaboração do "kit anti-homofobia", um material sobre a homossexualidade e o combate à homofobia que seria distribuído em escolas públicas e havia gerado protestos de grupos religiosos.
A polêmica sobre esse material cresceu nos últimos dias, sobretudo depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu que a união civil entre duas pessoas do mesmo sexo é equivalente à união heterossexual perante a lei. Grupos católicos e evangélicos criticaram a decisão judicial e alertaram sobre projetos que, segundo afirmaram, pretendiam "induzir" os adolescentes que estudam em escolas públicas à homossexualidade.
Na quinta-feira passada o ministro da Educação, Fernando Haddad teve reunião com parlamentares da bancada evangélica e disse que a pasta não fará mudanças no material que compõe os kits de combate a homofobia.
Porém, nessa quarta-feira o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o governo entendeu que "seria prudente não editar esse material". Carvalho explicou que Dilma tomou sua decisão após conversar sobre o assunto com parlamentares de diversas religiões que criticaram o projeto.
O material estava sendo elaborado por empresas contratadas pelo Ministério da Educação (MEC) e seria distribuído ao final de cursos sobre direitos humanos e minorias que devem ser ministrados para alunos do Ensino Médio de escolas públicas.
Segundo o MEC havia antecipado, o material que estava em preparação incluía vídeos que mostravam como o amor surgia entre dois meninos ou entre duas meninas, além de depoimentos de travestis e transexuais sobre suas vidas e relações amorosas.
Carvalho disse que, após conversar nesta quarta-feira com os parlamentares que se opõem ao projeto, Dilma decidiu ainda que "daqui para frente todo material que versar sobre costumes será feito a partir de consultas mais amplas à sociedade".
http://br.noticias.yahoo.com/dilma-suspende-elabora%C3%A7%C3%A3o-kit-anti-homofobia-escolas-175808443.html
A presidente Dilma Rousseff determinou nesta quarta-feira a suspensão da elaboração do "kit anti-homofobia", um material sobre a homossexualidade e o combate à homofobia que seria distribuído em escolas públicas e havia gerado protestos de grupos religiosos.
A polêmica sobre esse material cresceu nos últimos dias, sobretudo depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu que a união civil entre duas pessoas do mesmo sexo é equivalente à união heterossexual perante a lei. Grupos católicos e evangélicos criticaram a decisão judicial e alertaram sobre projetos que, segundo afirmaram, pretendiam "induzir" os adolescentes que estudam em escolas públicas à homossexualidade.
Na quinta-feira passada o ministro da Educação, Fernando Haddad teve reunião com parlamentares da bancada evangélica e disse que a pasta não fará mudanças no material que compõe os kits de combate a homofobia.
Porém, nessa quarta-feira o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o governo entendeu que "seria prudente não editar esse material". Carvalho explicou que Dilma tomou sua decisão após conversar sobre o assunto com parlamentares de diversas religiões que criticaram o projeto.
O material estava sendo elaborado por empresas contratadas pelo Ministério da Educação (MEC) e seria distribuído ao final de cursos sobre direitos humanos e minorias que devem ser ministrados para alunos do Ensino Médio de escolas públicas.
Segundo o MEC havia antecipado, o material que estava em preparação incluía vídeos que mostravam como o amor surgia entre dois meninos ou entre duas meninas, além de depoimentos de travestis e transexuais sobre suas vidas e relações amorosas.
Carvalho disse que, após conversar nesta quarta-feira com os parlamentares que se opõem ao projeto, Dilma decidiu ainda que "daqui para frente todo material que versar sobre costumes será feito a partir de consultas mais amplas à sociedade".
http://br.noticias.yahoo.com/dilma-suspende-elabora%C3%A7%C3%A3o-kit-anti-homofobia-escolas-175808443.html
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Nota de morte anunciada.
A história se repete!
Novamente, choramos e revoltamo-nos:
Direitos Humanos e Justiça são para quem neste país?
Hoje, 24 de maio de 2011, foram assassinados nossos companheiros, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assentados no Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna – PA. Os dois foram emboscados no meio da estrada por pistoleiros, executados com tiros na cabeça, tendo Zé Claúdio a orelha decepada e levada pelos seus assassinos provavelmente como prova do “serviço realizado”.
Camponeses e líderes dos assentados do Projeto Agroextratista, Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo (estudante do Curso de Pedagogia do Campo UFPA/FETAGRI/PRONERA), foram o exemplo daquilo que defendiam como projeto coletivo de vida digna e integrada à biodiversidade presente na floresta. Integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes, os dois viviam e produziam de forma sustentável no lote de aproximadamente 20 hectares, onde 80% era de floresta preservada. Com a floresta se relacionavam e sobreviviam do extrativismo de óleos, castanhas e frutos de plantas nativas, como cupuaçu e açaí. No projeto de assentamento vive aproximadamente 500 famílias.
A denúncia das ameaças de morte de que eram alvo há anos alcançaram o Estado Brasileiro e a sociedade internacional. Elas apontavam seus algozes: madeireiros e carvoeiros, predadores da natureza na Amazônia. Nem por isso, houve proteção de suas vidas e da floresta, razão das lutas de José Cláudio e Maria contra a ação criminosa de exploradores capitalistas na reserva agroextrativista.
Tamanha nossa tristeza! Desmedida nossa revolta! A história se repete! Novamente camponeses que defendem a vida e a construção de uma sociedade mais humana e digna são assassinados covardemente a mando daqueles a quem só importa o lucro: MADEREIROS e FAZENDEIROS QUE DEVASTAM A AMAZÔNIA.
ATÉ QUANDO?
Não bastasse a ameaça ser um martírio a torturar aos poucos mentes e corações revolucionários, ainda temos de presenciar sua concretude brutal?
Não bastasse tanto sangue escorrendo pelas mãos de todos que não se incomodam com a situação que vivemos, ainda precisamos ouvir as autoridades tratando como se o aqui fosse distante?
Não bastasse que nossos homens e mulheres de fibra fossem vistos com restrição, ainda continuaremos abrindo nossas portas para que os corruptos sejam nossos lideres?
Não bastasse tanta dificuldade de fazer acontecer outro projeto de sociedade, ainda assim temos que conviver com a desconfiança de que ele não existe?
Não bastasse que a natureza fosse transformada em recurso, a vida tinha também que ser reduzida a um valor tão ínfimo?
Não bastasse a morte orbitar nosso cotidiano como uma banalidade, ainda temos que conviver com a barbárie?
Mediante a recorrente impunidade nos casos de assassinatos das lideranças camponesas e a não investigação e punição dos crimes praticados pelos grupos econômicos que devastam a Amazônia, RESPONSABILIZAMOS O ESTADO BRASILEIRO – Presidência da República, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, Polícia Federal, Ministério Público Federal – E COBRAMOS JUSTIÇA!
ESTAMOS EM VÍGILIA!!!
“Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio. Mas toda uma vida de lutas.”
Marabá-PA, 24 de Maio de 2011.
Universidade Federal do Pará/ Coordenação do Campus de Marabá; Curso de Pedagogia do Campo UFPA/FETAGRI/PRONERA; Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo;
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST/ Pará;
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura – FETAGRI/Sudeste do Pará;
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar – FETRAF/ Pará;
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB;
Comissão Pastoral da Terra – CPT Marabá;
Via Campesina – Pará;
Fórum Regional de Educação do Campo do Sul e Sudeste do Pará.
--
Idelma Santiago da Silva
UFPA - Campus de Marabá
Novamente, choramos e revoltamo-nos:
Direitos Humanos e Justiça são para quem neste país?
Hoje, 24 de maio de 2011, foram assassinados nossos companheiros, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assentados no Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna – PA. Os dois foram emboscados no meio da estrada por pistoleiros, executados com tiros na cabeça, tendo Zé Claúdio a orelha decepada e levada pelos seus assassinos provavelmente como prova do “serviço realizado”.
Camponeses e líderes dos assentados do Projeto Agroextratista, Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo (estudante do Curso de Pedagogia do Campo UFPA/FETAGRI/PRONERA), foram o exemplo daquilo que defendiam como projeto coletivo de vida digna e integrada à biodiversidade presente na floresta. Integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes, os dois viviam e produziam de forma sustentável no lote de aproximadamente 20 hectares, onde 80% era de floresta preservada. Com a floresta se relacionavam e sobreviviam do extrativismo de óleos, castanhas e frutos de plantas nativas, como cupuaçu e açaí. No projeto de assentamento vive aproximadamente 500 famílias.
A denúncia das ameaças de morte de que eram alvo há anos alcançaram o Estado Brasileiro e a sociedade internacional. Elas apontavam seus algozes: madeireiros e carvoeiros, predadores da natureza na Amazônia. Nem por isso, houve proteção de suas vidas e da floresta, razão das lutas de José Cláudio e Maria contra a ação criminosa de exploradores capitalistas na reserva agroextrativista.
Tamanha nossa tristeza! Desmedida nossa revolta! A história se repete! Novamente camponeses que defendem a vida e a construção de uma sociedade mais humana e digna são assassinados covardemente a mando daqueles a quem só importa o lucro: MADEREIROS e FAZENDEIROS QUE DEVASTAM A AMAZÔNIA.
ATÉ QUANDO?
Não bastasse a ameaça ser um martírio a torturar aos poucos mentes e corações revolucionários, ainda temos de presenciar sua concretude brutal?
Não bastasse tanto sangue escorrendo pelas mãos de todos que não se incomodam com a situação que vivemos, ainda precisamos ouvir as autoridades tratando como se o aqui fosse distante?
Não bastasse que nossos homens e mulheres de fibra fossem vistos com restrição, ainda continuaremos abrindo nossas portas para que os corruptos sejam nossos lideres?
Não bastasse tanta dificuldade de fazer acontecer outro projeto de sociedade, ainda assim temos que conviver com a desconfiança de que ele não existe?
Não bastasse que a natureza fosse transformada em recurso, a vida tinha também que ser reduzida a um valor tão ínfimo?
Não bastasse a morte orbitar nosso cotidiano como uma banalidade, ainda temos que conviver com a barbárie?
Mediante a recorrente impunidade nos casos de assassinatos das lideranças camponesas e a não investigação e punição dos crimes praticados pelos grupos econômicos que devastam a Amazônia, RESPONSABILIZAMOS O ESTADO BRASILEIRO – Presidência da República, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, Polícia Federal, Ministério Público Federal – E COBRAMOS JUSTIÇA!
ESTAMOS EM VÍGILIA!!!
“Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio. Mas toda uma vida de lutas.”
Marabá-PA, 24 de Maio de 2011.
Universidade Federal do Pará/ Coordenação do Campus de Marabá; Curso de Pedagogia do Campo UFPA/FETAGRI/PRONERA; Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo;
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST/ Pará;
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura – FETAGRI/Sudeste do Pará;
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar – FETRAF/ Pará;
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB;
Comissão Pastoral da Terra – CPT Marabá;
Via Campesina – Pará;
Fórum Regional de Educação do Campo do Sul e Sudeste do Pará.
