sábado, 30 de novembro de 2013

BASES MILITARES NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE.

O imperialismo estadunidense tem mantido, ademais da submissão econômica, um domínio militar em todo o continente, para o qual promoveu invasões diretas, golpes de Estado, eleições presidenciais fraudulentas... Governos surgidos dessa maneira são incondicionais a suas políticas, submissos aceitam a instalação de bases militares em nossos países, sem importar-lhes que sejam violadoras da soberania nacional e sirvam para agredir aos vizinhos ou a povos de outros continentes. Os primeiros a sofrer a humilhação foram Porto Rico e Cuba, esta última com a base de Guantánamo, que hoje em dia serve de cárcere para os prisioneiros acusados de terrorismo e que foram sequestrados em diversos países. Os que tiveram a desgraça de chegar ali recebem tratamento de inimigo e não têm direito algum, nem sequer o da legítima defesa. A tortura é exercida abertamente, sem que muitos governos e organismos internacionais se atrevam a condená-la publicamente. É uma afronta à comunidade internacional e uma mancha indelével que jamais poderá apagar a “injustiça norte-americana”. Ante o avanço dos processos democráticos e da unidade latino-americana e caribenha, ao mesmo tempo em que se consolidam processos como: MERCOSUL, UNASUL, CARICOM, ALBA e a CELAC, o império prossegue sem pausa a ocupação militar. Assim, na atualidade se encontram 36 bases militares disseminadas por todo o continente, ocupando posições estratégicas na região. O pretexto: a luta contra o narcotráfico e o terrorismo. O caso colombiano é muito significativo. O presidente Álvaro Uribe Vélez [2008-2010] entregou todo o território nacional aos falcões da guerra. Se reconhece a existência de 7 bases militares, porém, na realidade, há doze e os Estados Unidos dispõem de permissão para usar, caso “necessário”, todos os portos e aeroportos do país com fins bélicos. Colômbia ficou coberta militarmente, porém as operações militares não são só para a Colômbia. A base de Palanquero foi modernizada para receber aviões de guerra de última geração, com capacidade de operar em toda a parte sul do continente, controlar o oceano Atlântico e intervir em países africanos. Ao anterior, há que somar-lhe o desdobramento da Quarta Frota e então nos encontramos com o que os EUA atuam ameaçadoramente para dissuadir ou intervir em qualquer nação do continente com uma supremacia absoluta e com uma velocidade assombrosa. Em minutos, podem desembarcar milhares de soldados em quaisquer das bases na Colômbia. Suas avançadas estão em posição. Dispõem de inteligência estratégica tática e sobre objetivos militares a ser aniquilados ou neutralizados. Colômbia tem a força militar mais numerosa da América do Sul, 500 mil soldados, homens e mulheres, treinados para a guerra, com armamento moderno, aviões de combate, drones equipados com mecanismos de espionagem da mais alta tecnologia, satélites com sensores que detectam luz, calor, fumaça e presença de seres humanos; dispõem de equipamentos de fotografia que podem captar uma pessoa a muitos quilômetros de distância. Com a particularidade que esta tecnologia é manejada diretamente por pessoal estadunidense e, em muitas dessas bases, há lugares nos quais está restrito o acesso ao pessoal de nacionalidade colombiana. Na Colômbia, a vida civil se militarizou. Os gerentes, administradores, funcionários públicos, profissionais liberais, têm recebido formação militar e graus militares, que os acreditam como capitães, majores ou coronéis da reserva que, num dado momento, podem entrar a dar ordens a militares de menor escalão. Em muitas áreas do país, os assessores e pessoal militar estadunidense circulam livremente. É indigno e antipatriótico ver como militares colombianos se acostumam a realizar operações sob suas ordens. São vários os casos reportados de pilotos norte-americanos que morreram em acidentes ou seus aviões serem derrubados pela guerrilha. Nenhuma destas notícias chega à imprensa, devido ao cerco informativo que se exerce sobre o tema. Igualmente, está passando por todo o continente. As oligarquias no poder, alinhadas com esta política, nem se incomodam, nem criticam, nem denunciam a instalação de bases em El Salvador, Honduras, Costa Rica, Panamá, Peru, Paraguai, Chile, Haiti, Porto Rico, Bolívia, Brasil e outras. Tem sido um trabalho lento, porém seguro; nenhum país está em capacidade de responder militarmente ao império, porém, sim, de obrigá-lo a sair de seu território, como o fez Rafael Correa com a Base de Manta, no Equador. Isto demonstra que, enquanto haja governos democráticos e povos erguidos, o império não as tem todas consigo. O despertar de Nossa América é inegável, hoje contamos com governos patrióticos que levantam as bandeiras da dignidade e do anti-imperialismo, a mobilização e o protesto social crescem cada vez mais e, entre suas palavras de ordem, aparece a luta contra o Império, o capitalismo, o neoliberalismo; pela autodeterminação dos povos, da defesa da soberania nacional e do repúdio à presença militar ianque no continente; palavras de ordem de todos os revolucionários, democratas e patriotas, estamos obrigados a agitar para que acendam na consciência popular e assim fazer abortar os planos de dominação continental. Tarefa urgente e necessária é organizar uma campanha simultânea em todos os países de América Latina e Caribe contra as bases norte-americanas. Fora as bases militares estadunidenses de nosso continente! Viva a Pátria Grande e o Socialismo! Contra o Imperialismo; pela Pátria. Contra a oligarquia, pelo povo. Comissão Internacional das FARC-EP. La Habana, Novembro de 2013.

