Por Ninféia G
Hoje, 1ºde Janeiro de 2011, dia da Confraternizaçao Universal, é uma data muito especial para nós, brasileiras, pois, a partir dela, uma representante de nosso gênero, governará a Nação por quatro anos.
Como Assistente Social, Poeta, Marxista-Leninista e Mulher, não pude deixar de escrever meu recado em versos:
SENHORA PRESIDENTE DO BRASIL
No dia 1 de janeiro de 2003
Eu assisti, em companhia de minha mãe
A posse de Luis Inácio “Lula” da Silva
Como Presidente da Nação brasileira!
Lembro que estávamos contentes
De vermos um operário,
A partir daí, dirigir o país.
Seus feitos?Há controvérsias
Quanto à efetividade de suas ações
E real utilidade de alguns de seus atos
No sentido do melhor estar
Do povo do Brasil.
Mas, hoje é 1º, novamente
Oito anos depois daquele dia!
Agora, teremos, em seu lugar, uma mãe,
Uma mulher, um inusitado início!
A Presidente eleita da Nação brasileira!
Para muitas pessoas, é movimento
Significativo de vitória
De gênero; uma mulher está no domínio
Dos destinos de milhões de crianças,
Jovens e adultos
De nossa enorme população.
Seus eleitores,
Certamente lhe dão as boas vindas
Seus opositores,
Estarão à espreita,
Prontos para saltarem
Como feras feridas
Sabotando, bloqueando
Ruminando sua derrota.
O caminho é ainda mais difícil!
Há um clima de preconceito
Que arde como chama,
Querendo queimar os bons propósitos
E instalar a dúvida e a insegurança.
Isso se percebe conversando com o vizinho,
Com o colega de trabalho,
Ouvindo as conversas
Do cotidiano
Nas ruas, nos bairros
Nas residências,
Nos grupos,
Enfim, no dia a dia.
Mas, de qualquer forma
E a despeito das questões
Que formulo o tempo todo
E das críticas que preciso fazer,
Tomara você consiga
Transformar o PNDH 3 em Lei
Retificar a injusta lei da anistia
Realizar a Reforma Agrária
E dar às nossas crianças
Que são o futuro do país,
Escolas públicas de qualidade,
Casa, carinho e comida
E, sobretudo muita atenção;
E que as tire dos sinais,
Da venda de chicletes e bombons
Nas madrugadas da vida.
Trabalho com dignidade
A seus pais e professores;
Profissionalização aos jovens
E um sistema de saúde
Que possibilite a todos
A devida assistência.
Tem muito mais!
Contudo, isso é o principal
Para que as pessoas,
Crianças, jovens e adultos,
Não precisem mendigar
E, muito menos, roubar.
P.s- Seja bem vinda, Senhora Presidente Dilma Roussef
Ninféia G é Assistente Social e Poeta em Belém-Pará
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
Presente de grego e diplomas falsos.
Por Ninféia G.
Duas manchetes no jornal local, hoje, me chamam a atenção: a Câmara Municipal de Belém concedeu transporte de graça em um domingo por mês ao povo de Belém, quer dizer, é uma proposta de lei que entendo que ainda vá passar ,pelos trâmites legais.
Mas ,não dizem que o que vale é a intenção?Então, vai ver nossos vereadores se “ sensibilizaram” com a penúria em que vive nosso povo e decidiram que as “pessoas comuns” têm o direito de passear ao menos um domingo por mês( o que já é difícil mesmo tendo o dinheiro da passagem, visto que as frotas são consideravelmente diminuídas aos domingos, por conta, claro, dos proprietários das empresas que não querem ter prejuízos colocando ônibus para ser usado por ‘quatro gatos pingados”.
Mas...,agora...com esse “presentão de Natal “ que nossos “estimadíssimos” vereadores estão dando, quem sabe as pessoas não vão até ter mais disposição de ir para as paradas de ônibus?. Mas, uma pergunta que não quer calar: Qual será o presentão dado pelo Prefeito aos empresários dos transportes coletivos em troca dessa migalha ao povo???Tenho medo só de pensar: dia 1 vem aí, dia de aumentos de tarifas, preços de produtos, etc..., será que o preço da passagem vai finalmente( como premio aos empresários por concordarem em ser tão "bonzinhos com o povo"- ainda que a prefeitura pague a eles esses valores referentes a esses domingos, claro que não será o valor real pois acordos devem ter sido feitos por trás dos panos) para dois reais????
Já que querem dar presentes, Senhores Vereadores, estabeleçam um teto para quem não vai pagar passagem, mas todos os dias, tipo, quem percebe até 2 salários mínimos por mês não paga passagem de ônibus.Assim, iam ajudar bastante muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuita gente, podem crer!!!
Agora, um domingo por mês, de graça, para toda a população, aí é gato por lebre, né? Presente de gregos!Porque já pensaram no numero de ônibus nas ruas, “ a esse preço”? Coitados dos usuários!Será que vai valer à pena?Se já se fica quase uma hora esperando, principalmente aqui ,no bairro da Marambaia, onde uma empresa detém o monopólio, imagina, sendo de graça!!Vamos ter que sair de madrugada para ficar na fila( aliás o que não é novidade no Brasil)
Outra manchete interessante é que DILMA e JATENE foram diplomados,mas diplomados em que? Eu e muita gente mais, levamos 4 ou 5 anos em universidades para sermos diplomados .Eles nem cumpriram suas obrigações, nem começaram a atuar( e nem estou me detendo em como eles atuarão, não é o caso aqui) e já estão sendo diplomados!?Quer dizer, recebem o premio antes de trabalhar? Sem mostrar serviço?
Que coisa mais ridícula e além de ser uma violência ao povo brasileiro que na verdade, nem se toca dessas barbaridades.
Mas quem pensa, reflete observando o dia a dia e prestando atenção nessa gente que é eleita e fica fazendo programinhas para amenizar a situação do povo( e o pior é que o povo acredita) , para que ele pense que pode um dia ser um burguês e dessa forma, não lute contra a injustiça social que o vitima, sabe que diplomar políticos antes dele cumprirem os mandados, não é coerente; e dar apenas um dia de ônibus de graça, em um domingo por mês, a uma população cuja maioria carece de quase tudo, é .no mínimo uma violência, além enganação, falsidade, sacanagem, enfim!
Poupem-nos Sras. autoridades constituídas.
Mas eu tenho quase que certeza que as senhoras não enganam mais tanta gente assim.
Ninféia G é Assistente Social e Poetisa de Belém do Pará.
Duas manchetes no jornal local, hoje, me chamam a atenção: a Câmara Municipal de Belém concedeu transporte de graça em um domingo por mês ao povo de Belém, quer dizer, é uma proposta de lei que entendo que ainda vá passar ,pelos trâmites legais.
Mas ,não dizem que o que vale é a intenção?Então, vai ver nossos vereadores se “ sensibilizaram” com a penúria em que vive nosso povo e decidiram que as “pessoas comuns” têm o direito de passear ao menos um domingo por mês( o que já é difícil mesmo tendo o dinheiro da passagem, visto que as frotas são consideravelmente diminuídas aos domingos, por conta, claro, dos proprietários das empresas que não querem ter prejuízos colocando ônibus para ser usado por ‘quatro gatos pingados”.
Mas...,agora...com esse “presentão de Natal “ que nossos “estimadíssimos” vereadores estão dando, quem sabe as pessoas não vão até ter mais disposição de ir para as paradas de ônibus?. Mas, uma pergunta que não quer calar: Qual será o presentão dado pelo Prefeito aos empresários dos transportes coletivos em troca dessa migalha ao povo???Tenho medo só de pensar: dia 1 vem aí, dia de aumentos de tarifas, preços de produtos, etc..., será que o preço da passagem vai finalmente( como premio aos empresários por concordarem em ser tão "bonzinhos com o povo"- ainda que a prefeitura pague a eles esses valores referentes a esses domingos, claro que não será o valor real pois acordos devem ter sido feitos por trás dos panos) para dois reais????
Já que querem dar presentes, Senhores Vereadores, estabeleçam um teto para quem não vai pagar passagem, mas todos os dias, tipo, quem percebe até 2 salários mínimos por mês não paga passagem de ônibus.Assim, iam ajudar bastante muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuita gente, podem crer!!!
Agora, um domingo por mês, de graça, para toda a população, aí é gato por lebre, né? Presente de gregos!Porque já pensaram no numero de ônibus nas ruas, “ a esse preço”? Coitados dos usuários!Será que vai valer à pena?Se já se fica quase uma hora esperando, principalmente aqui ,no bairro da Marambaia, onde uma empresa detém o monopólio, imagina, sendo de graça!!Vamos ter que sair de madrugada para ficar na fila( aliás o que não é novidade no Brasil)
Outra manchete interessante é que DILMA e JATENE foram diplomados,mas diplomados em que? Eu e muita gente mais, levamos 4 ou 5 anos em universidades para sermos diplomados .Eles nem cumpriram suas obrigações, nem começaram a atuar( e nem estou me detendo em como eles atuarão, não é o caso aqui) e já estão sendo diplomados!?Quer dizer, recebem o premio antes de trabalhar? Sem mostrar serviço?
Que coisa mais ridícula e além de ser uma violência ao povo brasileiro que na verdade, nem se toca dessas barbaridades.
Mas quem pensa, reflete observando o dia a dia e prestando atenção nessa gente que é eleita e fica fazendo programinhas para amenizar a situação do povo( e o pior é que o povo acredita) , para que ele pense que pode um dia ser um burguês e dessa forma, não lute contra a injustiça social que o vitima, sabe que diplomar políticos antes dele cumprirem os mandados, não é coerente; e dar apenas um dia de ônibus de graça, em um domingo por mês, a uma população cuja maioria carece de quase tudo, é .no mínimo uma violência, além enganação, falsidade, sacanagem, enfim!
Poupem-nos Sras. autoridades constituídas.
Mas eu tenho quase que certeza que as senhoras não enganam mais tanta gente assim.
Ninféia G é Assistente Social e Poetisa de Belém do Pará.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Mensagem de fim de ano.
Por Ninféia G
Não deixe
A visão se ofuscar
Em meio às alegorias!
Exercite a mente
Enquanto consome iguarias!
E imagine:
Lá fora, ao ar,
Toda a maioria!
Então, atente,
Enquanto, em euforia:
O presente
Está a lhe dar
Muita alegria,
Mas, seja consciente
De que é minoria.
A todos aqueles que visitarem meu blog, desejo muita consciência, muita reflexão. E é claro, felicidades para todos nós, mas felicidade real, fruto da justiça social.
Ninféia G é Assistente Social e Poeta de Belém do Pará.
Não deixe
A visão se ofuscar
Em meio às alegorias!
Exercite a mente
Enquanto consome iguarias!
E imagine:
Lá fora, ao ar,
Toda a maioria!
Então, atente,
Enquanto, em euforia:
O presente
Está a lhe dar
Muita alegria,
Mas, seja consciente
De que é minoria.
A todos aqueles que visitarem meu blog, desejo muita consciência, muita reflexão. E é claro, felicidades para todos nós, mas felicidade real, fruto da justiça social.
Ninféia G é Assistente Social e Poeta de Belém do Pará.
domingo, 12 de dezembro de 2010
Regularização das relações homo afetivas e descriminalização do aborto, já!
Por Ninféia G
Estamos terminando o ano com uma noticia que eu considero estarrecedora: segundo a pesquisa realizada pelo Vox Populi, “82% dos brasileiros desejam manter o aborto como crime, e 72% são contra sua descriminalização. 75% dos evangélicos, 73% dos católicos e 69% das outras religiões se opondo à descriminalização.
Além disso, sessenta por cento dos brasileiros são contra a criação de "uniões civis" homossexuais, enquanto só 35% são a favor."
Diante de resultados como esses, só é possível muito pesar, afinal, aí está a face do nosso atraso cultural.
Aí, esse mesmo pessoal que a Vox Populi entrevistou assiste Passione, Ana Maria Braga, Fazenda, Jornal Nacional, lê a revista Veja e outras porcarias alienantes
Por isso são tão desinformados!
Nem procuram entender o que significa a descriminalizarão do aborto e nem o que significa mais uma opção de formação familiar.
Pelo que já procurei ler sobre o tema do homo afetividade,além de minha prática profissional, casais homo afetivos têm mais possibilidades de cuidar de filhos que casais hetero afetivos. Sabem esse ciúme, sentimento de posse que tem entre homem e mulher , e que no dia a dia, nas brigas e conflitos, nas demonstrações de possessividade, prejudica ,inclusive os filhos? Não têm entre os casais homo afetivos pois quando entram num relacionamento assim, mais efetivamente, de casal, mesmo, o fazem bem mais conscientes que os casais tradicionais( homem x mulher).
Juízes, em algumas partes do Brasil, já têm essa percepção, minha gente, já sentenciaram favoravelmente a essas uniões e à adoção de crianças por essa opção de formação familiar. O que é um avanço em nossa sociedade, ainda que bem pequeno.
Percebe-se que esses casais sabem trabalhar muito melhor a questão da intolerância, prepotência, arrogância, submissão da mulher, muito freqüente entre os casais tradicionais onde, por exemplo, a mulher diz” não sei se vou porque meu marido não vai” ; ou o marido não gosta dos amigos da mulher e vice versa e quando ambos querem conviver com seus amigos, surgem conflitos; ou naqueles casos do colega de trabalho, que é comunicativo, fala com a gente todo dia no ambiente de trabalho mas no dia em que o encontramos com a esposa, em outro local, ele finge que não conhece direito a gente.Ou seja, típicos exemplos de falta de respeito pela própria individualidade.E de intolerância por parte do parceiro.Que são freqüentes em relações homem x mulher.
Isso para não citar mais coisas, porque essa relação homem e mulher é cheia de complicação, um querendo mandar mais que o outro e como em nossa sociedade ainda tem muito essa coisa do machismo, além de que as próprias mulheres são machistas, tipo” ah! Meu marido não gosta assim;” ou “ tenho quem perguntar pro meu marido”( ou vice versa, acontece, também, por parte do homem)
Em uma relação homo afetiva, essas características aí não perturbam a ordem natural das coisas, pois no momento em que dois homens ou duas mulheres resolvem viver juntos como um casal, já superaram essas mazelas referidas aí em cima.Muitas vezes, até ja passaram por elas em uma relação tradicional.
.
São mais unidos, tem mais convicção.
E no caso do aborto, essa sociedade é muito hipócrita, mesmo! Os abortos são realizados por aí, clandestinamente, às vezes em clinicas até conceituadas e o médico diz que faz um trabalho perfeito, sem vestígios e por isso está cobrando um preço tão alto( isso na classe medis, que pode pagar o tal preço) Mas a maioria, a classe pobre, excluída, miserável , que vive na penúria, vai fazer onde????
A descriminalização do aborto vai evitar justamente essa clandestinidade, gente. E além do mais, a constituição diz que a vida começa ao nascimento, portanto, essa questão do aborto é puramente por conta de seduções e ingerências religiosas.Percebeu-se ,agora há pouco na época das eleições, que as Igrejas( que se dividiram no apoio à candidatura Dilma), “deram as cartas” nesse tema e a Dilma recuou em seu pensamento sobre o aborto manifestado anteriormente( que, certamente, é o pensamento dela, como mulher). E aí vieram com aquela “lenga- lenga” política de que foi um recuo tático.Mas aí os “ religiosos” se aproveitaram!!!
Olhem só: Se eu tentar me matar e não conseguir, vou ser indiciada por tentativa de homicídio? Não, por que meu corpo me pertence e a lei diz que a vida começa ao nascimento, portanto, antes da criança nascer ainda não existe um outro sujeito às leis de nossa sociedade.
Talvez eu pareça fria demais com esse comentário, entretanto, não sou eu que sou fria, é a sociedade que é injusta, afinal, ricos e classe média podem transar a vontade, esquecer o preservativo ainda que tenham dinheiro para adquiri-los e estocá-los, que tem médico em boas clinicas fazendo aborto; mas pobres não podem não, que segurem seus desejos e excitações porque a eles não é permitido esquecer o preservativo( e muito menos comprá-los).
Aí vem a questão de que os centros de saúde têm preservativos para distribuir de graça. Inicialmente devo dizer, que segundo informações, não tem não, assim, “jogando pelo ladrão” a não ser em épocas como carnaval, por ex. E as pessoas têm que ir às filas, se cadastrar, essas coisas. Então, por que para transar a vontade o pobre tem que entrar em filas, se cadastrar em centros de saúde e a classe média e os ricos não tem que fazer isso??
Os direitos são iguais, já diz a Constituição, e todos somos seres humanos.
A realidade em que vivemos é a da maioria da população vivendo em penúria (extrema miséria). E uma minoria desfrutando dos privilégios que um bom salário ou uma boa renda mensal lhes proporciona.
Portanto, deixemos de ser hipócritas: ou as autoridades promovem um programa rígido de controle de natalidade( e manda as igrejas darem uma volta para ver se as autoridades estão na esquina) , tipo como foi feito na China há muitos anos atrás, ou descriminaliza o aborto e aí as pessoas, que engravidarem inadvertidamente, podem recorrer ao mesmo para interromper a gravidez , a classe média paga e os pobres, recorrem ao sistema único de saúde.Quer dizer, o SUS teria que ter especialistas, em aborto,certo?. De repente, os caras lá, que estão exigindo um dinheirão para participarem de sessões extras no Congresso, fazem a lei especificando tipo assim: “ aborto só até os 3 meses de gravidez”… Dessa forma, com certeza, parte desse problema de nascimento de crianças que não vão ter qualquer tipo de assistência nesse contexto de injustiça social em virtude da desigualdade, seria, no mínimo, amenizado.Mas, claro, em um sistema neo liberal como o nosso não haveria essa iniciativa porque sem crianças nas ruas, não tem justificativa paras ONGs, verbas estrangeiras, programas paliativos eleitoreiros tipo as bolsas( que, prestem atenção, não começaram no governo do PT, este só fez continuar e ampliar,aliás, “bote” ampliação nisso, gostou tanto que aloprou, etc..
E a rede Globo e outras do ramo, no ar, todo dia, seduzindo mentes e corações .
É ruim!
Ninféia G, Assistente Social e Poetisa de Belém do Pará.
Estamos terminando o ano com uma noticia que eu considero estarrecedora: segundo a pesquisa realizada pelo Vox Populi, “82% dos brasileiros desejam manter o aborto como crime, e 72% são contra sua descriminalização. 75% dos evangélicos, 73% dos católicos e 69% das outras religiões se opondo à descriminalização.
Além disso, sessenta por cento dos brasileiros são contra a criação de "uniões civis" homossexuais, enquanto só 35% são a favor."
Diante de resultados como esses, só é possível muito pesar, afinal, aí está a face do nosso atraso cultural.
Aí, esse mesmo pessoal que a Vox Populi entrevistou assiste Passione, Ana Maria Braga, Fazenda, Jornal Nacional, lê a revista Veja e outras porcarias alienantes
Por isso são tão desinformados!
Nem procuram entender o que significa a descriminalizarão do aborto e nem o que significa mais uma opção de formação familiar.
Pelo que já procurei ler sobre o tema do homo afetividade,além de minha prática profissional, casais homo afetivos têm mais possibilidades de cuidar de filhos que casais hetero afetivos. Sabem esse ciúme, sentimento de posse que tem entre homem e mulher , e que no dia a dia, nas brigas e conflitos, nas demonstrações de possessividade, prejudica ,inclusive os filhos? Não têm entre os casais homo afetivos pois quando entram num relacionamento assim, mais efetivamente, de casal, mesmo, o fazem bem mais conscientes que os casais tradicionais( homem x mulher).
Juízes, em algumas partes do Brasil, já têm essa percepção, minha gente, já sentenciaram favoravelmente a essas uniões e à adoção de crianças por essa opção de formação familiar. O que é um avanço em nossa sociedade, ainda que bem pequeno.
Percebe-se que esses casais sabem trabalhar muito melhor a questão da intolerância, prepotência, arrogância, submissão da mulher, muito freqüente entre os casais tradicionais onde, por exemplo, a mulher diz” não sei se vou porque meu marido não vai” ; ou o marido não gosta dos amigos da mulher e vice versa e quando ambos querem conviver com seus amigos, surgem conflitos; ou naqueles casos do colega de trabalho, que é comunicativo, fala com a gente todo dia no ambiente de trabalho mas no dia em que o encontramos com a esposa, em outro local, ele finge que não conhece direito a gente.Ou seja, típicos exemplos de falta de respeito pela própria individualidade.E de intolerância por parte do parceiro.Que são freqüentes em relações homem x mulher.
Isso para não citar mais coisas, porque essa relação homem e mulher é cheia de complicação, um querendo mandar mais que o outro e como em nossa sociedade ainda tem muito essa coisa do machismo, além de que as próprias mulheres são machistas, tipo” ah! Meu marido não gosta assim;” ou “ tenho quem perguntar pro meu marido”( ou vice versa, acontece, também, por parte do homem)
Em uma relação homo afetiva, essas características aí não perturbam a ordem natural das coisas, pois no momento em que dois homens ou duas mulheres resolvem viver juntos como um casal, já superaram essas mazelas referidas aí em cima.Muitas vezes, até ja passaram por elas em uma relação tradicional.
.
São mais unidos, tem mais convicção.
E no caso do aborto, essa sociedade é muito hipócrita, mesmo! Os abortos são realizados por aí, clandestinamente, às vezes em clinicas até conceituadas e o médico diz que faz um trabalho perfeito, sem vestígios e por isso está cobrando um preço tão alto( isso na classe medis, que pode pagar o tal preço) Mas a maioria, a classe pobre, excluída, miserável , que vive na penúria, vai fazer onde????
