terça-feira, 10 de março de 2015

FARC debaterão sobre o processo de paz no Parlamento Britânico


O grupo de Amigos da Colômbia do Parlamento britânico, o Grupo Parlamentar sobre Conflito e a ONG Justiça por Colômbia organizarão o evento da terça-feira 10 de março, para o qual negociadores do governo e das FARC foram convidados a discutir o desenvolvimento do processo de paz com uma audiência de parlamentares de vários partidos, expertos acadêmicos, representantes diplomáticos e de ONGs internacionais e público interessado. Foram convidadas as duas partes. Até agora, a delegação de paz das FARC-EP confirmou sua participação representada pelo chefe da equipe negociadora, Iván Márquez.
O evento conta com a participação do destacado jornalista Seumas Milne, quem, em 2014, viajou a Colômbia e Cuba para conhecer de perto a realidade do conflito e para conhecer as posições do governo e da insurgência. Também participarão ex-negociadores e ex-combatentes de ambos os lados da Irlanda do Norte, os quais têm estado compartilhando sua experiência da construção de paz com as partes do conflito colombiano desde 2012.
O evento marca um grande passo no apoio internacional ao processo de paz. Será a primeira vez que a delegação de paz da guerrilha se dirige a um público britânico e será uma oportunidade única para que parlamentares britânicos conheçam de perto as conversações e o que se necessita da comunidade internacional.
A carta convite, enviada pelos grupos parlamentares representando vários partidos políticos à mesa de diálogo, diz: “Alguns de nós tivemos a oportunidade de conhecê-los pessoalmente, e seria uma honra oferecer-lhes este espaço construtivo no Parlamento.”
O parlamentar e ex-soldado britânico da Irlanda do Norte Jeffrey Donaldson, do partido DUP, quem conheceu ao Presidente Santos e a equipe do governo e da delegação das FARC, disse: “é importante que a comunidade internacional apoie os esforços de ambos os lados para pôr fim a um dos conflitos mais longos do mundo”, pontualizando que “nunca teríamos alcançado a paz na Irlanda do Norte sem o apoio internacional imparcial que foi recebido por todos os atores”.
Marcela Kohon, diretora da ONG Justice for Colombia, disse: “esta é uma oportunidade para que os parlamentares britânicos e outras figuras políticas possam intercambiar com os negociadores de paz e explorar como a comunidade internacional pode continuar apoiando a este importante passo para a paz com justiça social em Colômbia.”

Para mais informação, contatar com Justice for Colombia [+44 2073242490. Este endereço de correio eletrônico está sendo protegido contra os robôs de spam. Necessita ter JavaScript habilitado para poder vê-lo. 

Seguir o evento em @JFColombia
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Equipe ANNCOL - Brasil









FARC pedem desclassificar informação para esclarecer a verdade


O grupo insurgente realizou em sua habitual rodada de imprensa uma série de propostas para contribuir com o esclarecimento da verdade sobre o conflito.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia [FARC-EP] pediram nesta quarta-feira ao Governo colombiano realizar a abertura dos arquivos oficiais e a desclassificação definitiva da informação reservada sobre o conflito.
A solicitação foi feita como parte das propostas do grupo insurgente para o esclarecimento da verdade sobre a confrontação no país.
De maneira especial, serão postas à disposição as atas das reuniões dos conselhos de ministros e das reuniões reservadas do Congresso da República, assim como dos arquivos das Forças Militares e de Polícia e dos organismos de inteligência”, solicitaram as FARC por meio do porta-voz Joaquín Gómez.
Na declaração emitida pela organização se enumera várias de suas propostas para contribuir com o esclarecimento da verdade sobre o conflito e seus impactos sobre a população.
“O esclarecimento da verdade histórica e dos fatos ocorridos durante o conflito constitui um imperativo ético e político das FARC com as vítimas e a sociedade colombiana em geral”, indicou o grupo insurgente.
As FARC propuseram, ademais, a criação de uma “Comissão de arquivo e acesso à informação reservada” integrada por expertos e um representante deles para organizar e pôr em marcha esse processo de desclassificação de informação reservada e arquivos.
Nesta quarta-feira está prevista a chegada a Havana [Cuba] de um grupo de altos oficiais das Forças Armadas colombianas para trabalhar no cessar-fogo. 