sábado, 16 de novembro de 2013

SOBRE 15 DE NOVEMBRO DE 1889

15 de Novembro de 1889-- nesta data ,há muitos anos passados, um Rei sensato, preferiu que o país virasse uma República e simplesmente ,não reagiu...Passou para a História, no meu entender, como um grande brasileiro! Hoje, 15 de Novembro de 2013- Pronto!!!Bingo!!! Os principais réus do Mensalão ( ou pelo menos, aqueles de mais evidência política) já estão atrás das grades. O importante mesmo é que agora pegaram de vez os bandidos todos. O Brasil está finalmente limpo! As eleições de 2014 já podem correr em um clima mais tranquilo porque não há mais fantasmas rondando. Os malfeitores estarão todos presos! Só tem honestidade pura no páreo! Pudemos contar com nossa Justiça, através de seus dignos representantes que dormem agora de consciência tranquila.E quem sabe ,agora, um Jurista poderá vir a ser o próximo presidente da República!! Estamos precisando de gente assim, livre de todos os pecados!!! Simples, assim! Ou não? Faltou alguém? Ou será que o vinho do festejo será amargo??? Ninfeia G

sábado, 9 de novembro de 2013

Inspirados por Alfonso Cano, crescem nossas esperanças de paz

Por: ESTADO MAIOR CENTRAL DAS FARC- EP “Persistiremos em nossos esforços para alcançar a paz democrática pelas vias civilizadas do diálogo tal como temos feito há 44 anos, porque essa é nossa concepção revolucionária, porque assim são os nossos princípios”. Comandante Alfonso Cano. Dois anos atrás, no dia 4 de novembro de 2011, em meio ao ar rarefeito e fosco pelas explosões de bombas, metralhadoras e do opressivo cheiro de pólvora em abundância, sem se apresentarem para o combate, arrancaram violentamente da comunidade da resistência latino-americana o comandante Alfonso Cano, o irmão maior, o comandante geral da confraternidade revolucionária fariana. Todas as emoções apontam nesta data para o conjunto da militância guerrilheira, miliciana, do partido e na imensa massa de simpatizantes que acompanha nosso sonho pela paz. Imensa é a ausência de quem não está hoje presente, ajudando a modelar certezas. Mas também é imensa em toda a coletividade fariana, a responsabilidade de tornar realidade seu legado de justiça social, de amor pelos pobres e desamparados, e de combate contra a desigualdade e os privilégios dos opressores. Formidável é nossa convicção de manter firme o timão sobre o rumo da paz, para que esta possa colocar-se plenamente nas casas de todos os colombianos, como ele corroborou até o último alento. Para falar de Alfonso Cano, esse excelso comandante guerrilheiro do altiplano colombiano, temos que retrair as lutas históricas de todos os oprimidos na construção de modelos de governos liberadores e independentes; tecer os fios das lutas sociais, juvenis, estudantis, obreiras e camponesas; recordar a dor e a raiva dos encarcerados e perseguidos; colocar-nos no cenário da lutas das mulheres, indígenas e negros. Temos que nos encher de utopias, de literatura, de cinema, de arte, de história, de equilíbrio ambientalístico, de sacrifícios pela coletividade, de muito amor pelos seres humanos. Porque sua vida e suas emoções, desde muito jovem, estiveram aferradas aos desejos dos pobres para melhorar suas condições de existência, consagradas a investigar e multiplicar a palavra e ação dos subjugados da nossa América e do planeta, a espalhar resistências, nutrindo o pensamento crítico e emancipador da humanidade, articulando a sólida argumentação teórica e prática que requer a nação para apropriar-se de seu destino e enterrar a opressão. Para os capitalistas e seus porta-vozes jurídicos e midiáticos, que reclamam dia-a-dia obsequência perante o insaciável modelo de exploração, Alfonso, esse fogo atronador da rebeldia continental, foi um mal exemplo. Ele perturbava a tranquilidade de seus privilégios. Por isso toda a força do terror midiático e militar dos opressores nacionais e transnacionais caiu sobre sua humanidade para assassiná-lo. E depois de matá-lo, vomitaram infâmias sobre seu corpo inerte. Perdemos um magnífico líder, mas com ele crescemos e seguimos crescendo, ampliando e estreitando laços com as imensas massas de colombianos que lutam por uma paz justa e verdadeira, por melhores condições de vida, por melhores salários. Que se mobilizam contra as máfias enriquecidas a custa da deterioração da saúde dos colombianos e suas necessidades de moradia; que se manifestam multitudinários pelo direito à educação, pelo direito à terra para os trabalhadores rurais que nela trabalham. Contra a judicialização e criminalização do protesto social; contra a privatização da educação, dos serviços públicos e da entrega do território e dos recursos naturais a corporações multinacionais, a monopólios nacionais e a latifundiários colombianos. O povo da Colômbia, em toda a amplitude de sua