terça-feira, 6 de julho de 2010

A herança escravocrata da sociedade brasileira.

Por João Pedro Stedile

Havia um costume de lembrarmos o dia 13 de maio. Este ano, poucas vozes se manifestaram. Os movimentos sociais afrodescendentes berraram, mais algum pequeno artigo por aí e mais nada.

O " esquecimento deliberado" é também uma forma de esconder as formas modernas de exploração e de humilhação que a burguesia impõe ao nosso país.

Todos os anos a Polícia Federal liberta milhares de trabalhadores submetidos a trabalho escravo.E o que mais chama a atenção: essa pr´tica acontece entre fazendas do chamado agronegócio moderno,pertodo Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília. Imaginem o que acontce lá nos grotões.

Usinas de pessoas bem pensantes e financiadores de campanhas eleitorais dacidade de Campos(RJ), também praticam. Em Unaí(MG),bem perto de Brasília, há alguns anos form assassinados dois fiscais do Ministério do Trabalho e mais o motorista que os acompanhava em diligência para apreender trabalho escravo. O mandante, identificado pela polícia, fazendeiro "moderno",em vez de parar na cadeia, virou prefeito. E seu partido "moderno", não impediu.

Há no Brasil mais de oito milhões de pessoas que se submetem a serem trabalhdores domésticos nas casas de familia. É a segunda maior catgoria de trabalhadores. Está atrás apenas dos trabalhadores rurais, que são 16 milhões.A lei determina que todos tenham arteira assinada e a garantia de férias, 13ºsal´rio, rclhimento de INSS par grantir a aposentadoria. Apenas 26% dos seus patrões, a classe média branquela das cidades, cumprem a lei.

Muitos edifícios das nossas cidades persistem com a famosa discriminação: elevador para os serviçais e elevador social! A maioria dos dormitórios planejados para os trabalhdores domésticos nos edifícios de luxo é menor que o espaço da garagem para o automóvel.

São sinais de como a herança escravocrata ainda marca nossa sociedade. Por isso, talvez, a burguesia e seu partido da imprensa golpista, não quer falar do assunto, nem no dia 13 de maio.

Por essa razão, também seus representantes na Câmara dos Deputados escondem há sete anos o projeto de Lei PEC 438, que determina que todas as fazendas com trabalho escravo devem ser desapropriadas e entregues para a reforma agrária. O projeto já foi aprovado pelo Senado( pasmem!!) em duas votações,mas dorme nas gavetas da Câmara. De fato,o sr.Michel Temer deve ter razão, não deve ser prioridade para os parlamentares um tema tão irrelevante como a continuidade do trabalho escravo na sociedade brasileira.

Se voce acha que isso é uma vergonha, escreva para os deputados,em especial ao presidente da Câmara,perguntando porque ele esqueceu o projeto na gaveta. Para que pelo menos saibamos os nomes dos deputados que, como a senadora Kátia Abreu( Arena-TO), apoiam abertamente o trabalho escravo, já que, sergundo ela, essa classificação é uma mera manipulação do Ministério do Trabalho.


JOÃO PEDRO STEDILE É MEMBRO DA COORDENAÇÃO NACIONAL DO MST E DA VIA CAMPESINA.

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