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Equipe ANNCOL - Brasil





Direitos integrais das vítimas para a paz e a reconciliação nacional Dez propostas mínimas

Derivações da proposta número oito sobre “definição combinada de mecanismos e instrumentos de justiça para garantir os direitos das vítimas do conflito”. Estas derivações são as de número seis, sete, oito e nove, que se referem a:
7. Justiça fundamentada na experiência histórica própria para a resolução de conflitos armados. O projeto de uma solução satisfatória à questão da justiça se apoiará na muito rica experiência própria para a resolução política e jurídica de conflitos armados ao longo de nossa história. Neste sentido, as numerosas experiências de acordos políticos de anistias e indultos merecerão especial atenção. Sem desconhecer a importância das análises comparadas ou de doutrinas e interpretações jurídicas com marcada influência na opinião pública e no próprio Governo, se priorizará a elaboração de alternativas que contribuam a avançar criativamente nos propósitos de paz e de reconciliação nacional a partir do reconhecimento das particularidades do conflito.
8. Justiça fundamentada no reconhecimento da doutrina e da jurisprudência da “margem de apreciação nacional”. Em desenvolvimento do propósito de construir uma solução política à questão da justiça concordante com os propósitos de paz e dos direitos das vítimas do conflito, se considerarão as possibilidades que a doutrina e a jurisprudência internacional brindam sobre a “margem de apreciação nacional”, o qual implica o reconhecimento da capacidade nacional para a resolução de situações contenciosas com alto grau de especificidade nacional. Ainda que não há construções doutrinárias com referência particular à solução de conflitos armados, o conceito da “margem de apreciação nacional” permite construir um balanço mais adequado entre as especificidades históricas e desenvolvimento da confrontação armada, direitos integrais das vítimas num conflito de longa duração, e solução política à questão da justiça no contexto de um processo de paz. Em todo caso, presume reengenharias que superem o marco constitucional atual.
9. Justiça fundamentada no compromisso radical com a verdade, a reparação integral e as garantias de não repetição. Como contribuição ao exercício de justiça frente às vítimas do conflito e da sociedade colombiana em geral, as FARC-EP reafirmamos nosso compromisso com o esclarecimento da verdade histórica do conflito. Além de nossa contribuição com a proposta da posta em marcha da “Comissão Histórica do Conflito e suas Vítimas”, insistimos na necessidade de uma imediata composição da “Comissão de esclarecimento e não repetição”. Desde agora manifestamos nossa disposição do apoiar o trabalho da referida Comissão no concernente a nossa organização guerrilheira. Ademais, em desenvolvimento dos propósitos de justiça nos comprometemos com as ações de reparação política, social, simbólica e cultural frente a fatos que no contexto da confrontação armada com o Estado e com as diferentes forças contra insurgentes possam ter afetado a população. De igual maneira, entendemos as possibilidades reais da justiça frente às vítimas do conflito na concretização e implementação do conjunto de iniciativas que formulamos sobre a provisão de garantias de não repetição.



DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP
À MANEIRA DE ANEXO
BREVE REFLEXÃO SOBRE JUSTIÇA E IMPUNIDADE.
As FARC-EP temos reiterado com suficiência que não nos esquivamos de nossas responsabilidades e vimos enfrentando-as ética e politicamente desde sempre.
Não são os membros das FARC-EP quem têm gozado de impunidade ao longo do conflito colombiano, mas sim a oligarquia, a classe política governante e as forças militares. Afirmar o contrário é um mero exercício de propaganda política, ademais de um insulto à inteligência de todo o povo colombiano. Manifestamos que não é possível um acordo que contemple um só dia de prisão para nenhum guerrilheiro pelo fato de ter exercido o direito à rebelião, alto valor de humanidade, para acabar com as injustiças das quais nosso povo tem padecido.
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Equipe ANNCOL - Brasil







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sábado, 7 de março de 2015

O que se esconde atrás do ódio ao PT?

Por Leonardo Boff

Certos grupos prolongam as velhas elites que da Colônia até hoje continuaram antinacionais,
reacionárias e achando que o povo não têm direitos.