--
Idelma Santiago da Silva
UFPA - Campus de Marabá
terça-feira, 24 de maio de 2011
Érico Albuquerque: o Pará é mais forte e viável por inteiro
A Câmara Federal, em uma quinta-feira esvaziada, aprovou o plebiscito para a divisão do Estado, que foi proposto por parlamentares de outras regiões, e deverá também definir o futuro de 7,5 milhões de paraenses em seis meses.
Por Érico Albuquerque *
Desse jeito, como sempre, foram tratados os destinos da Amazônia e do Grão Pará desde o Brasil Colônia até nossos dias: à revelia de seus habitantes, sob interesses do capital mercantil ou financeiro, de grandes corporações e de latifundiários, com o beneplácito e conivência das elites locais, antigas e novas.
Sintomaticamente, os defensores locais da divisão, velada ou abertamente, pretendem que o plebiscito se restrinja às pretensas áreas, deixando de fora do debate e da decisão a grande maioria dos paraenses.
Entendemos que essa é uma questão de extraordinária relevância para ficar restrita à discussão elitista ou localizada, sem o devido aprofundamento e abrangência, para que todos tenham a consciência do melhor caminho: se o de desenvolvimento e inclusão social das 7.500.000 vidas, que deve ser o objetivo desse processo, ou de uma minoria que busca dividir para reinar.
Por outro lado, o plebiscito, apesar dos subterfúgios, se apresenta como uma oportunidade do Pará refletir sobre o seu papel e importância na história política, socioeconômica e cultural do Brasil e os reflexos de ser um estado periférico e com riquezas naturais, em um país que, na divisão internacional do trabalho, ainda exporta prioritariamente matérias primas e insumos.
Não é possível falar do Pará descolado do Brasil, assim como de sua divisão, sem considerar a concepção e o modelo de desenvolvimento de dependência, devastação e sangria que se mantêm até hoje, e que desenharam a sua geografia de concentração de riquezas, expansão da pobreza e da miséria (o estado tem aproximadamente 10% dos miseráveis do país), e de insuficiente e débil presença do poder público para a maioria da população, diga-se, em todo seu território.
Nesse momento em que, a nível nacional, buscam-se alternativas para o desenvolvimento nacional, com geração de emprego e renda, tendo a União como seu principal promotor e indutor, precisamos colocar em pauta a necessidade da integração regional, trabalhando de forma racional e justa as potencialidades existentes, garantindo infraestruturas e tecnologias que atendam à demanda nacional e as particularidades regionais, gerando riqueza e inclusão social de forma equânime em todo o Brasil.
Seguindo esse raciocínio, devemos pensar sobre a importância da Amazônia, e em particular do Pará para o desenvolvimento nacional e vice-versa, considerando o conjunto de suas potencialidades. Ambos são estratégicos. Arriscamos a dizer, para o bem e para o mal, que o Pará representa a Amazônia não só nas riquezas naturais, nas capacidades energéticas, minerais, hídricas, solos férteis e biodiversidade.
Mas, como o estado que sofre os maiores saques, sem contrapartidas; e acolhe imigrações que historicamente forjaram essa diversidade populacional, e uma rica, conflituosa e contraditória experiência de ocupação em solo amazônico. O Pará, apesar das adversidades, absorveu esse potencial humano em diversas regiões.
É inegável que o Pará seja um conjunto de potencialidades distribuídas em seu território, que, se desenvolvidas de forma integrada, geram riquezas para incluir social e economicamente toda a sua população e, ainda, contribuir com o desenvolvimento nacional e regional. O que nos leva a refletir por que isso não acontece.
Há quem responda que é o tamanho, são as distâncias e o abandono, e, nesse sentido, é preciso dividi-lo. Talvez os portadores desse pensamento vejam as árvores, não a floresta. Talvez deixem de observar que não são apenas as regiões pretensas à separação que sofrem da ausência do poder público, mas, para não ir muito longe, a grande maioria da população metropolitana que em tese estão próximas ao poder estadual. Talvez não conheçam o Marajó e as dificuldades do nordeste do estado. No entanto, não estamos aqui para comparar pobrezas e misérias, sim para encontrar suas causas e saná-las.
No nosso entendimento, o Pará sofre historicamente pela distorção do desenvolvimento capitalista tardio e concentrado do país, que relegou o estado a mero fornecedor de matéria prima mineral e vegetal, insumos e energia, através de grandes projetos; à fronteira agropastoril para a monocultura com base no latifúndio; portanto, desindustrializado, com ausência de infraestrutura e tecnologia que atendam às necessidades de seu desenvolvimento integrado.
Nesse sentido, vivemos a lógica do saque, da dependência, da exploração predatória, sem a devida verticalização da produção de riquezas, lógica que permeia todas as possíveis benfeitorias até hoje realizadas. Daí o abandono e o sofrimento para a maioria da população de qualquer região do estado.
O Pará sofre historicamente da ausência de um projeto de desenvolvimento com sustentação ambiental capaz de incluir o seu povo, integrando seus diversos polos regionais, trabalhando a sinergia de suas riquezas naturais, seu potencial energético, com infraestruturas e tecnologias apropriadas, agregando riquezas nos inúmeros e diversos produtos regionais, aproveitando e valorizando os recursos humanos, investindo em empreendimentos que de fato gerem empregos e ampliem a renda. Para isso é preciso colocar o aparato estatal a serviço desse desenvolvimento e criar condições para que o estado possa investir, acoplado ao desenvolvimento nacional.
O Pará sofre por, historicamente, ser governado, na grande maioria das vezes, por elites políticas e econômicas sem compromisso com o povo, avessas ao trabalho e à agregação de riquezas, voltadas para o enriquecimento fácil através do patrimonialismo, da pecuária extensiva, do latifúndio, de atividades predatórias e ilegais, da especulação imobiliária, da sonegação de impostos, etc.
Às vezes aparentam modernidade no discurso, mas são conservadoras na essência e na prática, sem perspectivas de avanço político-socioeconômico, sem nada de novo. Portanto, na nossa compreensão, são principalmente outras as causas que propiciam o infortúnio de milhões de paraenses, além da distância.
Por outro lado, é preciso desvendar qual o real interesse das elites defensoras da divisão do estado, sendo algumas do campo da esquerda, e quais as consequências de fato para as populações locais e para o conjunto da população do Pará. Há justeza no que está sendo proposto?
As lideranças defensoras da divisão do Pará sempre usaram essa bandeira, com base em elementos da realidade, principalmente nos períodos eleitorais, como plataforma política, estimulando disputas regionais e garantia do eleitorado, procurando mostrar que uma região se beneficiava em detrimento da outra, ocultando que os mesmos problemas existiam em todo o estado. Propagam um sentimento separatista sem aprofundar obviamente sobre as reais causas, mesmo quando infraestrutura e instrumentos do poder público estadual se instalam na respectiva região.
As elites políticas, tanto do pretenso “Carajás” como do pretenso “Tapajós”, não apresentam projetos de desenvolvimento que indiquem a inclusão social de sua população, nem contestam a lógica do saque das riquezas e de atividades predatórias. As bases sociais que de fato representam não estão preocupadas com a verticalização de economia e agregação de valor, com o incentivo à agricultura familiar, e sim com produtos primários para exportação com base no latifúndio. Grande parte da base social dessas elites foi a que mais devastou, mais enriqueceu, mais gerou conflitos pela terra, grilando, expulsando e matando camponeses e suas lideranças.
No momento em que se pensa em novos rumos para o Brasil com mais investimentos para a infraestrutura e o setor produtivo, que se geram milhares de postos de trabalho e os trabalhadores conquistam aumento real de salário, ampliando o poder de compra; que os efeitos dessa política chegam aos rincões do país, tirando brasileiros da miséria, precisamos refletir sobre os efeitos da divisão do Pará para seu povo e para o Brasil.
A divisão do Pará fraciona e enfraquece as diversas potencialidades para um desenvolvimento integrado, ambientalmente sustentado, com inclusão social no estado; possibilitando maior risco de degradação da natureza. Ao mesmo tempo, o Pará perde o papel estratégico no desenvolvimento nacional, enfraquecendo o poder de pressão que garanta apoio para o seu necessário desenvolvimento; em contrapartida, a manutenção do estado desenvolvido possibilita uma integração mais forte da região Amazônica, sem fracioná-la ainda mais.
A divisão do Pará levará ao surgimento de três estados débeis, dependentes da verba da União. Segundo o economista Rogério Boueri, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o custo de manutenção dos dois pretensos estados terá um déficit de R$ 2,16 bilhões por ano, que deve ser coberto pela União, sem computar os altos investimentos na criação de cada estado (construções de edifícios públicos e implantação de infraestrutura como aeroportos, rodovias, etc.). O “Tapajós” gastaria 51% do PIB na máquina pública e o “Carajás” 23%, sendo que a média nacional é de 12,72%. O Pará gastou, em 2008, 16%.
Por outro lado, o Pará remanescente ficará com 18% do território, 78 municípios e 4,9 milhões de pessoas (64% dos 7,5 milhões) e PIB per capita de R$ 3.958,00; o “Tapajós” com 58% do território, renda per capita de R$ 4.779,00, com o potencial mineral no vale do rio Tapajós, província polimetálica, potencial turístico; o “Carajás” com 24% do território, renda per capita de R$ 8.763,00, com minérios, rebanho bovino, hidrelétrica, grandes frigoríficos.
Pelo que se deduz, o que está em jogo é a vida de 7,5 milhões de paraenses, natos ou por adoção, que perdem com a divisão do estado, cuja possibilidade de inclusão está no combate à lógica entreguista e predatória que reina no Pará, com a conivência das elites dirigentes, e a tomada de rumo para um projeto de desenvolvimento que gere riquezas para o povo.
Com esse entendimento, conclamamos o povo paraense, de todas as regiões, a defender o Pará de mais esse golpe, travar o bom combate pelo NÃO à divisão do estado: por não resolver os problemas locais, impedir o desenvolvimento, ser oneroso ao país só para favorecer as elites locais, e não possuir justeza na sua intenção.
Érico de Albuquerque Leal é Secretário Político do PCdoB, no Pará.
Por Érico Albuquerque *
Desse jeito, como sempre, foram tratados os destinos da Amazônia e do Grão Pará desde o Brasil Colônia até nossos dias: à revelia de seus habitantes, sob interesses do capital mercantil ou financeiro, de grandes corporações e de latifundiários, com o beneplácito e conivência das elites locais, antigas e novas.
Sintomaticamente, os defensores locais da divisão, velada ou abertamente, pretendem que o plebiscito se restrinja às pretensas áreas, deixando de fora do debate e da decisão a grande maioria dos paraenses.
Entendemos que essa é uma questão de extraordinária relevância para ficar restrita à discussão elitista ou localizada, sem o devido aprofundamento e abrangência, para que todos tenham a consciência do melhor caminho: se o de desenvolvimento e inclusão social das 7.500.000 vidas, que deve ser o objetivo desse processo, ou de uma minoria que busca dividir para reinar.
