Por Ninféia G
O sofrimento e o bem estar são eventos por quais passamos naturalmente enquanto no exercício da vida. O tanto e o quanto eles nos afligem ou nos satisfazem depende de nossa capacidade de visão da realidade e de transformação da mesma,até porque, como bem diz o nome, são eventos ou seja, episódios, lances, ocorrências, que bem podem durar ou logo se dissipar.
Na qualidade de seres biológicos, nascemos, crescemos e morremos; mas na qualidade de seres intelectuais, somos seres sociais, quer dizer, nossa consciência é determinada pelo meio em que vivemos.
A injustiça social não é uma variante, é uma constante e como seres racionais em um ambiente social que priva a maioria de ter suas necessidades satisfeitas, temos a obrigação de compreender que alguns não podem ter privilégios e todos os outros, apenas obrigações e restrições.
O trabalho, uma criação do ser humano, precisa ser tratado como a força que move toda a sociedade, sem ele, esta não pode existir, pois é ele que gera o que consumimos em todos os aspectos.
Mas o que vemos? Pessoas que recolhem o lixo das ruas percebendo salários que não lhes permite suprir necessidades básicas como comer, por exemplo. Professores que alfabetizam crianças, ou seja, permitem a elas a base para o aprendizado maior, tendo que fazer greves para perceber um salário digno; Empregadas Domésticas que ainda não são respeitadas como trabalhadoras e por isso, não protegias totalmente pela lei, tendo que chegar a seus locais de trabalho, ás 7 da manhã e só sair quando a ‘ patroa” lhes dá o sinal de que não precisam mais delas, e assim, trabalham dez a doze horas por dia, sem reclamar porque se arriscam a perder o lugar.
E pessoas que querem produzir alimentos básicos como arroz, feijão e não têm direito a um pedaço de terra para fazê-lo precisando ocupar terras improdutivas que estão nas mãos de grandes proprietários que na verdade, criam gado, plantam laranjas, soja e os exportam.Ou seja, improdutivas para a população brasileira.
E crianças e adolescentes fazendo malabarismos ou limpando pára-brisas nos sinais de tráfego em horários que deveriam estar dormindo, brincando ou indo à escola.
Temos hoje, novos governantes, novos deputados, novos senadores, eleitos ou reeleitos, alguns com empenho de vanguarda, outros, com a idosa visão oligárquica.
Cabe a eles gerenciar o sofrimento e o bem estar, tarefa na qual não têm se saído muito bem, mesmo os que se dizem de vanguarda.
Apesar de que é a grande massa populacional que os escolhe, mas ela para aí, sua tarefa é apenas sair de casa, nos dias determinados para a eleição e ir até as seções e cabines de votação. Na verdade, ela nem de longe percebe as nuances do processo e o que acontece nos bastidores. Para ela, no dia 1 de Janeiro, após o réveillon, apenas abre-se a cortina e ela assiste mais um espetáculo que dura quatro anos.
Eu sou mulher e não vou negar que estou satisfeita por ver uma mulher Presidente do Brasil: estaria sendo hipócrita se assim não admitisse. Além do mais, uma mulher da minha geração, divorciada, que pegou em armas contra os generais do regime militar, foi presa, certamente, torturada. Isso, para mim, particularmente, é um grande currículo.
Mas os meus desejos, minhas satisfações individuais não importam. Não adianta ela ter esse currículo que eu acho bom se ela não se dispuser a trabalhar concretamente e não apenas de forma paliativa.
Como um ser social que sou tenho a sensibilidade de me deixar tocar pelo sofrimento coletivo que não é eventual, mas contínuo em um contexto marcado pelo poder do consumismo que gera a intolerância, a arrogância, a insensibilidade, e, infelizmente e em grande parte, em decorrência dessas características, a violência.
Voce é bem vinda, Presidente, teve a maioria dos votos (e o meu, também), contudo, há muita coisa a fazer que não foi feita pelos seus antecessores .Não sou eu quem vai dizer aqui do que se trata, você já deve estar com a lista em mãos; tomara uma outra lista paralela não a desvie do caminho certo.
Ninféia G-Assistente Social e Poeta- Belém-Pa
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