domingo, 10 de julho de 2011

Uma declaração brilhante e corajosa

Por Fidel Castro Ruz-Cuba Debate


A atenção a outros assuntos prioritários, me separam momentaneamente da freqüência com que elaborei reflexões durante o ano de 2010, no entanto, o anúncio do líder revolucionário Hugo Chávez Frías na quinta-feira (30) obriga-me a escrever estas linhas.


O presidente da Venezuela é um dos homens que mais fizeram pela saúde e educação de seu povo, como são temas nos que acumulou mais experiência a Revolução Cubana, com imenso prazer, colaboramos ao máximo em ambos os campos com esse país irmão.


Não se trata, em absoluto, de que esse país carecesse de médicos, pelo contrário, possuía em abundância, incluindo entre eles profissionais de qualidade, como em outros países da América Latina. Se trtata de uma questão social. Os melhores médicos e os mais sofisticados equipamentos poderiam estar, como em todos os países capitalistas, a serviço da medicina privada. Às vezes nem isso, porque no capitalismo subdesenvolvido, como o que existia na Venezuela, a classe rica dispunha de meios suficientes para ir aos melhores hospitais dos Estados Unidos ou da Europa, algo que era habitual e ninguém pode negar.


Pior, os EUA e a Europa têm sido caracterizados por seduzir os melhores especialistas de qualquer país explorado do Terceiro Mundo a abandonar sua pátria e emigrem para as sociedades de consumo. Formar médicos para esse mundo, nos países desenvolvidos, envolve enormes somas, que milhões de famílias pobres na América Latina e Caribe, não poderiam pagar nunca. Em Cuba acontecia isso até a revolução que aceitou o desafio, não só para treinar médicos capazes de servir o nosso país, mas outros países da América Latina, o Caribe ou do mundo.


Nunca arrebatamos as inteligências de outros povos. Ao contrário, em Cuba têm-se formado , gratuitamente, dezenas de milhares de médicos e outros profissionais de alto nível para devolvê-los aos seus próprios países.


Graças às profundas revoluções bolivariana e martianas, Venezuela e Cuba são países onde a saúde e a educação se desenvolveram extraordinariamente. Todos os cidadãos têm direito real a receber, gratuitamente, educação geral e formação profissional, algo que os Estados Unidos não puderam e nem poderão garantir a todos os seus habitantes. A realidade é que o governo desse país investe a cada ano um trilhão de dólares com aparatos militares e suas aventuras bélicas. É também o maior exportador de armas e instrumentos de morte e é o maior mercado de drogas no mundo. Devido a esse tráfico, dezenas de milhares de latino-americanos perdem suas vidas a cada ano.


É algo tão real e tão conhecido, que mais de 50 anos atrás, um Presidente de origem militar denúnciou, com tom amargo, o poder decisivo acumulada pelo complexo militar industrial desse país.


Estas palavras seriam excessivas se não fosse a odiosa e repugnante campanha desencadeada pelos meios de comunicação da oligarquia venezuelana, ao serviço desse império, usando as dificuldades da saúde que atravessa o Presidente bolivariano. A isto nos une uma estreita e indescutível amizade, que surgiu a partir da primeira visita ao nosso país, em 13 de dezembro de 1994.


Alguns estranharam a coincidência da sua visita a Cuba com a necessidade de atenção médica que se produziu. O presidente venezuelano visitou nosso país para o mesmo fim que o levou ao Brasil e Equador. Não havia intenção alguma de receber serviços médicos em nosso país.


Como é sabido, um grupo de especialistas de saúde cubanos prestam, ha anos, os seus serviços ao presidente venezuelano, que, fiel aos seus princípios bolivarianos, jamais viu neles estrangeiros indesejáveis, mas filhos da grande pátria latino-americana pelaqual lutou o Libertador até o último suspiro de sua vida.


O primeiro contingente de médicos cubanos partiram para a Venezuela, quando aconteceu a trágedia no estado de Vargas, que custou milhares de vidas a este nobre povo. Esta ação de solidariedade não era nova, constituia uma tradição arraigada em nossa Pátria desde os primeiros anos da Revolução; desde que há quase meio século médicos cubanos foram enviados à recém independizada Argélia. Essa tradição foi aprofundada a medida que a Revolução Cubana, em meio a um bloqueio cruel, formava médicos internacionalistas.

Países como o Peru, Nicarágua de Somoza e outros do hemisfério e do Terceiro Mundo sofreram trágedias por terremotos ou outras causas que exigiram a solidariedade de Cuba. Assim, nosso país tornou-se a nação no mundo com o maior número de médicos e pessoal especializado na saúde, com altos níveis de experiência e capacidade profissional.