Por outro lado, o plebiscito, apesar dos subterfúgios, se apresenta como uma oportunidade do Pará refletir sobre o seu papel e importância na história política, socioeconômica e cultural do Brasil e os reflexos de ser um estado periférico e com riquezas naturais, em um país que, na divisão internacional do trabalho, ainda exporta prioritariamente matérias primas e insumos.
Não é possível falar do Pará descolado do Brasil, assim como de sua divisão, sem considerar a concepção e o modelo de desenvolvimento de dependência, devastação e sangria que se mantêm até hoje, e que desenharam a sua geografia de concentração de riquezas, expansão da pobreza e da miséria (o estado tem aproximadamente 10% dos miseráveis do país), e de insuficiente e débil presença do poder público para a maioria da população, diga-se, em todo seu território.
Nesse momento em que, a nível nacional, buscam-se alternativas para o desenvolvimento nacional, com geração de emprego e renda, tendo a União como seu principal promotor e indutor, precisamos colocar em pauta a necessidade da integração regional, trabalhando de forma racional e justa as potencialidades existentes, garantindo infraestruturas e tecnologias que atendam à demanda nacional e as particularidades regionais, gerando riqueza e inclusão social de forma equânime em todo o Brasil.
Seguindo esse raciocínio, devemos pensar sobre a importância da Amazônia, e em particular do Pará para o desenvolvimento nacional e vice-versa, considerando o conjunto de suas potencialidades. Ambos são estratégicos. Arriscamos a dizer, para o bem e para o mal, que o Pará representa a Amazônia não só nas riquezas naturais, nas capacidades energéticas, minerais, hídricas, solos férteis e biodiversidade.
Mas, como o estado que sofre os maiores saques, sem contrapartidas; e acolhe imigrações que historicamente forjaram essa diversidade populacional, e uma rica, conflituosa e contraditória experiência de ocupação em solo amazônico. O Pará, apesar das adversidades, absorveu esse potencial humano em diversas regiões.
É inegável que o Pará seja um conjunto de potencialidades distribuídas em seu território, que, se desenvolvidas de forma integrada, geram riquezas para incluir social e economicamente toda a sua população e, ainda, contribuir com o desenvolvimento nacional e regional. O que nos leva a refletir por que isso não acontece.
Há quem responda que é o tamanho, são as distâncias e o abandono, e, nesse sentido, é preciso dividi-lo. Talvez os portadores desse pensamento vejam as árvores, não a floresta. Talvez deixem de observar que não são apenas as regiões pretensas à separação que sofrem da ausência do poder público, mas, para não ir muito longe, a grande maioria da população metropolitana que em tese estão próximas ao poder estadual. Talvez não conheçam o Marajó e as dificuldades do nordeste do estado. No entanto, não estamos aqui para comparar pobrezas e misérias, sim para encontrar suas causas e saná-las.
No nosso entendimento, o Pará sofre historicamente pela distorção do desenvolvimento capitalista tardio e concentrado do país, que relegou o estado a mero fornecedor de matéria prima mineral e vegetal, insumos e energia, através de grandes projetos; à fronteira agropastoril para a monocultura com base no latifúndio; portanto, desindustrializado, com ausência de infraestrutura e tecnologia que atendam às necessidades de seu desenvolvimento integrado.
Nesse sentido, vivemos a lógica do saque, da dependência, da exploração predatória, sem a devida verticalização da produção de riquezas, lógica que permeia todas as possíveis benfeitorias até hoje realizadas. Daí o abandono e o sofrimento para a maioria da população de qualquer região do estado.
O Pará sofre historicamente da ausência de um projeto de desenvolvimento com sustentação ambiental capaz de incluir o seu povo, integrando seus diversos polos regionais, trabalhando a sinergia de suas riquezas naturais, seu potencial energético, com infraestruturas e tecnologias apropriadas, agregando riquezas nos inúmeros e diversos produtos regionais, aproveitando e valorizando os recursos humanos, investindo em empreendimentos que de fato gerem empregos e ampliem a renda. Para isso é preciso colocar o aparato estatal a serviço desse desenvolvimento e criar condições para que o estado possa investir, acoplado ao desenvolvimento nacional.
O Pará sofre por, historicamente, ser governado, na grande maioria das vezes, por elites políticas e econômicas sem compromisso com o povo, avessas ao trabalho e à agregação de riquezas, voltadas para o enriquecimento fácil através do patrimonialismo, da pecuária extensiva, do latifúndio, de atividades predatórias e ilegais, da especulação imobiliária, da sonegação de impostos, etc.
Às vezes aparentam modernidade no discurso, mas são conservadoras na essência e na prática, sem perspectivas de avanço político-socioeconômico, sem nada de novo. Portanto, na nossa compreensão, são principalmente outras as causas que propiciam o infortúnio de milhões de paraenses, além da distância.
Por outro lado, é preciso desvendar qual o real interesse das elites defensoras da divisão do estado, sendo algumas do campo da esquerda, e quais as consequências de fato para as populações locais e para o conjunto da população do Pará. Há justeza no que está sendo proposto?
As lideranças defensoras da divisão do Pará sempre usaram essa bandeira, com base em elementos da realidade, principalmente nos períodos eleitorais, como plataforma política, estimulando disputas regionais e garantia do eleitorado, procurando mostrar que uma região se beneficiava em detrimento da outra, ocultando que os mesmos problemas existiam em todo o estado. Propagam um sentimento separatista sem aprofundar obviamente sobre as reais causas, mesmo quando infraestrutura e instrumentos do poder público estadual se instalam na respectiva região.
As elites políticas, tanto do pretenso “Carajás” como do pretenso “Tapajós”, não apresentam projetos de desenvolvimento que indiquem a inclusão social de sua população, nem contestam a lógica do saque das riquezas e de atividades predatórias. As bases sociais que de fato representam não estão preocupadas com a verticalização de economia e agregação de valor, com o incentivo à agricultura familiar, e sim com produtos primários para exportação com base no latifúndio. Grande parte da base social dessas elites foi a que mais devastou, mais enriqueceu, mais gerou conflitos pela terra, grilando, expulsando e matando camponeses e suas lideranças.
No momento em que se pensa em novos rumos para o Brasil com mais investimentos para a infraestrutura e o setor produtivo, que se geram milhares de postos de trabalho e os trabalhadores conquistam aumento real de salário, ampliando o poder de compra; que os efeitos dessa política chegam aos rincões do país, tirando brasileiros da miséria, precisamos refletir sobre os efeitos da divisão do Pará para seu povo e para o Brasil.
A divisão do Pará fraciona e enfraquece as diversas potencialidades para um desenvolvimento integrado, ambientalmente sustentado, com inclusão social no estado; possibilitando maior risco de degradação da natureza. Ao mesmo tempo, o Pará perde o papel estratégico no desenvolvimento nacional, enfraquecendo o poder de pressão que garanta apoio para o seu necessário desenvolvimento; em contrapartida, a manutenção do estado desenvolvido possibilita uma integração mais forte da região Amazônica, sem fracioná-la ainda mais.
A divisão do Pará levará ao surgimento de três estados débeis, dependentes da verba da União. Segundo o economista Rogério Boueri, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o custo de manutenção dos dois pretensos estados terá um déficit de R$ 2,16 bilhões por ano, que deve ser coberto pela União, sem computar os altos investimentos na criação de cada estado (construções de edifícios públicos e implantação de infraestrutura como aeroportos, rodovias, etc.). O “Tapajós” gastaria 51% do PIB na máquina pública e o “Carajás” 23%, sendo que a média nacional é de 12,72%. O Pará gastou, em 2008, 16%.
Por outro lado, o Pará remanescente ficará com 18% do território, 78 municípios e 4,9 milhões de pessoas (64% dos 7,5 milhões) e PIB per capita de R$ 3.958,00; o “Tapajós” com 58% do território, renda per capita de R$ 4.779,00, com o potencial mineral no vale do rio Tapajós, província polimetálica, potencial turístico; o “Carajás” com 24% do território, renda per capita de R$ 8.763,00, com minérios, rebanho bovino, hidrelétrica, grandes frigoríficos.
Pelo que se deduz, o que está em jogo é a vida de 7,5 milhões de paraenses, natos ou por adoção, que perdem com a divisão do estado, cuja possibilidade de inclusão está no combate à lógica entreguista e predatória que reina no Pará, com a conivência das elites dirigentes, e a tomada de rumo para um projeto de desenvolvimento que gere riquezas para o povo.
Com esse entendimento, conclamamos o povo paraense, de todas as regiões, a defender o Pará de mais esse golpe, travar o bom combate pelo NÃO à divisão do estado: por não resolver os problemas locais, impedir o desenvolvimento, ser oneroso ao país só para favorecer as elites locais, e não possuir justeza na sua intenção.
Érico de Albuquerque Leal é Secretário Político do PCdoB, no Pará.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
CIA treina bandos mercenários para intervir no Oriente Médio
Os mercenários serão usados “dentro ou fora” dos Emirados Árabes e seu treinamento é feito por cerca de 40 ex-membros dos esquadrões de assassinos da CIA, além de ex-integrantes da Legião Estrangeira
Um exército mercenário secreto, com 800 homens, está sendo montado e treinado, nos Emirados Árabes, pelo fundador da notória Blackwater, e agente da CIA, Erik Prince. Segundo documentos obtidos pelo “New York Times”, o objetivo da força mercenária é esmagar “revoltas internas”, isto é, revoltas contra o regime pró-EUA -, e proteger oleodutos. O contrato com Prince, que está atuando sob nova fachada, a “Reflex Responses” – já tida como R2 -, chega a US$ 529 milhões.
Os mercenários serão usados “dentro ou fora” dos Emirados, e seu treinamento está sendo feito por cerca de 40 ex-membros dos esquadrões de assassinos da CIA e de veteranos de unidades de operações especiais ingleses e alemães, além de ex-integrantes da Legião Estrangeira francesa. Ex-militares colombianos e de outras origens compõem o corpo doa tropa mercenária. Um pelotão de mercenários sul-africanos, com larga experiência em sabotagem e golpes, foi chamado para reforçar os legionários.
AGRESSÃO À LÍBIA
A constituição dessa legião mercenária reitera a intervenção dos EUA no Oriente Médio para controlar as áreas de produção – como no Iraque – assim como as receitas da venda do petróleo. Agressão acelerada, agora, com os bombardeios da Otan à Líbia, e que segue latente diante do Irã.
A partir do chamado “Choque do Petróleo”, em 1973, em decorrência do conflito árabe-israelense, a espoliação dos países produtores pelos EUA deixou de ser centralmente via preço aviltado do barril, para passar a envolver o controle da renda maior obtida na venda do petróleo. O que tomou forma com acordo de Washington com a Arábia Saudita. Uma verdadeira máquina de reciclar dólares e depositá-los nos EUA; e os bancos ainda ganham com a especulação com os “barris de papéis” nas bolsas de apostas de commodities.