geografia humana, avança mobilizado contra a injustiça econômica e social que implementa o governo neoliberal de Juan Manuel Santos. Além da fascistização de todos os espaços da sociedade, também a insurgência se aferra ao terreno da ação política e militar, confirmando uma vez mais, com sua força e presença ativa na mesa de conversações em Havana, que a paz é a única fórmula verdadeira para resolver um conflito que vai cumprir meio século no próximo ano. A paz que se constrói desde Havana tem contado com o apoio nacional, um crescente número de iniciativas acompanha o clamor pela concretização de acordos que afiancem a reconciliação. Todas estas iniciativas foram apresentadas integrando nossa visão de paz, porque ela vem do povo e de seus anseios. Por isso saudamos as propostas apresentadas pelo Doutor Álvaro Leyva Duran e pela Doutora Clara López na representação do Polo Democrático, porque tudo o que aporta para avançar até a paz e contra a guerra, é substancial para o logro da reconciliação. Oxalá o governo tenha a capacidade de interpretá-lo com sentimento pátrio e não meramente visando a reeleição. E para aqueles que se esforçam pela manutenção e aprofundamento da guerra graças a qual prosperam, os que exigem maior impunidade para proteger as atrocidades cometidas por militares e policiais e que se protegem na inconstitucionalidade da reforma no fórum militar, os convidamos a prestar atenção aos milhões de colombianos que se manifestam cotidianamente para que a barbárie termine, prestem atenção no sentimento dos seus oficiais de baixa patente, suboficiais e soldados, que nas zonas de operação expressam o cansaço pela guerra e suas atrocidades, e evitam o combate esperançosos por um cessar total da guerra. E aos que, desde suas posições transitórias de poder ministerial, uivam ameaças de aniquilamento da guerrilha, e anunciam novos contingentes de soldados para a guerra; e os que não creem que chegamos a Havana “porque é nossa concepção revolucionária, porque assim são os nossos princípios” como afirmou Alfonso, senão porque estávamos derrotados, lhes recordamos as palavras destes, em carta ao general Valencia Tovar: “Sustentar qualquer proposta na imagem que vende a propaganda oficial de uma FARC derrotada, repleta de impúberes, sem apoio das massas, sem comunicações, etc, não é sério. O General Valencia deve recordar como a mentirosa campanha midiática do governo dos Estados Unidos na ocasião de sua agressão ao Vietnã, finalmente estourou na própria cara”. Com a memória do comandante Alfonso Cano nos enchemos de esperanças pela paz, assim como os colombianos que padecem as injustiças do regime. Nestes dois anos de ausência ele nos inspirou com sua clara mensagem: “os caminhos que conduzem ao incremento da luta popular em suas mais variadas formas e a conquista do poder, nunca foram fáceis, nem em nosso país nem em nenhuma outra parte do mundo, nem agora, nem antes. Só a profunda convicção na vitória, na justeza, validez e vigência de nossos princípios e objetivos e um monolítico esforço coletivo, garantirão o triunfo. Aos reacionários que fazem alegres contas contra as FARC, lhes informamos que a intensidade da confrontação nos fortaleceu, estreitando vínculos com as comunidades, suas organizações e as lutas populares, elevando a disciplina e o respeito pela população civil, e incrementando nossa qualificação e aprendizagem. Morreram guerrilheiros porque assim é a luta, mas também seu generosa sangue derramado é evidência de nosso total compromisso com o povo. Outros camaradas já cobriram a trincheira dos caídos e muitos mais continuam chegando as nossas filas. Assim foi também a gestação da nossa independência, e todos os processos libertadores da humanidade, onde se desataram os demônios da guerra… Somos uma força revolucionária com a suficiente história, solidez e consistência para superar o falecimento de nosso Comandante em chefe, porque ele mesmo nos instrumentou e contribuiu no esforço coletivo de consolidação política e militar. O Secretariado, o Estado Maior Central, os Estados Maiores dos blocos e frentes, os comandos de todo nível, os dirigentes e combatentes das FARC-EP garantiremos o triunfo”. O legado do comandante Alfonso Cano sempre será alento para encontrar o fio condutor do país até as transformações que este reclama. Seu exemplo na análise de cada conjuntura, sua convicção a toda prova, mirando sempre o horizonte estratégico, e seu desprezo pela ortodoxia, nos obrigam a refletir sobre o método, de como poder mobilizar o compromisso das pessoas por mudanças necessárias neste modelo apodrecido em que agoniza a humanidade. Memória eterna ao heroico comandante. ESTADO MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP Montanhas da Colômbia, 4 de novembro de 2013 Fonte: http://farc-ep.co/?p=2645