A descriminalização do aborto vai evitar justamente essa clandestinidade, gente. E além do mais, a constituição diz que a vida começa ao nascimento, portanto, essa questão do aborto é puramente por conta de seduções e ingerências religiosas.Percebeu-se ,agora há pouco na época das eleições, que as Igrejas( que se dividiram no apoio à candidatura Dilma), “deram as cartas” nesse tema e a Dilma recuou em seu pensamento sobre o aborto manifestado anteriormente( que, certamente, é o pensamento dela, como mulher). E aí vieram com aquela “lenga- lenga” política de que foi um recuo tático.Mas aí os “ religiosos” se aproveitaram!!!
Olhem só: Se eu tentar me matar e não conseguir, vou ser indiciada por tentativa de homicídio? Não, por que meu corpo me pertence e a lei diz que a vida começa ao nascimento, portanto, antes da criança nascer ainda não existe um outro sujeito às leis de nossa sociedade.
Talvez eu pareça fria demais com esse comentário, entretanto, não sou eu que sou fria, é a sociedade que é injusta, afinal, ricos e classe média podem transar a vontade, esquecer o preservativo ainda que tenham dinheiro para adquiri-los e estocá-los, que tem médico em boas clinicas fazendo aborto; mas pobres não podem não, que segurem seus desejos e excitações porque a eles não é permitido esquecer o preservativo( e muito menos comprá-los).
Aí vem a questão de que os centros de saúde têm preservativos para distribuir de graça. Inicialmente devo dizer, que segundo informações, não tem não, assim, “jogando pelo ladrão” a não ser em épocas como carnaval, por ex. E as pessoas têm que ir às filas, se cadastrar, essas coisas. Então, por que para transar a vontade o pobre tem que entrar em filas, se cadastrar em centros de saúde e a classe média e os ricos não tem que fazer isso??
Os direitos são iguais, já diz a Constituição, e todos somos seres humanos.
A realidade em que vivemos é a da maioria da população vivendo em penúria (extrema miséria). E uma minoria desfrutando dos privilégios que um bom salário ou uma boa renda mensal lhes proporciona.
Portanto, deixemos de ser hipócritas: ou as autoridades promovem um programa rígido de controle de natalidade( e manda as igrejas darem uma volta para ver se as autoridades estão na esquina) , tipo como foi feito na China há muitos anos atrás, ou descriminaliza o aborto e aí as pessoas, que engravidarem inadvertidamente, podem recorrer ao mesmo para interromper a gravidez , a classe média paga e os pobres, recorrem ao sistema único de saúde.Quer dizer, o SUS teria que ter especialistas, em aborto,certo?. De repente, os caras lá, que estão exigindo um dinheirão para participarem de sessões extras no Congresso, fazem a lei especificando tipo assim: “ aborto só até os 3 meses de gravidez”… Dessa forma, com certeza, parte desse problema de nascimento de crianças que não vão ter qualquer tipo de assistência nesse contexto de injustiça social em virtude da desigualdade, seria, no mínimo, amenizado.Mas, claro, em um sistema neo liberal como o nosso não haveria essa iniciativa porque sem crianças nas ruas, não tem justificativa paras ONGs, verbas estrangeiras, programas paliativos eleitoreiros tipo as bolsas( que, prestem atenção, não começaram no governo do PT, este só fez continuar e ampliar,aliás, “bote” ampliação nisso, gostou tanto que aloprou, etc..
E a rede Globo e outras do ramo, no ar, todo dia, seduzindo mentes e corações .
É ruim!
Ninféia G, Assistente Social e Poetisa de Belém do Pará.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Aula de imperialismo contemporâneo
ARTIGO DE EMIR SADER, COMENTANDO AS DIVULGAÇÕES DO SITE WIKILEAKS
Os EUA se tornaram uma potência imperial na disputa pela sucessão da Inglaterra como potência hegemônica, com a Alemanha. As duas guerras mundiais – tipicamente guerras interimperialistas, pela repartição do mundo colonial entre as grandes potências, conforme a certeira previsão de Lenin – definiram a hegemonia norteamericana à cabeça do bloco de forças imperialistas.
No final da Segunda Guerra, os EUA tiveram que compartilhar o mundo com a URSS – a outra superpotência, não por seu poderio econômico, mas militar, que lhe dava uma paridade política. Foi o período denominado de “guerra fria”, que condicionava todos os conflitos em qualquer zona do mundo, que terminavam redefinidos no seu sentido no marco do enfrentamento entre os dois grandes blocos que dominavam a cena mundial.
Nesse período os EUA consolidaram seu poderio como gendarme mundial, poder imperial que tinha se iniciado na América Latina e o Caribe e que se estendeu pela Europa, Asia e Africa. Invasões, ocupações, golpes militares, ditaduras – marcaram a trajetória imperial norteamericana. Montaram o mais gigantesco aparelho de contra inteligência, acoplado a um monstruoso aparato militar.
Terminada a guerra fria, com a desaparição de um dos campos e a vitória do outro, esses mecanismos não foram desmontados. A OTAN, nascida supostamente para deter o “expansionismo soviético”, não foi desmontada, mas reciclada para combater os novos inimigos: o “terrorismo”, o “islamismo”, o “narcotráfico”, etc.
Os documentos publicados confirmam tudo o que os aparentemente paranoicos difundiam sobre os planos e as ações dos EUA no mundo. Eles são a única potência global, aquela que tem interesses em qualquer parte do mundo e, se não os tem, os cria. Que pretende zelar pela ordem norteamericana no mundo, a todo preço – com ameaças, ataques, difusão de noticias falsas, ocupações, etc., etc.
Qualquer compreensão do mundo contemporâneo que não leve em contra, como fator central a hegemonia imperial norteamericana, não capta o essencial das relações de poder que regem o mundo. A leitura dos documentos é uma aula sobre o imperialismo contemporâneo.
Emir Sader é sociólogo e cientista político, graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre em filosofia política e doutor em ciência política por essa mesma instituição
Os EUA se tornaram uma potência imperial na disputa pela sucessão da Inglaterra como potência hegemônica, com a Alemanha. As duas guerras mundiais – tipicamente guerras interimperialistas, pela repartição do mundo colonial entre as grandes potências, conforme a certeira previsão de Lenin – definiram a hegemonia norteamericana à cabeça do bloco de forças imperialistas.
No final da Segunda Guerra, os EUA tiveram que compartilhar o mundo com a URSS – a outra superpotência, não por seu poderio econômico, mas militar, que lhe dava uma paridade política. Foi o período denominado de “guerra fria”, que condicionava todos os conflitos em qualquer zona do mundo, que terminavam redefinidos no seu sentido no marco do enfrentamento entre os dois grandes blocos que dominavam a cena mundial.
Nesse período os EUA consolidaram seu poderio como gendarme mundial, poder imperial que tinha se iniciado na América Latina e o Caribe e que se estendeu pela Europa, Asia e Africa. Invasões, ocupações, golpes militares, ditaduras – marcaram a trajetória imperial norteamericana. Montaram o mais gigantesco aparelho de contra inteligência, acoplado a um monstruoso aparato militar.
Terminada a guerra fria, com a desaparição de um dos campos e a vitória do outro, esses mecanismos não foram desmontados. A OTAN, nascida supostamente para deter o “expansionismo soviético”, não foi desmontada, mas reciclada para combater os novos inimigos: o “terrorismo”, o “islamismo”, o “narcotráfico”, etc.
Os documentos publicados confirmam tudo o que os aparentemente paranoicos difundiam sobre os planos e as ações dos EUA no mundo. Eles são a única potência global, aquela que tem interesses em qualquer parte do mundo e, se não os tem, os cria. Que pretende zelar pela ordem norteamericana no mundo, a todo preço – com ameaças, ataques, difusão de noticias falsas, ocupações, etc., etc.
Qualquer compreensão do mundo contemporâneo que não leve em contra, como fator central a hegemonia imperial norteamericana, não capta o essencial das relações de poder que regem o mundo. A leitura dos documentos é uma aula sobre o imperialismo contemporâneo.
Emir Sader é sociólogo e cientista político, graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre em filosofia política e doutor em ciência política por essa mesma instituição
sábado, 4 de dezembro de 2010
Carta de uma Professora à revista VEJA
O texto a seguir , uma carta, me foi enviado através de uma amiga do Orkut e como eu já referi aqui, tem textos que são imprescindiveis e lê-los e refletir sobre seus conteúdos,torna-se obrigação cidadã.É o caso do texto a seguir, escrito por uma professora do Paraná em virtude de mais uma reportagem tendenciosa feita por essa execrável revista Veja.
Leiam a carta da professora.
RESPOSTA À REVISTA VEJA
Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “ Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador .
Não há necessidade de cronômetros , nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação . Há necessidade de todos os que pensam que : “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital ” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira . Que alunos são esses “ repletos de estímulos ” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital ? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares , e pior em orientá-los para a vida ? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência , causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras. Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola .
Não gosto de comparar épocas , mas quando penso na minha infância , onde pai e mãe , tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos , quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “ repletos de estímulos ”. Estímulos de quê ? De passar o dia na rua , não fazer as tarefas , ficar em frente ao computador , alguns até altas horas da noite , ( quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas . Sem disciplina seguem perdidos na vida . Realmente , nada está bom . Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor , atenção , orientação e disciplina .
Rememorando, o que tínhamos nós , os mais velhos , há uns anos atrás de estímulos ? Simplesmente : responsabilidade , esperança , alegria . Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão , seríamos realizados na vida . Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais . Para quê o estudo ? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens ? Quem , dos mais velhos , não lembra a emoção de somente brincar com os amigos , de ir aos piqueniques , subir em árvores ? E, nas aulas , havia respeito , amor pela pátria .. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “ chatas ” só na lousa e sabíamos ler , escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série . Precisávamos passar pelo terrível , mas eficiente , exame de admissão . E tínhamos motivação para isso .
Hoje, professores “ incapazes ” dão aulas na lousa , levam filmes , trabalham com tecnologia , trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução ), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus , só os mais corajosos !) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta , até a passeios interessantes, planejados minuciosamente , como ir ao Beto Carrero. E, mesmo , assim , a indisciplina está presente , nada está bom . Além disso, esses mesmos professores “ incapazes ”, elaboram atividades escolares como provas , planejamentos , correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração ;
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo , quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação , professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso , mesmo que trabalhe 40 h. semanais . E a saúde ? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas . Plano de saúde ? Muito precário . Há de se pensar , então , que são bem remunerados... Mera ilusão ! Por isso , cada vez vemos menos profissionais nessa área , só permanecem os que realmente gostam de ensinar , os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “ cair fora ”. Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que esforcem-se em ministrar boas aulas , ainda ouvem alunos chamá-los de “ vaca ”,”puta”, “ gordos “, “ velhos ” entre outras coisas . Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar . Mas , ainda não é tão grave . Temos notícias , dia-a-dia , até de agressões a professores por alunos . Futuramente , esses mesmos alunos , talvez agridam seus pais e familiares .
Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite . E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim , nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula ; se passam sem estudar mesmo , diante de tantas chances , e com indisciplina ... E isso é um crime ! Vão passando série após série , e não sabem escrever nem fazer contas simples . Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça . Ela é cruel e eles já são adultos .
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros ? Os professores são mais capacitados? Talvez , mas o mais importante É QUE HÁ DISCIPLINA . E é isso que precisamos e não de cronômetros . Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos , capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados . Portanto , a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.
Em vez de cronômetros , precisamos de carteiras escolares , livros , materiais , quadras-esportivas cobertas ( um luxo para a grande maioria de nossas escolas ), e de lousas , sim , em melhores condições e em maior quantidade . Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade ! E, precisamos, também , urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo
Em plena era digital , os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada , à mão : sem erros , nem borrões (ô, coisa arcaica !), e ainda assim se ouve falar em cronômetros . Francamente !!!
Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país , futuramente . Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo , e finalmente , se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “ incapazes ” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO . Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo , e duas turmas sem as provas corrigidas.
Uma professora do Estado do Paraná
P.s- a reportagem que motivou a carta da professora pode ser encontrada no link
http://veja.abril.com.br/230610/aula-cronometrada-p-122.shtml
Leiam a carta da professora.
RESPOSTA À REVISTA VEJA
Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “ Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador .
Não há necessidade de cronômetros , nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação . Há necessidade de todos os que pensam que : “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital ” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira . Que alunos são esses “ repletos de estímulos ” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital ? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares , e pior em orientá-los para a vida ? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência , causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras. Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola .
Não gosto de comparar épocas , mas quando penso na minha infância , onde pai e mãe , tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos , quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “ repletos de estímulos ”. Estímulos de quê ? De passar o dia na rua , não fazer as tarefas , ficar em frente ao computador , alguns até altas horas da noite , ( quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas . Sem disciplina seguem perdidos na vida . Realmente , nada está bom . Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor , atenção , orientação e disciplina .
Rememorando, o que tínhamos nós , os mais velhos , há uns anos atrás de estímulos ? Simplesmente : responsabilidade , esperança , alegria . Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão , seríamos realizados na vida . Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais . Para quê o estudo ? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens ? Quem , dos mais velhos , não lembra a emoção de somente brincar com os amigos , de ir aos piqueniques , subir em árvores ? E, nas aulas , havia respeito , amor pela pátria .. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “ chatas ” só na lousa e sabíamos ler , escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série . Precisávamos passar pelo terrível , mas eficiente , exame de admissão . E tínhamos motivação para isso .
Hoje, professores “ incapazes ” dão aulas na lousa , levam filmes , trabalham com tecnologia , trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução ), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus , só os mais corajosos !) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta , até a passeios interessantes, planejados minuciosamente , como ir ao Beto Carrero. E, mesmo , assim , a indisciplina está presente , nada está bom . Além disso, esses mesmos professores “ incapazes ”, elaboram atividades escolares como provas , planejamentos , correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração ;
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo , quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação , professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso , mesmo que trabalhe 40 h. semanais . E a saúde ? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas . Plano de saúde ? Muito precário . Há de se pensar , então , que são bem remunerados... Mera ilusão ! Por isso , cada vez vemos menos profissionais nessa área , só permanecem os que realmente gostam de ensinar , os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “ cair fora ”. Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que esforcem-se em ministrar boas aulas , ainda ouvem alunos chamá-los de “ vaca ”,”puta”, “ gordos “, “ velhos ” entre outras coisas . Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar . Mas , ainda não é tão grave . Temos notícias , dia-a-dia , até de agressões a professores por alunos . Futuramente , esses mesmos alunos , talvez agridam seus pais e familiares .
Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite . E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim , nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula ; se passam sem estudar mesmo , diante de tantas chances , e com indisciplina ... E isso é um crime ! Vão passando série após série , e não sabem escrever nem fazer contas simples . Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça . Ela é cruel e eles já são adultos .
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros ? Os professores são mais capacitados? Talvez , mas o mais importante É QUE HÁ DISCIPLINA . E é isso que precisamos e não de cronômetros . Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos , capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados . Portanto , a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.
Em vez de cronômetros , precisamos de carteiras escolares , livros , materiais , quadras-esportivas cobertas ( um luxo para a grande maioria de nossas escolas ), e de lousas , sim , em melhores condições e em maior quantidade . Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade ! E, precisamos, também , urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo
Em plena era digital , os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada , à mão : sem erros , nem borrões (ô, coisa arcaica !), e ainda assim se ouve falar em cronômetros . Francamente !!!
Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país , futuramente . Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo , e finalmente , se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “ incapazes ” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO . Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo , e duas turmas sem as provas corrigidas.
Uma professora do Estado do Paraná
P.s- a reportagem que motivou a carta da professora pode ser encontrada no link
http://veja.abril.com.br/230610/aula-cronometrada-p-122.shtml
Complexo do Alemão: A manipulação da “vitoriosa guerra contra o tráfico”
Nota Política do PCB(Partido Comunista Brasileiro)
Nada de novo no “front” do Rio de Janeiro.
Estimulada por uma mídia burguesa, aliada ao governo do Estado do Rio de Janeiro e a sua política de Segurança Pública, a população brasileira tem a falsa impressão de que a região metropolitana do Rio de Janeiro está prestes a viver novos dias, com uma melhora qualitativa da sensação de segurança.
Foi a busca por tal sensação de segurança que levou a grande maioria dos trabalhadores, além da totalidade dos setores médios e da elite, a parar frente à TV nos últimos dias para assistir a um espetáculo midiático, comparável à invasão do Iraque pelo imperialismo norte-americano. Era como um filme de mocinhos e bandidos, em que a grande maioria torcia avidamente para que as polícias militar e civil e ainda as Forças Armadas, simplesmente eliminassem a vida de varejistas do tráfico de drogas – mesmo que, a custo disso, morressem inocentes, e bairros populares fossem transformados em verdadeiras praças de guerra.
Os últimos acontecimentos vêm confirmar o caráter de ocupação de uma zona de guerra, onde os civis de solo ocupado, pouco, ou nenhum direito tem. Multiplicam-se denuncias ora formais, ora pelos sussurros escondidos pelo medo de moradores que tiveram dinheiros roubados pela policia, ameaças de agressão, desaparecimentos sem explicação nenhuma dos órgãos oficiais. Cenas que parecem reflexos de um Haiti ocupado pela ONU e pelo Brasil, onde uma forte criminalização dos movimentos sociais, e da própria população ocupada, que tem até o direito de ir e vir questionado pelas “autoridades”.
As denuncias ganham espaços de rodapé nos noticiários, que continuam colocando como manchete as glorias de uma policia que ganhou status de “nada consta” em sua corrida folha de crimes e corrupções, de conivência e até favorecimentos a facções criminosas e grupos de milícias.
Num quadro onde o Secretário de Segurança do Estado, Beltrame, cercado por um forte aparato policial e militar, e todas as pompas da mídia visita a área, como legitimo representante de uma força de ocupação, como se tratasse de um território inimigo. Apresentando mais uma vez para a população local, a única face do estado para os trabalhadores, a face da repressão.
Ao PCB preocupa esse fato: estimula-se, entre a população, uma visão fascistóide de mundo, como se “limpezas finais” fossem soluções para qualquer conflito. A História já demonstrou, através de vários exemplos, que tal pensamento deve ser firmemente combatido. Após as últimas ações, ocorridas nesse final de semana no complexo do Alemão, impõem-se algumas afirmações e questionamentos. Crer que os acontecimentos da última semana garantirão a segurança desejada pela população é equivocado; transmitir isso para população - como vêm fazendo os meios de comunicação – é propaganda mentirosa.
Há décadas o tecido social no Rio de Janeiro vem se deteriorando por culpa de interesses capitalistas tanto na organização do território quanto na oferta de serviços e equipamentos públicos para a maioria da população.
Tal fato tende a se agravar: o custo de vida na região metropolitana do Rio cresce exponencialmente desde que a cidade foi escolhida sede das Olimpíadas de 2016, e o exemplo mais nítido disso está no mercado imobiliário. Ter um teto sob o qual morar, no Rio de Janeiro, está cada vez mais caro. Para piorar a situação, a população desta região metropolitana vive com os maiores custos de alimentação e transporte público do país.
Ao mesmo tempo, as políticas de emprego, geração e transferência de renda, educação, saúde, além da oferta de equipamentos esportivos e sócio-culturais são cada vez mais vilipendiadas pela lógica capitalista de ausência e desresponsabilização do Estado.
Não à toa as Oscips no setor de atendimento médico e o desempenho pífio dos estudantes do Estado nos exames do Ministério da Educação, além de fatores de menor repercussão midiática, como a concentração de cinemas e teatros nas áreas mais abastadas da cidade, bem como a ausência de locais para o lazer. Concentram-se nessas áreas do Rio de Janeiro os piores indicadores sociais, os maiores índices de gravidez adolescente, a maior incidência de subemprego, as maiores deficiências de saneamento básico, etc.
Tais fatos foram jogados para debaixo do tapete nas últimas eleições, numa aliança explícita entre os grandes grupos de mídia e o atual grupo político que comanda o Rio de Janeiro. Ao contrário de sua postura quase sempre denuncista e falsamente moralizante, a imprensa burguesa chegou ao ponto de escamotear a existência de trabalho escravo e os claros indícios de enriquecimento ilícito, materializado entre outras coisas em mansões em Angra dos Reis (RJ); fatores que atingiriam politicamente personagens fundamentais desse agrupamento político.
No meio de tudo isso está a atual política de Segurança Pública do Rio de Janeiro. É ela a fiadora de manchetes mentirosas e da ação hegemônica em criminalizar a pobreza entre a população. É a atual política de segurança pública, materializada fundamentalmente nas UPPs, que poderá viabilizar projetos políticos maiores para alguns e o lucro crescente para setores fundamentais da burguesia brasileira e carioca: com a copa do Mundo de 2014 e as olimpíadas de 2016, é preciso garantir uma sensação de segurança mínima para expandir a especulação imobiliária, os serviços de telecomunicações/mídia e os grandes investimentos em infra-estrutura e transporte urbanos, num ciclo propício à corrupção há muito conhecido.
Cabe assim o registro que se segue, publicado pela revista Piauí: as UPPs são um dos maiores “cases” de marketing dos últimos anos. De acordo com a publicação, os “serviços de comunicação e divulgação” da secretaria de segurança do Rio saltaram de R$ 66,9 milhões para R$ 91,7 milhões. Além disso, o secretário José Beltrame já promoveu 138 almoços com “formadores de opinião” desde a posse, e deu 223 entrevistas, sendo que 39 para a imprensa estrangeira, sempre com as UPPs como jóias da pauta.
Assim, é preciso dizer claramente: a atual política de Segurança Pública do Rio de Janeiro é uma farsa, que se presta à expansão dos investimentos privados e a garantia de lucros futuros para grandes grupos do capitalismo internacional e brasileiro.
