Fuente: pacocol.org
O
ex-chanceler israelense e assessor internacional do processo de paz
de Havana, Shlomo Ben Ami, confirmou nesta segunda-feira que o
Governo apresentou aos Estados Unidos a possibilidade de explorar uma
repatriação do chefe guerrilheiro Ricardo Palmeira, “Simón
Trinidad”.
“A
guerrilha tem a ilusão de que se liberte a Simón Trinidad e isso
também se mencionou à administração norte-americana. É uma
administração que manda e impõe ao sistema judicial”, disse Ben
Ami.
Não
em vão, a proposta tem eco em alguns setores, pois nas panelinhas
políticas já se disse que as constantes visitas do Secretário de
Estado dos Estados Unidos, John Kerry, assim como a designação de
um Delegado Especial ao processo de paz, poderiam conjurar o favor
político de repatriar a “Trinidad” em meio a negociação.
O
ex-diplomata israelense disse que a presença de “Trinidad” na
mesa, assim como seu regresso ao país, tem sido uma das solicitações
da guerrilha para terminar o conflito no país.
“O
processo tem que acabar o mais rápido possível e o Presidente
[Santos] tem que gestionar parte do pós conflito [...], não vai ser
fácil ver alguns membros das FARC no Parlamento. Porém, é um preço
que há que pagar”, disse o experto ao referir-se à eventual
participação política da guerrilha após a firma da paz.
Em
janeiro de 2014 as FARC solicitaram ao Comitê Internacional da Cruz
Vermelha [CICV] que realizasse uma visita humanitária ao
guerrilheiro “Simón Trinidad”, denunciando as más condições
de sua reclusão.
Num
comunicado pediram às autoridades estadunidenses que melhorassem
para ‘Trinidad’ suas condições de reclusão e ao Governo
colombiano que possibilite sua incorporação à delegação de paz
da guerrilha em Havana.
No
domingo passado, o presidente da República, Juan Manuel Santos,
afirmou numa entrevista com o diário espanhol El País que buscará
interceder com os Estados Unidos para que os representantes e membros
das FARC não sejam extraditados para este país.
“Temos
que encontrar uma solução, ninguém que vai entregar as armas para
ir morrer num cárcere norte-americano. Isso é totalmente
irrealista. Isso já é uma responsabilidade minha em minhas relações
com os Estados Unidos de buscar uma solução para isso”, indicou o
Chefe de Estado. E afirmou que é um tema “que, sem dúvida alguma,
teremos que abordar agora na justiça transicional”, assegurou.
“Eles
vão perguntar: que vai passar conosco, vão nos extraditar? E eu
tenho que dizer-lhes: pois, vamos buscar a forma para que não. No
fundo, a justiça não pode ser um obstáculo para a Paz”, indicou
Santos.
Santos
também se referiu ao primeiro encontro entre o enviado especial dos
Estados Unidos aos diálogos de paz, Bernard Aaronson, e os delegados
das FARC. E acrescentou que cinco militares viajarão a Havana para
tratar do cessar-fogo bilateral com as FARC.
“Amanhã
viajam cinco membros da subcomissão que se estabeleceu para discutir
o cessar-fogo definitivo. Se vai discutir em forma simultânea
vítimas, justiça transicional e o fim do conflito propriamente
dito: desarmamento, desmobilização e reintegração. Neste ponto, o
cessar-fogo tem que ser negociado nuns termos muito claros. Decidimos
que sejam os próprios militares do serviço ativo os que viajem a
Havana. Eu decidi desde um princípio manter os militares informados
sobre a evolução do processo e assim seguiremos”, acrescentou.
Além
disso, o ex-presidente César Gaviria defendeu sua proposta de
justiça transicional para todos. Disse que a Corte Penal
internacional não pode ser um inimigo da paz e disse que o país tem
que adotar sua própria forma de justiça transicional.
O
ministro para o pós conflito, o general reformado Óscar Naranjo,
afirmou que há que romper o paradigma de que justiça é só o
cárcere.
Equipe
ANNCOL - Brasil
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