Há um fato espantoso mas analiticamente explicável: o aumento do ódio e da raiva contra o PT. Esse fato vem revelar o outro lado da “cordialidade” do brasileiro, proposta por Sérgio Buarque de Holanda: do mesmo coração que nasce a acolhida calorosa, vem também a rejeição mais violenta. Ambas são “cordiais”: as duas caras passionais do brasileiro.

Esse ódio é induzido pela mídia conservadora e por aqueles que na eleição não respeitaram rito democrático: ou se ganha ou se perde. Quem perde reconhece elegantemente a derrota e quem ganha mostra magnanimidade face ao derrotado. Mas não foi esse comportamento civilizado que triunfou. Ao contrário: os derrotados procuram por todos os modos deslegitimar a vitória e garantir uma reviravolta política que atenda a seu projeto, rejeitado pela maioria dos eleitores.

Para entender, nada melhor que visitar o notório historiador, José Honório Rodrigues que em seu clássico Conciliação e Reforma no Brasil (1965) diz com palavras que parecem atuais:

”Os liberais no império, derrotados nas urnas e afastados do poder, foram se tornando além de indignados, intolerantes; construíram uma concepção conspiratória da história que considerava indispensável a intervenção do ódio, da intriga, da impiedade, do ressentimento, da intolerância, da intransigência, da indignação para o sucesso inesperado e imprevisto de suas forças minoritárias” (p. 11).

Esses grupos prolongam as velhas elites que da Colônia até hoje nunca mudaram seu ethos. Nas palavras do referido autor: “a maioria foi sempre alienada, antinacional e não contemporânea; nunca se reconciliou com o povo; negou seus direitos, arrasou suas vidas e logo que o viu crescer lhe negou, pouco a pouco, a aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence”(p.14 e 15). Hoje as elites econômicas abominam o povo. Só o aceitam fantasiado no carnaval.

Lamentavelmente, não lhes passa pela cabeça que “as maiores construções são fruto popular: a mestiçagem racial, que criava um tipo adaptado ao país; a mestiçável cultural que criava uma síntese nova; a tolerância racial que evitou o descaminho dos caminhos; a tolerância religiosa que impossibilitou ou dificultou as perseguições da Inquisição; a expansão territorial, obra de mamelucos, pois o próprio Domingos Jorge Velho, devassador e incorporador do Piaui, não falava português; a integração psico-social pelo desrespeito aos preconceitos e pela criação do sentimento de solidariedade nacional; a integridade territorial; a unidade de língua e finalmente a opulência e a riqueza do Brasil que são fruto do trabalho do povo. E o que fez a liderança colonial (e posterior)? Não deu ao povo sequer os benefícios da saúde e da educação”(p. 31-32).

A que vêm estas citações? Elas reforçam um fato histórico inegável: com o PT, esses que eram considerados carvão no processo produtivo (Darcy Ribeiro), o rebutalho social, conseguiram, numa penosa trajetória, se organizar como poder social que se transformou em poder político no PT e conquistar o Estado com seus aparelhos. Apearam do poder as classes dominantes; não ocorreu simplesmente uma alternância  de poder mas uma troca de classe social, base para um outro tipo de política. Tal saga equivale a uma autêntica revolução social.

Isso é intolerável pelas classes poderosas que se acostumaram a fazer do Estado o seu lugar natural e de se apropriar privadamente dos bens públicos pelo famoso patrimonialismo, denunciado por Raymundo Faoro.

Por todos os modos e artimanhas querem ainda hoje voltar a ocupar esse lugar que julgam de direito seu. Seguramente, começam a dar-se conta de que, talvez, nunca mais terão condições históricas de refazer seu projeto de dominação/conciliação. Outro tipo de história política dará, finalmente, um destino diferente ao Brasil.

Para eles, o caminho das urnas se tornou inseguro pelo nível crítico alcançado por amplos estratos do povo que rejeitou seu projeto político de alinhamento neoliberal ao processo de globalização, como sócios dependentes e agregados. O caminho militar será hoje impossível dado o quadro mundial mudado. Cogitam com a esdrúxula possibilidade da judicialização da política, contando com aliados na Corte Suprema que nutrem semelhante ódio ao PT e sentem o mesmo desdém pelo povo.