Assim, dos contratos leoninos em que as Sete Irmãs ficavam com quase tudo (sistema de concessão), chegou-se ao sistema de partilha, em que 80-90% vai para o produtor. No entanto, essa renda maior do petróleo não fica no país produtor, acaba nos EUA aplicada em títulos do Tesouro, e o rendimento vai, em grande parte, para as corporações norte-americanas – como a Halliburton -, que ficam com o filé mignon das obras de infraestrutura realizadas, cabendo às empresas locais as sobras. Esses países também compraram grandes quantidades de armas norte-americanas, claro que inferiores às vendidas e até doadas a Israel.
O jornal novaiorquino disse que, “segundo autoridades norte-americanas, o programa de formação de um batalhão [de mercenários] tem o apoio de Washington.” O NYT observa, porém, que os Emirados “ao dependerem de uma força em grande parte criada pelos americanos, introduziram um elemento volátil numa região explosiva, e onde os EUA são vistos com suspeita”.
Após os escândalos dos assassinatos de civis cometidos pela Blackwater, o pior deles, o da praça Nisour, em que 17 civis iraquianos foram mortos em um cruzamento de ruas em Bagdá, Prince anunciou que queria vender a torrada empresa. Chegou-se a falar no interesse do grupo Carlyle, a corporação ligada à família Bush, e ainda do fundo Cerberus – ex-dono da montadora Chrysler -, que também possui a DynCorp, fachada do Pentágono usada contra a Iugoslávia, e também na Colômbia, Iraque e Afeganistão.
Acabou que a venda foi para o fundo Forté, presidido por um cidadão que é funcionário de Prince desde 1998. Ou seja, um laranja. Prince, ainda que da CIA, herdou na década de 1990 uma corporação de autopeças, que foi vendida por US$ 1,35 bilhão. Antes da “venda” ao Forté, a Blackwater maquiou o nome, para Xe – em referência ao gás xenônio, que fica na extrema-direita da tabela de elementos químicos.
“MR. FAZ TUDO”
O ex-advogado da CIA, e agora jornalista, Adam Ciralsky, revelou em janeiro do ano passado, na revista “Vanity Fair”, que, conforme várias fontes no Q-G da espionagem norte-americana, Prince é agente encoberto da CIA, a quem chamou de “Mr.Faz Tudo” da guerra ao terror, e, à Blackwater, de “guarda pretoriana da CIA e do Departamento de Estado”. Para confirmar que a Blackwater é um braço da CIA, era ela que dava proteção à agência e à embaixada norte-americana, tanto no Iraque quanto no Afeganistão. Prince também fez – ou faz - parte do esquadrão clandestino de assassinos, montado pela CIA, e cujo desmonte foi comunicado pelo chefe da CIA, Leon Panneta ao congresso dos EUA. Também operou, conforme o NYT, bombardeios com drones e mísseis Hellfire. A Blackwater, ou Xe, tem até mesmo um braço de aviação, a Presidencial Airways, que abastece os postos mais remotos no Afeganistão.
ANTONIO PIMENTA
Fonte: http://www.horadopovo.com.br/2011/maio/2960-20-05-2011/P7/pag7a.htm
Um exército mercenário secreto, com 800 homens, está sendo montado e treinado, nos Emirados Árabes, pelo fundador da notória Blackwater, e agente da CIA, Erik Prince. Segundo documentos obtidos pelo “New York Times”, o objetivo da força mercenária é esmagar “revoltas internas”, isto é, revoltas contra o regime pró-EUA -, e proteger oleodutos. O contrato com Prince, que está atuando sob nova fachada, a “Reflex Responses” – já tida como R2 -, chega a US$ 529 milhões.
Os mercenários serão usados “dentro ou fora” dos Emirados, e seu treinamento está sendo feito por cerca de 40 ex-membros dos esquadrões de assassinos da CIA e de veteranos de unidades de operações especiais ingleses e alemães, além de ex-integrantes da Legião Estrangeira francesa. Ex-militares colombianos e de outras origens compõem o corpo doa tropa mercenária. Um pelotão de mercenários sul-africanos, com larga experiência em sabotagem e golpes, foi chamado para reforçar os legionários.
AGRESSÃO À LÍBIA
A constituição dessa legião mercenária reitera a intervenção dos EUA no Oriente Médio para controlar as áreas de produção – como no Iraque – assim como as receitas da venda do petróleo. Agressão acelerada, agora, com os bombardeios da Otan à Líbia, e que segue latente diante do Irã.
A partir do chamado “Choque do Petróleo”, em 1973, em decorrência do conflito árabe-israelense, a espoliação dos países produtores pelos EUA deixou de ser centralmente via preço aviltado do barril, para passar a envolver o controle da renda maior obtida na venda do petróleo. O que tomou forma com acordo de Washington com a Arábia Saudita. Uma verdadeira máquina de reciclar dólares e depositá-los nos EUA; e os bancos ainda ganham com a especulação com os “barris de papéis” nas bolsas de apostas de commodities.
Assim, dos contratos leoninos em que as Sete Irmãs ficavam com quase tudo (sistema de concessão), chegou-se ao sistema de partilha, em que 80-90% vai para o produtor. No entanto, essa renda maior do petróleo não fica no país produtor, acaba nos EUA aplicada em títulos do Tesouro, e o rendimento vai, em grande parte, para as corporações norte-americanas – como a Halliburton -, que ficam com o filé mignon das obras de infraestrutura realizadas, cabendo às empresas locais as sobras. Esses países também compraram grandes quantidades de armas norte-americanas, claro que inferiores às vendidas e até doadas a Israel.
O jornal novaiorquino disse que, “segundo autoridades norte-americanas, o programa de formação de um batalhão [de mercenários] tem o apoio de Washington.” O NYT observa, porém, que os Emirados “ao dependerem de uma força em grande parte criada pelos americanos, introduziram um elemento volátil numa região explosiva, e onde os EUA são vistos com suspeita”.
Após os escândalos dos assassinatos de civis cometidos pela Blackwater, o pior deles, o da praça Nisour, em que 17 civis iraquianos foram mortos em um cruzamento de ruas em Bagdá, Prince anunciou que queria vender a torrada empresa. Chegou-se a falar no interesse do grupo Carlyle, a corporação ligada à família Bush, e ainda do fundo Cerberus – ex-dono da montadora Chrysler -, que também possui a DynCorp, fachada do Pentágono usada contra a Iugoslávia, e também na Colômbia, Iraque e Afeganistão.
Acabou que a venda foi para o fundo Forté, presidido por um cidadão que é funcionário de Prince desde 1998. Ou seja, um laranja. Prince, ainda que da CIA, herdou na década de 1990 uma corporação de autopeças, que foi vendida por US$ 1,35 bilhão. Antes da “venda” ao Forté, a Blackwater maquiou o nome, para Xe – em referência ao gás xenônio, que fica na extrema-direita da tabela de elementos químicos.
“MR. FAZ TUDO”
O ex-advogado da CIA, e agora jornalista, Adam Ciralsky, revelou em janeiro do ano passado, na revista “Vanity Fair”, que, conforme várias fontes no Q-G da espionagem norte-americana, Prince é agente encoberto da CIA, a quem chamou de “Mr.Faz Tudo” da guerra ao terror, e, à Blackwater, de “guarda pretoriana da CIA e do Departamento de Estado”. Para confirmar que a Blackwater é um braço da CIA, era ela que dava proteção à agência e à embaixada norte-americana, tanto no Iraque quanto no Afeganistão. Prince também fez – ou faz - parte do esquadrão clandestino de assassinos, montado pela CIA, e cujo desmonte foi comunicado pelo chefe da CIA, Leon Panneta ao congresso dos EUA. Também operou, conforme o NYT, bombardeios com drones e mísseis Hellfire. A Blackwater, ou Xe, tem até mesmo um braço de aviação, a Presidencial Airways, que abastece os postos mais remotos no Afeganistão.
ANTONIO PIMENTA
Fonte: http://www.horadopovo.com.br/2011/maio/2960-20-05-2011/P7/pag7a.htm
segunda-feira, 16 de maio de 2011
O que a Mídia NÃO vai mostrar:
I - KADDAFI, SEJA O BIZARRO QUE FOR, A ONU CONSTATOU EM 2007:
>
> 1 - Maior Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África (até hoje é maior
>que o do Brasil);
>
> 2 - Ensino gratuito até a Universidade;
>
>
> 3 - 10% dos alunos universitários estudam na Europa, EUA, tudo pago;
>
>
> 4 - Ao casar, o casal recebe até 50.000 US$ para adquirir seus bens;
>
>
> 5 - Sistema médico gratuito, rivalizando com os europeus.
> Equipamentos de última geração, etc...;
>
> 6 - Empréstimos pelo banco estatal sem juros;
>
>
> 7 - Inaugurado em 2007, maior sistema de irrigação do mundo, vem
> tornando o deserto (95% da Líbia), em fazendas produtoras de alimentos.;
> E assim vai....
>
>================================================================================================================================
>=
>
> II - PORQUE DETONAR A LÍBIA ENTÃO?....
>
> Três (3) principais motivos:
>
> 1 - Tomar seu petróleo de boa qualidade e com volume superior a 45
> bilhões de barris em reservas;
>
> 2 - Fazer com que todo mar Mediterrâneo fique sob controle da OTAN.
> Só falta agora a Síria;
>
> 3 - E o maior provàvelmente . O Banco Central Líbio não é atrelado
> ao sistema mundial Financeiro. Suas reservas são toneladas de ouro,
> dando respaldo ao valor da moeda, o dinar, e desatrelando das
> flutuações do dólar.
>
> O sistema financeiro internacional ficou possesso com Kaddafi, após
> ele propor, e quase conseguir, que os países africanos formassem uma
> moeda única desligada do dolar.
>
>====================================================================================
>=
>
> III - O QUE É O ATAQUE HUMANITÁRIO PARA LIVRAR O POVO LÍBIO:
>
>
>
> 1 - A OTAN comandada pelos EUA, já bombardearam as principais
> cidades Líbias com milhares de bombas e mísseis que são capazes de
> destruir um quarteirão inteiro. Os prédios e infra estrutura de água,
> esgoto, gás e luz estão sèriamente danificados;
>
> 2 - As bombas usadas contem DU (Uranio depletado) tempo de vida 3
> bilhões de ano (causa cancer e deformações genéticas);
>
> 3 - Metade das crianças líbias estão traumatizadas psicológicamente
> por causa das explosões que parecem um terremoto e racham as casas;
>
> 4 - Com o bloqueio marítimo e aéreo da OTAN, principalmente as
> crianças, sofrem com a falta de remédios e alimentos;
>
> 5 - A água já não mais é potável em boa parte do país. De novo as
> crianças são as mais atingidas;
>
> 6 - Cerca de 150.000 pessoas por dia, estão deixando o país através
> das fronteiras com a Tunísia e o Egito. Vão para o deserto ao
> relento, sem água nem comida;
>
> 7 - Se o bombardeio terminasse hoje, cerca de 4 milhões de pessoas
> estariam precisando de ajuda humanitária para sobreviver: Água e comida.