domingo, 3 de novembro de 2013

SAUDAÇÃO DA DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP À CÚPULA NACIONAL DE MULHERES E PAZ.

SAUDAÇÃO DA DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP À CÚPULA NACIONAL DE MULHERES E PAZ. LA HABANA, CUBA, SEDE DOS DÍALOGOS DE PAZ, 23 DE OUTUBRO DE 2013 CÚPULA NACIONAL DE MULHERES E PAZ. 23-25 de outubro. Bogotá-Colômbia. A Delegação de Paz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Exército do Povo, saúda com sentimento de pátria e de paz as organizações, participantes e assistentes que se congregam na Cúpula Nacional de Mulheres e Paz, para compartilhar experiências locais, nacionais e internacionais que contribuam na construção da paz a partir da formulação de propostas concretas. Quiséramos iniciar expressando nosso pleno contentamento pela realização desse evento, que toma como marco referencial de desenvolvimento o ponto sexto da Agenda do Acordo Geral de Havana. Não obstante, cremos pertinente que saibam que é nosso maior desejo que a participação de tod@s vocês, do conjunto da sociedade, e em especial da mulher no processo de Diálogo se dê não delimitando a presença num ou noutro ponto em específico, senão que seu desenvolvimento, seu protagonismo, seja parte de todo o conjunto do desenvolvimento das conversações; isto é, que consideramos desde as FARC-EP que o papel das comunidades e de suas organizações e movimentos sociais e políticos deve ser o de construtores do Acordo de Paz e não somente o de atores do epílogo da mencionada Agenda. Ao nosso modo de ver, se a paz é um assunto de todos e todas sem exceção, é apenas justo e natural que o conjunto das comunidades e organizações ou movimentos sociais se manifestem na construção do Acordo em toda sua extensão, que se discute em HAVANA e está composto pelo preâmbulo e 6 pontos. Assim as coisas, nosso primeiro chamado seria a exigir desde este cenário que se abram as comportas da discussão de todos os pontos da Agenda, de frente para o país e o mundo, tal como o temos proposto como insurgência desde os inícios das aproximações com o governo. De nossa parte, temos feito um grande esforço para que as vozes do povo cheguem até a Mesa de conversações, incluindo-as em nossas propostas mínimas; temos ressaltado em cada uma delas a necessidade de colocar em primeiro plano as reivindicações e direitos dos setores sociais mais excluídos, especialmente o das mulheres. Assim ocorreu durante as discussões do primeiro ponto referido à problemática agrária e assim ocorre agora em desenvolvimento do segundo ponto referido à participação política. O mesmo compromisso com tais reivindicações temos para o desenvolvimento dos pontos que seguem, e no dia a dia de seu desenvolvimento incluímos sentidas iniciativas que guardam objetivos de muito peso ético e de humanidade como o de pôr como tema central de discussão a luta contra a guerra em geral. Uma sociedade deve viver em paz e essa paz deve ter como base de sua existência a justiça em condições de igualdade e liberdade; isto é, contando com terra para trabalhar, com moradia, com agasalho, com saúde, com educação, com plena participação política em condições de dignidade e liberdade. Não podemos cair na armadilha de deixar-nos enredar por concepções que, montando-se às vezes em erros ou faltas que se cometem no desenvolvimento de tão longa confrontação, argumentando uma suposta defesa dos direitos da mulher, se usa como instrumento para estigmatizar e desqualificar a existência da insurgência. Muitas vezes, por exemplo, para definir as formas mais generalizadas de violência contra as mulheres, no contexto do conflito armado, se tomam categorias que se definem com redação incriminatória absoluta na inclusão das guerrilhas como sujeito delinquente; induzindo a pensar em que se trata de uma prática própria de nossa concepção revolucionária assumir que as mulheres podem ser objetos usáveis, prescindíveis, maltratáveis e descartáveis. Estas generalizações mal-intencionadas não são construções casuais, mas sim de propaganda dirigida à desqualificação da luta armada como método legítimo dos pobres para resistir e lutar por seus direitos. Obviamente, para nada consideram que precisamente os homens e mulheres insurgentes na Colômbia levantamos a bandeira do rechaço contra todas estas patologias geradas pela guerra que nos impõem as oligarquias e que, precisamente na guerrilha, de maneira voluntária, a mulher assume um lugar digno de combate para libertar a sociedade toda da privação ou da restrição de seus direitos. A violência contra a mulher faz parte da violência estrutural que, geralmente, as classes exploradoras exercem contra o conjunto da sociedade; em tal sentido, reivindicar os direitos da mulher no ideário fariano implica descartar toda visão reducionista do sentido da paz, assumindo-a como a ausência da guerra ou como o resultado da deixação das armas, o qual se lhe costuma exigir à insurgência, sem levar em conta as causas que levaram ao alçamento que hoje protagonizam homens e mulheres desde a guerrilha em função de, antes de tudo, forjar as bases da justiça social, incluindo nisso a reivindicação dos direitos da mulher. Reiteramos, então, que a paz implica uma luta de todos e todas por erradicar as causas sociais e política que geraram a confrontação; implica acabar com as causas da pobreza e da desigualdade; implica a desmilitarização da sociedade e do Estado, de tal maneira que se abra caminho ao exercício pleno de uma verdadeira democracia. Urge que o processo de paz em Havana abra as portas da participação ao conjunto da sociedade, e em especial à mulher desde já, em todos os pontos, sem ter que esperar até o ponto seis para fazê-lo. DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP

As FARC entregam o militar estadunidense Kevin Scott Sutay à Cruz Vermelha Internacional e aos países facilitadores de Paz, Noruega y Cuba