Através deste expediente, poderiam lograr um impeachment da primeira mandatária da nação. É um caminho conflituoso pois a articulação nacional dos movimentos sociais tornaria arriscado este intento e talvez até inviabilizável.  

O ódio contra o PT é menos contra PT do que contra o povo pobre que por causa do PT e de suas políticas sociais de inclusão, foi tirado do inferno da pobreza e da fome e está ocupando os lugares antes reservados às elites abastadas. Estas pensam em apenas fazer caridade, doar coisas, mas nunca fazer justiça social.

Antecipo-me aos críticos e aos moralistas: mas o PT não se corrompeu? Veja o mensalão? Veja a Petrobrás? Não defendo corruptos. Reconheço, lamento e rejeito os malfeitos cometidos por um punhado de dirigentes. Traíram mais de um milhão de filiados e principalmente botaram a perder os ideais de ética e de transparência. Mas nas bases e nos municípios - posso testemunhá-lo - vive-se um outro modo de fazer política, com participação popular, mostrando que um sonho tão generoso não se mata assim tão facilmente: o de um Brasil menos malvado. As classes dirigentes, por 500 anos, no dizer rude de Capistrano de Abreu, “castraram e recastraram, caparam e recaparam” o povo brasileiro. Há maior corrupção histórica do que esta? Voltaremos ao tema.


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quarta-feira, 4 de março de 2015

O ciclo 33 iniciou com novos apoios ao processo de paz. - O que se passa em Cuba

Por Matías Aldecoa
Se o ciclo 32 dos Diálogos de Havana entre o governo colombiano e as FARC-EP resultou ser muito fechado, o ciclo 33, iniciado na quarta-feira 25 de fevereiro, abre com o ativo respaldo da comunidade internacional ao processo de paz, o que o converte num ciclo atípico, que viu alterado seu habitual ritmo de 3 dias consecutivos de trabalho, seguidos de um dia de descanso.
Se destaca nesse sentido a chegada a Colômbia e a Havana do ex-secretário-geral das Nações Unidas e prêmio Nobel da Paz, Kofi Annan; do senhor Bernard Aronson, enviado especial do governo dos Estados Unidos para os diálogos de paz; e do prêmio Nobel da Paz [1987] e ex-presidente da Costa Rica, Oscar Arias Sánchez, quem também esteve em Colômbia.
A presença destas personalidades em distintos eventos e em conversações com as partes causou impacto político favorável em relação com os diálogos de Havana, o que, sem dúvida, terá incidência na opinião nacional e internacional a favor do processo.
O senhor Oscar Arias, em suas declarações, se mostrou partidário de um cessar-fogo bilateral; respaldou a busca de uma fórmula de justiça que reconheça a supremacia do direito à paz; e estima que são as condições próprias do conflito colombiano as que devem determinar os termos do acordo.

    Os intercâmbios com Kofi Annan.

Kofi Annan, quem em Colômbia se reuniu com o presidente Santos, anunciou um decidido respaldo aos Diálogos, e disse que é necessário envolver a todos os colombianos no processo de paz, que “a justiça não pode ser um impedimento para a paz” e que somos os colombianos quem devemos encontrar a forma de justiça mais adequada, de acordo com as próprias circunstâncias: “o modelo de justiça deve ser acordado por ambas as partes”.
Já na cidade de Havana, no dia 26 de fevereiro, o ex-secretário-geral da ONU sustentou em horas da tarde uma reunião com o Secretariado Nacional das FARC-EP, na qual intercambiaram opiniões sobre o processo de paz.




   
Kofi Annan na Mesa recebeu o informe da Comissão Histórica.
Na sexta-feira 27 de fevereiro, o senhor Kofi Annan, depois de ter se reunido com representantes do Governo, assistiu a uma sessão da Mesa com ambas as Delegações nas instalações do emblemático Hotel Nacional de Havana.
No recinto, o chefe da comissão de paz das FARC-EP, Iván Márquez, deu leitura ao documento “Para um segundo intercâmbio de ideias”.
O documento se centra em sustentar a legitimidade do direito à rebelião dos povos, qualificado como “direito de direitos”, ao qual se recorre “quando as condições históricas, de classe, de desigualdade e perseguição afligem a alma e a própria dignidade da pessoa e do cidadão”.
Após a reunião, o ex-secretário-geral da ONU concedeu uma rodada de imprensa na qual avaliou os avanços no processo de Diálogo e chamou as duas partes a continuarem fazendo esforços para alcançar um acordo.
“A paz é assunto de todos”, disse, e acrescentou que “terminar um conflito não é fácil, as paixões e tensões que conduziram à guerra não desaparecem instantaneamente”.