> De uma população de 6,5 milhões de pessoas.
>
> Em suma: O bombardeio "humanitário", acabou com a nação líbia. Nunca
> mais haverá a nação Líbia. Foram varridos do mapa.
>
> SIMPLES ASSIM.
Fonte : www.globalresearch.ca
>
> 1 - Maior Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África (até hoje é maior
>que o do Brasil);
>
> 2 - Ensino gratuito até a Universidade;
>
>
> 3 - 10% dos alunos universitários estudam na Europa, EUA, tudo pago;
>
>
> 4 - Ao casar, o casal recebe até 50.000 US$ para adquirir seus bens;
>
>
> 5 - Sistema médico gratuito, rivalizando com os europeus.
> Equipamentos de última geração, etc...;
>
> 6 - Empréstimos pelo banco estatal sem juros;
>
>
> 7 - Inaugurado em 2007, maior sistema de irrigação do mundo, vem
> tornando o deserto (95% da Líbia), em fazendas produtoras de alimentos.;
> E assim vai....
>
>================================================================================================================================
>=
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> II - PORQUE DETONAR A LÍBIA ENTÃO?....
>
> Três (3) principais motivos:
>
> 1 - Tomar seu petróleo de boa qualidade e com volume superior a 45
> bilhões de barris em reservas;
>
> 2 - Fazer com que todo mar Mediterrâneo fique sob controle da OTAN.
> Só falta agora a Síria;
>
> 3 - E o maior provàvelmente . O Banco Central Líbio não é atrelado
> ao sistema mundial Financeiro. Suas reservas são toneladas de ouro,
> dando respaldo ao valor da moeda, o dinar, e desatrelando das
> flutuações do dólar.
>
> O sistema financeiro internacional ficou possesso com Kaddafi, após
> ele propor, e quase conseguir, que os países africanos formassem uma
> moeda única desligada do dolar.
>
>====================================================================================
>=
>
> III - O QUE É O ATAQUE HUMANITÁRIO PARA LIVRAR O POVO LÍBIO:
>
>
>
> 1 - A OTAN comandada pelos EUA, já bombardearam as principais
> cidades Líbias com milhares de bombas e mísseis que são capazes de
> destruir um quarteirão inteiro. Os prédios e infra estrutura de água,
> esgoto, gás e luz estão sèriamente danificados;
>
> 2 - As bombas usadas contem DU (Uranio depletado) tempo de vida 3
> bilhões de ano (causa cancer e deformações genéticas);
>
> 3 - Metade das crianças líbias estão traumatizadas psicológicamente
> por causa das explosões que parecem um terremoto e racham as casas;
>
> 4 - Com o bloqueio marítimo e aéreo da OTAN, principalmente as
> crianças, sofrem com a falta de remédios e alimentos;
>
> 5 - A água já não mais é potável em boa parte do país. De novo as
> crianças são as mais atingidas;
>
> 6 - Cerca de 150.000 pessoas por dia, estão deixando o país através
> das fronteiras com a Tunísia e o Egito. Vão para o deserto ao
> relento, sem água nem comida;
>
> 7 - Se o bombardeio terminasse hoje, cerca de 4 milhões de pessoas
> estariam precisando de ajuda humanitária para sobreviver: Água e comida.
> De uma população de 6,5 milhões de pessoas.
>
> Em suma: O bombardeio "humanitário", acabou com a nação líbia. Nunca
> mais haverá a nação Líbia. Foram varridos do mapa.
>
> SIMPLES ASSIM.
Fonte : www.globalresearch.ca
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Governo Dilma dá a largada para a privatização dos aeroportos
Modelo de concessão deve ser divulgado nos próximos meses pelo governo
Por Diego Cruz
O governo Dilma acaba de anunciar o início do processo de privatização dos aeroportos brasileiros. A informação veio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci na última semana de abril, em decisão tomada junto com o Planalto, embora a hipótese já estivesse sendo aventada há tempos. Seria a solução para o caos aéreo que piora a cada dia e que tende a se aprofundar com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A ideia é generalizar um modelo que já vem sendo empregado no aeroporto de São Gonçalo Amarante, em Natal.
Aplaudida pela grande imprensa, a medida visa transferir para a iniciativa privada a administração da rede aeroportuária, começando já pelos três dos maiores aeroportos do país: Guarulhos, Brasília e Viracopos, em Campinas. Outros dois já estariam na fila: o aeroporto do Galeão, no Rio, e Confins, de Belo Horizonte. Depois, estendido aos demais 62 aeroportos que existem sob a direção da Infraero.
De olho nos lucros
Definida a privatização, discute-se agora o modelo a ser seguido. Provavelmente, o governo lance mão das parcerias público-privadas (PPP’s), modelo implementado no próprio governo Lula. Assim, os investidores entrariam com parte do capital para a expansão dos aeroportos, teriam a administração dos mesmos cobrando tarifas das empresas aéreas e, principalmente, dos passageiros, e teriam ainda a salvaguarda do Estado para eventuais perdas e prejuízos.
De olho num filão que só cresce no Brasil, grandes grupos estrangeiros, empresas aéreas e mega-empreiteiras já se articulam para tomar o controle do setor. Uma linha especial de financiamento do BNDES para isso já estaria sendo articulada. Segundo o jornal O Globo, Camargo Côrrea, Andrade Gutierrez e Odebrecht já teriam constituído joint-ventures (parcerias) para gerir os aeroportos, antes mesmo de divulgados os detalhes da concessão.
Ainda em 2008 a Camargo Corrêa se uniu a grupos estrangeiros, como a suíça Flughafen Zürich AG e a chilena Gestión Igeniería, criando a empresa A-port. A subsidiária já administra aeroportos em vários países da América Latina, entre eles Chile, Honduras e Colômbia, além da ilha de Curaçao. A alemã Fraport também já demonstrou interesse nos aeroportos brasileiros.
O grande número de interessados em abocanhar a administração dos aeroportos é explicado pelas possibilidades de lucros de um setor que, só em 2010, teve 154 milhões de passageiros, com vias de se expandir ainda mais. O irônico dessa história é que a privatização do setor aéreo vai se dar pelas mãos do partido que, na última campanha eleitoral, acusou o adversário de “privatista”, defendendo um “Estado forte e atuante”.
Modelo petista de privatização
Outra ironia é que, a fim de justificar a entrega dos aeroportos ao capital privado, o governo Dilma utiliza os mesmos argumentos desfilados pelo governo FHC para privatizar as estatais. Ou seja, de que o setor público seria sinônimo de ineficiência e incompetência, ao contrário da iniciativa privada.
Para isso, parte da real situação de superlotação e esgotamento dos aeroportos brasileiros. Quem é obrigado a passar por Guarulhos, por exemplo, a qualquer hora do dia, pode testemunhar as filas quilométricas e atrasos freqüentes do maior aeroporto do país. Estudo recente divulgado pelo Ipea, “Aeroportos no Brasil: investimentos recentes, perspectivas e preocupações”, mesmo elaborado para justificar a privatização, indica a razão disso.
Segundo o Ipea, em 2003 o número de passageiros que voavam no país foi de 71 milhões. Em 2010, foi de 154 milhões, um crescimento de 117%. Ou seja, nos últimos anos o setor experimentou uma expansão exponencial, mas que não foi acompanhado por investimentos em infra-estrutura aeroportuária que acompanhasse essa demanda. Chegamos a uma situação em que, em 2010, dos 20 maiores aeroportos do país, 14 estavam em “situação crítica”, operando acima de sua capacidade.
O documento aponta que, mesmo após os acidentes de 2006 e 2007, não houve aumento do investimento no setor. “Constata-se também que, apesar dos graves acidentes aéreos ocorridos em 2006 (GOL) e 2007 (TAM), que culminaram no chamado “apagão aéreo”, não houve uma reação do poder público em termos de reforço nos investimentos totais aeroportuários, que permaneceram relativamente estáveis no período (2006/2010)”, diz o texto.
Desregulamentação
A saturação do setor aéreo causada pela falta de investimento ameaça agora a própria Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016. Para as grandes empreiteiras, empresas estrangeiras e investidores, uma oportunidade de ouro para, finalmente, privatizarem os aeroportos. O governo do PT, assim, cumpre o modus operandi traçado por FHC: precariza-se primeiro para se legitimar depois a privatização, escondido sob o eufemismo de “concessão”.
Com a privatização, o governo Dilma abre mão de um setor lucrativo, em franca expansão e estratégico ao país. Abre as portas também para o avanço da desregulamentação do setor. Seguindo nessa esteira, as companhias aéreas, por exemplo, estudam o aumento da jornada de trabalho para a tripulação, de 85 horas/mês para 100 horas/mês, como destacou o jornal Estado de S. Paulo do último dia 1º de maio. Num setor em que carga horária e segurança estão intimamente relacionadas, essa notícia deveria trazer preocupação.
Para os passageiros, esse processo vai significar o aumento nos preços das passagens da ordem de 30% a 100%. Para os trabalhadores dos aeroportos e das companhias aéreas, a flexibilização dos direitos trabalhistas. E para o PT, a confirmação do modelo privatista imposto por FHC e tão criticado por Dilma e Lula na campanha eleitoral.
Diego Cruz é Jornalista.
Por Diego Cruz
O governo Dilma acaba de anunciar o início do processo de privatização dos aeroportos brasileiros. A informação veio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci na última semana de abril, em decisão tomada junto com o Planalto, embora a hipótese já estivesse sendo aventada há tempos. Seria a solução para o caos aéreo que piora a cada dia e que tende a se aprofundar com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A ideia é generalizar um modelo que já vem sendo empregado no aeroporto de São Gonçalo Amarante, em Natal.
Aplaudida pela grande imprensa, a medida visa transferir para a iniciativa privada a administração da rede aeroportuária, começando já pelos três dos maiores aeroportos do país: Guarulhos, Brasília e Viracopos, em Campinas. Outros dois já estariam na fila: o aeroporto do Galeão, no Rio, e Confins, de Belo Horizonte. Depois, estendido aos demais 62 aeroportos que existem sob a direção da Infraero.
De olho nos lucros
Definida a privatização, discute-se agora o modelo a ser seguido. Provavelmente, o governo lance mão das parcerias público-privadas (PPP’s), modelo implementado no próprio governo Lula. Assim, os investidores entrariam com parte do capital para a expansão dos aeroportos, teriam a administração dos mesmos cobrando tarifas das empresas aéreas e, principalmente, dos passageiros, e teriam ainda a salvaguarda do Estado para eventuais perdas e prejuízos.
De olho num filão que só cresce no Brasil, grandes grupos estrangeiros, empresas aéreas e mega-empreiteiras já se articulam para tomar o controle do setor. Uma linha especial de financiamento do BNDES para isso já estaria sendo articulada. Segundo o jornal O Globo, Camargo Côrrea, Andrade Gutierrez e Odebrecht já teriam constituído joint-ventures (parcerias) para gerir os aeroportos, antes mesmo de divulgados os detalhes da concessão.
