Se
cumprem dois anos do início das conversações públicas do Governo
de Juan Manuel Santos e as FARC-EP, em Oslo, capital do reino da
Noruega, após a firma do “Acordo Geral para a terminação do
conflito e a construção de uma paz estável e duradoura”,
subscrito depois de vários meses de discussão na “fase secreta”
que antecedeu a etapa pública.
Foram
dois anos de duras provas, não isentos de tensões e exasperadas
discussões, inclusive públicas, e de ameaças e ultimatos, por
parte do Governo, cada vez que os atos de guerra da insurgência
afetam a Força Pública. É o resultado de dialogar em meio à
guerra, imposto pelo Governo com a pretensão de golpear a guerrilha
e pressioná-la a aceitar os acordos de “entrega de armas e
desmobilização”, segundo a linguagem oficial.
Dois
anos depois, a partir do lado das organizações humanitárias e
ativistas da paz, se insiste na trégua e no cessar de fogos
bilateral como forma de que os diálogos avancem num ambiente de
distensão e sem o ruído das armas.
Também
avançam em meio à ameaça dos sabres pelas imposições do
militarismo frente a um presidente Santos medroso; e das ações
abertas, de dentro e fora do Governo, dos inimigos da paz em
Colômbia. Provocações como a espionagem às delegações de paz,
incluindo ao chefe da missão oficial Humberto de la Calle Lombana, a
operação Andrômeda da inteligência militar e a atividade
subversiva e ilegal do hacker Sepúlveda em conexão com militares,
policiais e com a campanha presidencial uribista, foram fustigações
para arrebentar a mesa de Havana.
À
frente dos provocadores estão o ex-presidente e agora senador Álvaro
Uribe, alguns mandos militares, oficiais reformados, pecuaristas,
narcoparamilitares e o ministro de Defesa, Juan Carlos Pinzón.
Ninguém entende por que este continua no gabinete, a não ser que
seja orquestrado para que Santos se faça de bom e o ministro de mau.
No
entanto, em contraste, crescem as forças da paz, que estão
construindo a Frente Ampla pela Paz, a democracia e a soberania, não
só para defender os diálogos com a insurgência como também na
perspectiva de forjar um movimento alternativo com opção de poder
popular.
O
balanço dos dois anos é positivo. Há duas semanas foram divulgados
os esboços dos acordos parciais sobre os três primeiros pontos
debatidos [desenvolvimento agrário, participação política e
drogas ilícitas], mantidos em segredo até então por pressão
governamental. A publicação deixou claro que existem evidentes
avanços, ainda que também pontos pendentes, muito importantes e
transcendentais para que desapareçam as causas do conflito
colombiano.
Apesar
do conceito da paz express
que o governo manejou em função da campanha re-eleitoral, se impôs
a ideia do “tempo razoável” para que a agenda possa ser
completada com o debate de cada um dos temas que dela se derivam.
Ainda que os porta-vozes governamentais continuam pressionando com o
tempo, agora com o argumento de que é necessário preparar o
pós-conflito quando ainda faltam os acordos sobre três pontos [são
seis os que a agenda contém] e também faltam dirimir os desacordos
nos três pontos que já têm acordos parciais.
Os
últimos dias estiveram movidos pela divulgação das visitas de
Timoleón Jiménez a Havana por parte do ministro Pinzón, apesar de
que haviam sido combinadas com o Governo em função do trabalho da
Delegação de Paz das FARC-EP. Contudo, o presidente Santos guardou
silencia ante a provocação e a insolência de Pinzón.
Se
avançou, porém falta muito trecho ainda. Está longe o tal
pós-conflito, que não é outro senão a implementação dos acordos
e o desenvolvimento da Assembleia Nacional Constituinte que deve
ratificar os acordos, dirimir os desacordos e aprovar reformas
políticas, sociais e econômicas profundas para uma nova Colômbia
democrática e do progresso social.
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Equipe ANNCOL - Brasilanncol.br@gmail.com
http://anncol-brasil.blogspot.com
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