O controle do território pelo estado – principal ponto da atual política de Segurança Pública e lógica que justifica as UPPS – só vale para algumas localidades, próximas às áreas mais nobres da capital, que servirão como base territorial para a expansão dos investimentos privados e públicos.
Para corroborar nosso ponto de vista, e desmascarar a falácia do atual governador de que todas as comunidades serão “libertadas”, está a mais pura e simples matemática: existem cerca de 1.020 favelas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Hoje as UPPs estão em 14 delas, com um contingente de quase quatro mil policiais (10% do efetivo da PM). Não há orçamento neoliberal que garanta pessoal suficiente para ocupar as mais de 1.000 favelas sem UPPs.
Por outro lado, e estranhamente, todas as UPPs foram instaladas em locais comandados por uma única facção criminosa. Para a Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde vivem mais de 50% da população da cidade e local no qual mandam as milícias (criminosos de farda), não há projeto de UPP.
Foram tais fatores que apenas deslocaram o crime organizado para pontos mais distantes da região metropolitana e, em alguns casos, fizeram mudar de mãos o controle de alguns pontos do varejo das drogas, inclusive em comunidades ditas “pacificadas” pelas UPPs. Estas mudanças por vezes se deram através de acordos, por vezes através da disputa de território – com os tiroteios típicos que vitimizam trabalhadores e inocentes. Não é por outro motivo que, em todas as operações policiais para instalar as atuais 14 UPPs, não houve sequer uma dezena de prisões, um quilo de entorpecente ou uma mísera arma de grosso calibre apreendidos. Isso também explica de onde surgiram tantos armamentos e varejistas do tráfico nas imagens veiculadas pela TV desde a última quinta-feira. Armas que, aliás, não foram fabricadas no interior daquela localidade. Chegaram até ali através de uma cadeia que a muitos interessa manter, pois a muitos enriquece: no atacado pela corrupção; no varejo através dos “arregos” pagos a bandidos de farda.
Esta cadeia do tráfico permanece intocada, como bem sabem os moradores de localidades subjugadas pelas milícias. Os grandes traficantes de drogas e contrabandistas de armas, durante estes dias da “guerra do Complexo do Alemão”, estavam incólumes em suas ricas residências nos bairros nobres, assistindo tudo pela televisão para acompanhar os rumos de seus negócios. Provavelmente estes atacadistas já têm seus interlocutores e sócios entre aqueles que que “ocuparão” a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão.
Ademais, é preciso esclarecer os motivos que justificaram as ações policiais promovidas desde a última quinta-feira: quem de fato promoveu os incêndios de automóveis? Por que tais ações se diferenciaram em muito das promovidas anteriormente pelo tráfico de drogas, inclusive permitindo que os cidadãos se retirassem dos meios de transporte? Por que tais ações se reduziram em muito desde que a ocupação da Vila Cruzeiro virou fato consumado, já que poucos foram os presos até o momento?
Para o PCB, é imperativo o esclarecimento de tais fatos. Que as investigações da polícia e da justiça sejam transparentes e abertas à participação de entidades da sociedade civil.
Por fim o PCB afirma: a culpa pelo atual estado de coisas é do capitalismo, de sua lógica e de seus interesses. Ele é o inimigo a ser combatido e derrotado pelos trabalhadores.
30 de novembro de 2010
Partido Comunista Brasileiro
Secretariado Nacional
Comitê Regional do Rio de Janeiro
Nada de novo no “front” do Rio de Janeiro.
Estimulada por uma mídia burguesa, aliada ao governo do Estado do Rio de Janeiro e a sua política de Segurança Pública, a população brasileira tem a falsa impressão de que a região metropolitana do Rio de Janeiro está prestes a viver novos dias, com uma melhora qualitativa da sensação de segurança.
Foi a busca por tal sensação de segurança que levou a grande maioria dos trabalhadores, além da totalidade dos setores médios e da elite, a parar frente à TV nos últimos dias para assistir a um espetáculo midiático, comparável à invasão do Iraque pelo imperialismo norte-americano. Era como um filme de mocinhos e bandidos, em que a grande maioria torcia avidamente para que as polícias militar e civil e ainda as Forças Armadas, simplesmente eliminassem a vida de varejistas do tráfico de drogas – mesmo que, a custo disso, morressem inocentes, e bairros populares fossem transformados em verdadeiras praças de guerra.
Os últimos acontecimentos vêm confirmar o caráter de ocupação de uma zona de guerra, onde os civis de solo ocupado, pouco, ou nenhum direito tem. Multiplicam-se denuncias ora formais, ora pelos sussurros escondidos pelo medo de moradores que tiveram dinheiros roubados pela policia, ameaças de agressão, desaparecimentos sem explicação nenhuma dos órgãos oficiais. Cenas que parecem reflexos de um Haiti ocupado pela ONU e pelo Brasil, onde uma forte criminalização dos movimentos sociais, e da própria população ocupada, que tem até o direito de ir e vir questionado pelas “autoridades”.
As denuncias ganham espaços de rodapé nos noticiários, que continuam colocando como manchete as glorias de uma policia que ganhou status de “nada consta” em sua corrida folha de crimes e corrupções, de conivência e até favorecimentos a facções criminosas e grupos de milícias.
Num quadro onde o Secretário de Segurança do Estado, Beltrame, cercado por um forte aparato policial e militar, e todas as pompas da mídia visita a área, como legitimo representante de uma força de ocupação, como se tratasse de um território inimigo. Apresentando mais uma vez para a população local, a única face do estado para os trabalhadores, a face da repressão.
Ao PCB preocupa esse fato: estimula-se, entre a população, uma visão fascistóide de mundo, como se “limpezas finais” fossem soluções para qualquer conflito. A História já demonstrou, através de vários exemplos, que tal pensamento deve ser firmemente combatido. Após as últimas ações, ocorridas nesse final de semana no complexo do Alemão, impõem-se algumas afirmações e questionamentos. Crer que os acontecimentos da última semana garantirão a segurança desejada pela população é equivocado; transmitir isso para população - como vêm fazendo os meios de comunicação – é propaganda mentirosa.
Há décadas o tecido social no Rio de Janeiro vem se deteriorando por culpa de interesses capitalistas tanto na organização do território quanto na oferta de serviços e equipamentos públicos para a maioria da população.
Tal fato tende a se agravar: o custo de vida na região metropolitana do Rio cresce exponencialmente desde que a cidade foi escolhida sede das Olimpíadas de 2016, e o exemplo mais nítido disso está no mercado imobiliário. Ter um teto sob o qual morar, no Rio de Janeiro, está cada vez mais caro. Para piorar a situação, a população desta região metropolitana vive com os maiores custos de alimentação e transporte público do país.
Ao mesmo tempo, as políticas de emprego, geração e transferência de renda, educação, saúde, além da oferta de equipamentos esportivos e sócio-culturais são cada vez mais vilipendiadas pela lógica capitalista de ausência e desresponsabilização do Estado.
Não à toa as Oscips no setor de atendimento médico e o desempenho pífio dos estudantes do Estado nos exames do Ministério da Educação, além de fatores de menor repercussão midiática, como a concentração de cinemas e teatros nas áreas mais abastadas da cidade, bem como a ausência de locais para o lazer. Concentram-se nessas áreas do Rio de Janeiro os piores indicadores sociais, os maiores índices de gravidez adolescente, a maior incidência de subemprego, as maiores deficiências de saneamento básico, etc.
Tais fatos foram jogados para debaixo do tapete nas últimas eleições, numa aliança explícita entre os grandes grupos de mídia e o atual grupo político que comanda o Rio de Janeiro. Ao contrário de sua postura quase sempre denuncista e falsamente moralizante, a imprensa burguesa chegou ao ponto de escamotear a existência de trabalho escravo e os claros indícios de enriquecimento ilícito, materializado entre outras coisas em mansões em Angra dos Reis (RJ); fatores que atingiriam politicamente personagens fundamentais desse agrupamento político.
No meio de tudo isso está a atual política de Segurança Pública do Rio de Janeiro. É ela a fiadora de manchetes mentirosas e da ação hegemônica em criminalizar a pobreza entre a população. É a atual política de segurança pública, materializada fundamentalmente nas UPPs, que poderá viabilizar projetos políticos maiores para alguns e o lucro crescente para setores fundamentais da burguesia brasileira e carioca: com a copa do Mundo de 2014 e as olimpíadas de 2016, é preciso garantir uma sensação de segurança mínima para expandir a especulação imobiliária, os serviços de telecomunicações/mídia e os grandes investimentos em infra-estrutura e transporte urbanos, num ciclo propício à corrupção há muito conhecido.
Cabe assim o registro que se segue, publicado pela revista Piauí: as UPPs são um dos maiores “cases” de marketing dos últimos anos. De acordo com a publicação, os “serviços de comunicação e divulgação” da secretaria de segurança do Rio saltaram de R$ 66,9 milhões para R$ 91,7 milhões. Além disso, o secretário José Beltrame já promoveu 138 almoços com “formadores de opinião” desde a posse, e deu 223 entrevistas, sendo que 39 para a imprensa estrangeira, sempre com as UPPs como jóias da pauta.
Assim, é preciso dizer claramente: a atual política de Segurança Pública do Rio de Janeiro é uma farsa, que se presta à expansão dos investimentos privados e a garantia de lucros futuros para grandes grupos do capitalismo internacional e brasileiro.
O controle do território pelo estado – principal ponto da atual política de Segurança Pública e lógica que justifica as UPPS – só vale para algumas localidades, próximas às áreas mais nobres da capital, que servirão como base territorial para a expansão dos investimentos privados e públicos.
Para corroborar nosso ponto de vista, e desmascarar a falácia do atual governador de que todas as comunidades serão “libertadas”, está a mais pura e simples matemática: existem cerca de 1.020 favelas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Hoje as UPPs estão em 14 delas, com um contingente de quase quatro mil policiais (10% do efetivo da PM). Não há orçamento neoliberal que garanta pessoal suficiente para ocupar as mais de 1.000 favelas sem UPPs.
Por outro lado, e estranhamente, todas as UPPs foram instaladas em locais comandados por uma única facção criminosa. Para a Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde vivem mais de 50% da população da cidade e local no qual mandam as milícias (criminosos de farda), não há projeto de UPP.
Foram tais fatores que apenas deslocaram o crime organizado para pontos mais distantes da região metropolitana e, em alguns casos, fizeram mudar de mãos o controle de alguns pontos do varejo das drogas, inclusive em comunidades ditas “pacificadas” pelas UPPs. Estas mudanças por vezes se deram através de acordos, por vezes através da disputa de território – com os tiroteios típicos que vitimizam trabalhadores e inocentes. Não é por outro motivo que, em todas as operações policiais para instalar as atuais 14 UPPs, não houve sequer uma dezena de prisões, um quilo de entorpecente ou uma mísera arma de grosso calibre apreendidos. Isso também explica de onde surgiram tantos armamentos e varejistas do tráfico nas imagens veiculadas pela TV desde a última quinta-feira. Armas que, aliás, não foram fabricadas no interior daquela localidade. Chegaram até ali através de uma cadeia que a muitos interessa manter, pois a muitos enriquece: no atacado pela corrupção; no varejo através dos “arregos” pagos a bandidos de farda.
Esta cadeia do tráfico permanece intocada, como bem sabem os moradores de localidades subjugadas pelas milícias. Os grandes traficantes de drogas e contrabandistas de armas, durante estes dias da “guerra do Complexo do Alemão”, estavam incólumes em suas ricas residências nos bairros nobres, assistindo tudo pela televisão para acompanhar os rumos de seus negócios. Provavelmente estes atacadistas já têm seus interlocutores e sócios entre aqueles que que “ocuparão” a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão.
Ademais, é preciso esclarecer os motivos que justificaram as ações policiais promovidas desde a última quinta-feira: quem de fato promoveu os incêndios de automóveis? Por que tais ações se diferenciaram em muito das promovidas anteriormente pelo tráfico de drogas, inclusive permitindo que os cidadãos se retirassem dos meios de transporte? Por que tais ações se reduziram em muito desde que a ocupação da Vila Cruzeiro virou fato consumado, já que poucos foram os presos até o momento?
Para o PCB, é imperativo o esclarecimento de tais fatos. Que as investigações da polícia e da justiça sejam transparentes e abertas à participação de entidades da sociedade civil.
Por fim o PCB afirma: a culpa pelo atual estado de coisas é do capitalismo, de sua lógica e de seus interesses. Ele é o inimigo a ser combatido e derrotado pelos trabalhadores.
30 de novembro de 2010
Partido Comunista Brasileiro
Secretariado Nacional
Comitê Regional do Rio de Janeiro
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Tráfico de drogas é conseqüência das desigualdades sociais.
(Sem derrotar o capitalismo é impossível derrotar o tráfico de drogas)
Por Magno Francisco da Silva
As últimas ações militares no Rio de Janeiro efetivadas pelo Exército, Bope e Polícia Militar associadas a um grande espetáculo midiático promovido pelos grandes meios de comunicação, tentam transmitir a ideia para toda a sociedade brasileira de que finalmente o tráfico de drogas e a criminalidade serão extintos no Rio de Janeiro. É lamentável, mas isto infelizmente não passa de doce engano, pois no capitalismo as condições objetivas apresentadas na sociedade, não permitem tal realização.
É importante destacar que quem mais sofre com este confronto, é a população pobre, principalmente os que residem nos morros e favelas do Rio de Janeiro. Sob uma fachada de garantir a paz, os militares agem contra a população, com a mesma truculência que os traficantes cariocas. Todos os dias surgem diversas denúncias da população contra a polícia, relatando ataques, invasões de casa e até roubo contra os trabalhadores.
A grande verdade é que por mais que as UPPS (Unidade de Polícia Pacificadora) se instalem no morro e nas favelas cariocas ou até mesmo que se eliminem fisicamente todos os traficantes, a solução será temporária. Como sabemos o problema das drogas e da violência, não é um caso particular do Rio de Janeiro, na verdade é um problema existente em todo o país. O que a grande mídia não transmite, é que o tráfico de drogas e o banditismo são resultados da desigualdade social existente na sociedade capitalista. Sem emprego, educação e jogados na miséria absoluta, milhares de famílias encontram na criminalidade um meio de sobrevivência, principalmente os jovens que se tornam presas fáceis dos criminosos e rapidamente são recrutados para o tráfico de drogas.
A realidade é que toda esta ação militar nas favelas do Rio de Janeiro, não passa de um verdadeiro espetáculo. Representa uma demonstração da força bélica do Estado, mas que não é desinteressada, está conectada com a aproximação das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro e com a realização da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. É uma tentativa de mostrar ao mundo que o nosso país não apresentará problemas para realizar estes eventos e receberá com segurança, diversas delegações internacionais. Se esta ação seria tão eficaz, por que só agora foi decidido agir desta forma? Para se ter uma ideia do tamanho da farsa, Dilma Roussef ainda nem tomou posse no Palácio do Planalto, mas nas manchetes internacionais já figura a foto de Sérgio Cabral como presidente do Brasil em 2014.
Através de todo este teatro, a grande mídia tenta demonstrar o quanto é importante a ação repressiva das forças armadas. Esquecem, entretanto, de mostrar que a fuga dos principais traficantes foi facilitada pelos militares em troca de 75 barras de ouro. Por trás disto tudo, existe a defesa de um estado policialesco e repressor, que serve simplesmente para aliviar a culpa dos verdadeiros responsáveis por esta situação: a burguesia.
A verdadeira paz, o fim da criminalidade, da violência e das drogas, só é possível com igualdade social, ou seja: com a libertação dos trabalhadores do jugo da exploração da burguesia. Para alcançarmos esta realidade plenamente possível, é necessário construirmos uma nova sociedade, fundada sob o espírito do companheirismo e da coletividade. É preciso vencer o capitalismo, fundado sob o roubo e a exploração, que a cada dia dá provas do seu apodrecimento.
Magno Francisco da Silva é Professor de Filosofia, membro da direção nacional do Movimento Luta de Classes - MLC
Por Magno Francisco da Silva
As últimas ações militares no Rio de Janeiro efetivadas pelo Exército, Bope e Polícia Militar associadas a um grande espetáculo midiático promovido pelos grandes meios de comunicação, tentam transmitir a ideia para toda a sociedade brasileira de que finalmente o tráfico de drogas e a criminalidade serão extintos no Rio de Janeiro. É lamentável, mas isto infelizmente não passa de doce engano, pois no capitalismo as condições objetivas apresentadas na sociedade, não permitem tal realização.
É importante destacar que quem mais sofre com este confronto, é a população pobre, principalmente os que residem nos morros e favelas do Rio de Janeiro. Sob uma fachada de garantir a paz, os militares agem contra a população, com a mesma truculência que os traficantes cariocas. Todos os dias surgem diversas denúncias da população contra a polícia, relatando ataques, invasões de casa e até roubo contra os trabalhadores.
A grande verdade é que por mais que as UPPS (Unidade de Polícia Pacificadora) se instalem no morro e nas favelas cariocas ou até mesmo que se eliminem fisicamente todos os traficantes, a solução será temporária. Como sabemos o problema das drogas e da violência, não é um caso particular do Rio de Janeiro, na verdade é um problema existente em todo o país. O que a grande mídia não transmite, é que o tráfico de drogas e o banditismo são resultados da desigualdade social existente na sociedade capitalista. Sem emprego, educação e jogados na miséria absoluta, milhares de famílias encontram na criminalidade um meio de sobrevivência, principalmente os jovens que se tornam presas fáceis dos criminosos e rapidamente são recrutados para o tráfico de drogas.
A realidade é que toda esta ação militar nas favelas do Rio de Janeiro, não passa de um verdadeiro espetáculo. Representa uma demonstração da força bélica do Estado, mas que não é desinteressada, está conectada com a aproximação das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro e com a realização da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. É uma tentativa de mostrar ao mundo que o nosso país não apresentará problemas para realizar estes eventos e receberá com segurança, diversas delegações internacionais. Se esta ação seria tão eficaz, por que só agora foi decidido agir desta forma? Para se ter uma ideia do tamanho da farsa, Dilma Roussef ainda nem tomou posse no Palácio do Planalto, mas nas manchetes internacionais já figura a foto de Sérgio Cabral como presidente do Brasil em 2014.
Através de todo este teatro, a grande mídia tenta demonstrar o quanto é importante a ação repressiva das forças armadas. Esquecem, entretanto, de mostrar que a fuga dos principais traficantes foi facilitada pelos militares em troca de 75 barras de ouro. Por trás disto tudo, existe a defesa de um estado policialesco e repressor, que serve simplesmente para aliviar a culpa dos verdadeiros responsáveis por esta situação: a burguesia.
A verdadeira paz, o fim da criminalidade, da violência e das drogas, só é possível com igualdade social, ou seja: com a libertação dos trabalhadores do jugo da exploração da burguesia. Para alcançarmos esta realidade plenamente possível, é necessário construirmos uma nova sociedade, fundada sob o espírito do companheirismo e da coletividade. É preciso vencer o capitalismo, fundado sob o roubo e a exploração, que a cada dia dá provas do seu apodrecimento.
Magno Francisco da Silva é Professor de Filosofia, membro da direção nacional do Movimento Luta de Classes - MLC
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Sobre os acontecimentos no Rio de Janeiro( apenas outra reflexão)
Por Ninféia G
Essa questão do Rio e das favelas que a mídia insiste em dizer que é onde está o trafico, isso para mim não passa de briga por espaço.As favelas têm vida própria, são comunidades que subsistem e é claro esse tipo de contexto não interessa a quem detém o poder; além do mais, todo mundo sabe que a beleza do Rio, a peculiaridade está justamente nos morros, algo que lhe é mais característico que em outras cidades. E vai ter Olimpíadas 2016; eles tem que preparar o terreno desde já. E é claro que é mais fácil reprimir vagabundo pobre do que vagabundo rico( usando ma loinguagem padiliana).
Fazem aquele aparato todo, até blindado, parece até com o que os presidentes terroristas estadunidenses fizeram e fazem no Iraque que quando foram ver não tinha nada de bomba atômica. E mataram o Saddam, mesmo sem encontrar a bomba!!E continuaram acabando com o pais e o povo!Mas o Bush ficou vivo e ainda escreveu um livro sobre suas atrocidades. Obama assumiu. Será que alguém é pior que eles???
Não acredito que haja ninguém pior que eles. Mas tem igual. Parece que aqui no Brasil, né?
Então, para mim essa ação no Rio é igual ao que os EEUU fizeram no Iraque.
Mas como o Brasil adora copiar o bandido do Norte, né???
Claro que os “bandidos” das favelas não vão enfrentar o poderio militar que os “ homens da lei e da ordem” estão mostrando. O “ bandido da favela ” ( tenho que fazer a referencia porque tem o bandido do asfalto, né?) pode até ser violento mas não é burro.Como disse um dos presos do CARANDIRU” A GENTE NÃO É BURRO, NÉ DOTOR, DE ENFRENTAR AS METRALHADORAS DOS HOME”( e mesmo assim, deu no que deu- massacre de mais de 100 pessoas-).Eu li que “ os bandidos das favelas” tem rota de fuga, migram de uma comunidade para outra, e é claro, que as autoridades sabem disso.Então, vão ficar nesse aparato todo tempo, permanentemente?