As propostas das FARC-EP sobre vítimas.
Por outra parte, na manhã da quarta-feira 25 de fevereiro, no Palácio de Convenções de Havana, o comandante Pastor Alape, da delegação de paz das FARC-EP, ante um considerável número de jornalistas, deu leitura ao documento intitulado “Definição combinada de mecanismos e instrumentos de justiça para garantir os direitos das vítimas do conflito”.
Ao enumerar nove parágrafos da oitava proposta sobre vítimas do conflito, o comandante guerrilheiro disse que os critérios de justiça a aplicar no marco do fim do conflito devem ser combinados entre ambas as partes; que deve-se manter o asserto que a “responsabilidade principal” é imputável ao Estado e a outros atores políticos, econômicos e militares que detêm o poder. Depois ressaltou sobre a necessidade do “reconhecimento amplo do delito político e do direito à rebelião, incluídas as conexidades, com tudo o que isso implica”.
No dia seguinte, quinta-feira 26 de fevereiro, no Palácio de Convenções, o comandante Pablo Catatumbo continuou dando a conhecer novas propostas das FARC-EP acerca do tema de justiça para os rebeldes.
A circunstância de o Estado colombiano ter a responsabilidade fundamental no conflito ilegitimou e minguou a capacidade de exercer justiça. Também porque é uma verdade inquestionável que essa responsabilidade é compartilhada não só por todos os órgãos do poder público e demais instituições como também pelos partidos políticos, grêmios econômicos, meios massivos de comunicação e os sucessivos governos dos EUA.
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Levando em conta esta realidade, o comandante Pablo Catatumbo propôs, em nome das FARC-EP, “a organização e realização de um debate nacional acerca da justiça nestes casos”, debate em que deve participar de forma “direta e ativa” a organização guerrilheira.
Finalmente, o comandante Pablo Catatumbo reivindicou o reconhecimento da função de Estado que as FARC-EP têm exercido.


   
O enviado especial do governo dos EUA.
No dia 27 de fevereiro, depois de sustentar uma entrevista com o presidente Santos na casa de Nariño, o comissionado Bernard Aronson viajou para Havana, onde sustentou no dia seguinte um encontro confidencial com os membros do Secretariado que se encontram em Havana, fazendo parte da delegação de paz das FARC-EP.
A participação norte-americana no Processo, através de seu enviado especial, adquire importância, dado que os Estados Unidos têm estado presentes no conflito colombiano desde as origens, e no transcurso dele têm interferido doutrinária, financeira, política e militarmente; portanto, é de se esperar que preste seu concurso na construção de um acordo e na consolidação da paz.



   
Discussão do ponto 3, Fim do conflito

Para os dias 4 e 5 de março, se espera o início de trabalhos da Subcomissão Técnica, integrada por comandantes guerrilheiros e oficiais das forças armadas da Colômbia.
Como se sabe, a tarefa desta subcomissão é elaborar propostas referentes ao cessar-fogo bilateral e deixação das armas. Se espera que na primeira reunião da subcomissão se ouçam os primeiros expertos internacionais sobre os temas mencionados, reuniões nas quais participarão os países garantidores.
Este é o novo contexto onde FARC-EP e Governo trabalham para chegar a consensos no ponto de Vítimas.

