segunda-feira, 23 de março de 2015

A excludente Comissão Assessora.

A partir das FARC-EP sempre saudamos as distintas iniciativas de incorporar diversas forças que contribuem para facilitar caminhos para encontrar as chaves da paz com justiça social e a reconciliação dos colombianos. Por isso, inicialmente vemos com expectativa o anúncio governamental de criar uma Comissão Assessora de Paz, entendendo que nela teriam assento todas as forças interessadas em fornecer contribuições ao empenho de terminar mais de 50 anos de guerra em nosso país.
O fato de que personalidades da vida nacional que haviam expressado mágoas e inclusive franca oposição aos diálogos de Havana tenham aceitado integrar uma comissão assessora é, no nosso modo de ver, uma mostra indiscutível de que os anseios de paz de todos os colombianos têm a força e a credibilidade suficiente para que nenhum setor da vida nacional fique por fora dela.
Porém, ainda que se trate de uma comissão nomeada unilateralmente pelo governo para que o assessore, o que surpreende é a ausência de diversidade em sua conformação.
Com exceções destacáveis, ela é um espelho de todas as formas de exclusão política e social da qual a Colômbia tem padecido ao longo de sua vida republicana. Devemos destacar que é esse costume inveterado da classe dirigente colombiana de excluir aos setores populares da representação nacional a causa central da violência, da pobreza e da marginalização social que nosso povo tem padecido ao longo de décadas.
Por que, então, se se supõe que o governo representa a nação e não só uma parte dela, o Presidente Santos não se decide por incluir as novas forças políticas e sociais que hoje conformam a cena nacional?
Por que não há em sua Comissão Assessora porta-vozes da Cúpula Agrária, organização que representa 80 por cento do campesinato colombiano? Por que tão limitada representação do movimento sindical, da ausência do movimento estudantil, das organizações étnicas, das agremiações femininas, dos ambientalistas ou da Frente Ampla que o ajudou a se reeleger?
Por que, enfim, a ausência do país real que está esperando sair de seus longos anos de solidão e esquecimento?
Então, para que foi criado o Conselho Nacional de Paz? Criaram-no para desconhecê-lo?
A esta mesa lhe falta mais de um pé. Fazemos um novo chamado a que os diálogos de paz de Havana se preencham de vozes diversas, que enriqueçam seus conteúdos e iluminem com sua sabedoria milenar os caminhos da nova Colômbia.
Ainda assim, oxalá essa Comissão Assessora aconselhe ao governo retirar toda essa maldade jurídica que nos está enredando a solução política e lhe sugira combinar, já, o cessar-fogo bilateral que, com reiterada insistência, as vítimas do conflito têm pedido para aliviar tanta dor e sofrimento que esta cruenta guerra causa.
DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP.
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Equipe ANNCOL - Brasil





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