domingo, 3 de novembro de 2013

SAUDAÇÃO DA DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP À CÚPULA NACIONAL DE MULHERES E PAZ.

SAUDAÇÃO DA DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP À CÚPULA NACIONAL DE MULHERES E PAZ. LA HABANA, CUBA, SEDE DOS DÍALOGOS DE PAZ, 23 DE OUTUBRO DE 2013 CÚPULA NACIONAL DE MULHERES E PAZ. 23-25 de outubro. Bogotá-Colômbia. A Delegação de Paz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Exército do Povo, saúda com sentimento de pátria e de paz as organizações, participantes e assistentes que se congregam na Cúpula Nacional de Mulheres e Paz, para compartilhar experiências locais, nacionais e internacionais que contribuam na construção da paz a partir da formulação de propostas concretas. Quiséramos iniciar expressando nosso pleno contentamento pela realização desse evento, que toma como marco referencial de desenvolvimento o ponto sexto da Agenda do Acordo Geral de Havana. Não obstante, cremos pertinente que saibam que é nosso maior desejo que a participação de tod@s vocês, do conjunto da sociedade, e em especial da mulher no processo de Diálogo se dê não delimitando a presença num ou noutro ponto em específico, senão que seu desenvolvimento, seu protagonismo, seja parte de todo o conjunto do desenvolvimento das conversações; isto é, que consideramos desde as FARC-EP que o papel das comunidades e de suas organizações e movimentos sociais e políticos deve ser o de construtores do Acordo de Paz e não somente o de atores do epílogo da mencionada Agenda. Ao nosso modo de ver, se a paz é um assunto de todos e todas sem exceção, é apenas justo e natural que o conjunto das comunidades e organizações ou movimentos sociais se manifestem na construção do Acordo em toda sua extensão, que se discute em HAVANA e está composto pelo preâmbulo e 6 pontos. Assim as coisas, nosso primeiro chamado seria a exigir desde este cenário que se abram as comportas da discussão de todos os pontos da Agenda, de frente para o país e o mundo, tal como o temos proposto como insurgência desde os inícios das aproximações com o governo. De nossa parte, temos feito um grande esforço para que as vozes do povo cheguem até a Mesa de conversações, incluindo-as em nossas propostas mínimas; temos ressaltado em cada uma delas a necessidade de colocar em primeiro plano as reivindicações e direitos dos setores sociais mais excluídos, especialmente o das mulheres. Assim ocorreu durante as discussões do primeiro ponto referido à problemática agrária e assim ocorre agora em desenvolvimento do segundo ponto referido à participação política. O mesmo compromisso com tais reivindicações temos para o desenvolvimento dos pontos que seguem, e no dia a dia de seu desenvolvimento incluímos sentidas iniciativas que guardam objetivos de muito peso ético e de humanidade como o de pôr como tema central de discussão a luta contra a guerra em geral. Uma sociedade deve viver em paz e essa paz deve ter como base de sua existência a justiça em condições de igualdade e liberdade; isto é, contando com terra para trabalhar, com moradia, com agasalho, com saúde, com educação, com plena participação política em condições de dignidade e liberdade. Não podemos cair na armadilha de deixar-nos enredar por concepções que, montando-se às vezes em erros ou faltas que se cometem no desenvolvimento de tão longa confrontação, argumentando uma suposta defesa dos direitos da mulher, se usa como instrumento para estigmatizar e desqualificar a existência da insurgência. Muitas vezes, por exemplo, para definir as formas mais generalizadas de violência contra as mulheres, no contexto do conflito armado, se tomam categorias que se definem com redação incriminatória absoluta na inclusão das guerrilhas como sujeito delinquente; induzindo a pensar em que se trata de uma prática própria de nossa concepção revolucionária assumir que as mulheres podem ser objetos usáveis, prescindíveis, maltratáveis e descartáveis. Estas generalizações mal-intencionadas não são construções casuais, mas sim de propaganda dirigida à desqualificação da luta armada como método legítimo dos pobres para resistir e lutar por seus direitos. Obviamente, para nada consideram que precisamente os homens e mulheres insurgentes na Colômbia levantamos a bandeira do rechaço contra todas estas patologias geradas pela guerra que nos impõem as oligarquias e que, precisamente na guerrilha, de maneira voluntária, a mulher assume um lugar digno de combate para libertar a sociedade toda da privação ou da restrição de seus direitos. A violência contra a mulher faz parte da violência estrutural que, geralmente, as classes exploradoras exercem contra o conjunto da sociedade; em tal sentido, reivindicar os direitos da mulher no ideário fariano implica descartar toda visão reducionista do sentido da paz, assumindo-a como a ausência da guerra ou como o resultado da deixação das armas, o qual se lhe costuma exigir à insurgência, sem levar em conta as causas que levaram ao alçamento que hoje protagonizam homens e mulheres desde a guerrilha em função de, antes de tudo, forjar as bases da justiça social, incluindo nisso a reivindicação dos direitos da mulher. Reiteramos, então, que a paz implica uma luta de todos e todas por erradicar as causas sociais e política que geraram a confrontação; implica acabar com as causas da pobreza e da desigualdade; implica a desmilitarização da sociedade e do Estado, de tal maneira que se abra caminho ao exercício pleno de uma verdadeira democracia. Urge que o processo de paz em Havana abra as portas da participação ao conjunto da sociedade, e em especial à mulher desde já, em todos os pontos, sem ter que esperar até o ponto seis para fazê-lo. DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP

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