Tem tanto problema serio no Brasil para ser resolvido! Filas do SUS, ressonâncias magnéticas para pessoas que bateram violentamente as cabeças em acidentes mas que só vão ser feitas 6 a mais meses depois do acidente!! A falta de médicos neurologistas no SUS.Crianças limpando para-brisas de carros nos sinais, fazendo malabarismo; crianças fora da escola em plena idade escolar ,mendigando. Pessoas entrando em coletivos, contando suas historias para comover pobres ( porque quem anda de ônibus neste país é pobre, né- quem ganha um dinheirinho a mais vai logo comprar carro para se livrar do aperto dos coletivos. )Crianças em abrigos porque seus pais não tem condições de assumir a responsabilidade, não tem renda, trabalho, educação.E os que detém o poder acham melhor ter família acolhedora( sem nenhum vínculo emocional)paa as crianças não irem par aos abrigos, do que dar emprego para esses pais! Mas é que resolver esses problemas pode acabar com o lucro das empresas de saúde, né?Das empresas de educação, né?
Olhem só um item com que os que detém o poder, as autoridades ,deveriam se preocupar: transporte urbano.Ninguém faz nada, parece que não interessa. As empresas privadas fazem o que querem, serviço péssimo e altas tarifas.São os burgueses dos transportes.
Tem tráfico porque tem penúria ou miséria extrema. E o tráfico acaba gerando renda para muitas pessoas, né?Os ricos compram e as coimunidades das favelas sobrevivem da renda.Todo mundo sabe disso.
Então, tem que combater as causas dessa miséria extrema. Combater tráfico é invenção dos EEUU que usam isso para fazer o que fazem na Colômbia,sob a justificativa de combater o tráfico querem mesmo é caçar guerrilheiro. E só não fazem no Brasil porque no Brasil não tem movimento de guerrilha.
Não me digam que essa operação no Rio não tem nada a ver com os lucros que grandes empresas estrangeiras, que estão se movimentando aqui no Brasil principalmente no Rio por causa da copa e olimpíadas, inclusive em áreas nessas mesmas favelas, não me diga que essa operação de guerra no Rio não tem nada a ver com isso!!!
Ninféia G é Assistente Social e poetisa em Belém-Pa
Essa questão do Rio e das favelas que a mídia insiste em dizer que é onde está o trafico, isso para mim não passa de briga por espaço.As favelas têm vida própria, são comunidades que subsistem e é claro esse tipo de contexto não interessa a quem detém o poder; além do mais, todo mundo sabe que a beleza do Rio, a peculiaridade está justamente nos morros, algo que lhe é mais característico que em outras cidades. E vai ter Olimpíadas 2016; eles tem que preparar o terreno desde já. E é claro que é mais fácil reprimir vagabundo pobre do que vagabundo rico( usando ma loinguagem padiliana).
Fazem aquele aparato todo, até blindado, parece até com o que os presidentes terroristas estadunidenses fizeram e fazem no Iraque que quando foram ver não tinha nada de bomba atômica. E mataram o Saddam, mesmo sem encontrar a bomba!!E continuaram acabando com o pais e o povo!Mas o Bush ficou vivo e ainda escreveu um livro sobre suas atrocidades. Obama assumiu. Será que alguém é pior que eles???
Não acredito que haja ninguém pior que eles. Mas tem igual. Parece que aqui no Brasil, né?
Então, para mim essa ação no Rio é igual ao que os EEUU fizeram no Iraque.
Mas como o Brasil adora copiar o bandido do Norte, né???
Claro que os “bandidos” das favelas não vão enfrentar o poderio militar que os “ homens da lei e da ordem” estão mostrando. O “ bandido da favela ” ( tenho que fazer a referencia porque tem o bandido do asfalto, né?) pode até ser violento mas não é burro.Como disse um dos presos do CARANDIRU” A GENTE NÃO É BURRO, NÉ DOTOR, DE ENFRENTAR AS METRALHADORAS DOS HOME”( e mesmo assim, deu no que deu- massacre de mais de 100 pessoas-).Eu li que “ os bandidos das favelas” tem rota de fuga, migram de uma comunidade para outra, e é claro, que as autoridades sabem disso.Então, vão ficar nesse aparato todo tempo, permanentemente?
Tem tanto problema serio no Brasil para ser resolvido! Filas do SUS, ressonâncias magnéticas para pessoas que bateram violentamente as cabeças em acidentes mas que só vão ser feitas 6 a mais meses depois do acidente!! A falta de médicos neurologistas no SUS.Crianças limpando para-brisas de carros nos sinais, fazendo malabarismo; crianças fora da escola em plena idade escolar ,mendigando. Pessoas entrando em coletivos, contando suas historias para comover pobres ( porque quem anda de ônibus neste país é pobre, né- quem ganha um dinheirinho a mais vai logo comprar carro para se livrar do aperto dos coletivos. )Crianças em abrigos porque seus pais não tem condições de assumir a responsabilidade, não tem renda, trabalho, educação.E os que detém o poder acham melhor ter família acolhedora( sem nenhum vínculo emocional)paa as crianças não irem par aos abrigos, do que dar emprego para esses pais! Mas é que resolver esses problemas pode acabar com o lucro das empresas de saúde, né?Das empresas de educação, né?
Olhem só um item com que os que detém o poder, as autoridades ,deveriam se preocupar: transporte urbano.Ninguém faz nada, parece que não interessa. As empresas privadas fazem o que querem, serviço péssimo e altas tarifas.São os burgueses dos transportes.
Tem tráfico porque tem penúria ou miséria extrema. E o tráfico acaba gerando renda para muitas pessoas, né?Os ricos compram e as coimunidades das favelas sobrevivem da renda.Todo mundo sabe disso.
Então, tem que combater as causas dessa miséria extrema. Combater tráfico é invenção dos EEUU que usam isso para fazer o que fazem na Colômbia,sob a justificativa de combater o tráfico querem mesmo é caçar guerrilheiro. E só não fazem no Brasil porque no Brasil não tem movimento de guerrilha.
Não me digam que essa operação no Rio não tem nada a ver com os lucros que grandes empresas estrangeiras, que estão se movimentando aqui no Brasil principalmente no Rio por causa da copa e olimpíadas, inclusive em áreas nessas mesmas favelas, não me diga que essa operação de guerra no Rio não tem nada a ver com isso!!!
Ninféia G é Assistente Social e poetisa em Belém-Pa
sábado, 27 de novembro de 2010
A Guerra do Rio – A farsa e a geopolítica do crime
Por José Cláudio Souza Alves
Nós que sabemos que o “inimigo é outro”, na expressão padilhesca, não podemos acreditar na farsa que a mídia e a estrutura de poder dominante no Rio querem nos empurrar.
Achar que as várias operações criminosas que vem se abatendo sobre a Região Metropolitana nos últimos dias, fazem parte de uma guerra entre o bem, representado pelas forças publicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar que nem mesmo a ficção do Tropa de Elite 2 consegue sustentar tal versão.
O processo de reconfiguração da geopolítica do crime no Rio de Janeiro vem ocorrendo nos últimos 5 anos.
De um lado Milícias, aliadas a uma das facções criminosas, do outro a facção criminosa que agora reage à perda da hegemonia.
Exemplifico. Em Vigário Geral a polícia sempre atuou matando membros de uma facção criminosa e, assim, favorecendo a invasão da facção rival de Parada de Lucas. Há 4 anos, o mesmo processo se deu. Unificadas, as duas favelas se pacificaram pela ausência de disputas. Posteriormente, o líder da facção hegemônica foi assassinado pela Milícia. Hoje, a Milícia aluga as duas favelas para a facção criminosa hegemônica.
Processos semelhantes a estes foram ocorrendo em várias favelas. Sabemos que as milícias não interromperam o tráfico de drogas, apenas o incluíram na listas dos seus negócios juntamente com gato net, transporte clandestino, distribuição de terras, venda de bujões de gás, venda de voto e venda de “segurança”.
Sabemos igualmente que as UPPs não terminaram com o tráfico e sim com os conflitos. O tráfico passa a ser operado por outros grupos: milicianos, facção hegemônica ou mesmo a facção que agora tenta impedir sua derrocada, dependendo dos acordos.
Estes acordos passam por miríades de variáveis: grupos políticos hegemônica na comunidade, acordos com associações de moradores, voto, montante de dinheiro destinado ao aparado que ocupa militarmente, etc.
Assim, ao invés de imitarmos a população estadunidense que deu apoio às tropas que invadiram o Iraque contra o inimigo Sadan Husein, e depois, viu a farsa da inexistência de nenhum dos motivos que levaram Bush a fazer tal atrocidade, devemos nos perguntar: qual é a verdadeira guerra que está ocorrendo?
Ela é simplesmente uma guerra pela hegemonia no cenário geopolítico do crime na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
As ações ocorrem no eixo ferroviário Central do Brasil e Leopoldina, expressão da compressão de uma das facções criminosas para fora da Zona Sul, que vem sendo saneada, ao menos na imagem, para as Olimpíadas.
Justificar massacres, como o de 2007, nas vésperas dos Jogos Pan Americanos, no complexo do Alemão, no qual ficou comprovada, pelo laudo da equipe da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a existência de várias execuções sumárias é apenas uma cortina de fumaça que nos faz sustentar uma guerra ao terror em nome de um terror maior ainda, porque oculto e hegemônico.
Ônibus e carros queimados, com pouquíssimas vítimas, são expressões simbólicas do desagrado da facção que perde sua hegemonia buscando um novo acordo, que permita sua sobrevivência, afinal, eles não querem destruir a relação com o mercado que o sustenta.
A farça da operação de guerra e seus inevitáveis mortos, muitos dos quais sem qualquer envolvimento com os blocos que disputam a hegemonia do crime no tabuleiro geopolítico do Grande Rio, serve apenas para nos fazer acreditar que ausência de conflitos é igual à paz e ausência de crime, sem perceber que a hegemonização do crime pela aliança de grupos criminosos, muitos diretamente envolvidos com o aparato policial, como a CPI das Milícias provou, perpetua nossa eterna desgraça: a de acreditar que o mal são os outros.
Deixamos de fazer assim as velhas e relevantes perguntas: qual é a atual política de segurança do Rio de Janeiro que convive com milicianos, facções criminosas hegemônicas e área pacificadas que permanecem operando o crime? Quem são os nomes por trás de toda esta cortina de fumaça, que faturam alto com bilhões gerados pelo tráfico, roubo, outras formas de crime, controles milicianos de áreas, venda de votos e pacificações para as Olimpíadas? Quem está por trás da produção midiática, suportando as tropas da execução sumária de pobres em favelas distantes da Zona Sul? Até quando seremos tratados como estadunidenses suportando a tropa do bem na farsa de uma guerra, na qual já estamos há tanto tempo, que nos faz esquecer que ela tem outra finalidade e não a hegemonia no controle do mercado do crime no Rio de Janeiro?
Mas não se preocupem, quando restar o Iraque arrasado sempre surgirá o mercado financeiro, as empreiteiras e os grupos imobiliários a vender condomínios seguros nos Portos Maravilha da cidade.
Sempre sobrará a massa arrebanhada pela lógica da guerra ao terror, reduzida a baixos níveis de escolaridade e de renda que, somadas à classe média em desespero, elegerão seus algozes e o aplaudirão no desfile de 7 de setembro, quando o caveirão e o Bope passarem.
José Cláudio Souza Alves e sociólogo, Pró-reitor de Extensão da UFRRJ e autor do livro: Dos Barões ao Extermínio: Uma História da Violência ...
Nós que sabemos que o “inimigo é outro”, na expressão padilhesca, não podemos acreditar na farsa que a mídia e a estrutura de poder dominante no Rio querem nos empurrar.
Achar que as várias operações criminosas que vem se abatendo sobre a Região Metropolitana nos últimos dias, fazem parte de uma guerra entre o bem, representado pelas forças publicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar que nem mesmo a ficção do Tropa de Elite 2 consegue sustentar tal versão.
O processo de reconfiguração da geopolítica do crime no Rio de Janeiro vem ocorrendo nos últimos 5 anos.
De um lado Milícias, aliadas a uma das facções criminosas, do outro a facção criminosa que agora reage à perda da hegemonia.
Exemplifico. Em Vigário Geral a polícia sempre atuou matando membros de uma facção criminosa e, assim, favorecendo a invasão da facção rival de Parada de Lucas. Há 4 anos, o mesmo processo se deu. Unificadas, as duas favelas se pacificaram pela ausência de disputas. Posteriormente, o líder da facção hegemônica foi assassinado pela Milícia. Hoje, a Milícia aluga as duas favelas para a facção criminosa hegemônica.
Processos semelhantes a estes foram ocorrendo em várias favelas. Sabemos que as milícias não interromperam o tráfico de drogas, apenas o incluíram na listas dos seus negócios juntamente com gato net, transporte clandestino, distribuição de terras, venda de bujões de gás, venda de voto e venda de “segurança”.
Sabemos igualmente que as UPPs não terminaram com o tráfico e sim com os conflitos. O tráfico passa a ser operado por outros grupos: milicianos, facção hegemônica ou mesmo a facção que agora tenta impedir sua derrocada, dependendo dos acordos.
Estes acordos passam por miríades de variáveis: grupos políticos hegemônica na comunidade, acordos com associações de moradores, voto, montante de dinheiro destinado ao aparado que ocupa militarmente, etc.
Assim, ao invés de imitarmos a população estadunidense que deu apoio às tropas que invadiram o Iraque contra o inimigo Sadan Husein, e depois, viu a farsa da inexistência de nenhum dos motivos que levaram Bush a fazer tal atrocidade, devemos nos perguntar: qual é a verdadeira guerra que está ocorrendo?
Ela é simplesmente uma guerra pela hegemonia no cenário geopolítico do crime na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
As ações ocorrem no eixo ferroviário Central do Brasil e Leopoldina, expressão da compressão de uma das facções criminosas para fora da Zona Sul, que vem sendo saneada, ao menos na imagem, para as Olimpíadas.
Justificar massacres, como o de 2007, nas vésperas dos Jogos Pan Americanos, no complexo do Alemão, no qual ficou comprovada, pelo laudo da equipe da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a existência de várias execuções sumárias é apenas uma cortina de fumaça que nos faz sustentar uma guerra ao terror em nome de um terror maior ainda, porque oculto e hegemônico.
Ônibus e carros queimados, com pouquíssimas vítimas, são expressões simbólicas do desagrado da facção que perde sua hegemonia buscando um novo acordo, que permita sua sobrevivência, afinal, eles não querem destruir a relação com o mercado que o sustenta.
A farça da operação de guerra e seus inevitáveis mortos, muitos dos quais sem qualquer envolvimento com os blocos que disputam a hegemonia do crime no tabuleiro geopolítico do Grande Rio, serve apenas para nos fazer acreditar que ausência de conflitos é igual à paz e ausência de crime, sem perceber que a hegemonização do crime pela aliança de grupos criminosos, muitos diretamente envolvidos com o aparato policial, como a CPI das Milícias provou, perpetua nossa eterna desgraça: a de acreditar que o mal são os outros.
Deixamos de fazer assim as velhas e relevantes perguntas: qual é a atual política de segurança do Rio de Janeiro que convive com milicianos, facções criminosas hegemônicas e área pacificadas que permanecem operando o crime? Quem são os nomes por trás de toda esta cortina de fumaça, que faturam alto com bilhões gerados pelo tráfico, roubo, outras formas de crime, controles milicianos de áreas, venda de votos e pacificações para as Olimpíadas? Quem está por trás da produção midiática, suportando as tropas da execução sumária de pobres em favelas distantes da Zona Sul? Até quando seremos tratados como estadunidenses suportando a tropa do bem na farsa de uma guerra, na qual já estamos há tanto tempo, que nos faz esquecer que ela tem outra finalidade e não a hegemonia no controle do mercado do crime no Rio de Janeiro?
Mas não se preocupem, quando restar o Iraque arrasado sempre surgirá o mercado financeiro, as empreiteiras e os grupos imobiliários a vender condomínios seguros nos Portos Maravilha da cidade.
Sempre sobrará a massa arrebanhada pela lógica da guerra ao terror, reduzida a baixos níveis de escolaridade e de renda que, somadas à classe média em desespero, elegerão seus algozes e o aplaudirão no desfile de 7 de setembro, quando o caveirão e o Bope passarem.
José Cláudio Souza Alves e sociólogo, Pró-reitor de Extensão da UFRRJ e autor do livro: Dos Barões ao Extermínio: Uma História da Violência ...
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Apenas uma crônica, de autor desconhecido.
Todos os dias recebo textos de diversos remetentes e a todos eu procuro ler, uns me fazem rir,rir, rir; outros me fazem até chorar.Mas esse, que segue, considero uma crônica dos tempos modernos-(lembram de Charlie Chaplin,apertando os parafusos na obra prima do cinema Tempos Modernos?. Pois é, ao ler esse texto,não sei porque, lembrei-me do filme e do personagem.Claro que as historias não tem nada a ver, mas é que são " tempos modernos( demais?).
FAMÍLIA DESTE SÉCULO(Identifique-se com Haroldo)
Haroldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:
- Moça, vocês têm pen drive?
- Temos, sim.
- O que é pen drive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.
- Bom, pen drive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
- Ah, como um disquete...
- Não. No pen drive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes.
O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
- Ah, tá bom. Vou querer.
- Quantos gigas?
- Hein?
- De quantos gigas o senhor quer o seu pen drive?
- O que é giga?
- É o tamanho do pen.
- Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.
- Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
- Ah, tá. E quantos tamanhos têm? Dois, quatro, oito, dezesseis gigas...
- Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
- Neste caso, o melhor é levar o maior.
- Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
- Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?
- Como?
- É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
- USB não é a potência do ar condicionado?
- Não, aquilo é BTU.
- Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
- USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, o P2, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo.
- Hmmmm! Enfiar o pino no buraquinho, né?
- He he he! O seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB, se for velho é P2.
- Acho que o meu tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. O meu primeiro computador funcionava com aqueles disquetes do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
- Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pen drive.
- Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
- Quem sabe o senhor liga pra ele?
- Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda não aprendi a discar.
- Deixa eu ver. Poxa, um Smarthphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, woofle, brufle, trifle, banda larga, teclado touchpad, câmera fotográfica, filmadora, radio AM/FM, TV, dá pra mandar e receber e-mail, torpedo direcional, micro-ondas e conexão wireless.
- Micro-ondas? Dá para cozinhar nele?
- Não senhor. Assim o senhor me faz rir. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.
- E Bluetooth? Estou emocionado. Não entendo como os celulares anteriores não possuíam Bluetooth.
- O senhor sabe para que serve?
- É claro que não.
- É para um celular comunicar com outro, sem fio.
- Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...
- Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.
- Ah, e antes precisava fio?
- Não, tinha que trocar o chip.
- Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
- Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
- Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
- Momentinho... Deixa eu ver... Sim, tem chip.
- E faço o quê, com o chip?
- Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
- Sei, sim, portabilidade, não é?, claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino, então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
- Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso. Agora é só teclar, um momentinho, e apertar no botão verde... pronto, está chamando.
Haroldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:
- Oi filhão, é o papai. Sim. Me diz, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive. De noite eu levo para casa.
- Que idade tem seu filho?
- Vai fazer dez em março.
- Que gracinha...
- É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
- Certo, senhor. Quer para presente?
Mais tarde, no escritório, examinou o pen drive, um minúsculo objeto, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes? Onde iremos parar? Olha, com receio, para o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa.
Tudo o que ele quer é um telefone, para discar e receber chamadas. E tem, nas mãos, um equipamento sofisticado, tão complexo que ninguém que não seja especialista ou tenha a infelicidade de ter mais de quarenta, saberá compreender. Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona. O garoto insere o aparelho e na tela abre-se uma janela. Em seguida, com o mouse, abre uma página da internet, em inglês. Seleciona umas palavras e um 'heavy metal' infernal invade o quarto e os ouvidos de Haroldo. Um outro clique e, quando a música termina, o garoto diz:
- Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pen drive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
- Teu celular tem entrada USB?
- É lógico. O teu também tem.
- É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pen drive e ouvir pelo celular?
- Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, deu um beijo em Clarinha e disse:
- Sabe que eu tenho Bluetooth?
- Como é que é?
- Bluetooth. Não vai me dizer que não sabe o que é?
- Não enche, Haroldo, deixa eu dormir.
- Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão, para as coisas funcionarem?
- Claro que lembro, Haroldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Bluetooth você tem.
- E conexão USB também.
- Que ótimo, Haroldo, meus parabéns.
- Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe, por aí, que nunca vou usar.
- Ué? Por quê?
- Porque eu recém tinha aprendido a usar computador e celular e tudo o que sei já está superado.
- Por falar nisso temos que trocar nossa televisão.
- Ué? A nossa estragou?
- Não. Mas a nossa não tem HD, tecla SAP, slowmotion e reset.
- Tudo isso?
- Tudo. Boa noite, Haroldo, vai dormir.
O autor do texto é desconhecido.
FAMÍLIA DESTE SÉCULO(Identifique-se com Haroldo)
Haroldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:
- Moça, vocês têm pen drive?
- Temos, sim.
- O que é pen drive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.
- Bom, pen drive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
- Ah, como um disquete...
- Não. No pen drive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes.
O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
- Ah, tá bom. Vou querer.
- Quantos gigas?
- Hein?
- De quantos gigas o senhor quer o seu pen drive?
- O que é giga?
- É o tamanho do pen.
- Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.
- Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
- Ah, tá. E quantos tamanhos têm? Dois, quatro, oito, dezesseis gigas...
- Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
- Neste caso, o melhor é levar o maior.
- Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
- Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?
- Como?
- É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
- USB não é a potência do ar condicionado?
- Não, aquilo é BTU.
- Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
- USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, o P2, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo.
- Hmmmm! Enfiar o pino no buraquinho, né?
- He he he! O seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB, se for velho é P2.
- Acho que o meu tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. O meu primeiro computador funcionava com aqueles disquetes do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
- Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pen drive.
- Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
- Quem sabe o senhor liga pra ele?
- Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda não aprendi a discar.