Ainda em 2008 a Camargo Corrêa se uniu a grupos estrangeiros, como a suíça Flughafen Zürich AG e a chilena Gestión Igeniería, criando a empresa A-port. A subsidiária já administra aeroportos em vários países da América Latina, entre eles Chile, Honduras e Colômbia, além da ilha de Curaçao. A alemã Fraport também já demonstrou interesse nos aeroportos brasileiros.
O grande número de interessados em abocanhar a administração dos aeroportos é explicado pelas possibilidades de lucros de um setor que, só em 2010, teve 154 milhões de passageiros, com vias de se expandir ainda mais. O irônico dessa história é que a privatização do setor aéreo vai se dar pelas mãos do partido que, na última campanha eleitoral, acusou o adversário de “privatista”, defendendo um “Estado forte e atuante”.
Modelo petista de privatização
Outra ironia é que, a fim de justificar a entrega dos aeroportos ao capital privado, o governo Dilma utiliza os mesmos argumentos desfilados pelo governo FHC para privatizar as estatais. Ou seja, de que o setor público seria sinônimo de ineficiência e incompetência, ao contrário da iniciativa privada.
Para isso, parte da real situação de superlotação e esgotamento dos aeroportos brasileiros. Quem é obrigado a passar por Guarulhos, por exemplo, a qualquer hora do dia, pode testemunhar as filas quilométricas e atrasos freqüentes do maior aeroporto do país. Estudo recente divulgado pelo Ipea, “Aeroportos no Brasil: investimentos recentes, perspectivas e preocupações”, mesmo elaborado para justificar a privatização, indica a razão disso.
Segundo o Ipea, em 2003 o número de passageiros que voavam no país foi de 71 milhões. Em 2010, foi de 154 milhões, um crescimento de 117%. Ou seja, nos últimos anos o setor experimentou uma expansão exponencial, mas que não foi acompanhado por investimentos em infra-estrutura aeroportuária que acompanhasse essa demanda. Chegamos a uma situação em que, em 2010, dos 20 maiores aeroportos do país, 14 estavam em “situação crítica”, operando acima de sua capacidade.
O documento aponta que, mesmo após os acidentes de 2006 e 2007, não houve aumento do investimento no setor. “Constata-se também que, apesar dos graves acidentes aéreos ocorridos em 2006 (GOL) e 2007 (TAM), que culminaram no chamado “apagão aéreo”, não houve uma reação do poder público em termos de reforço nos investimentos totais aeroportuários, que permaneceram relativamente estáveis no período (2006/2010)”, diz o texto.
Desregulamentação
A saturação do setor aéreo causada pela falta de investimento ameaça agora a própria Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016. Para as grandes empreiteiras, empresas estrangeiras e investidores, uma oportunidade de ouro para, finalmente, privatizarem os aeroportos. O governo do PT, assim, cumpre o modus operandi traçado por FHC: precariza-se primeiro para se legitimar depois a privatização, escondido sob o eufemismo de “concessão”.
Com a privatização, o governo Dilma abre mão de um setor lucrativo, em franca expansão e estratégico ao país. Abre as portas também para o avanço da desregulamentação do setor. Seguindo nessa esteira, as companhias aéreas, por exemplo, estudam o aumento da jornada de trabalho para a tripulação, de 85 horas/mês para 100 horas/mês, como destacou o jornal Estado de S. Paulo do último dia 1º de maio. Num setor em que carga horária e segurança estão intimamente relacionadas, essa notícia deveria trazer preocupação.
Para os passageiros, esse processo vai significar o aumento nos preços das passagens da ordem de 30% a 100%. Para os trabalhadores dos aeroportos e das companhias aéreas, a flexibilização dos direitos trabalhistas. E para o PT, a confirmação do modelo privatista imposto por FHC e tão criticado por Dilma e Lula na campanha eleitoral.
Diego Cruz é Jornalista.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Um censo, dois brasis, vários problemas
Por Wilson H. Silva
Os primeiros dados do Censo 2010 foram publicados na semana passada, revelando que o Brasil tem uma população oficial de 190.755.799 pessoas. De imediato, a informação que causou mais impacto foi a constatação de algo há muito conhecido, apesar de sempre negado: o Brasil é um país de maioria não-branca.
Contudo, para além do tema racial, o Censo revelou uma série de outras contradições que merecem ao menos serem citadas e comentadas sob uma perspectiva diferente da maioria que tem circulado pela grande mídia, onde analistas burgueses, membros do governo e setores dos movimentos sociais alinhados com o lulismo têm usado e abusado dos dados para se vangloriarem dos supostos feitos e avanços sociais da Frente Popular.
Antes de mais nada, é sempre bom lembrar que, quando nos referimos a pesquisas, números e estatísticas – para além das sempre possíveis manipulações – estamos num campo fértil para todo e qualquer tipo de interpretação, a começar pelos parâmetros de comparação.
Enquanto estava no governo, Lula nos cansou com discursos iniciados com a frase “nunca houve antes na história...”, para enfatizar os “avanços” de seu governo. Como toda frase de efeito, contudo, esta também só serve para mascarar realidades muito mais complexas.
Primeiro, porque, para um governo que se diz representante dos interesses do povo, não deveria haver muito o que se comemorar com a constatação das tímidas melhorias nas estáticas que revelam as condições de vida dos brasileiros em relação à história recente, marcada por uma ditadura, um presidente ladrão e seguidas administrações tucanas.
Segundo, porque a principal constatação do Censo é aquela que realmente revela o caráter do governo de Frente Popular, iniciado por Lula e continuado por Dilma: a manutenção dos privilégios de um punhado de burgueses, em detrimento da existência de milhões de miseráveis e despossuídos.
E por isso mesmo, o dado mais importante constatado pelo Censo (e que determina e relativiza todos os demais) é um dos que menos tem sido ressaltado pela grande mídia e seus analistas: independentemente de qualquer “avanço pontual” nos índices sociais, existem, rigorosamente, “dois brasis”, separados pela enorme abismo criado pela sociedade de classes.
Um abismo de classe
Exemplos disto não faltam, mas o mais escandaloso deles é o que revela que enquanto nada menos do que 60,5% das famílias brasileiras (ou seja, 34,7 milhões de domicílios) sobrevivem com até um salário mínimo per capita (ou seja, por membro da família), em 5,1% das casas cada um dos membros da família tem à sua disposição, por mês, mais de cinco salários (ou seja, no mínimo R$ 2.725, levando-se em consideração o atual salário mínimo, de R$ 545)
É verdade que a porcentagem das famílias que vivem abaixo da linha do já miserável salário mínimo diminuiu desde o último Censo, em 2000. Hoje a maioria está na faixa que tem renda per capita entre meio e dois salários mínimos (50,1% das famílias). E é isto que tem sido festejado por Dilma e pelos analistas burgueses como prova conclusiva do “milagre da nova classe média”.
No entanto, como é sempre bom desconfiar de “milagres”, o fato mais importante é que, além da tal redução ter sido de pífios 6,1%, ela só pode ser compreendida levando-se em consideração que, do outro lado do abismo, o mesmo punhado de endinheirados de sempre continua muitíssimo bem, e intocado.
Há dez anos, no início do governo Lula, as famílias que ganhavam de três a cinco salários mínimos per capita correspondiam a 5,1% da população. Em 2010, este grupo cresceu para 5,3%. Já no topo da pirâmide, nas famílias com renda per capita maior do que cinco salários mínimos, o abalo foi mínimo: em 2000, elas eram 5,2% da população; agora equivalem a apenas 5.1% das famílias brasileiras.
Essa enorme concentração da renda ainda esconde realidades ainda mais cruéis. Este é um país onde 4,3% das famílias vivem sem rendimento algum. Isso significa dizer que nada menos do que em 2,4 milhões de lares a sobrevivência depende exclusivamente de doações ou “bicos”.
E mais: nas regiões historicamente mais pobres, o tamanho do abismo é ainda maior. No Nordeste, o percentual de famílias que vivem com renda per capita inferior a um mínino é de impressionantes 80,3%; no Norte, 75,2%.
A desigualdade social em números
Todos os demais dados do Censo devem ser interpretados a partir dessa realidade. Algo que está evidente até mesmo para aqueles que ressaltam os avanços que ocorreram na última década, como o economista e sociólogo da Universidade de Brasília Marcelo Medeiros, que em entrevista para o jornal “O Globo”, de 30 de abril, ressaltou: “Apesar da melhora no mercado de trabalho e da queda da desigualdade, não houve uma mudança na estrutura. Continuamos com uma grande massa de população de baixa renda, separando-se de uma pequena elite muito rica”.
E é dentro desta grande massa que a miséria e as condições de vida literalmente desumanas ficam evidente em indicadores alarmantes, como os seguintes:
Metade das casas não tem esgoto: Dizer que os brasileiros têm, hoje, mais acesso à água tratada e coleta de esgotos do que tinham há 10 anos, é apenas parte da verdade, pois é necessário um tanto de cara de pau para festejar o fato de que, se há uma década 47,3% das casas tinham saneamento básico, hoje, pouco mais da metade da população, 55,5%, tem acesso a este serviço fundamental para a saúde e qualidade de vida. Um número que fica dramaticamente mais preocupante nas regiões historicamente mais exploradas. No Norte, a rede de esgotos cobre apenas, 13,9% das casas; no Nordeste, 33,9%. O que puxa a média para cima é a situação do Sudeste, onde a rede de esgoto atinge 81% das casas. E, quanto à qualidade da água consumida, vale lembrar que 5,7 milhões de famílias (10%) depende exclusivamente de poços para o consumo.
Milhões de casas sem banheiros: Além da falta de esgotos, a desigualdade social brasileira foi revelada por um índice ainda mais absurdo levantado pelo Censo: nada menos do que 3,5 milhões de domicílios brasileiros (6,2% do total) não têm sequer um único banheiro. Transformado em indicador bizarro da divisão de classes, a contagem dos números de banheiros revelou que do “outro lado”, a situação é bem distinta: um pouco mais de três milhões de famílias vivem em casas com três sanitários e outras 1,2 milhão têm quatro ou mais acomodações para desfazerem de suas necessidades fisiológicas.
800 mil famílias vivem nas trevas: No país que orgulha-se de ser a “sétima potência econômica do mundo”, 728.512 famílias vivem como se estivessem em plena “Idade das Trevas”, sem qualquer tipo de acesso à energia elétrica. A situação só não é pior porque outras 550 mil famílias (um número pra lá de subestimado) deu um “jeitinho”, fazendo “gatos” (instalações “ilegais) em suas residências.
