sexta-feira, 20 de junho de 2014

Gilberto Carvalho: essa será a eleição mais difícil de todas

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse, nesta quarta (18), que a eleição presidencial de outubro será a mais difícil de todas as já disputadas pelo PT, porque, além da correlação de forças desfavorável, o partido enfrenta 12 anos da propaganda contrária ininterrupta, disseminada pela mídia monopolista e, agora, pelo ativismo de um novo ator social: o militante de direita virtual.

“É por isso que eu digo que essa eleição vai ser a mais difícil de todas, porque ela enfrenta o resultado desse longo processo. E a correlação de forças vai ficando cada vez mais complicada pra gente”, afirmou aos jornalistas, ativistas e midialivristas que participaram, nesta quarta (18), do debate sobre a Política Nacional de Participação Social.

Para o ministro, é só observar o número de parlamentares de direita com mandatos para ver que é quase um milagre que o PT tenha conseguido permanecer no poder durante este tempo. “Do ponto de vista da governabilidade institucional, nos somos uma estrondosa minoria”, constatou.


“Se você acrescenta ainda que nós não fizemos o debate da mídia para valer, e eu acolho as críticas, nós passamos este tempo todo com uma pancadaria diária que deu resultado. Essa pancadaria diária é o que resulta no palavrão para a Dilma lá no Itaquerão. E no Itaquerão não tinha só elite branca, não”, acrescentou.

Na opinião de Carvalho, as críticas aos governos petistas já atingem setores da população que historicamente apoiaram o PT. “Esse cacete diário de que nós inventamos a corrupção, de que nós aparelhamos o estado brasileiro, de que nós somos um bando de aventureiros que viemos aqui para se locupletar, essa história pegou na elite, na classe média e vai gotejando, vai descendo. Porque nós não demos combate. Nós não conseguimos fazer o contraponto”, admitiu.

Em função da conjuntura, o ministro ressaltou a importância da Política Nacional de Participação Social, lançada em maio pela presidenta Dilma Rousseff, via decreto, que vêm suscitando grande polêmica no país. “A articulação com a sociedade é o único caminho capaz de compensar essa correlação de forças brutal”, afirmou Carvalho, pedindo amplo apoio ao projeto.

Conforme ele lembrou, o decreto tem o propósito de articular os canais já existentes para que a participação social se transforme em método de governo e o povo, conforme demanda surgida nos protestos de junho, possa participar mais efetivamente das definições das políticas públicas. Entretanto, o coro que vem da direita oposicionista chega ao limite de classificá-la como estratégia para implantar o comunismo no país ou transformar o Brasil na Venezuela.

Carvalho destacou ainda que o decreto, ao contrário do que alardeia a oposição, tem um conteúdo inocente e até inofensivo: a política não cria novos conselhos, não retira atribuições do Congresso Nacional ou entes federativos, não desrespeita o papel dos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e tão pouco submete as instâncias de participação social a quaisquer espécies de controle centralizado.

Para ele, os ataques ao projeto, muito mais de que uma oposição real ao seu conteúdo, destacam a força crescente do conservadorismo no país que quer prevalecer nas urnas. “O decreto tem um significado simbólico muito além do prático. O que está em jogo é uma disputa de hegemonia. E nós temos que encarar esse debate”, conclamou.

Críticas pela esquerda

Os jornalistas, ativistas e midialivristas que participaram do bate-papo rechaçaram as críticas à Política Nacional de Participação Social marteladas pelos setores de direita, mas também fizeram duras cobranças ao governo. Para a maioria, o projeto só terá efetividade se for combinado com outras políticas públicas como a de democratização da mídia, cuja discussão está interditada desde que a presidenta Dilma assumiu a presidência, e a Política Nacional de Banda Larga, estagnada nos gabinetes do Ministério das Comunicações.

Os militantes destacaram também que, para que o projeto ganhe mais respaldo de setores da sociedade civil, é preciso que, primeiro, conquiste o compromisso de ser implantado por todos os setores do próprio governo.

“Um dos problemas é que esta política não é hegemônica nem dentro do governo. No campo dos movimentos de democratização da comunicação, a dificuldade não é entender o quanto ela é importante, mas saber o quanto há decisão política do governo para que esta política saia do papel”, verbalizou Bia Barbosa, da coordenação do Coletivo Intervozes e da executiva do Fórum Nacional de Democratização da Mídia.

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