O Presidente Chávez se esforçou para dar atenção ao nosso pessoal de saúde. Assim nasceu e se desenvolveu o vínculo de confiança e amizade entre ele e os médicos cubanos que sempre foram muito sensíveis ao trato do líder venezuelano, o qual por sua parte, foi capaz de criar milhares de postos de saúde e proporcionar-lhes o equipamento necessário para prestar serviços gratuitos a todos os venezuelanos. Nenhum governo no mundo fez tanto em tão breve tempo pela saúde do seu povo.

Uma elevada percentagem de pessoal cubano da saúde prestou serviços na Venezuela e muitos deles também atuaram como professores em certas disciplinas ensinadas na formação de mais de 20 mil jovens venezuelanos que estão começando a se formar como médicos. Muitos deles iniciaram os seus estudos em nosso próprio país. Os médicos internacionais do Batalhão 51, graduados na Escuela Lationamericana de Medicina ganharam uma reputação sólida no desempenho de missões complexas e difíceis. Sobre estas bases foram desenvolvidas nesse campo as minhas relações com o presidente Hugo Chávez.


Devo acrescentar que há mais de 12 anos a partir de 02 de fevereiro de 1999, o presidente e líder da Revolução venezuelana não descansou um dia, e que ocupa um lugar único na história deste hemisfério. Todas as suas energias, tem sido dedicada à Revolução.


Pode-se afirmar que por cada hora extra que Chávez dedica a seu trabalho, um presidente dos Estados Unidos, descansa duas.


Era difícil, quase impossível, que sua saúde não sofresse qualquer quebranto, e isso ocorreu nos últimos meses.


Pessoa acostumada aos rigores da vida militar, suportava estoicamente as dores e incômodos que com crescente freqüência o afetavam. Dadas as relações de amizade desenvolvidas e os intercambios constantes entre Cuba e Venezuela, juntamente com minha experiência pessoal com relação à saúde, que vivi desde o anúncio em 30 de Julho de 2006, não é extranho que eu me desse conta da necessidade de uma checagem rigorosa da saúde do Presidente. É demasiadamente generoso de sua parte, atribuir-me algum mérito especial neste assunto.


Admito, desde já, que não foi fácil a tarefa que me impus. Não foi difícil para mim perceber que sua saúde não andava bem. Haviam trascorrido 7 meses desde que ele fez sua última visita a Cuba. A equipe médica dedicada ao cuidado de sua saúde me havia rogado que fizesse essa gestão. Desde o primeiro momento a atitude do presidente era informar ao povo, com absoluta clareza, sobre seu estado de saúde. Por isso, estando a ponto de regressar, através do seu Ministro de Relações Exteriores, informou ao povo sobre sua saúde até aquele momento e prometeu manter o povo informado.

Cada cura era acompanhada por rigorosa análise de células e de laboratório, que em tais circunstâncias se realizavam.


Um dos exames, vários dias após da primeira intervenção, trouxe resultados que determinaram uma medida cirúrgica mais radical e tratamento especial ao paciente.


Na sua digna mensagem de 30 de junho, o presidente, notavelmente recuperado, fala do seu estado de saúde de forma clara.


Admito que para mim não foi ácil informar ao amigo a nova situação. Pude apreciar a dignidade com a qual ele recebeu a notícia de que, para ele, - com tantas tarefas importantes que ele tinha em mente, incluindo a comemoração do bicentenário e a formalização do acordo sobre a unidade da América Latina e o Caribe - muito mais do que o sofrimento físico implicados por uma cirurgia radical, significa um prova, como expressou, em comparação com os tempos difíceis que teve de enfrentar na sua vida de combatente inflexível.


Junto a ele, a equipe de pessoas que o atende e que ele qualificou como sublimes, enfrentou a magnífica batalha da qual tenho sido testemunha.


Sem vacilação afirmo que os resultados são impressionantes e que o paciente tem enfrentado uma batalha decisiva que o conduzirá, e com ele a Venezuela, a uma grande vitória.

É preciso fazer que sua declaração seja comunicada ao pé da letra em todas as línguas, mas, sobretudo, que seja traduzida e legendada em Inglês, uma língua que pode ser entendida neste Torre de Babel, em que o imperialismo tem convertido o mundo.

Agora os inimigos externos e internos de Hugo Chavez estão à mercê de suas palavras e suas iniciativas. Haverá, sem dúvida surpresas para eles. Brindemos-lhe ao mais firme apoio e confiança. As mentiras do império e a traição dos traidores serão derrotadas. Hoje, existem milhões de venezuelanos combativos e conscientes de que a oligarquia e o império não os poderão voltar a submeter jamais.

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