14 milhões de analfabetos: O número de brasileiros com 15 anos ou mais que não sabem ler ou escrever (13,9 milhões) corresponde a 9,63% da população (em 2000 eram 13,64%). Mais uma vez, o Nordeste é a região com a pior situação (19,1%), seguida do Norte (11,2%), do Centro-Oeste (7,2%), do Sudeste (5.5%) e do Sul (5,1%). Na faixa dos que têm mais de 60 anos, a média nacional chega a 26,5%
Crianças que dirigem famílias: Um dos novos e mais alarmantes indicadores levantados pelo Censo 2010 é o número de domicílios que são “chefiados” por brasileirinhos entre 10 e 14 anos de idade. Os 132.033 domicílios encontrados nesta situação absurda certamente são apenas uma parcela da realidade. E, desta vez, é o Sudeste que lidera o “ranking da barbárie”: na região mais rica do país, 62.320 famílias dependem da renda de crianças. E mais: país afora, outras 661.153 famílias são dependentes do trabalho de jovens entre 15 e 19 anos.
O Brasil que queremos e precisamos
A existência como números como os acima, em pleno século 21 e quando o país se vende como a 7ª potência mundial, é sintomática do caráter de classe da sociedade brasileira. Um caráter fielmente preservado e defendido pelo lulismo.
Enquanto os pobres levam décadas para escalar míseros décimos nas estatísticas, os ricos se mantém confortavelmente nos seus altíssimos patamares, sem precisar fazer absolutamente nada, a não ser, evidentemente, manter os padrões de exploração e opressão de sempre. Tudo sob a benção do PT, PCdoB e seus braços nos movimentos sindical e popular.
Por isso mesmo, para reverter os números do censo é preciso mudar a lógica da sociedade, mexer na essência de sua estrutura, algo que pode ser feito com a revolução socialista. Esta é única forma de nos livrarmos de tantos problemas, pormos fim à barreira que separa os “dois brasis” e criarmos condições para que todos, absolutamente todos, tenham condições dignas de vida.
Wilson H. Silva é Jornalista da Opinião Socialista e membro da Secretaria Nacional de Negros e Negras do PSTU
Os primeiros dados do Censo 2010 foram publicados na semana passada, revelando que o Brasil tem uma população oficial de 190.755.799 pessoas. De imediato, a informação que causou mais impacto foi a constatação de algo há muito conhecido, apesar de sempre negado: o Brasil é um país de maioria não-branca.
Contudo, para além do tema racial, o Censo revelou uma série de outras contradições que merecem ao menos serem citadas e comentadas sob uma perspectiva diferente da maioria que tem circulado pela grande mídia, onde analistas burgueses, membros do governo e setores dos movimentos sociais alinhados com o lulismo têm usado e abusado dos dados para se vangloriarem dos supostos feitos e avanços sociais da Frente Popular.
Antes de mais nada, é sempre bom lembrar que, quando nos referimos a pesquisas, números e estatísticas – para além das sempre possíveis manipulações – estamos num campo fértil para todo e qualquer tipo de interpretação, a começar pelos parâmetros de comparação.
Enquanto estava no governo, Lula nos cansou com discursos iniciados com a frase “nunca houve antes na história...”, para enfatizar os “avanços” de seu governo. Como toda frase de efeito, contudo, esta também só serve para mascarar realidades muito mais complexas.
Primeiro, porque, para um governo que se diz representante dos interesses do povo, não deveria haver muito o que se comemorar com a constatação das tímidas melhorias nas estáticas que revelam as condições de vida dos brasileiros em relação à história recente, marcada por uma ditadura, um presidente ladrão e seguidas administrações tucanas.
Segundo, porque a principal constatação do Censo é aquela que realmente revela o caráter do governo de Frente Popular, iniciado por Lula e continuado por Dilma: a manutenção dos privilégios de um punhado de burgueses, em detrimento da existência de milhões de miseráveis e despossuídos.
E por isso mesmo, o dado mais importante constatado pelo Censo (e que determina e relativiza todos os demais) é um dos que menos tem sido ressaltado pela grande mídia e seus analistas: independentemente de qualquer “avanço pontual” nos índices sociais, existem, rigorosamente, “dois brasis”, separados pela enorme abismo criado pela sociedade de classes.
Um abismo de classe
Exemplos disto não faltam, mas o mais escandaloso deles é o que revela que enquanto nada menos do que 60,5% das famílias brasileiras (ou seja, 34,7 milhões de domicílios) sobrevivem com até um salário mínimo per capita (ou seja, por membro da família), em 5,1% das casas cada um dos membros da família tem à sua disposição, por mês, mais de cinco salários (ou seja, no mínimo R$ 2.725, levando-se em consideração o atual salário mínimo, de R$ 545)
É verdade que a porcentagem das famílias que vivem abaixo da linha do já miserável salário mínimo diminuiu desde o último Censo, em 2000. Hoje a maioria está na faixa que tem renda per capita entre meio e dois salários mínimos (50,1% das famílias). E é isto que tem sido festejado por Dilma e pelos analistas burgueses como prova conclusiva do “milagre da nova classe média”.
No entanto, como é sempre bom desconfiar de “milagres”, o fato mais importante é que, além da tal redução ter sido de pífios 6,1%, ela só pode ser compreendida levando-se em consideração que, do outro lado do abismo, o mesmo punhado de endinheirados de sempre continua muitíssimo bem, e intocado.
Há dez anos, no início do governo Lula, as famílias que ganhavam de três a cinco salários mínimos per capita correspondiam a 5,1% da população. Em 2010, este grupo cresceu para 5,3%. Já no topo da pirâmide, nas famílias com renda per capita maior do que cinco salários mínimos, o abalo foi mínimo: em 2000, elas eram 5,2% da população; agora equivalem a apenas 5.1% das famílias brasileiras.
Essa enorme concentração da renda ainda esconde realidades ainda mais cruéis. Este é um país onde 4,3% das famílias vivem sem rendimento algum. Isso significa dizer que nada menos do que em 2,4 milhões de lares a sobrevivência depende exclusivamente de doações ou “bicos”.
E mais: nas regiões historicamente mais pobres, o tamanho do abismo é ainda maior. No Nordeste, o percentual de famílias que vivem com renda per capita inferior a um mínino é de impressionantes 80,3%; no Norte, 75,2%.
A desigualdade social em números
Todos os demais dados do Censo devem ser interpretados a partir dessa realidade. Algo que está evidente até mesmo para aqueles que ressaltam os avanços que ocorreram na última década, como o economista e sociólogo da Universidade de Brasília Marcelo Medeiros, que em entrevista para o jornal “O Globo”, de 30 de abril, ressaltou: “Apesar da melhora no mercado de trabalho e da queda da desigualdade, não houve uma mudança na estrutura. Continuamos com uma grande massa de população de baixa renda, separando-se de uma pequena elite muito rica”.
E é dentro desta grande massa que a miséria e as condições de vida literalmente desumanas ficam evidente em indicadores alarmantes, como os seguintes:
Metade das casas não tem esgoto: Dizer que os brasileiros têm, hoje, mais acesso à água tratada e coleta de esgotos do que tinham há 10 anos, é apenas parte da verdade, pois é necessário um tanto de cara de pau para festejar o fato de que, se há uma década 47,3% das casas tinham saneamento básico, hoje, pouco mais da metade da população, 55,5%, tem acesso a este serviço fundamental para a saúde e qualidade de vida. Um número que fica dramaticamente mais preocupante nas regiões historicamente mais exploradas. No Norte, a rede de esgotos cobre apenas, 13,9% das casas; no Nordeste, 33,9%. O que puxa a média para cima é a situação do Sudeste, onde a rede de esgoto atinge 81% das casas. E, quanto à qualidade da água consumida, vale lembrar que 5,7 milhões de famílias (10%) depende exclusivamente de poços para o consumo.
Milhões de casas sem banheiros: Além da falta de esgotos, a desigualdade social brasileira foi revelada por um índice ainda mais absurdo levantado pelo Censo: nada menos do que 3,5 milhões de domicílios brasileiros (6,2% do total) não têm sequer um único banheiro. Transformado em indicador bizarro da divisão de classes, a contagem dos números de banheiros revelou que do “outro lado”, a situação é bem distinta: um pouco mais de três milhões de famílias vivem em casas com três sanitários e outras 1,2 milhão têm quatro ou mais acomodações para desfazerem de suas necessidades fisiológicas.
800 mil famílias vivem nas trevas: No país que orgulha-se de ser a “sétima potência econômica do mundo”, 728.512 famílias vivem como se estivessem em plena “Idade das Trevas”, sem qualquer tipo de acesso à energia elétrica. A situação só não é pior porque outras 550 mil famílias (um número pra lá de subestimado) deu um “jeitinho”, fazendo “gatos” (instalações “ilegais) em suas residências.
14 milhões de analfabetos: O número de brasileiros com 15 anos ou mais que não sabem ler ou escrever (13,9 milhões) corresponde a 9,63% da população (em 2000 eram 13,64%). Mais uma vez, o Nordeste é a região com a pior situação (19,1%), seguida do Norte (11,2%), do Centro-Oeste (7,2%), do Sudeste (5.5%) e do Sul (5,1%). Na faixa dos que têm mais de 60 anos, a média nacional chega a 26,5%
Crianças que dirigem famílias: Um dos novos e mais alarmantes indicadores levantados pelo Censo 2010 é o número de domicílios que são “chefiados” por brasileirinhos entre 10 e 14 anos de idade. Os 132.033 domicílios encontrados nesta situação absurda certamente são apenas uma parcela da realidade. E, desta vez, é o Sudeste que lidera o “ranking da barbárie”: na região mais rica do país, 62.320 famílias dependem da renda de crianças. E mais: país afora, outras 661.153 famílias são dependentes do trabalho de jovens entre 15 e 19 anos.
O Brasil que queremos e precisamos
A existência como números como os acima, em pleno século 21 e quando o país se vende como a 7ª potência mundial, é sintomática do caráter de classe da sociedade brasileira. Um caráter fielmente preservado e defendido pelo lulismo.
Enquanto os pobres levam décadas para escalar míseros décimos nas estatísticas, os ricos se mantém confortavelmente nos seus altíssimos patamares, sem precisar fazer absolutamente nada, a não ser, evidentemente, manter os padrões de exploração e opressão de sempre. Tudo sob a benção do PT, PCdoB e seus braços nos movimentos sindical e popular.
Por isso mesmo, para reverter os números do censo é preciso mudar a lógica da sociedade, mexer na essência de sua estrutura, algo que pode ser feito com a revolução socialista. Esta é única forma de nos livrarmos de tantos problemas, pormos fim à barreira que separa os “dois brasis” e criarmos condições para que todos, absolutamente todos, tenham condições dignas de vida.
Wilson H. Silva é Jornalista da Opinião Socialista e membro da Secretaria Nacional de Negros e Negras do PSTU
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Comando da CIA invade Paquistão e mata ex-colega Osama Bin Laden
Por Antonio Pimenta
Na descrição de um analista paquistanês, os manuais de atentados da Al Qaeda são “muito parecidos” com aqueles manuais que a CIA forneceu para os contras na Nicarágua
A mídia não está cabendo em si de tanta excitação. Depois de um dia inteiro de glamour no casamento de Lady Kate com o príncipe William, em Londres, viveu a surpresa de, dez anos após a invasão do Afeganistão, ter a morte do chefe da Al Qaeda, Osama Bin Laden, afinal anunciada, no início da madrugada da segunda-feira (hora local), pelo presidente dos EUA.