- Deixa eu ver. Poxa, um Smarthphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, woofle, brufle, trifle, banda larga, teclado touchpad, câmera fotográfica, filmadora, radio AM/FM, TV, dá pra mandar e receber e-mail, torpedo direcional, micro-ondas e conexão wireless.
- Micro-ondas? Dá para cozinhar nele?
- Não senhor. Assim o senhor me faz rir. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.
- E Bluetooth? Estou emocionado. Não entendo como os celulares anteriores não possuíam Bluetooth.
- O senhor sabe para que serve?
- É claro que não.
- É para um celular comunicar com outro, sem fio.
- Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...
- Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.
- Ah, e antes precisava fio?
- Não, tinha que trocar o chip.
- Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
- Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
- Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
- Momentinho... Deixa eu ver... Sim, tem chip.
- E faço o quê, com o chip?
- Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
- Sei, sim, portabilidade, não é?, claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino, então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
- Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso. Agora é só teclar, um momentinho, e apertar no botão verde... pronto, está chamando.
Haroldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:
- Oi filhão, é o papai. Sim. Me diz, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive. De noite eu levo para casa.
- Que idade tem seu filho?
- Vai fazer dez em março.
- Que gracinha...
- É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
- Certo, senhor. Quer para presente?
Mais tarde, no escritório, examinou o pen drive, um minúsculo objeto, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes? Onde iremos parar? Olha, com receio, para o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa.
Tudo o que ele quer é um telefone, para discar e receber chamadas. E tem, nas mãos, um equipamento sofisticado, tão complexo que ninguém que não seja especialista ou tenha a infelicidade de ter mais de quarenta, saberá compreender. Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona. O garoto insere o aparelho e na tela abre-se uma janela. Em seguida, com o mouse, abre uma página da internet, em inglês. Seleciona umas palavras e um 'heavy metal' infernal invade o quarto e os ouvidos de Haroldo. Um outro clique e, quando a música termina, o garoto diz:
- Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pen drive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
- Teu celular tem entrada USB?
- É lógico. O teu também tem.
- É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pen drive e ouvir pelo celular?
- Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, deu um beijo em Clarinha e disse:
- Sabe que eu tenho Bluetooth?
- Como é que é?
- Bluetooth. Não vai me dizer que não sabe o que é?
- Não enche, Haroldo, deixa eu dormir.
- Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão, para as coisas funcionarem?
- Claro que lembro, Haroldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Bluetooth você tem.
- E conexão USB também.
- Que ótimo, Haroldo, meus parabéns.
- Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe, por aí, que nunca vou usar.
- Ué? Por quê?
- Porque eu recém tinha aprendido a usar computador e celular e tudo o que sei já está superado.
- Por falar nisso temos que trocar nossa televisão.
- Ué? A nossa estragou?
- Não. Mas a nossa não tem HD, tecla SAP, slowmotion e reset.
- Tudo isso?
- Tudo. Boa noite, Haroldo, vai dormir.
O autor do texto é desconhecido.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Duas mulheres – duas abolições?
Por Leonardo Boff
É fato notável a ascensão de mulheres, em muitos países do mundo, ao status de chefes de Estado e de governo. Isso revela uma mutação do estado de consciência que se está operando no interior da humanidade. Foi mérito principal da reflexão feminista que já possui mais de um século inaugurar esta transformação. As mulheres começaram a se ver com os próprios olhos e não mais com os olhos dos homens. Descobriram sua identidade, sua diferença e a relação de reciprocidade e não de subordinação frente aos homens. Produziram talvez a crítica mais consistente e radical da cultura, marcada pelo patriarcalismo e pelo androcentrismo.
O patriarcado designa uma forma de organização social centrada no poder exercido pelos homens dominantes, subordinando e hierquizando todos os demais. O androcentrismo se caracteriza por estabelecer como padrão para todos, as formas de pensamento e de ação características dos homens. Eles são o sol e os demais, como as mulheres ou outras culturas, seus satélites e meros coadjuvantes.
O patriarcado e o androcentrismo subjazem à principais instituições das sociedades atuais com as tensões e os conflitos que provocam. A eles se deve o surgimento do Estado, das leis, da burocracia, da divisão de trabalho, do tipo de ciência e tecnologia imperantes, dos exércitos e da guerra. As feministas do Terceiro Mundo viram além da dominação cultural, também a dominação social das mulheres, feitas pobres e oprimidas pelos donos do poder. O ecofeminismo denunciou a devastação da Terra levada a efeito por um tipo de tecnociência masculina e masculizante, já antes percebida pelo filósofo da ciência Gaston Bachelard, pois a relação não é de diálogo e de respeito, mas de dominação e de exploração até à exaustão.
As mulheres nos ajudaram a ver que realidade humana não é feita apenas de razão, eficiência, competição, materialidade, concentração de poder e de exterioridade. Nela há afeto, gratuidade, cuidado, cooperação, interioriade, poder como serviço e espiritualidade. Tais valores são comuns a todos os humanos, mas as mulheres são as que mais claramente os vivem. O ser-mulher é uma forma de estar no mundo, de sentir diferentemente o amor, de relacionar corpo e mente, de captar totalidades, de pensar não só com a cabeça mas com todo o ser e de ver as partes como pertencentes a um Todo. Tudo isso permitiu que a experiência humana fosse mais completa e inclusiva e abrisse um rumo de superação da guerra dos sexos.
Hoje, devido à crise que assola a Terra e a biosfera, pondo em risco o futuro do destino humano, estes valores se mostram urgentes, pois neles está a chave principal da superação.
É neste contexto que vejo a presença de mulheres à frente dos governos, no caso, de Dilma Rousseff como presidente. A dimensão da anima levada para dentro das relações de mando, pode trazer humanização e mais sensibilidade para as questões ligadas à vida, especialmente dos mais vulneráveis.
Na nossa história tivemos uma mulher, considerada a Redentora: a princesa Isabel (1846-1921). Substituindo o pai Dom Pedro II em viagem à Europa, num gesto bem feminino, proclamou em 28 de setembro de 1871 a Lei do Ventre Livre. Os filhos e filhas de escravos já não seriam mais escravos. Financiava com seu dinheiro sua alforria, protegia fugitivos e montava esquemas de fuga para eles. Numa outra ausência do pai, a 13 de maio de 1888, fez aprovar pelo Parlamento a Lei Aurea da abolição da escratura. A um de seus críticos que lhe gritou:"Vossa Alteza liberou uma raça mas perdeu o trono" retrucou:"Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil". Queria indenizar os ex-escravos com recursos do Banco Mauá. Preconizava a reforma agrária e o sufrágio político das mulheres. Foi a primeira abolição.
Cabe agora à presidente Dilma realizar a segunda abolição, propugnada já há anos pelo senador Cristovam Buarque, num famoso livro com esse mesmo título: a abolição da pobreza e da miséria. Ela colocou como primeira prioridade de seu governo "o fim da miséria". Esta é concretamente possível. Por enquanto é apenas uma promessa. Se realizar esta façanha, verdadeiramente messiânica, poderá ser a segunda Redentora.
Como cidadãos urge apoiar e cobrar a promessa e impedir que se transforme numa má utopia. Podemos ser condenados pelos poderosos mas não podemos defraudar os pobres e os oprimidos.
Leonardo Boff é teólogo
É fato notável a ascensão de mulheres, em muitos países do mundo, ao status de chefes de Estado e de governo. Isso revela uma mutação do estado de consciência que se está operando no interior da humanidade. Foi mérito principal da reflexão feminista que já possui mais de um século inaugurar esta transformação. As mulheres começaram a se ver com os próprios olhos e não mais com os olhos dos homens. Descobriram sua identidade, sua diferença e a relação de reciprocidade e não de subordinação frente aos homens. Produziram talvez a crítica mais consistente e radical da cultura, marcada pelo patriarcalismo e pelo androcentrismo.
O patriarcado designa uma forma de organização social centrada no poder exercido pelos homens dominantes, subordinando e hierquizando todos os demais. O androcentrismo se caracteriza por estabelecer como padrão para todos, as formas de pensamento e de ação características dos homens. Eles são o sol e os demais, como as mulheres ou outras culturas, seus satélites e meros coadjuvantes.
O patriarcado e o androcentrismo subjazem à principais instituições das sociedades atuais com as tensões e os conflitos que provocam. A eles se deve o surgimento do Estado, das leis, da burocracia, da divisão de trabalho, do tipo de ciência e tecnologia imperantes, dos exércitos e da guerra. As feministas do Terceiro Mundo viram além da dominação cultural, também a dominação social das mulheres, feitas pobres e oprimidas pelos donos do poder. O ecofeminismo denunciou a devastação da Terra levada a efeito por um tipo de tecnociência masculina e masculizante, já antes percebida pelo filósofo da ciência Gaston Bachelard, pois a relação não é de diálogo e de respeito, mas de dominação e de exploração até à exaustão.
As mulheres nos ajudaram a ver que realidade humana não é feita apenas de razão, eficiência, competição, materialidade, concentração de poder e de exterioridade. Nela há afeto, gratuidade, cuidado, cooperação, interioriade, poder como serviço e espiritualidade. Tais valores são comuns a todos os humanos, mas as mulheres são as que mais claramente os vivem. O ser-mulher é uma forma de estar no mundo, de sentir diferentemente o amor, de relacionar corpo e mente, de captar totalidades, de pensar não só com a cabeça mas com todo o ser e de ver as partes como pertencentes a um Todo. Tudo isso permitiu que a experiência humana fosse mais completa e inclusiva e abrisse um rumo de superação da guerra dos sexos.
Hoje, devido à crise que assola a Terra e a biosfera, pondo em risco o futuro do destino humano, estes valores se mostram urgentes, pois neles está a chave principal da superação.
É neste contexto que vejo a presença de mulheres à frente dos governos, no caso, de Dilma Rousseff como presidente. A dimensão da anima levada para dentro das relações de mando, pode trazer humanização e mais sensibilidade para as questões ligadas à vida, especialmente dos mais vulneráveis.
Na nossa história tivemos uma mulher, considerada a Redentora: a princesa Isabel (1846-1921). Substituindo o pai Dom Pedro II em viagem à Europa, num gesto bem feminino, proclamou em 28 de setembro de 1871 a Lei do Ventre Livre. Os filhos e filhas de escravos já não seriam mais escravos. Financiava com seu dinheiro sua alforria, protegia fugitivos e montava esquemas de fuga para eles. Numa outra ausência do pai, a 13 de maio de 1888, fez aprovar pelo Parlamento a Lei Aurea da abolição da escratura. A um de seus críticos que lhe gritou:"Vossa Alteza liberou uma raça mas perdeu o trono" retrucou:"Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil". Queria indenizar os ex-escravos com recursos do Banco Mauá. Preconizava a reforma agrária e o sufrágio político das mulheres. Foi a primeira abolição.
Cabe agora à presidente Dilma realizar a segunda abolição, propugnada já há anos pelo senador Cristovam Buarque, num famoso livro com esse mesmo título: a abolição da pobreza e da miséria. Ela colocou como primeira prioridade de seu governo "o fim da miséria". Esta é concretamente possível. Por enquanto é apenas uma promessa. Se realizar esta façanha, verdadeiramente messiânica, poderá ser a segunda Redentora.
Como cidadãos urge apoiar e cobrar a promessa e impedir que se transforme numa má utopia. Podemos ser condenados pelos poderosos mas não podemos defraudar os pobres e os oprimidos.
Leonardo Boff é teólogo
Uma expressão da barbárie-O conflito colombiano: Forma violenta do capitalismo
Por Carlos A. Lozano Guillén
A história política da Colômbia é a história dos grandes conflitos sociais e económicos. Faz apenas quarenta anos, mais ou menos, que se publicou o texto “Os grandes conflitos sociais e económicos da nossa história”, primeira tentativa de escrever a “nova história da Colômbia”, diferente da tradicional e confessional que se transmite de geração em geração até aos nossos dias. O autor foi Indalécio Liévano Aguirre. No inicio, o texto afirma o seguinte: “A conquista e a colonização da América serão objecto de infindas controvérsias enquanto se insistir em as descrever como um processo homogéneo e rectilíneo e não como um conflito dinâmico, dentro o qual as chamadas Lenda Negra e Lenda Rosa representam, apenas, as duas tendências que ao longo dos séculos coloniais inspiraram a grande controvérsia entre o Estado espanhol e os poderes senhoriais da riqueza. No relato que vamos fazer dos episódios principais da nossa história desde a conquista, se poderão perceber as origens dessa grande controvérsia e a maneira decisiva como ela ancorou no centro de gravidade da nossa sociedade o grande debate entre a justiça que defende os humildes e todas as formas de opressão que favorecem os poderosos”.(1)
Essa espécie de confrontação é constante, porque as classes dominantes desde “A Conquista”, acostumaram-se a exercer o poder mediante o exercício da violência. Nem sequer a época republicana se livrou desta perversa tendência oligárquica, depois de Simón Bolívar, a história colombiana desde finais do século XVIII até aos nossos dias, manteve essa constante. O pequeno, mas poderoso círculo governante, impôs a “lei e a ordem” sob métodos repressivos e terroristas de Estado. Mediante o extermínio do contraditor e os estatutos de segurança, como a lei heróica, a lei dos cavalos, o estatuto de segurança, a segurança democrática, entre outros. Todos orientados para impor a ordem e neutralizar a subversão em defesa dos interesses imperialistas e da oligarquia dominante. Esta é a causa de tantos conflitos e de guerras civis ao longo da história.
“Para entender o conflito político, social e armado que afecta o país no momento actual, basta seguir a trajectória da história da violência na Colômbia nos últimos cinquenta anos, que é apenas uma das tantas violências que a classe dominante impôs ao povo, porque ao fim e ao cabo não conheceu outra forma de governar para fixar o regímen antidemocrático e despótico que garante gordos benefícios á oligarquia, que lucra com o poder em cada etapa do processo de acumulação capitalista. Primeiro foram os latifundiários, depois a burguesia detentora dos meios de produção e na actualidade o capital financeiro, proporcionado pelo modelo neoliberal do capitalismo selvagem e os poderosos grupos económicos que concentram cada vez mais a riqueza, naturalmente amarrados como usufrutuários do poder dominante, ligado aos interesses imperialistas”.(2)
O conflito político, social e armado da actualidade, o último de tantas violências dos 500 anos de existência e 200 da primeira independência, teve a sua origem em meados do século passado nas lutas camponesas pela reforma agrária e da contradição com os latifundiários, protegidos pelo governo de então (Mariano Ospina Pérez, conservador) a ferro e fogo. Foi a época em que se consolidaram as formas terroristas do Estado colombiano, que ainda perduram.
A Colômbia era na época um país agrário, de economia agrária e com a maior concentração da riqueza e população no campo. Apenas 3 por cento dos proprietários controlava 95 por cento da terra fértil. Sessenta anos depois, apesar da Colômbia ser um país urbano, com forte economia agro-industrial e com ritmos altos na produção industrial, nunca se fez uma reforma agrária. Antes pelo contrário, nos últimos vinte anos, o emaranhado de políticos regionais tradicionais, as máfias do narcotráfico e o para-militarismo, avançaram com uma contra-reforma agrária para despojar da terra os médios e pequenos camponeses. Despejo imposto com a protecção dos governantes, mesmo em formas descaradas de assistência a latifundiários e outros sectores da oligarquia, como o Programa de Agro Ingresso Seguro no anterior Governo, que entregou milhões e milhões de pesos em subsídios e ajudas aos ricos, em aberto desafio às comunidades empobrecidas da agricultura colombiana.
São estas as razões do conflito, que se retroalimentou nos últimos trinta anos com a configuração excludente de um sistema bipartidarista de formas repressivas e da liquidação das liberdades públicas, que afastam a possibilidade de um Estado social de direito, como consagra a Constituição Política de 1991 na sua letra morta. Precisamente, por a oligarquia dominante, em cada momento, se negar a alterar esta situação, é que fracassaram todos as tentativas nos últimos 30 anos de encontrar a paz mediante o diálogo com as guerrilhas. Não há uma vontade política de mudança na classe dominante, preferem a paz dos cemitérios á paz romana. A causa do fracasso dos processos de paz ou de diálogo foi a resistência do governo de turno, pressionado pela classe dominante e pelo imperialismo ianque, a aceitar alterações políticas, sociais e económicas que erradiquem as causas do conflito. Cada governo prefere a linha da guerra, com a velha ambição de levar a guerrilha derrotada á mesa de diálogo para assinar a desmobilização e a rendição.
É a causa de tantos fracassos e de tantas frustrações do povo colombiano, que anseia pela paz. O conflito prolongou-se de maneira indefinida, conhecendo altos níveis de degradação e barbárie. Por esta razão, um diálogo de paz deve começar por acordos humanitários bilaterais, que comprometam as partes na aplicação e respeito pelo direito internacional humanitário. Contudo, o fracasso da via militar é evidente, e mais ainda depois dos oito anos de guerra sustentada na chamada “segurança democrática” nos dois governos de Álvaro Uribe Vélez, incluindo a entrega de parte do território nacional para a instalação de bases militares norte-americanas.
É a linha em que persiste o governo actual de Juan Manuel Santos, que chegou ao desaforo de qualificar Uribe Vélez como o segundo libertador da Colômbia. Enquanto insiste nas operações militares e bombardeamentos aéreos indiscriminados e calculados, sempre com o apoio do governo dos Estados Unidos, que lhe permitiu assestar duros golpes na guerrilha das FARC, embora sem acabar com ela como é a pretensão e a propaganda. Não chegou o “sonho dourado” da madre de todas as batalhas que permita ao governo da Colômbia arrasar a totalidade da força guerrilheira.
Depois do sete de Agosto passado, quando Juan Manuel Santos assumiu a presidência, as FARC fizeram pelo menos três tentativas de abrir um cenário de diálogo, com uma agenda concreta que incluía cinco pontos como o direito internacional humanitário, a reforma agrária, o modelo económico, as mudanças políticas e as bases militares e a soberania nacional. Santos, por seu lado, assegura que tem na sua mão a chave do diálogo, condicionado a gestos de vontade de paz da guerrilha, ainda que a ênfase seja colocada nos meios operativos militares e de guerra. Tudo num clima de confrontação e perseguição aos opositores como é o caso da senadora Piedad Córdoba e de tantos colombianos e colombianas que trabalham para construir um novo país em condições de paz com democracia e justiça social.
A via militar é inviável. A solução política negociada do conflito, a via pacífica e democrática, apoiada nas massas populares, é a única que pode tirar o país da crise. Neste sentido é importante fortalecer os processos de unidade em redor do Pólo Democrático Alternativo e de outros sectores políticos e sociais, que se pronunciam pela paz e o fortalecimento da democracia. É a contradição entre a barbárie e a civilização, Entre as forças progressistas e o fascismo; entre os que queremos uma Colômbia democrática virada para os processos latino-americanos e os que insistem em estar atados á tirania imperialista que impõe o atraso e a guerra.
(1) LIEVANO, Aguirre Indalecio Os grandes conflitos sociais e económicos da nossa história. Intermedio Editores 2002. Pág. 19
(2) ANO, Guillén Carlos A. Guerra ou Paz na Colômbia? Cinquenta anos de um conflito sem solução. Edições Izquierda Viva y Ocean Sur. 2006. Pág. 37
Tradução para português: Guilherme Coelho
Carlos A. Lozano Guillén é advogado e jornalista colombiano. Director do jornal VOZ. Dirigente do Partido Comunista Colombiano e do Pólo Democrático Alternativo. Autor de sete livros e de numerosos ensaios em jornais e revistas.
A história política da Colômbia é a história dos grandes conflitos sociais e económicos. Faz apenas quarenta anos, mais ou menos, que se publicou o texto “Os grandes conflitos sociais e económicos da nossa história”, primeira tentativa de escrever a “nova história da Colômbia”, diferente da tradicional e confessional que se transmite de geração em geração até aos nossos dias. O autor foi Indalécio Liévano Aguirre. No inicio, o texto afirma o seguinte: “A conquista e a colonização da América serão objecto de infindas controvérsias enquanto se insistir em as descrever como um processo homogéneo e rectilíneo e não como um conflito dinâmico, dentro o qual as chamadas Lenda Negra e Lenda Rosa representam, apenas, as duas tendências que ao longo dos séculos coloniais inspiraram a grande controvérsia entre o Estado espanhol e os poderes senhoriais da riqueza. No relato que vamos fazer dos episódios principais da nossa história desde a conquista, se poderão perceber as origens dessa grande controvérsia e a maneira decisiva como ela ancorou no centro de gravidade da nossa sociedade o grande debate entre a justiça que defende os humildes e todas as formas de opressão que favorecem os poderosos”.(1)
Essa espécie de confrontação é constante, porque as classes dominantes desde “A Conquista”, acostumaram-se a exercer o poder mediante o exercício da violência. Nem sequer a época republicana se livrou desta perversa tendência oligárquica, depois de Simón Bolívar, a história colombiana desde finais do século XVIII até aos nossos dias, manteve essa constante. O pequeno, mas poderoso círculo governante, impôs a “lei e a ordem” sob métodos repressivos e terroristas de Estado. Mediante o extermínio do contraditor e os estatutos de segurança, como a lei heróica, a lei dos cavalos, o estatuto de segurança, a segurança democrática, entre outros. Todos orientados para impor a ordem e neutralizar a subversão em defesa dos interesses imperialistas e da oligarquia dominante. Esta é a causa de tantos conflitos e de guerras civis ao longo da história.