As FARC entregam o militar estadunidense Kevin Scott Sutay à Cruz Vermelha Internacional e aos países facilitadores de Paz, Noruega y Cuba Delegação de paz das FARC-EP informa: 1. Que o veterano de guerra estadunidense KEVIN SCOTT foi libertado unilateralmente pelas FARC num lugar do rio Inírida, nas selvas do Guaviare, Colômbia. O cidadão norte-americano foi entregue, na manhã de 27 de outubro, a uma missão humanitária integrada pelo CICV, pelos países garantidores na mesa dos diálogos de paz, Noruega e Cuba, e um representante do governo colombiano. 2. O gesto de paz da organização insurgente havia sido postergado pela intransigência do governo de Juan Manuel Santos ao não permitir, durante meses, a intermediação humanitária, primeiro, da ex-senadora Piedad Córdoba e, em seguida, do Reverendo Jesse Jackson. Sem dúvida, na concretização desta libertação, jogou papel decisivo a determinação do Departamento de Estado dos Estados Unidos. 3. Agradecemos ao CICV, aos governos de Cuba e da Noruega, seus bons ofícios para que Kevin Scott pudesse reencontrar-se com os seus em seu próprio país. Noruega e Cuba atuaram com a mesma eficácia e discrição que os distingue como garantidores nos diálogos de paz que se realizam em Havana entre o governo da Colômbia e as FARC-EP. Nosso reconhecimento também a Piedad Córdoba e a Jesse Jackson. 4. Aspiramos que esta decisão unilateral das FARC, que não exigiu nada emtroca, exerça influxos positivos no avanço dos acordos de paz. DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP

