quarta-feira, 4 de março de 2015

Colômbia propôs ao Estados Unidos repatriar “Simón Trinidad”

Fuente: pacocol.org
O ex-chanceler israelense e assessor internacional do processo de paz de Havana, Shlomo Ben Ami, confirmou nesta segunda-feira que o Governo apresentou aos Estados Unidos a possibilidade de explorar uma repatriação do chefe guerrilheiro Ricardo Palmeira, “Simón Trinidad”.
“A guerrilha tem a ilusão de que se liberte a Simón Trinidad e isso também se mencionou à administração norte-americana. É uma administração que manda e impõe ao sistema judicial”, disse Ben Ami.
Não em vão, a proposta tem eco em alguns setores, pois nas panelinhas políticas já se disse que as constantes visitas do Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, assim como a designação de um Delegado Especial ao processo de paz, poderiam conjurar o favor político de repatriar a “Trinidad” em meio a negociação.
O ex-diplomata israelense disse que a presença de “Trinidad” na mesa, assim como seu regresso ao país, tem sido uma das solicitações da guerrilha para terminar o conflito no país.
“O processo tem que acabar o mais rápido possível e o Presidente [Santos] tem que gestionar parte do pós conflito [...], não vai ser fácil ver alguns membros das FARC no Parlamento. Porém, é um preço que há que pagar”, disse o experto ao referir-se à eventual participação política da guerrilha após a firma da paz.
Em janeiro de 2014 as FARC solicitaram ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha [CICV] que realizasse uma visita humanitária ao guerrilheiro “Simón Trinidad”, denunciando as más condições de sua reclusão.
Num comunicado pediram às autoridades estadunidenses que melhorassem para ‘Trinidad’ suas condições de reclusão e ao Governo colombiano que possibilite sua incorporação à delegação de paz da guerrilha em Havana.
No domingo passado, o presidente da República, Juan Manuel Santos, afirmou numa entrevista com o diário espanhol El País que buscará interceder com os Estados Unidos para que os representantes e membros das FARC não sejam extraditados para este país.
“Temos que encontrar uma solução, ninguém que vai entregar as armas para ir morrer num cárcere norte-americano. Isso é totalmente irrealista. Isso já é uma responsabilidade minha em minhas relações com os Estados Unidos de buscar uma solução para isso”, indicou o Chefe de Estado. E afirmou que é um tema “que, sem dúvida alguma, teremos que abordar agora na justiça transicional”, assegurou.
“Eles vão perguntar: que vai passar conosco, vão nos extraditar? E eu tenho que dizer-lhes: pois, vamos buscar a forma para que não. No fundo, a justiça não pode ser um obstáculo para a Paz”, indicou Santos.
Santos também se referiu ao primeiro encontro entre o enviado especial dos Estados Unidos aos diálogos de paz, Bernard Aaronson, e os delegados das FARC. E acrescentou que cinco militares viajarão a Havana para tratar do cessar-fogo bilateral com as FARC.
“Amanhã viajam cinco membros da subcomissão que se estabeleceu para discutir o cessar-fogo definitivo. Se vai discutir em forma simultânea vítimas, justiça transicional e o fim do conflito propriamente dito: desarmamento, desmobilização e reintegração. Neste ponto, o cessar-fogo tem que ser negociado nuns termos muito claros. Decidimos que sejam os próprios militares do serviço ativo os que viajem a Havana. Eu decidi desde um princípio manter os militares informados sobre a evolução do processo e assim seguiremos”, acrescentou.
Além disso, o ex-presidente César Gaviria defendeu sua proposta de justiça transicional para todos. Disse que a Corte Penal internacional não pode ser um inimigo da paz e disse que o país tem que adotar sua própria forma de justiça transicional.
O ministro para o pós conflito, o general reformado Óscar Naranjo, afirmou que há que romper o paradigma de que justiça é só o cárcere.
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Equipe ANNCOL - Brasil



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