“Para entender o conflito político, social e armado que afecta o país no momento actual, basta seguir a trajectória da história da violência na Colômbia nos últimos cinquenta anos, que é apenas uma das tantas violências que a classe dominante impôs ao povo, porque ao fim e ao cabo não conheceu outra forma de governar para fixar o regímen antidemocrático e despótico que garante gordos benefícios á oligarquia, que lucra com o poder em cada etapa do processo de acumulação capitalista. Primeiro foram os latifundiários, depois a burguesia detentora dos meios de produção e na actualidade o capital financeiro, proporcionado pelo modelo neoliberal do capitalismo selvagem e os poderosos grupos económicos que concentram cada vez mais a riqueza, naturalmente amarrados como usufrutuários do poder dominante, ligado aos interesses imperialistas”.(2)
O conflito político, social e armado da actualidade, o último de tantas violências dos 500 anos de existência e 200 da primeira independência, teve a sua origem em meados do século passado nas lutas camponesas pela reforma agrária e da contradição com os latifundiários, protegidos pelo governo de então (Mariano Ospina Pérez, conservador) a ferro e fogo. Foi a época em que se consolidaram as formas terroristas do Estado colombiano, que ainda perduram.
A Colômbia era na época um país agrário, de economia agrária e com a maior concentração da riqueza e população no campo. Apenas 3 por cento dos proprietários controlava 95 por cento da terra fértil. Sessenta anos depois, apesar da Colômbia ser um país urbano, com forte economia agro-industrial e com ritmos altos na produção industrial, nunca se fez uma reforma agrária. Antes pelo contrário, nos últimos vinte anos, o emaranhado de políticos regionais tradicionais, as máfias do narcotráfico e o para-militarismo, avançaram com uma contra-reforma agrária para despojar da terra os médios e pequenos camponeses. Despejo imposto com a protecção dos governantes, mesmo em formas descaradas de assistência a latifundiários e outros sectores da oligarquia, como o Programa de Agro Ingresso Seguro no anterior Governo, que entregou milhões e milhões de pesos em subsídios e ajudas aos ricos, em aberto desafio às comunidades empobrecidas da agricultura colombiana.
São estas as razões do conflito, que se retroalimentou nos últimos trinta anos com a configuração excludente de um sistema bipartidarista de formas repressivas e da liquidação das liberdades públicas, que afastam a possibilidade de um Estado social de direito, como consagra a Constituição Política de 1991 na sua letra morta. Precisamente, por a oligarquia dominante, em cada momento, se negar a alterar esta situação, é que fracassaram todos as tentativas nos últimos 30 anos de encontrar a paz mediante o diálogo com as guerrilhas. Não há uma vontade política de mudança na classe dominante, preferem a paz dos cemitérios á paz romana. A causa do fracasso dos processos de paz ou de diálogo foi a resistência do governo de turno, pressionado pela classe dominante e pelo imperialismo ianque, a aceitar alterações políticas, sociais e económicas que erradiquem as causas do conflito. Cada governo prefere a linha da guerra, com a velha ambição de levar a guerrilha derrotada á mesa de diálogo para assinar a desmobilização e a rendição.
É a causa de tantos fracassos e de tantas frustrações do povo colombiano, que anseia pela paz. O conflito prolongou-se de maneira indefinida, conhecendo altos níveis de degradação e barbárie. Por esta razão, um diálogo de paz deve começar por acordos humanitários bilaterais, que comprometam as partes na aplicação e respeito pelo direito internacional humanitário. Contudo, o fracasso da via militar é evidente, e mais ainda depois dos oito anos de guerra sustentada na chamada “segurança democrática” nos dois governos de Álvaro Uribe Vélez, incluindo a entrega de parte do território nacional para a instalação de bases militares norte-americanas.
É a linha em que persiste o governo actual de Juan Manuel Santos, que chegou ao desaforo de qualificar Uribe Vélez como o segundo libertador da Colômbia. Enquanto insiste nas operações militares e bombardeamentos aéreos indiscriminados e calculados, sempre com o apoio do governo dos Estados Unidos, que lhe permitiu assestar duros golpes na guerrilha das FARC, embora sem acabar com ela como é a pretensão e a propaganda. Não chegou o “sonho dourado” da madre de todas as batalhas que permita ao governo da Colômbia arrasar a totalidade da força guerrilheira.
Depois do sete de Agosto passado, quando Juan Manuel Santos assumiu a presidência, as FARC fizeram pelo menos três tentativas de abrir um cenário de diálogo, com uma agenda concreta que incluía cinco pontos como o direito internacional humanitário, a reforma agrária, o modelo económico, as mudanças políticas e as bases militares e a soberania nacional. Santos, por seu lado, assegura que tem na sua mão a chave do diálogo, condicionado a gestos de vontade de paz da guerrilha, ainda que a ênfase seja colocada nos meios operativos militares e de guerra. Tudo num clima de confrontação e perseguição aos opositores como é o caso da senadora Piedad Córdoba e de tantos colombianos e colombianas que trabalham para construir um novo país em condições de paz com democracia e justiça social.
A via militar é inviável. A solução política negociada do conflito, a via pacífica e democrática, apoiada nas massas populares, é a única que pode tirar o país da crise. Neste sentido é importante fortalecer os processos de unidade em redor do Pólo Democrático Alternativo e de outros sectores políticos e sociais, que se pronunciam pela paz e o fortalecimento da democracia. É a contradição entre a barbárie e a civilização, Entre as forças progressistas e o fascismo; entre os que queremos uma Colômbia democrática virada para os processos latino-americanos e os que insistem em estar atados á tirania imperialista que impõe o atraso e a guerra.
(1) LIEVANO, Aguirre Indalecio Os grandes conflitos sociais e económicos da nossa história. Intermedio Editores 2002. Pág. 19
(2) ANO, Guillén Carlos A. Guerra ou Paz na Colômbia? Cinquenta anos de um conflito sem solução. Edições Izquierda Viva y Ocean Sur. 2006. Pág. 37
Tradução para português: Guilherme Coelho
Carlos A. Lozano Guillén é advogado e jornalista colombiano. Director do jornal VOZ. Dirigente do Partido Comunista Colombiano e do Pólo Democrático Alternativo. Autor de sete livros e de numerosos ensaios em jornais e revistas.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Terrorismo de Estado na Colômbia
Por Azalea Robles
Rebelión.org
Saquear, eliminar os descontentes e continuar saqueando.
Para entender a realidade colombiana, muito falsificada pela mídia, deve-se compreender duas premissas fundamentais: por um lado uma realidade de profunda desigualdade social e, correlativa a ela, conhecer de que forma a resposta estatal diante das reivindicações populares é de terror. A história da Colômbia está definida pela pilhagem dos seus recursos: pelo Terrorismo de Estado para manter um status quo de injustiça social. O Estado colombiano facilita a pilhagem dos recursos naturais e humanos da Colômbia: é a garantia dos interesses das multinacionais e da oligarquia. Portanto, todo aquele que reivindica por justiça social é assassinado, e vilas inteiras são arrasadas com a finalidade de esvaziar as terras de grande interesse econômico: eliminação sistemática das demandas sociais, políticas, econômicas, ecológicas...
Uma situação dramática que os grandes meios de comunicação de massas sistematicamente ocultam ou falsificam. Agora essa falsa mídia quer fazer crer que o governo de Santos é mais moderado, mas nada está mais longe da realidade. Apenas dois dados: nos primeiros 75 dias do seu mandato, foram assassinados 22 defensores de direitos humanos , e foram violentadas e assassinadas 3 crianças pelo exército, no que faz parte da prática do terrorismo de Estado. O extermínio da oposição, a belicosidade e o empobrecimento continuam a se intensificar com Santos, como pode se evidenciar pelos bombardeios maciços, os desaparecimentos forçados, os aprisionamentos políticos e as Leis lesivas que promovem mais privatizações e deslocamentos massivos de populações, como é o caso de "Lei de Terras", apresentada como A panacéia pela mídia e, embora seja "uma lei sem consulta que coloca vidas em risco e legaliza o despojo".
Os números são importantes porque permitem dar uma dimensão do que é um dos piores genocídios da história contemporânea da humanidade, um genocídio silencioso.
A seguir mostramos o quadro do que é, em números, o Terrorismo de Estado na Colômbia.
O terrorismo de Estado na Colômbia é:
“Somente nos últimos três anos, desapareceram mais de 38.255 pessoas pelas mãos do Terrorismo de Estado na Colômbia...Estima-se atualmente em 250.000 pessoas desaparecidas (seqüestradas ou torturadas) sob a lógica de “dissuadir as reivindicações pelo terror” (O Estado busca que o terror perdure quando um corpo desaparece, pois prolonga a angustia nos sobreviventes).
* A eliminação física de todo um partido político, a União Patriótica (UP), mais de 5.000 pessoas da UP assassinadas pelo Estado.
* Mais de 2.704 sindicalistas assassinados, 60% do total de sindicalistas assassinados em todo o mundo são mortos na Colômbia pelas ferramentas do terrorismo de Estado.
Na Colômbia, a situação de injustiça social é esmagadora e, a cada dia, se alarga a brecha entre ricos e pobres, sendo a repressão estatal busca calar o descontentamento natural diante desta dramática situação.
Da população da Colômbia 68% vive na pobreza e na indigência. A concentração da riqueza é escandalosa: A Colômbia é o 11º país maior desigualdade social do mundo (colocação n°. 11 do coeficiente GINI de desigualdade), e é o país mais desigual das Américas. Dizemos que existem, segundo os números mais conservadores, 8 milhões de indigentes e 20 milhões de pobres . Anualmente, morrem mais de 20 mil crianças menores de 5 anos de desnutrição aguda (dados da UNICEF). De cada 100 mulheres grávidas deslocadas, 80 sofrem de desnutrição crônica . Simultaneamente, e correlativo a esta miséria, um único banqueiro, Sarmiento Angulo, controla 42% do crédito nacional e declarou lucros de 1,250 bilhões de dólares no último bimestre de 2009.
* Terrorismo de Estado é o deslocamento de populações em beneficio do grande capital: mais de 4,5 milhão de pessoas foram deslocadas de suas terras pelos massacres dos militares e paramilitares dentro da Estratégia Estatal de "terra arrasada" para esvaziar a população das áreas rurais e assim oferecer as terras de alto interesse econômico às multinacionais sem que haja reivindicações nem moradores...
* 10 milhões de hectares foram roubados assim das vítimas e estas deslocadas. Essas mesmas terras foram oferecidas para as multinacionais, ao grande latifúndio e a novos chefes paramilitares. O escândalo do "agroingresso seguro” serviu para consolidar este roubo.
* Terrorismo de Estado é: A maior vala comum da América Latina, uma descoberta dantesca que, entretanto, ainda não levou ao repúdio internacional que merece o regime colombiano: mais de 2.000 ossadas de desaparecidos pela força Omega do “Plano Colômbia”.
* Terrorismo de Estado é: A utilização de uma Ferramenta Paramilitar para injetar o Terror na população, a fim de silenciá-la, docilizá-la e deslocá-la. Uma ferramenta de horror que prática violações em massa, esquartejamentos com motosserra, empalações e outras formas de terror de dar arrepios. Um relatório do Escritório de Justiça e Paz, de fevereiro de 2010, indicava que os paramilitares asseguram ter cometido 30.470 assassinatos em 15 anos... E o drama se vislumbra ainda mais dantesco...Vários paramilitares têm testemunhado sobre o caráter estratégico da Estrutura Paramilitar para o próprio Estado colombiano, e deram dezenas de nomes de generais, empresários, multinacionais, políticos, todos promotores do paramilitarismo... e ainda não veio a merecida condenação internacional ao Estado colombiano que, impune, continua impune com tais práticas genocidas.
* Milhares de valas comuns contendo milhares de cadáveres de colombianos massacrados pelo paramilitarismo de Estado colombiano: os paramilitares deram algumas coordenadas das valas para assim ser amparar na “Lei de Justiça e Paz", lei que foi criada sob a direção de um dos maiores promotores do paramilitarismo: Álvaro Uribe Vélez. É uma lei que lhes proporciona impunidade se mostrarem “arrependimento”. Em abril de 2007, quando terminava o primeiro ano de busca de valas comuns, a promotoria recebeu 3.710 denuncias de áreas onde podiam ser localizadas, mas a maioria não pode ser explorada, segundo o Estado, por "falta de recursos...” As famílias de milhares vítimas esperam pelos testes de DNA nas ossadas encontradas, mas o Estado justifica sua inoperância alegando "falta de recursos" e “estouro do orçamento”, mas para patrocinar militares e paramilitares os recursos aparecem na hora.
* Terrorismo de Estado é: Fornos crematórios e criações de jacarés da Ferramenta Paramilitar do Estado e das multinacionais... Onde os paramilitares fizeram desaparecer a milhares de pessoas... .
* Milhares de assassinatos, incluindo o escândalo dos "falsos positivos": os militares sequestram jovens, são disfarçados como guerrilheiros e assassinados para assim apresentá-los como “guerrilheiros mortos em combate". Os meios de comunicação de massa se encarregam de difundir a mentira, visto que na Colômbia, os meios de comunicação de massa dão como verdade o que suas fontes militares dizem. Isto é feito pelos militares para "mostrar os resultados" da sua guerra contra insurgente e também para assassinar os civis que incomodam. A cobertura mediática dos mortos que são tidos como guerrilheiros é absolutamente macabra na Colômbia: mostram-se os corpos alinhados, seminus... Para, dessa maneira, moldar a opinião pública na desumanização dos guerrilheiros. A diretiva N°. 029, do Ministério da Defesa, fomenta os “falsos positivos”.
* Mais de 7.500 presos políticos, muitos deles vítimas de armações jurídicas, uma prática comum contra ativistas dos movimentos sociais.
* Centenas de auto-atentados, outro tipo de "falsos positivos" por parte das forças policiais e militares que já colocaram bombas na própria cidade de Bogotá para assim poder criar a base para armações mediáticas de desprestigio contra as guerrilhas. Estes auto-atentados foram preconizados pelo DAS, o Departamento Administrativo de Segurança, como consta de documentos.
* As violações dos direitos humanos tem sido aprofundadas no que se evidencia como um país ocupado: na Colômbia existe uma numerosa presença de militares dos EUA e mercenários israelenses; foram implantadas sete bases militares dos EUA, sendo que o Estado colombiano concedeu aos ‘marines’ total imunidade para todos os crimes que cometerem na Colômbia. Já existem vários casos de violentadas por ‘marines’, que estão em total impunidade, pois ‘marines’ têm "carta branca" para violentar, torturar e assassinar na Colômbia.
A violência é a ofensiva do grande capital, na sua ânsia de não perder a Colômbia como valioso "armazém de recursos", por isso implantaram e mantiveram essa aberração que hoje é o Estado colombiano.
Se não fosse pela “ajuda” descomunal dos EUA e da UE esse Estado criminoso teria deixado de existir a muitos anos, não teria endividado o povo colombiano para manter os gastos militares e, não contaria com a sua Estratégia Paramilitar de Terrorismo de Estado. Sem seus apoios militares e mediáticos, o Estado colombiano não poderia ter cometido tanta barbárie; e o povo colombiano teria conseguido a sua verdadeira independência, sua emancipação de tanta inveja, morte e dor.
FONTES:
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=115826&titular=denuncian-el-asesinato-de-22-defensores-de-derechos-humanos-en-los-primeros-75-d%EDas-de-
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=115823&titular=el-estado-colombiano-secuestra-viola-y-asesina-a-ni%F1os-en-arauca-
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=115829&titular=%22ley-de-tierras-de-santos-es-una-ley-inconsulta-que-pone-vidas-en-riesgo-y-
http://www.telesurtv.net/noticias/secciones/nota/71765-NN/colombia-registra-mas-de-38-mil-personas-desaparecidas-en-tres-anos/
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=106344&titular=%22hay-250.000-desaparecidos-en-colombia-en-los-%FAltimos-a%F1os%22-
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=104558&titular=piedad-c%F3rdoba-denuncia-la-pasividad-internacional-y-pide-que-se-condicione-el-tlc-con-europa-
http://www.youtube.com/watch?v=YNQgkbV12tU
http://www.kaosenlared.net/noticia/celebrado-ii-congreso-mundial-desaparicion-forzada-colombia-sos-desapa
http://justiciaypazcolombia.com/50-000-personas-desaparecidas-en
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=103227
http://video.google.com/videoplay?docid=8981304868098159223&ei=PpiKS7CINMag-Ab6tKD0BA&q=el+baile+rojo
www.cut.org.co
www.kaosenlared.net/noticia/colombia-record-mundial-asesinatos-sindicalistas-terrorismo-estado .
http://www.abpnoticias.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2446&Itemid=90
http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/I/informe_sobre_pobreza_e_indigencia/informe_sobre_pobreza_e_indigencia.asp
http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/D/desnutricion_infantil_que_no_deja_crecer_/desnutricion_infantil_que_no_deja_crecer_.asp
http://colombia.indymedia.org/news/2009/09/106455.php
http://alainet.org/active/33960 http://www.lasillavacia.com/historia/1717
http://noticieroconfidencial.com/?p=11
http://www.desdeabajo.info/index.php/actualidad/colombia/4850-colombia-crecen-las-ganancias-y-los-beneficios-de-las-grandes-empresas.html
http://www.desdeabajo.info/index.php/fondo-editorial/vertices-colombianos/5779-crisis-del-modelo-neoliberal-y-desigualdad-en-colombia-dos-decadas-de-politicas-publicas.html
http://www.portafolio.com.co/economia/finanzas/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR_PORTA-7480367.html
http://www.elespectador.com/articulo187857-ganancias-del-sector-financiero-llegaron-85-billones
http://www.movimientodevictimas.org/index.php?option=com_content&task=view&id=278&Itemid=64
http://www.movimientodevictimas.org/index.php?option=com_content&task=view&id=274&Itemid=69
(http://www.publico.es/internacional/288773/aparece/colombia/fosa/comun/cadaveres
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=99507
http://www.telesurtv.net/noticias/secciones/nota/66984-NN/ex-paramilitares-colombianos-reconocen-haber-cometido-cerca-de--30-mil-500-asesinatos/
http://www.eltiempo.com/archivo/documento/CMS-3525024
http://www.elespectador.com/noticias/judicial/articulo116951-alias-hh-revela-vinculos-de-auc-byron-carvajal-y-rito-alejo-del-rio
http://www.kaosenlared.net/noticia/paramilitar-confiesa-mas-3000-asesinatos-sera-extraditado-para-callar-
http://www.youtube.com/watch?v=ZfLqZ2q0zBk&feature=player_embedded
http://www.kaosenlared.net/noticia/colombia-estrategia-estatal-paramilitar-descuartiza-homosexuales-video
http://www.piedadcordoba.net/piedadparalapaz/modules.php?name=News&file=article&sid=3345&mode=thread&order=0&thold=0
http://www.elespectador.com/noticias/paz/articulo197845-piedad-cordoba-denuncio-hornos-crematorios-paras-desaparecer-cadaveres-d
http://www.elespectador.com/noticias/judicial/articulo138469-mancuso-reitera-cremaron-victimas-bajar-estadisticas
http://www.kaosenlared.net/noticia/estado-colombiano-emula-crimenes-nazis-paramilitares-hornos-crematorio
http://bloguerosrevolucion.ning.com/profiles/blogs/viaje-a-los-hornos-crematorios
http://carlosmora.wordpress.com/2009/05/22/hornos-crematorios-principal-arma-de-guerra-de-paramilitares-en-colombia/
http://www.falsos-positivos.blogspot.com/
http://www.youtube.com/watch?v=VuSBNcNsdMU&feature=player_embedded
http://www.arlac.be/A2009/2009/Tlaxcala.htm http://www.tlaxcala.es/detail_campagne.asp?lg=es&ref_campagne=14
http://www.kaosenlared.net/noticia/poner-bombas-servicios-publicos-no-chuzada-denunciar-escandalo-das-rea
http://www.rpasur.com/ElmayorescandalodeespionajedelahistoriadelDAS.html
http://www.youtube.com/watch?v=VfnkGqy4-tE&feature=player_embedded
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=99720
Blog da autora: http://azalearobles.blogspot.com/
Rebelión.org
Saquear, eliminar os descontentes e continuar saqueando.
Para entender a realidade colombiana, muito falsificada pela mídia, deve-se compreender duas premissas fundamentais: por um lado uma realidade de profunda desigualdade social e, correlativa a ela, conhecer de que forma a resposta estatal diante das reivindicações populares é de terror. A história da Colômbia está definida pela pilhagem dos seus recursos: pelo Terrorismo de Estado para manter um status quo de injustiça social. O Estado colombiano facilita a pilhagem dos recursos naturais e humanos da Colômbia: é a garantia dos interesses das multinacionais e da oligarquia. Portanto, todo aquele que reivindica por justiça social é assassinado, e vilas inteiras são arrasadas com a finalidade de esvaziar as terras de grande interesse econômico: eliminação sistemática das demandas sociais, políticas, econômicas, ecológicas...
Uma situação dramática que os grandes meios de comunicação de massas sistematicamente ocultam ou falsificam. Agora essa falsa mídia quer fazer crer que o governo de Santos é mais moderado, mas nada está mais longe da realidade. Apenas dois dados: nos primeiros 75 dias do seu mandato, foram assassinados 22 defensores de direitos humanos , e foram violentadas e assassinadas 3 crianças pelo exército, no que faz parte da prática do terrorismo de Estado. O extermínio da oposição, a belicosidade e o empobrecimento continuam a se intensificar com Santos, como pode se evidenciar pelos bombardeios maciços, os desaparecimentos forçados, os aprisionamentos políticos e as Leis lesivas que promovem mais privatizações e deslocamentos massivos de populações, como é o caso de "Lei de Terras", apresentada como A panacéia pela mídia e, embora seja "uma lei sem consulta que coloca vidas em risco e legaliza o despojo".
Os números são importantes porque permitem dar uma dimensão do que é um dos piores genocídios da história contemporânea da humanidade, um genocídio silencioso.