A luta mundial contra a Monsanto cresce e cresce

A luta mundial contra a Monsanto cresce e cresce Tradução: Joaquim Lisboa Neto Nas vésperas da celebração do Dia Mundial da Alimentação, em 16 de outubro passado, em mais de 500 cidades de 52 países se realizaram manifestações contra a Monsanto, a tenebrosa transnacional da biotecnologia e dos alimentos geneticamente modificados. Os milhares e milhares de manifestantes pediram ao mundo boicotar a ação “depredadora” da Monsanto porque introduziu diferentes tipos de transgênicos no mercado globalizado, que, segundo expertos, são prejudiciais para a saúde humana, representando uma ameaça para “a saúde, a fertilidade e a longevidade”. Na realidade, a Monsanto não é a única corporação que aspira conquistar o monopólio do fornecimento de alimentos em nosso planeta. São várias corporações biotecnológicas e agroquímicas que formam o poderoso grupo CropLife America e, entre elas, se destacam: Monsanto, DuPont, Dow AgroSciences LLC, Syngenta, Bayer, Basf, Río Tinto, Mendel, Ceres, Evogene. Foi precisamente este grupo que mandou a carta de protesto à esposa do presidente Obama, Michelle Obama, quando ela plantou seu jardim orgânico livre de pesticidas e organismos geneticamente modificados [OGMs]. Agora, podem estar tranquilos, porque a crise econômica e a recente paralisação temporária do governo norte-americano fez murchar o jardim da senhora Obama. Neste conjunto, Monsanto, a multinacional de Biotecnologia Química e Agrícola com sede em Creve Coeur, Missouri, é a mais poderosa de todas em termos políticos, econômicos e financeiros. É a mais famosa por suas sementes transgênicas e herbicidas como Roundup Ready [RR], a base de glifosato para eliminação de ervas e arbustos. Atualmente, essa corporação, que começou como uma pequena companhia química em 1901, se transformou num gigante biotecnológico do século XXI, ganhando em 2012 13,5 bilhões de dólares. Está operando em 68 países do mundo, semeando sementes OGMs em mais de 114 milhões de hectares e, deles, 61 milhões nos Estados Unidos. Neste país, controla 40% das terras cultiváveis. Foi precisamente a Monsanto um dos produtores do Agente Laranja, que foi borrifado massivamente durante a guerra do Vietnã numa operação Ranch Hand entre 1961 e 1971. Segundo a Cruz Vermelha vietnamita, um milhão de pessoas ficaram mutiladas e mais de 500.000 crianças nasceram com defeitos pelo uso desse desfolhante. O Agente Laranja, que foi aplicado com o pretexto de proteger vidas dos soldados norte-americanos, fez seus estragos em seus próprios soldados, os quais, em 1984, fizeram uma demanda coletiva no Tribunal do Distrito Leste de Nova Iorque. Apesar de que o Tribunal não tenha encontrado culpados, se acordou que as sete companhias produtoras do Agente Laranja [Monsanto, Diamond Shamrock Corporation, Dow Chemical Company, Hercules Inc., TH Agricultural y Nutrition Company, Thompson Chemical Corporation y Uniroyal Inc.] pagarão 180 milhões de dólares aos veteranos estadunidenses da guerra no Vietnã e a seus familiares. Se calcula que mais de 600.000 veteranos norte-americanos foram afetados por esse desfolhante e milhares de seus filhos nascerem com leucemia. Porém, tudo isto pertence à história e já ninguém quer recordar-se da tragédia daquela guerra. Até o Tribunal Supremo norte-americano declarou em 2004 que as companhias produtoras não eram responsáveis do uso do Agente Laranja. No entanto, a realidade que o mundo vive atualmente é muito mais sinistra comparando com o passado, pois estamos frente a um processo quando uma corporação multinacional [Monsanto] aspira apoderar-se da produção e distribuição de alimentos no mundo inteiro, usando sua tecnologia do OGM. De acordo com recente estudo da Food and Water Watch, 93% dos produtos da soja no mercado norte-americano e 80% dos de milho contêm