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Equipe ANNCOL - Brasil

Colômbia propôs ao Estados Unidos repatriar “Simón Trinidad”

Fuente: pacocol.org
O ex-chanceler israelense e assessor internacional do processo de paz de Havana, Shlomo Ben Ami, confirmou nesta segunda-feira que o Governo apresentou aos Estados Unidos a possibilidade de explorar uma repatriação do chefe guerrilheiro Ricardo Palmeira, “Simón Trinidad”.
“A guerrilha tem a ilusão de que se liberte a Simón Trinidad e isso também se mencionou à administração norte-americana. É uma administração que manda e impõe ao sistema judicial”, disse Ben Ami.
Não em vão, a proposta tem eco em alguns setores, pois nas panelinhas políticas já se disse que as constantes visitas do Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, assim como a designação de um Delegado Especial ao processo de paz, poderiam conjurar o favor político de repatriar a “Trinidad” em meio a negociação.
O ex-diplomata israelense disse que a presença de “Trinidad” na mesa, assim como seu regresso ao país, tem sido uma das solicitações da guerrilha para terminar o conflito no país.
“O processo tem que acabar o mais rápido possível e o Presidente [Santos] tem que gestionar parte do pós conflito [...], não vai ser fácil ver alguns membros das FARC no Parlamento. Porém, é um preço que há que pagar”, disse o experto ao referir-se à eventual participação política da guerrilha após a firma da paz.
Em janeiro de 2014 as FARC solicitaram ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha [CICV] que realizasse uma visita humanitária ao guerrilheiro “Simón Trinidad”, denunciando as más condições de sua reclusão.
Num comunicado pediram às autoridades estadunidenses que melhorassem para ‘Trinidad’ suas condições de reclusão e ao Governo colombiano que possibilite sua incorporação à delegação de paz da guerrilha em Havana.
No domingo passado, o presidente da República, Juan Manuel Santos, afirmou numa entrevista com o diário espanhol El País que buscará interceder com os Estados Unidos para que os representantes e membros das FARC não sejam extraditados para este país.
“Temos que encontrar uma solução, ninguém que vai entregar as armas para ir morrer num cárcere norte-americano. Isso é totalmente irrealista. Isso já é uma responsabilidade minha em minhas relações com os Estados Unidos de buscar uma solução para isso”, indicou o Chefe de Estado. E afirmou que é um tema “que, sem dúvida alguma, teremos que abordar agora na justiça transicional”, assegurou.
“Eles vão perguntar: que vai passar conosco, vão nos extraditar? E eu tenho que dizer-lhes: pois, vamos buscar a forma para que não. No fundo, a justiça não pode ser um obstáculo para a Paz”, indicou Santos.
Santos também se referiu ao primeiro encontro entre o enviado especial dos Estados Unidos aos diálogos de paz, Bernard Aaronson, e os delegados das FARC. E acrescentou que cinco militares viajarão a Havana para tratar do cessar-fogo bilateral com as FARC.
“Amanhã viajam cinco membros da subcomissão que se estabeleceu para discutir o cessar-fogo definitivo. Se vai discutir em forma simultânea vítimas, justiça transicional e o fim do conflito propriamente dito: desarmamento, desmobilização e reintegração. Neste ponto, o cessar-fogo tem que ser negociado nuns termos muito claros. Decidimos que sejam os próprios militares do serviço ativo os que viajem a Havana. Eu decidi desde um princípio manter os militares informados sobre a evolução do processo e assim seguiremos”, acrescentou.
Além disso, o ex-presidente César Gaviria defendeu sua proposta de justiça transicional para todos. Disse que a Corte Penal internacional não pode ser um inimigo da paz e disse que o país tem que adotar sua própria forma de justiça transicional.
O ministro para o pós conflito, o general reformado Óscar Naranjo, afirmou que há que romper o paradigma de que justiça é só o cárcere.
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Equipe ANNCOL - Brasil



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Quem tem medo de Lula?

Por Emir Sader

A direita – midiática, empresarial, partidária, religiosa – entra em pânico quando imagina que o Lula possa ser o candidato mais forte para voltar a ser presidente em 2018. Depois de ter deixado escapar a possibilidade de vencer em 2014, com uma campanha que trata de colocar o máximo de obstáculos para o governo de Dilma – em que o apelo a golpe e impeachment faz parte do desgaste –, as baterias se voltam sobre o Lula.

De que adiantaria ajudar a condenar a Dilma a um governo sofrível, se a imagem do Lula só aumenta com isso? Como, para além das denuncias falsas difundidas até agora, tratar de desgastar a imagem de Lula? Como, se a imagem dele está identificada com todas as melhorias na vida da massa da população? Como se a projeção positiva da imagem do Brasil no mundo está associada à imagem de Lula? Como se a elevação da auto estima dos brasileiros tem a ver diretamente com a imagem de Lula?