A seguir mostramos o quadro do que é, em números, o Terrorismo de Estado na Colômbia.
O terrorismo de Estado na Colômbia é:
“Somente nos últimos três anos, desapareceram mais de 38.255 pessoas pelas mãos do Terrorismo de Estado na Colômbia...Estima-se atualmente em 250.000 pessoas desaparecidas (seqüestradas ou torturadas) sob a lógica de “dissuadir as reivindicações pelo terror” (O Estado busca que o terror perdure quando um corpo desaparece, pois prolonga a angustia nos sobreviventes).
* A eliminação física de todo um partido político, a União Patriótica (UP), mais de 5.000 pessoas da UP assassinadas pelo Estado.
* Mais de 2.704 sindicalistas assassinados, 60% do total de sindicalistas assassinados em todo o mundo são mortos na Colômbia pelas ferramentas do terrorismo de Estado.
Na Colômbia, a situação de injustiça social é esmagadora e, a cada dia, se alarga a brecha entre ricos e pobres, sendo a repressão estatal busca calar o descontentamento natural diante desta dramática situação.
Da população da Colômbia 68% vive na pobreza e na indigência. A concentração da riqueza é escandalosa: A Colômbia é o 11º país maior desigualdade social do mundo (colocação n°. 11 do coeficiente GINI de desigualdade), e é o país mais desigual das Américas. Dizemos que existem, segundo os números mais conservadores, 8 milhões de indigentes e 20 milhões de pobres . Anualmente, morrem mais de 20 mil crianças menores de 5 anos de desnutrição aguda (dados da UNICEF). De cada 100 mulheres grávidas deslocadas, 80 sofrem de desnutrição crônica . Simultaneamente, e correlativo a esta miséria, um único banqueiro, Sarmiento Angulo, controla 42% do crédito nacional e declarou lucros de 1,250 bilhões de dólares no último bimestre de 2009.
* Terrorismo de Estado é o deslocamento de populações em beneficio do grande capital: mais de 4,5 milhão de pessoas foram deslocadas de suas terras pelos massacres dos militares e paramilitares dentro da Estratégia Estatal de "terra arrasada" para esvaziar a população das áreas rurais e assim oferecer as terras de alto interesse econômico às multinacionais sem que haja reivindicações nem moradores...
* 10 milhões de hectares foram roubados assim das vítimas e estas deslocadas. Essas mesmas terras foram oferecidas para as multinacionais, ao grande latifúndio e a novos chefes paramilitares. O escândalo do "agroingresso seguro” serviu para consolidar este roubo.
* Terrorismo de Estado é: A maior vala comum da América Latina, uma descoberta dantesca que, entretanto, ainda não levou ao repúdio internacional que merece o regime colombiano: mais de 2.000 ossadas de desaparecidos pela força Omega do “Plano Colômbia”.
* Terrorismo de Estado é: A utilização de uma Ferramenta Paramilitar para injetar o Terror na população, a fim de silenciá-la, docilizá-la e deslocá-la. Uma ferramenta de horror que prática violações em massa, esquartejamentos com motosserra, empalações e outras formas de terror de dar arrepios. Um relatório do Escritório de Justiça e Paz, de fevereiro de 2010, indicava que os paramilitares asseguram ter cometido 30.470 assassinatos em 15 anos... E o drama se vislumbra ainda mais dantesco...Vários paramilitares têm testemunhado sobre o caráter estratégico da Estrutura Paramilitar para o próprio Estado colombiano, e deram dezenas de nomes de generais, empresários, multinacionais, políticos, todos promotores do paramilitarismo... e ainda não veio a merecida condenação internacional ao Estado colombiano que, impune, continua impune com tais práticas genocidas.
* Milhares de valas comuns contendo milhares de cadáveres de colombianos massacrados pelo paramilitarismo de Estado colombiano: os paramilitares deram algumas coordenadas das valas para assim ser amparar na “Lei de Justiça e Paz", lei que foi criada sob a direção de um dos maiores promotores do paramilitarismo: Álvaro Uribe Vélez. É uma lei que lhes proporciona impunidade se mostrarem “arrependimento”. Em abril de 2007, quando terminava o primeiro ano de busca de valas comuns, a promotoria recebeu 3.710 denuncias de áreas onde podiam ser localizadas, mas a maioria não pode ser explorada, segundo o Estado, por "falta de recursos...” As famílias de milhares vítimas esperam pelos testes de DNA nas ossadas encontradas, mas o Estado justifica sua inoperância alegando "falta de recursos" e “estouro do orçamento”, mas para patrocinar militares e paramilitares os recursos aparecem na hora.
* Terrorismo de Estado é: Fornos crematórios e criações de jacarés da Ferramenta Paramilitar do Estado e das multinacionais... Onde os paramilitares fizeram desaparecer a milhares de pessoas... .
* Milhares de assassinatos, incluindo o escândalo dos "falsos positivos": os militares sequestram jovens, são disfarçados como guerrilheiros e assassinados para assim apresentá-los como “guerrilheiros mortos em combate". Os meios de comunicação de massa se encarregam de difundir a mentira, visto que na Colômbia, os meios de comunicação de massa dão como verdade o que suas fontes militares dizem. Isto é feito pelos militares para "mostrar os resultados" da sua guerra contra insurgente e também para assassinar os civis que incomodam. A cobertura mediática dos mortos que são tidos como guerrilheiros é absolutamente macabra na Colômbia: mostram-se os corpos alinhados, seminus... Para, dessa maneira, moldar a opinião pública na desumanização dos guerrilheiros. A diretiva N°. 029, do Ministério da Defesa, fomenta os “falsos positivos”.
* Mais de 7.500 presos políticos, muitos deles vítimas de armações jurídicas, uma prática comum contra ativistas dos movimentos sociais.
* Centenas de auto-atentados, outro tipo de "falsos positivos" por parte das forças policiais e militares que já colocaram bombas na própria cidade de Bogotá para assim poder criar a base para armações mediáticas de desprestigio contra as guerrilhas. Estes auto-atentados foram preconizados pelo DAS, o Departamento Administrativo de Segurança, como consta de documentos.
* As violações dos direitos humanos tem sido aprofundadas no que se evidencia como um país ocupado: na Colômbia existe uma numerosa presença de militares dos EUA e mercenários israelenses; foram implantadas sete bases militares dos EUA, sendo que o Estado colombiano concedeu aos ‘marines’ total imunidade para todos os crimes que cometerem na Colômbia. Já existem vários casos de violentadas por ‘marines’, que estão em total impunidade, pois ‘marines’ têm "carta branca" para violentar, torturar e assassinar na Colômbia.
A violência é a ofensiva do grande capital, na sua ânsia de não perder a Colômbia como valioso "armazém de recursos", por isso implantaram e mantiveram essa aberração que hoje é o Estado colombiano.
Se não fosse pela “ajuda” descomunal dos EUA e da UE esse Estado criminoso teria deixado de existir a muitos anos, não teria endividado o povo colombiano para manter os gastos militares e, não contaria com a sua Estratégia Paramilitar de Terrorismo de Estado. Sem seus apoios militares e mediáticos, o Estado colombiano não poderia ter cometido tanta barbárie; e o povo colombiano teria conseguido a sua verdadeira independência, sua emancipação de tanta inveja, morte e dor.
FONTES:
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=115826&titular=denuncian-el-asesinato-de-22-defensores-de-derechos-humanos-en-los-primeros-75-d%EDas-de-
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=115823&titular=el-estado-colombiano-secuestra-viola-y-asesina-a-ni%F1os-en-arauca-
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=115829&titular=%22ley-de-tierras-de-santos-es-una-ley-inconsulta-que-pone-vidas-en-riesgo-y-
http://www.telesurtv.net/noticias/secciones/nota/71765-NN/colombia-registra-mas-de-38-mil-personas-desaparecidas-en-tres-anos/
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=106344&titular=%22hay-250.000-desaparecidos-en-colombia-en-los-%FAltimos-a%F1os%22-
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=104558&titular=piedad-c%F3rdoba-denuncia-la-pasividad-internacional-y-pide-que-se-condicione-el-tlc-con-europa-
http://www.youtube.com/watch?v=YNQgkbV12tU
http://www.kaosenlared.net/noticia/celebrado-ii-congreso-mundial-desaparicion-forzada-colombia-sos-desapa
http://justiciaypazcolombia.com/50-000-personas-desaparecidas-en
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=103227
http://video.google.com/videoplay?docid=8981304868098159223&ei=PpiKS7CINMag-Ab6tKD0BA&q=el+baile+rojo
www.cut.org.co
www.kaosenlared.net/noticia/colombia-record-mundial-asesinatos-sindicalistas-terrorismo-estado .
http://www.abpnoticias.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2446&Itemid=90
http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/I/informe_sobre_pobreza_e_indigencia/informe_sobre_pobreza_e_indigencia.asp
http://www.elcolombiano.com/BancoConocimiento/D/desnutricion_infantil_que_no_deja_crecer_/desnutricion_infantil_que_no_deja_crecer_.asp
http://colombia.indymedia.org/news/2009/09/106455.php
http://alainet.org/active/33960 http://www.lasillavacia.com/historia/1717
http://noticieroconfidencial.com/?p=11
http://www.desdeabajo.info/index.php/actualidad/colombia/4850-colombia-crecen-las-ganancias-y-los-beneficios-de-las-grandes-empresas.html
http://www.desdeabajo.info/index.php/fondo-editorial/vertices-colombianos/5779-crisis-del-modelo-neoliberal-y-desigualdad-en-colombia-dos-decadas-de-politicas-publicas.html
http://www.portafolio.com.co/economia/finanzas/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR_PORTA-7480367.html
http://www.elespectador.com/articulo187857-ganancias-del-sector-financiero-llegaron-85-billones
http://www.movimientodevictimas.org/index.php?option=com_content&task=view&id=278&Itemid=64
http://www.movimientodevictimas.org/index.php?option=com_content&task=view&id=274&Itemid=69
(http://www.publico.es/internacional/288773/aparece/colombia/fosa/comun/cadaveres
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=99507
http://www.telesurtv.net/noticias/secciones/nota/66984-NN/ex-paramilitares-colombianos-reconocen-haber-cometido-cerca-de--30-mil-500-asesinatos/
http://www.eltiempo.com/archivo/documento/CMS-3525024
http://www.elespectador.com/noticias/judicial/articulo116951-alias-hh-revela-vinculos-de-auc-byron-carvajal-y-rito-alejo-del-rio
http://www.kaosenlared.net/noticia/paramilitar-confiesa-mas-3000-asesinatos-sera-extraditado-para-callar-
http://www.youtube.com/watch?v=ZfLqZ2q0zBk&feature=player_embedded
http://www.kaosenlared.net/noticia/colombia-estrategia-estatal-paramilitar-descuartiza-homosexuales-video
http://www.piedadcordoba.net/piedadparalapaz/modules.php?name=News&file=article&sid=3345&mode=thread&order=0&thold=0
http://www.elespectador.com/noticias/paz/articulo197845-piedad-cordoba-denuncio-hornos-crematorios-paras-desaparecer-cadaveres-d
http://www.elespectador.com/noticias/judicial/articulo138469-mancuso-reitera-cremaron-victimas-bajar-estadisticas
http://www.kaosenlared.net/noticia/estado-colombiano-emula-crimenes-nazis-paramilitares-hornos-crematorio
http://bloguerosrevolucion.ning.com/profiles/blogs/viaje-a-los-hornos-crematorios
http://carlosmora.wordpress.com/2009/05/22/hornos-crematorios-principal-arma-de-guerra-de-paramilitares-en-colombia/
http://www.falsos-positivos.blogspot.com/
http://www.youtube.com/watch?v=VuSBNcNsdMU&feature=player_embedded
http://www.arlac.be/A2009/2009/Tlaxcala.htm http://www.tlaxcala.es/detail_campagne.asp?lg=es&ref_campagne=14
http://www.kaosenlared.net/noticia/poner-bombas-servicios-publicos-no-chuzada-denunciar-escandalo-das-rea
http://www.rpasur.com/ElmayorescandalodeespionajedelahistoriadelDAS.html
http://www.youtube.com/watch?v=VfnkGqy4-tE&feature=player_embedded
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=99720
Blog da autora: http://azalearobles.blogspot.com/
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
A saga do Capitão Nascimento((Apenas uma reflexão)
Por Ninféia G
“Vagabundo” pobre é fácil de matar; mas os vagabundos ricos, é outra historia. É isso que o Capitão Nascimento descobre na segunda parte de sua historia como Policial Militar exemplar cumpridor de suas obrigações de proteger a sociedade, no filme Tropa de Elite 2 . E o seu pupilo André Matias acaba tendo uma morte tão absurda e óbvia como a que ele mesmo deu ao “vagabundo” pobre da favela no primeiro filme, quando ele atirou na cara ,apesar das suplicas do bandido para ele não fazer isso; e dessa vez, ele está tão certo que o BOP é Poder que vira as costas ao PM corrupto depois de desafiá-lo.
Uma coisa fica certa nesses filmes “Tropa de Elite”: O Capitão Nascimento não é corrupto e nem corruptível. Mas seu status é de papel, só é útil enquanto agrada aos poderosos.(enquanto mata os “vagabundos “ pobres)
A cena em que ele entra no restaurante chique do Rio para ir desafiar as autoridades é bem contundente: é aplaudido de pé pela classe média alta por ter sido responsável pela operação em que é morto ( pelo matador André Matias) mais um chefe do tráfico das favelas no presídio Bangu 1 ,durante uma rebelião,diante daqueles que queriam tirá-lo de ação.E aí, devido a essa receptividade da "sociedade", dão-lhe o cargo de sub secretário e ele acredita que vai poder fazer alguma coisa.
O personagem Roberto Nascimento realmente, se redime de seu comportamento execrável do primeiro filme? Quando ele coloca saco plástico na cara do “vagabundo” da favela e apenas bate na cara do vagabundo do asfalto (o playboy?)
Vamos ver! É, porque com certeza deverá vir por aí Tropa de Elite 3 : NASCIMENTO: O JUSTICEIRO.É isso que ele deixa claro nos últimos momentos do filme quando embosca os que pensavam estar emboscando-o.
Os vagabundos ricos que se cuidem! (Pelo menos,isso!!)
Então, estamos mesmo “roliudianos”! E só ver- O Justiceiro, Zona de Guerra, e outros filmes estadunidenses sobre o tema, para conferir.
O cara é um policial direito, matador sério, faz a limpeza que os que comandam o sistema gostam e de repente descobre que esse sistema o está usando, é podre; além do mais matou seu melhor amigo (e pupilo) e, claro, quase mata seu filho com um tiro destinado ao defensor dos direitos humanos ,professor de historia e deputado , que ele no inicio do filme se refere como ”esses intelectuais de esquerda”( em uma consideração pejorativa e menosprezante) e que por sinal, conquistou sua ex-mulher e seu filho.
São muitas situações pessoais envolvidas e o ser humano é de carne e osso, inclusive, o Capitão Nascimento! Que de algoz virou herói.
Eita!O cinema brasileiro entrou de vez no universo de Hollywood.
E, ao que parece , qualquer semelhança com fatos reais, não é mera coincidência.Os dias atuais do RJ referidos no filme, são em 2010.Quatro anos antes, são em 2006
Ambos, anos de eleição.
Mas, Wagner, parabéns! Você é um excelente ator.
Ninféia G- Poetisa - Belém-Pará
“Vagabundo” pobre é fácil de matar; mas os vagabundos ricos, é outra historia. É isso que o Capitão Nascimento descobre na segunda parte de sua historia como Policial Militar exemplar cumpridor de suas obrigações de proteger a sociedade, no filme Tropa de Elite 2 . E o seu pupilo André Matias acaba tendo uma morte tão absurda e óbvia como a que ele mesmo deu ao “vagabundo” pobre da favela no primeiro filme, quando ele atirou na cara ,apesar das suplicas do bandido para ele não fazer isso; e dessa vez, ele está tão certo que o BOP é Poder que vira as costas ao PM corrupto depois de desafiá-lo.
Uma coisa fica certa nesses filmes “Tropa de Elite”: O Capitão Nascimento não é corrupto e nem corruptível. Mas seu status é de papel, só é útil enquanto agrada aos poderosos.(enquanto mata os “vagabundos “ pobres)
A cena em que ele entra no restaurante chique do Rio para ir desafiar as autoridades é bem contundente: é aplaudido de pé pela classe média alta por ter sido responsável pela operação em que é morto ( pelo matador André Matias) mais um chefe do tráfico das favelas no presídio Bangu 1 ,durante uma rebelião,diante daqueles que queriam tirá-lo de ação.E aí, devido a essa receptividade da "sociedade", dão-lhe o cargo de sub secretário e ele acredita que vai poder fazer alguma coisa.
O personagem Roberto Nascimento realmente, se redime de seu comportamento execrável do primeiro filme? Quando ele coloca saco plástico na cara do “vagabundo” da favela e apenas bate na cara do vagabundo do asfalto (o playboy?)
Vamos ver! É, porque com certeza deverá vir por aí Tropa de Elite 3 : NASCIMENTO: O JUSTICEIRO.É isso que ele deixa claro nos últimos momentos do filme quando embosca os que pensavam estar emboscando-o.
Os vagabundos ricos que se cuidem! (Pelo menos,isso!!)
Então, estamos mesmo “roliudianos”! E só ver- O Justiceiro, Zona de Guerra, e outros filmes estadunidenses sobre o tema, para conferir.
O cara é um policial direito, matador sério, faz a limpeza que os que comandam o sistema gostam e de repente descobre que esse sistema o está usando, é podre; além do mais matou seu melhor amigo (e pupilo) e, claro, quase mata seu filho com um tiro destinado ao defensor dos direitos humanos ,professor de historia e deputado , que ele no inicio do filme se refere como ”esses intelectuais de esquerda”( em uma consideração pejorativa e menosprezante) e que por sinal, conquistou sua ex-mulher e seu filho.
São muitas situações pessoais envolvidas e o ser humano é de carne e osso, inclusive, o Capitão Nascimento! Que de algoz virou herói.
Eita!O cinema brasileiro entrou de vez no universo de Hollywood.
E, ao que parece , qualquer semelhança com fatos reais, não é mera coincidência.Os dias atuais do RJ referidos no filme, são em 2010.Quatro anos antes, são em 2006
Ambos, anos de eleição.
Mas, Wagner, parabéns! Você é um excelente ator.
Ninféia G- Poetisa - Belém-Pará
domingo, 14 de novembro de 2010
Brasil lança desafios e ameaças para os gigantes
Por: Beto Almeida
Num curtíssimo espaço de tempo, dois membros do governo Lula atacaram firmemente dois esteios do sistema capitalista global, em sua fase imperialista: a Otan e o dólar como padrão internacional.
Nelson Jobim, ministro da Defesa, criticou a pretensão da Otan de arvorar-se a intervir também no Atlântico Sul desconhecendo o status jurídico de países como o Brasil que tem 350 milhas de sua plataforma continental sob sua soberania. Já Meirelles, presidente do Banco Central, seguindo o ministro Guido Mantega, atacou a permanência do dólar como moeda padrão internacional, defendendo a ideia de uma nova moeda de referência.
O curioso é que os dois ministros – Meirelles também tem status de ministro – são membros do PMDB e tidos como da cota conservadora do governo Lula. Seriam sinais do novo curso que o Brasil terá que enfrentar na Era Dilma ou da profundidade da crise do capitalismo global, expressa agora com a superemissão de US$ 600 bilhões pelos EUA o que se constitui em verdadeira guerra de demolição e rapina da das economias da periferia? Ou ambas as hipóteses?
Para se ter uma ideia da importância de ambos os posicionamentos, vale dizer, começando pelo lado monetário, que ideia semelhante é defendida hoje pelo Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que durante anos vem denunciando a ditatorial emissão de dólar sem lastro pelos EUA como verdadeiros atos de delinqüência e banditismo internacionais.
No mesmo discurso, perante a ONU, ele também defendeu que entidade adotasse para o próximo ano o slogan “Energia Nuclear pra Todos, Armas Nucleares para Ninguém”. Evidentemente, poucos deram ouvidos e a mídia, controladíssima pelo capital, sequer registrou.
Já o agudo enfrentamento de Nelson Jobim às pretensões intervencionistas dos EUA e da Otan nos mares do Atlântico Sul foi acompanhado da defesa de que o Brasil e o subcontinente construam “uma aparato dissuasório voltado para as ameaças extrarregionais que lhes permitam dizer não quando for preciso dizer não”. Claro está, com a Marinha brasileira desarmada como está hoje – embora em fase de recuperação e reequipamento, reconheça-se – de nada adiantaria dizer não se não se pode assegurar com os meios concretos a defesa política da soberania.
Como no tópico monetário, outro dirigente que também defendeu a constituição de uma Organização do Tratado do Atlântico Sul, foi o líder líbio Muamar Kadafi, ao participar da Reunião de Cúpula América Latina – África, realizada na Venezuela no início deste ano. A defesa da criação de uma Otas pelo dirigente líbio foi acompanhada de argumentação realista baseada no crescente intervencionismo dos países imperiais pelo mundo afora em busca dos recursos naturais que lhes permitam superar a crise que se agrava, evidentemente se agrava. Ele mesmo teve sua filha de um ano e meio morta em bombardeio ordenado desde Washington por Bill Clinton.
Fortalecimento da aliança do sul
De fato, as duas situações configuram um processo mundial que tende ao tensionamento e recomenda o fortalecimento das alianças dos povos e países que buscam assegurar sua soberania, sua independência e o direito escolher seus próprios destinos. A superemissão de dólar – papel pintado na expressão do cientista brasileiro Bautista Vidal – tem efeitos devastadores para a produção e o trabalho das nações. Na visão do ministro da economia da Argentina, cuja presidenta Cristina anunciou que reagirá à tentativa de destruição de sua moeda e de sua economia, a super emissão de dólares “é como se o trabalho dos argentinos, a sua produção, não valessem nada”.