OGMs produzidos pela Monsanto, que tem mais de 1.676 patentes de sementes. Atualmente, essa multinacional controla mais de 90 por cento do mercado mundial de sementes transgênicas, o que constitui um monopólio industrial sem precedentes, e 60 por cento do mercado global de sementes comerciais. O êxito da Monsanto não se deve somente a sua habilidade de criar produtos rentáveis, mas também a suas conexões políticas, midiáticas e a seu persistente trabalho de cooptação. Segundo o Center for Responsive Politics, a Monsanto gastou mais de 4 bilhões de dólares desde 1990 para as campanhas eleitorais, dando apoio aos políticos para promover seus interesses. A maioria de seus executivos, de acordo com a publicação Global Research, são ex-congressistas e altos ex-funcionários de diferentes departamentos do governo federal norte-americano. Tem à sua disposição incondicional os meios de comunicação que, dia a dia, estão tratando de convencer a opinião pública da vantagem do uso de produtos que contenham OGM. E, para dar solidez aos escribas a soldo, utiliza estudos favoráveis de seis universidades estadunidenses subvencionadas pela multinacional: Arizona State University, St. Louis University, University of Missouri, Cornell University, Washington University in St. Louis y South Dakota State University. Agora, os professores à sua disposição criaram um novo pretexto para a promoção das sementes OGM. Um recente informe do ETC Group como Monsanto, Bayer, BASF, DuPont, Syngenta, Dow, Mendel, Ceres e Evogene estão patenteando as sementes com genes que resistem ao estresse do meio ambiente [seca, variações extremas de temperatura etc]. Segundo a campanha publicitária desses gigantes bioquímicos, “somente esta tecnologia de OGM é capaz de neutralizar os efeitos do aquecimento global e da fome no futuro não tão distante”. Na realidade, é um novo pretexto para aumentar o poder corporativo sobre a alimentação, controlar os preços, terminar com a pesquisa independente e acabar com a tradição milenar dos agricultores de intercambiar as sementes. Agora, a Monsanto e a BASF estão investindo 1,5 bilhão de dólares para criar este tipo de sementes. Seu laboratório é a África, onde essas duas multinacionais se aliaram com a Fundação Bill e Melinda Gates para promover a suposta “Revolução Verde” no continente. O curioso é que o multimilionário Bill Gates, que é apresentado pela imprensa globalizada como um generoso filantropo, comprou 500.000 ações da Monsanto por 23 milhões de dólares. Os africanos deveriam estudar os “resultados” das “revoluções verdes” que a Fundação Rockfeller promoveu na América Latina nos anos 1960 e 1970. Porém, o processo já está em marcha com o consentimento e a participação dos governos de Quênia, Tanzânia, Uganda e África do Sul apoiado por 47 milhões de dólares doados pela Fundação de Bill Gates. A América Latina também tem estado na mira da Monsanto desde os anos 1990. O modelo de agroindústria com o uso das sementes OGMs se impôs em todos os países do Mercosul e também na Bolívia para a produção de soja, milho e algodão transgênicos. Atualmente, 50 por cento da terra cultivável na província de Buenos Aires estão semeados com sementes OGMs e regados com glifosato desde um teco-teco. No Paraguai, depois do golpe de Estado em 2012 contra o presidente legitimamente eleito Fernando Lugo, a Monsanto junto com a Cargil encontraram um paraíso para suas sementes transgênicas. Atualmente, estão construindo uma fábrica de sementes transgênicas, convertendo-se esse país no terceiro laboratório da Monsanto, depois de Argentina e Brasil. Atualmente, na Argentina, de acordo com o jornalista Federico Larsen, 97 por cento da soja produzida é transgênica e também o país liberou o uso do hormônio recombinante bobina BST Posilac, produzido pela Monsanto, que aumenta a produção leiteira