Mas, quem tem tanto medo do Lula? Por que o ódio ao Lula? Por que esse medo? Por que esse ódio? Quem tem medo do Lula e quem tem esperanças nele? Só analisando o que ele representou e representa hoje no Brasil para entendermos porque tantos adoram o Lula e alguns lhe têm tanto ódio.

Lula deu por terminados os governos das elites que, pelo poder das armas, da mídia, do dinheiro, governavam o pais só em função dos seus interesses, para uma minoria. Derrotou o candidato da continuidade do FHC e começou uma serie de governos que melhoraram, pela primeira vez, de forma substancial, a situação da massa do povo brasileiro.

Quem se sentiu afetado e passou a odiar o Lula? As elites politicas que se revezavam no governo do Brasil há séculos. Os que sentiram duramente a comparação entre a formas deles de governar e a de Lula. Sentiram que o Brasil e o mundo se deram conta de que a forma de Lula de governar é a forma de terminar com a fome, com a miséria, com a desigualdade, com a pobreza, com exclusão social. Eles sofrem ao se dar conta que governar para todos, privilegiando os que sempre haviam sido postergados, é a forma democrática de governar. Que Lula ganhou apoio e legitimidade, no Brasil, na América Latina e no mundo justamente por essa forma de governar.

Lula demonstrou, como ele disse, que é possível governar sem almoçar e jantar todas as semanas com os donos da mídia. Ele terminou seu segundo mandato com mais de 80% de referências negativas na mídia e com mais de 90% de apoio. Isso dói muito nos que acham que controlam a opinião publica e o pais por serem proprietários dos meios de comunicação.

Lula demonstrou que é possível – e até indispensável – fazer crescer o pais e distribuir renda ao mesmo tempo. Que uma coisa tem a ver intrinsecamente com a outra. Que, como ele costuma dizer, "O povo não é problema, é solução". Dinheiro nas mãos dos pobres não vai pra especulação financeira, vai pro consumo, para elevar seu nível de vida, gerando empregos, salários, tributação.

Lula mostrou, na pratica, que o Brasil pode melhorar, pode diminuir suas desigualdades, pode dar certo, pode se projetar positivamente no mundo, se avançar na superação das desigualdades – a herança mais dura que as elites deixaram para seu governo. Para isso precisa valorizar seu potencial, seu povo, elevar sua auto estima, deixar de falar mal do país e de elogiar tudo o que está lá fora, especialmente no centro do capitalismo.

Lula fez o Brasil ter uma política internacional de soberania e de solidariedade, que defende nossos interesses e privilegia a relação solidaria com os outros países da América Latina, da África e da Ásia.

Lula foi quem resgatou a dignidade do povo brasileiro, de suas camadas mais pobres, em particular do nordeste brasileiro. Reconheceu seus direitos, desenvolveu politicas que favoreceram suas condições de vida e uma recuperação espetacular da economia, das condições sociais e do sistema educacional do nordeste.

Lula é odiado porque deveria dar errado e deixar em paz as elites para seguirem governando o Brasil por muito tempo. Um ódio de classe porque ele é nordestino, de origem pobre, operário metalúrgico, de esquerda, líder máximo do PT, que deu mais certo do que qualquer outro como presidente do Brasil. Odeiam nele o pobre, o nordestino, o trabalhador, o esquerdista. Odeiam nele a empatia que ele tem com o povo, sua facilidade de comunicação com o povo, a popularidade insuperável que o Lula tem no Brasil. O prestígio que nenhum outro político brasileiro teve no mundo.

A melhor resposta ao ódio ao Lula é sua consagração e consolidação como o maior líder popular da historia do Brasil. A força moral das suas palavras – que sempre tentam censurar. Sua trajetória de vida, que por si só é um exemplo concreto de como se pode superar as mais difíceis condições e se tornar um líder nacional e mundial, se se adere a valores sociais, políticos e morais democráticos.
Quem odeia o Lula, odeia o povo brasileiro, odeia o Brasil, odeia a democracia.

O Lula é a maior garantia da democracia no Brasil, porque sua vida é um exemplo de prática democrática. O amor do povo ao Lula é a melhor resposta ao ódio que as elites têm por ele.

Fonte: Carta Maior


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