Osama, que já foi visto nas cavernas de Tora Bora e até nas montanhas do Iêmen, foi afinal abatido em uma mansão-fortaleza, a menos de 100 km da capital paquistanesa, Islamabad, e a uns 100 metros da academia militar do país, a Agulhas Negras de lá. Mas tanta comemoração da mídia serviu principalmente para esconder que foi a CIA que o criou, adestrou, armou e controlou de 1979 a 1991.
ESQUADRÃO
Um esquadrão da morte enviado por Washington, e sem aviso ao governo de Islamadad, violou espaço aéreo e território soberanos do Paquistão e executou Osama, embora ainda não se saibam os detalhes, e depois jogou o corpo no mar, segundo cerimônia litúrgica da CIA que ficou muito em voga na Argentina na década de 1970. Repetindo W. Bush, Obama disse que a "justiça foi feita", mas pela pressa, além da falta até de uma mera foto, mais parece queima de arquivo. A falta de qualquer comprovação de que a execução aconteceu e de que o executado foi realmente Osama tem causado estranheza no mundo inteiro.
Filho de um empreiteiro que fez fortuna pegando as beiradas dos acordos da família real com os EUA para aplicação dos petrodólares, Osama ainda na universidade se aproximou do wahabismo, versão extremista do Islã patrocinada pelos sauditas. Entre 1979 e 1991, ele foi uma peça chave da estratégia dos EUA, apoiada pelos petrodólares da Arábia Saudita, e pelo serviço secreto paquistanês, para combater as transformações que a revolução popular vinha realizando no Afeganistão, como os direitos à mulher, educação pública e gratuita, a reforma agrária, a separação igreja-Estado e o combate ao milenar tráfico de ópio. Foi possivelmente, ao lado do psicopata Jonas Savimbi, o carniceiro de Angola, o mais famoso "combatente da liberdade" da época, que o presidente Reagan exaltava.
Apesar de os propagandistas do império dizerem que foi "a invasão do Afeganistão" que causou a enxurrada de "combatentes da liberdade" de que Osama se tornou o principal articulador, o conselheiro de segurança nacional de Carter, Brzezinski, admitiu faz tempo que a decisão da CIA de jogar pesado no Afeganistão com o objetivo de desestabilizar a União Soviética, foi tomada pelo menos seis meses antes. A "Operação Ciclone" foi a maior ação de desestabilização feita até então. Os sauditas entravam com o Wahabismo e os petrodólares, e o serviço secreto paquistanês canalizava até o Afeganistão a avalanche de pessoal, dinheiro e armas liberados pelos EUA. Só da Arábia Saudita, estima-se em 15 mil o total de "voluntários" pró-CIA. Dentro do Afeganistão, a base social era de plantadores de papoulas para o ópio, ladrões, latifundiários e mulás fanatizados.
No início, Osama fazia o recrutamento de contrarrevolucionários e os conduzia ao Afeganistão, mas sem cruzar a fronteira. A partir de 1984, passou a participar das sabotagens e outras operações de guerra, com um grupo de adeptos, que se tornaria a Al Qaeda. Em 1989, a URSS decidiu empreender sua retirada, e o governo popular, apesar de toda a agressão, conseguiu se manter no poder, o que só se tornou inviável em 1992, quando a queda do sistema socialista o deixou sem retaguarda.
Quando os EUA, durante a Guerra do Golfo, desembarcaram tropas em solo sagrado, Meca e Medina, com aprovação dos Saud, Osama rompeu com os antigos patrocinadores, o que se agravou com a permanência das tropas após o fim da agressão ao Iraque, em 1991. A partir daí, a criatura se volta contra o criador, até a execução no domingo. No Afeganistão, a devastação causada pela ação conjunta dos EUA, sauditas e governo paquistanês acabou levando à tomada do poder pelo Taliban, montado e armado pelo serviço secreto de Islamabad.
FOLHA CORRIDA
Em 1994, Osama teve sua cidadania cassada pela realeza. Ele havia se transferido para o Sudão em 1992, de onde teve de se retirar após pressões dos EUA, retornando ao Afeganistão. Em 1998, foram feitos ataques às embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, com 224 mortos e centenas de feridos, atribuídos à Al Qaeda. Em 2000, ação no Iêmen acertou o navio US Cole. Nesse ínterim, a petroleira Unocal iniciou conversações com o Taliban, para construir um oleoduto que escoasse o petróleo do Mar Cáspio, atualmente, controlado principalmente pela Rússia e Irã. Mas as negociações entraram em impasse.
Em 11 de setembro de 2001, as torres gêmeas de Nova Iorque desabam após atingidas em cheio por aviões carregados de combustível e pilotados por agentes supostamente da Al Qaeda. Também é atingido o prédio do Pentágono. A pretexto de capturar Osama, o governo de W. Bush, invade o país, onde os EUA estão atolados há dez anos. Mas até hoje lá está o dedo da CIA: na descrição de um analista paquistanês, os manuais de atentados da Al Qaeda são "muito parecidos" com aqueles manuais que a CIA forneceu aos contras na Nicarágua.
http://www.horadopovo.com.br/2011/maio/2955-04-05-2011/P7/pag7a.htm
Na descrição de um analista paquistanês, os manuais de atentados da Al Qaeda são “muito parecidos” com aqueles manuais que a CIA forneceu para os contras na Nicarágua
A mídia não está cabendo em si de tanta excitação. Depois de um dia inteiro de glamour no casamento de Lady Kate com o príncipe William, em Londres, viveu a surpresa de, dez anos após a invasão do Afeganistão, ter a morte do chefe da Al Qaeda, Osama Bin Laden, afinal anunciada, no início da madrugada da segunda-feira (hora local), pelo presidente dos EUA.
Osama, que já foi visto nas cavernas de Tora Bora e até nas montanhas do Iêmen, foi afinal abatido em uma mansão-fortaleza, a menos de 100 km da capital paquistanesa, Islamabad, e a uns 100 metros da academia militar do país, a Agulhas Negras de lá. Mas tanta comemoração da mídia serviu principalmente para esconder que foi a CIA que o criou, adestrou, armou e controlou de 1979 a 1991.
ESQUADRÃO
Um esquadrão da morte enviado por Washington, e sem aviso ao governo de Islamadad, violou espaço aéreo e território soberanos do Paquistão e executou Osama, embora ainda não se saibam os detalhes, e depois jogou o corpo no mar, segundo cerimônia litúrgica da CIA que ficou muito em voga na Argentina na década de 1970. Repetindo W. Bush, Obama disse que a "justiça foi feita", mas pela pressa, além da falta até de uma mera foto, mais parece queima de arquivo. A falta de qualquer comprovação de que a execução aconteceu e de que o executado foi realmente Osama tem causado estranheza no mundo inteiro.
Filho de um empreiteiro que fez fortuna pegando as beiradas dos acordos da família real com os EUA para aplicação dos petrodólares, Osama ainda na universidade se aproximou do wahabismo, versão extremista do Islã patrocinada pelos sauditas. Entre 1979 e 1991, ele foi uma peça chave da estratégia dos EUA, apoiada pelos petrodólares da Arábia Saudita, e pelo serviço secreto paquistanês, para combater as transformações que a revolução popular vinha realizando no Afeganistão, como os direitos à mulher, educação pública e gratuita, a reforma agrária, a separação igreja-Estado e o combate ao milenar tráfico de ópio. Foi possivelmente, ao lado do psicopata Jonas Savimbi, o carniceiro de Angola, o mais famoso "combatente da liberdade" da época, que o presidente Reagan exaltava.
Apesar de os propagandistas do império dizerem que foi "a invasão do Afeganistão" que causou a enxurrada de "combatentes da liberdade" de que Osama se tornou o principal articulador, o conselheiro de segurança nacional de Carter, Brzezinski, admitiu faz tempo que a decisão da CIA de jogar pesado no Afeganistão com o objetivo de desestabilizar a União Soviética, foi tomada pelo menos seis meses antes. A "Operação Ciclone" foi a maior ação de desestabilização feita até então. Os sauditas entravam com o Wahabismo e os petrodólares, e o serviço secreto paquistanês canalizava até o Afeganistão a avalanche de pessoal, dinheiro e armas liberados pelos EUA. Só da Arábia Saudita, estima-se em 15 mil o total de "voluntários" pró-CIA. Dentro do Afeganistão, a base social era de plantadores de papoulas para o ópio, ladrões, latifundiários e mulás fanatizados.
No início, Osama fazia o recrutamento de contrarrevolucionários e os conduzia ao Afeganistão, mas sem cruzar a fronteira. A partir de 1984, passou a participar das sabotagens e outras operações de guerra, com um grupo de adeptos, que se tornaria a Al Qaeda. Em 1989, a URSS decidiu empreender sua retirada, e o governo popular, apesar de toda a agressão, conseguiu se manter no poder, o que só se tornou inviável em 1992, quando a queda do sistema socialista o deixou sem retaguarda.
Quando os EUA, durante a Guerra do Golfo, desembarcaram tropas em solo sagrado, Meca e Medina, com aprovação dos Saud, Osama rompeu com os antigos patrocinadores, o que se agravou com a permanência das tropas após o fim da agressão ao Iraque, em 1991. A partir daí, a criatura se volta contra o criador, até a execução no domingo. No Afeganistão, a devastação causada pela ação conjunta dos EUA, sauditas e governo paquistanês acabou levando à tomada do poder pelo Taliban, montado e armado pelo serviço secreto de Islamabad.
FOLHA CORRIDA
Em 1994, Osama teve sua cidadania cassada pela realeza. Ele havia se transferido para o Sudão em 1992, de onde teve de se retirar após pressões dos EUA, retornando ao Afeganistão. Em 1998, foram feitos ataques às embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, com 224 mortos e centenas de feridos, atribuídos à Al Qaeda. Em 2000, ação no Iêmen acertou o navio US Cole. Nesse ínterim, a petroleira Unocal iniciou conversações com o Taliban, para construir um oleoduto que escoasse o petróleo do Mar Cáspio, atualmente, controlado principalmente pela Rússia e Irã. Mas as negociações entraram em impasse.
Em 11 de setembro de 2001, as torres gêmeas de Nova Iorque desabam após atingidas em cheio por aviões carregados de combustível e pilotados por agentes supostamente da Al Qaeda. Também é atingido o prédio do Pentágono. A pretexto de capturar Osama, o governo de W. Bush, invade o país, onde os EUA estão atolados há dez anos. Mas até hoje lá está o dedo da CIA: na descrição de um analista paquistanês, os manuais de atentados da Al Qaeda são "muito parecidos" com aqueles manuais que a CIA forneceu aos contras na Nicarágua.
http://www.horadopovo.com.br/2011/maio/2955-04-05-2011/P7/pag7a.htm
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