nas vacas em 25 por cento, porém que está proibido na maioria dos países do mundo por demonstrar-se cientificamente que Posilac favorece o desenvolvimento do câncer de mama nas mulheres. No entanto, a própria presidenta Cristina Fernández declarou, há pouco, que “O investimento da Monsanto é importantíssimo e vai ajudar na concretização de nosso plano, tanto agroalimentar 2020 como nosso plano também industrial”. Parece que ninguém está prestando atenção aos estudos de vários especialistas que chegaram à conclusão de que, neste ritmo, as terras na Argentina e no Brasil deixariam de ser produtivas em aproximadamente 50 anos. Parece que às transnacionais ou a muitos governos de turno não lhes interessa o futuro. Por isso, firmam as leis, como a recente Lei de Proteção da Monsanto nos Estados Unidos, que protege a transnacional de todos os julgamentos relacionados à produção e venda de sementes OGMs, ou a Lei Monsanto no México, aprovada em 2005 pela maioria dos congressistas, sem nem sequer ser lida, dando luz verde à corporação biotecnológica em seu país. O mesmo caminho está tomando a Ucrânia, tendo as terras mais férteis da Europa. Felizmente, existem raras exceções, como a iniciativa do presidente do Peru, Ollanta Humala, que conseguiu que o congresso aprovasse em 2011 uma moratória de 10 anos ao cultivo e a importação de transgênicos no país, com a “finalidade de proteger a biodiversidade, a agricultura nacional e a saúde pública”. Também a multinacional Monsanto decidiu retirar as solicitações para o cultivo de novos transgênicos na União Europeia ante os protestos e resistência de vários governos e grupos ecológicos de usar essas sementes que impactam negativamente sobre a saúde. No entanto, as plantações de cultivos transgênicos continuam em Espanha, Portugal, República Checa e Polônia. Na Rússia, o presidente Putin deu um grito de alerta pelas intenções de Monsanto de instalar-se em seu país. Porém, terá que lutar contra os oligarcas russos, para os quais a pátria não é um lugar onde alguém nasce, mas sim onde se ganha dinheiro, igualmente contra as leis russas aprovadas na época de Yeltsin e que impedem a proibição dos produtos transgênicos. Há uns dez anos, a Monsanto tratou de ingressar em Cuba, porém eles anunciaram que seriam o laboratório mundial para os produtos orgânicos e não chegaram a nenhum acordo. Agora, a Rússia tem melhor oportunidade e as condições para converter-se no centro de cultivos orgânicos por não estar contaminada sua agricultura com as sementes OGM e por ter 40 milhões de hectares de terra não exposta durante muitos anos ao uso dos químicos. De acordo com os expertos, para 2020 a Rússia poderia abastecer o mercado mundial com 15 por cento dos produtos orgânicos, se é que os agricultores recebem o apoio do governo. As possibilidades de pôr freio às intenções das multinacionais biotecnológicas de estabelecer o controle corporativo sobre a alimentação existem. Só se necessita a vontade dos povos de despojarem-se do individualismo implantado pelo neoliberalismo, e retornar à premissa de Aristóteles, segundo a qual os humanos somos homens sociais e políticos e não podemos viver fora da sociedade. Porém, viver na sociedade necessariamente implica ações coletivas através das quais poderíamos impor-nos a qualquer transnacional, como o estão fazendo atualmente os habitantes de Malvinas Argentinas, a 14 quilômetros de Córdoba, Argentina, opondo a Assembleia de Vizinhos Luta pela Vida à Monsanto. Em 2012, as Mães de Ituzaingó, um bairro de Córdoba, ganharam pela primeira vez um julgamento contra a Monsanto. Isto demonstra que a união, a solidariedade e a vontade coletiva são armas poderosas do povo que luta por seu bem-estar e seus ideais. elclarin.cl tomado de www.resumenlatinoamericano.org
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