As duas iniciativas do campo do império, uma monetária, outra na esfera da doutrina militar, ambas com desdobramentos que relativizam e enfraquecem a soberania dos países e dos povos, indicam, por outra parte, o acerto de algumas das medidas adotadas pelo governo Lula buscando, de vários modos, um curso de distanciamento do dólar. Já está em prática, por exemplo, o comércio bilateral Brasil-Argentina aposentando o dólar como mediação e referência, o que representa concretamente economia na operação de troca.
Da mesma forma, o apoio brasileiro à formação do Banco Sul, que, em razão da persistência da crise econômica nos EUA, necessita de uma vigorosa aceleração em suas operações, também é uma decisão que o panorama internacional permite registrar como acertada. Além disso, a projetada criação de uma nova moeda no âmbito da UNASUR deveria ser fortemente priorizada, assim como estão fazendo os países da ALBA, que fundaram a moeda Sucre e já acumulam um expressivo volume de suas operações de troca nesta nova base monetária, sem qualquer intermediação da declinante e questionada moeda norte-americana.
Não seria prudente imaginar que o campo monetário esteja totalmente distanciado do aspecto militar. São duas operações de alto valor estratégico para os países imperiais, que não distinguem economia da guerra. Talvez reconhecendo a razão dos que qualificam a economia dos EUA diretamente como uma economia de guerra, o colunista do jornal Washington Post David Brooker sustentou, provavelmente ecoando sinistros murmúrios dos gabinetes do Pentágono, que “uma guerra contra o Irã dinamizaria a economia dos EUA”.
Disse que esta seria a solução para os problemas políticos de Barak Obama. E nem se ruborizou.... Entre o conselho deste jornalista e a discussão de uma nova doutrina para a Otan abarcar também o Atlântico Sul e a emissão de US$ 600 bilhões, há toda uma linha de reorganização para uma nova fase em que o cenário mundial registra o despontar de um conjunto de países emergentes buscando uma articulação em novas bases, rediscutindo os pilares do sistema mundial.
Compartilhar com quem?
Neste cenário, soa bastante realista o discurso do ministro Jobim que questionou o posicionamento de uma alta autoridade americana que defendeu “soberanias compartilhadas” no Atlântico, ao que o brasileiro contestou em conferência pública: “Qual é a soberania que os EUA querem compartilhar, a deles ou a nossa?”, reagiu.
É interessante como o cenário mundial duro e sombrio vai colocando questões e posicionamentos antes tidos como do âmbito da esquerda na agenda dos governos e mesmo na mesa de segmentos tidos como da cota conservadora do governo Lula. Certamente, Jobim ecoa um pensamento militar brasileiro que vem configurando uma nova doutrina de defesa. Mudanças sempre implementadas em razão do processo histórico, das experiências práticas em que os militares tiveram que analisar estrategicamente da defesa e os interesses nacionais.
Foi provavelmente o que teria levado o Brasil, durante a ditadura militar, a constituir uma indústria bélica, a desenvolver a área estatal de telecomunicações e satélites (Telebrás e Embratel), e, até mesmo, a defender a expansão do mar territorial para 200 milhas, medida esta que recebeu apoio da presidenta Dilma quando estava na prisão Tiradentes, na década de setenta, que também comemorava as vitórias da seleção canarinho na Copa do México.
Mais tarde, o curso político internacional também teria levado o Brasil a medidas como quebrar o bloqueio internacional que os países imperiais impuseram contra o Iraque na década de 70 e, também, a reconhecer o novo Governo de Agostinho Neto que, pela força das armas, chegava ao poder em Luanda.
Anos depois, o Brasil, ainda sob o governo Figueiredo, ofereceu apoio logístico e operacional à Argentina quando da Guerra das Malvinas, colocando-se, uma vez mais, em posição de distanciamento e conflito com os países do campo imperial.
Nesta oportunidade, vale lembrar, Fidel Castro chegou a oferecer tropas cubanas para lutar ao lado da Argentina, ainda sob o governo do general Galtieri. Há uma evolução no pensamento militar brasileiro, mais recentemente indicado pelo acordo de cooperação firmado entre o Exército Brasileiro e o Exército do Vietnã para técnicas de luta na selva e pelo esforço na constituição de um Conselho de Defesa da América do Sul.
Muitos que rememoram o passado não muito distante do Ministro Jobim antes do governo Lula, certamente se espantam a vê-lo defendendo o direito da Venezuela desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos e criticando o bloqueio dos EUA contra Cuba, oportunidade em que também afirmou que “a política internacional não pode ser definida a partir da perspectiva do que convém aos EUA”.
Construção de uma nova agenda progressista
O que surpreende é que estas temáticas nem sempre são tratadas sistematicamente nos fóruns progressistas e da esquerda em geral, muito embora sejam parte integrante da agenda do governo Lula. São posições de governo. Mas, ainda assim, é com alguma dificuldade que movimentos sociais, os sindicatos e a esquerda em geral tratam destas questões, muito embora sua importância histórica seja inequívoca. Creio que era Darcy Ribeiro que dizia “falta nacionalismo na esquerda brasileira”, buscando enquadrar as questões do enfrentamento com o império como algo que deveria ter presença central na agenda das forças progressistas.
Assim como Gandhi, em luta contra o colonialismo inglês, vislumbrou em certo momento a necessidade de defender a nacionalização estratégica do sal, provavelmente seria o caso aqui também dos movimentos sociais – mantendo sua independência – incorporarem em sua agenda, por exemplo, a nacionalização do etanol e da álcool-química, que certamente terá importância ampla em futuro próximo no cenário produtivo mundial, com mencionou recentemente Dilma em entrevista ao lado de Lula.
O PT chegou a aprovar em sua Conferência Nacional a constituição de uma Empresa Pública de Energia Renovável, decisão importante, ainda que, não tenha tido a continuidade esperada, até o momento. Mas, assim como um amplo movimento cívico-militar foi decisivo para a criação da Petrobrás, agora também, com os sinais sombrios que os pólos imperiais nos enviam, seria hora decisiva para constituir uma aliança governo e sociedade, os sindicatos, o clero progressista, o movimento estudantil, os movimentos sociais, para configurar uma consistência ainda mais profunda no programa de ação do governo Lula e em sua continuidade com a presidenta Dilma.
Já há uma recuperação da Telebrás, faltando agora a da Embratel, sem o que não se pode falar em soberania em plenitude neste mundo de idade mídia, pois mesmo as comunicações militares satelitais hoje estão sujeitas a interferências de empresa de propriedade norte-americana. Os militares devem ser incoporados neste amplo debate nacional.
Voto indicou um caminho
A agenda em parte já foi construída pelo voto democrático dos brasileiros posicionando-se pela continuidade das políticas do governo Lula. Mas, a persistência da crise mundial, os sinais imperiais de inadmissíveis desejos intervencionistas na soberana plataforma brasileira, onde está o pré-sal, indicam que a agenda política do governo Dilma possivelmente necessitará de um aprofundamento programático, ampliando os vínculos com a sociedade organizada, já que os olhares de cobiça que se lançam sobre o Brasil não são nada amistosos, nem muito menos complacentes com a aplicação de políticas públicas independentes e soberanas de nossa parte, aliás como já fez o governo Lula por meio de sua política externa.
Desnecessário desenvolver longamente, mas importante relembrar sempre, uma política estratégica para o Brasil, que abarque desde a necessidade de uma renacionalização do setor de fertilizantes – esta, sim, uma medida de segurança nacional – ou de soberania energética (um problema é que se estima uma desnacionalização de 40 por cento do setor etanol, apesar da Petrobrás ter entrado em campo), todo este debate fundamental para o destino do povo brasileiro e do Brasil como nação, exige um novo modelo de comunicação.
Não há qualquer sombra de dúvida que questões tão cruciais, tão decisivas, estejam sendo tão deformadas e vulgarizadas pelo modelo midiático atual, no qual predominam os interesses vinculados e dependentes dos anunciantes controlados pelo capital externo ou de seus sócios nativos, o que impede o nosso povo compreender plenamente sua relevância.
Não são nada simples o tamanho das tarefas e a magnitude dos desafios que o Brasil enfrentará na Era Dilma. Mas, tal como ela que já suportou, resistiu e venceu as mais duras provas, assim é o povo brasileiro em seu dia a dia, capaz de identificar sob um dilúvio brutal de mentiras e desinformações onde está o caminho do progresso, da transformação e da justiça social.
Ele será capaz de dar o apoio necessário para que o Brasil tenha todos os instrumentos necessários para garantir sua soberania, desde uma defesa à altura de suas potencialidades, uma política monetária que assegure nossa independência e a aplicação das políticas sociais que retirem com urgência milhões e milhões de brasileiros do poço da miséria e da pobreza em que ainda se encontram. Um desafio para gigantes.
Beto Almeida é jornalista da TV senado, formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em grandes jornais, entre eles Última Hora, O Globo e Correio Braziliense e foi vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ). Atualmente, é membro da Junta Diretiva da La Nueva Televisión Del Sur (Telesur), do Conselho Editorial do jornal Brasil de Fato e da Comissão de Justiça e Paz da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Num curtíssimo espaço de tempo, dois membros do governo Lula atacaram firmemente dois esteios do sistema capitalista global, em sua fase imperialista: a Otan e o dólar como padrão internacional.
Nelson Jobim, ministro da Defesa, criticou a pretensão da Otan de arvorar-se a intervir também no Atlântico Sul desconhecendo o status jurídico de países como o Brasil que tem 350 milhas de sua plataforma continental sob sua soberania. Já Meirelles, presidente do Banco Central, seguindo o ministro Guido Mantega, atacou a permanência do dólar como moeda padrão internacional, defendendo a ideia de uma nova moeda de referência.
O curioso é que os dois ministros – Meirelles também tem status de ministro – são membros do PMDB e tidos como da cota conservadora do governo Lula. Seriam sinais do novo curso que o Brasil terá que enfrentar na Era Dilma ou da profundidade da crise do capitalismo global, expressa agora com a superemissão de US$ 600 bilhões pelos EUA o que se constitui em verdadeira guerra de demolição e rapina da das economias da periferia? Ou ambas as hipóteses?
Para se ter uma ideia da importância de ambos os posicionamentos, vale dizer, começando pelo lado monetário, que ideia semelhante é defendida hoje pelo Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que durante anos vem denunciando a ditatorial emissão de dólar sem lastro pelos EUA como verdadeiros atos de delinqüência e banditismo internacionais.
No mesmo discurso, perante a ONU, ele também defendeu que entidade adotasse para o próximo ano o slogan “Energia Nuclear pra Todos, Armas Nucleares para Ninguém”. Evidentemente, poucos deram ouvidos e a mídia, controladíssima pelo capital, sequer registrou.
Já o agudo enfrentamento de Nelson Jobim às pretensões intervencionistas dos EUA e da Otan nos mares do Atlântico Sul foi acompanhado da defesa de que o Brasil e o subcontinente construam “uma aparato dissuasório voltado para as ameaças extrarregionais que lhes permitam dizer não quando for preciso dizer não”. Claro está, com a Marinha brasileira desarmada como está hoje – embora em fase de recuperação e reequipamento, reconheça-se – de nada adiantaria dizer não se não se pode assegurar com os meios concretos a defesa política da soberania.
Como no tópico monetário, outro dirigente que também defendeu a constituição de uma Organização do Tratado do Atlântico Sul, foi o líder líbio Muamar Kadafi, ao participar da Reunião de Cúpula América Latina – África, realizada na Venezuela no início deste ano. A defesa da criação de uma Otas pelo dirigente líbio foi acompanhada de argumentação realista baseada no crescente intervencionismo dos países imperiais pelo mundo afora em busca dos recursos naturais que lhes permitam superar a crise que se agrava, evidentemente se agrava. Ele mesmo teve sua filha de um ano e meio morta em bombardeio ordenado desde Washington por Bill Clinton.
Fortalecimento da aliança do sul
De fato, as duas situações configuram um processo mundial que tende ao tensionamento e recomenda o fortalecimento das alianças dos povos e países que buscam assegurar sua soberania, sua independência e o direito escolher seus próprios destinos. A superemissão de dólar – papel pintado na expressão do cientista brasileiro Bautista Vidal – tem efeitos devastadores para a produção e o trabalho das nações. Na visão do ministro da economia da Argentina, cuja presidenta Cristina anunciou que reagirá à tentativa de destruição de sua moeda e de sua economia, a super emissão de dólares “é como se o trabalho dos argentinos, a sua produção, não valessem nada”.
As duas iniciativas do campo do império, uma monetária, outra na esfera da doutrina militar, ambas com desdobramentos que relativizam e enfraquecem a soberania dos países e dos povos, indicam, por outra parte, o acerto de algumas das medidas adotadas pelo governo Lula buscando, de vários modos, um curso de distanciamento do dólar. Já está em prática, por exemplo, o comércio bilateral Brasil-Argentina aposentando o dólar como mediação e referência, o que representa concretamente economia na operação de troca.
Da mesma forma, o apoio brasileiro à formação do Banco Sul, que, em razão da persistência da crise econômica nos EUA, necessita de uma vigorosa aceleração em suas operações, também é uma decisão que o panorama internacional permite registrar como acertada. Além disso, a projetada criação de uma nova moeda no âmbito da UNASUR deveria ser fortemente priorizada, assim como estão fazendo os países da ALBA, que fundaram a moeda Sucre e já acumulam um expressivo volume de suas operações de troca nesta nova base monetária, sem qualquer intermediação da declinante e questionada moeda norte-americana.
Não seria prudente imaginar que o campo monetário esteja totalmente distanciado do aspecto militar. São duas operações de alto valor estratégico para os países imperiais, que não distinguem economia da guerra. Talvez reconhecendo a razão dos que qualificam a economia dos EUA diretamente como uma economia de guerra, o colunista do jornal Washington Post David Brooker sustentou, provavelmente ecoando sinistros murmúrios dos gabinetes do Pentágono, que “uma guerra contra o Irã dinamizaria a economia dos EUA”.
Disse que esta seria a solução para os problemas políticos de Barak Obama. E nem se ruborizou.... Entre o conselho deste jornalista e a discussão de uma nova doutrina para a Otan abarcar também o Atlântico Sul e a emissão de US$ 600 bilhões, há toda uma linha de reorganização para uma nova fase em que o cenário mundial registra o despontar de um conjunto de países emergentes buscando uma articulação em novas bases, rediscutindo os pilares do sistema mundial.
Compartilhar com quem?
Neste cenário, soa bastante realista o discurso do ministro Jobim que questionou o posicionamento de uma alta autoridade americana que defendeu “soberanias compartilhadas” no Atlântico, ao que o brasileiro contestou em conferência pública: “Qual é a soberania que os EUA querem compartilhar, a deles ou a nossa?”, reagiu.
É interessante como o cenário mundial duro e sombrio vai colocando questões e posicionamentos antes tidos como do âmbito da esquerda na agenda dos governos e mesmo na mesa de segmentos tidos como da cota conservadora do governo Lula. Certamente, Jobim ecoa um pensamento militar brasileiro que vem configurando uma nova doutrina de defesa. Mudanças sempre implementadas em razão do processo histórico, das experiências práticas em que os militares tiveram que analisar estrategicamente da defesa e os interesses nacionais.
Foi provavelmente o que teria levado o Brasil, durante a ditadura militar, a constituir uma indústria bélica, a desenvolver a área estatal de telecomunicações e satélites (Telebrás e Embratel), e, até mesmo, a defender a expansão do mar territorial para 200 milhas, medida esta que recebeu apoio da presidenta Dilma quando estava na prisão Tiradentes, na década de setenta, que também comemorava as vitórias da seleção canarinho na Copa do México.
Mais tarde, o curso político internacional também teria levado o Brasil a medidas como quebrar o bloqueio internacional que os países imperiais impuseram contra o Iraque na década de 70 e, também, a reconhecer o novo Governo de Agostinho Neto que, pela força das armas, chegava ao poder em Luanda.
Anos depois, o Brasil, ainda sob o governo Figueiredo, ofereceu apoio logístico e operacional à Argentina quando da Guerra das Malvinas, colocando-se, uma vez mais, em posição de distanciamento e conflito com os países do campo imperial.
Nesta oportunidade, vale lembrar, Fidel Castro chegou a oferecer tropas cubanas para lutar ao lado da Argentina, ainda sob o governo do general Galtieri. Há uma evolução no pensamento militar brasileiro, mais recentemente indicado pelo acordo de cooperação firmado entre o Exército Brasileiro e o Exército do Vietnã para técnicas de luta na selva e pelo esforço na constituição de um Conselho de Defesa da América do Sul.
Muitos que rememoram o passado não muito distante do Ministro Jobim antes do governo Lula, certamente se espantam a vê-lo defendendo o direito da Venezuela desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos e criticando o bloqueio dos EUA contra Cuba, oportunidade em que também afirmou que “a política internacional não pode ser definida a partir da perspectiva do que convém aos EUA”.
Construção de uma nova agenda progressista
O que surpreende é que estas temáticas nem sempre são tratadas sistematicamente nos fóruns progressistas e da esquerda em geral, muito embora sejam parte integrante da agenda do governo Lula. São posições de governo. Mas, ainda assim, é com alguma dificuldade que movimentos sociais, os sindicatos e a esquerda em geral tratam destas questões, muito embora sua importância histórica seja inequívoca. Creio que era Darcy Ribeiro que dizia “falta nacionalismo na esquerda brasileira”, buscando enquadrar as questões do enfrentamento com o império como algo que deveria ter presença central na agenda das forças progressistas.
Assim como Gandhi, em luta contra o colonialismo inglês, vislumbrou em certo momento a necessidade de defender a nacionalização estratégica do sal, provavelmente seria o caso aqui também dos movimentos sociais – mantendo sua independência – incorporarem em sua agenda, por exemplo, a nacionalização do etanol e da álcool-química, que certamente terá importância ampla em futuro próximo no cenário produtivo mundial, com mencionou recentemente Dilma em entrevista ao lado de Lula.
O PT chegou a aprovar em sua Conferência Nacional a constituição de uma Empresa Pública de Energia Renovável, decisão importante, ainda que, não tenha tido a continuidade esperada, até o momento. Mas, assim como um amplo movimento cívico-militar foi decisivo para a criação da Petrobrás, agora também, com os sinais sombrios que os pólos imperiais nos enviam, seria hora decisiva para constituir uma aliança governo e sociedade, os sindicatos, o clero progressista, o movimento estudantil, os movimentos sociais, para configurar uma consistência ainda mais profunda no programa de ação do governo Lula e em sua continuidade com a presidenta Dilma.
Já há uma recuperação da Telebrás, faltando agora a da Embratel, sem o que não se pode falar em soberania em plenitude neste mundo de idade mídia, pois mesmo as comunicações militares satelitais hoje estão sujeitas a interferências de empresa de propriedade norte-americana. Os militares devem ser incoporados neste amplo debate nacional.
Voto indicou um caminho
A agenda em parte já foi construída pelo voto democrático dos brasileiros posicionando-se pela continuidade das políticas do governo Lula. Mas, a persistência da crise mundial, os sinais imperiais de inadmissíveis desejos intervencionistas na soberana plataforma brasileira, onde está o pré-sal, indicam que a agenda política do governo Dilma possivelmente necessitará de um aprofundamento programático, ampliando os vínculos com a sociedade organizada, já que os olhares de cobiça que se lançam sobre o Brasil não são nada amistosos, nem muito menos complacentes com a aplicação de políticas públicas independentes e soberanas de nossa parte, aliás como já fez o governo Lula por meio de sua política externa.
Desnecessário desenvolver longamente, mas importante relembrar sempre, uma política estratégica para o Brasil, que abarque desde a necessidade de uma renacionalização do setor de fertilizantes – esta, sim, uma medida de segurança nacional – ou de soberania energética (um problema é que se estima uma desnacionalização de 40 por cento do setor etanol, apesar da Petrobrás ter entrado em campo), todo este debate fundamental para o destino do povo brasileiro e do Brasil como nação, exige um novo modelo de comunicação.
Não há qualquer sombra de dúvida que questões tão cruciais, tão decisivas, estejam sendo tão deformadas e vulgarizadas pelo modelo midiático atual, no qual predominam os interesses vinculados e dependentes dos anunciantes controlados pelo capital externo ou de seus sócios nativos, o que impede o nosso povo compreender plenamente sua relevância.
Não são nada simples o tamanho das tarefas e a magnitude dos desafios que o Brasil enfrentará na Era Dilma. Mas, tal como ela que já suportou, resistiu e venceu as mais duras provas, assim é o povo brasileiro em seu dia a dia, capaz de identificar sob um dilúvio brutal de mentiras e desinformações onde está o caminho do progresso, da transformação e da justiça social.
Ele será capaz de dar o apoio necessário para que o Brasil tenha todos os instrumentos necessários para garantir sua soberania, desde uma defesa à altura de suas potencialidades, uma política monetária que assegure nossa independência e a aplicação das políticas sociais que retirem com urgência milhões e milhões de brasileiros do poço da miséria e da pobreza em que ainda se encontram. Um desafio para gigantes.
Beto Almeida é jornalista da TV senado, formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em grandes jornais, entre eles Última Hora, O Globo e Correio Braziliense e foi vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ). Atualmente, é membro da Junta Diretiva da La Nueva Televisión Del Sur (Telesur), do Conselho Editorial do jornal Brasil de Fato e da Comissão de Justiça e Paz da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Assinar:
Postagens (Atom)