Álvaro García Linera, vice-presidente da Bolívia, apresentou conquistas e desafios postos ao governo de Evo Morales, primeiro indígena a chegar à Presidência do país vizinho, durante o debate “Bolívia: Dez anos de transformações políticas, étnicas e sociais”, organizado pelo Instituto Lula nesta segunda-feira (5), em São Paulo. Linera integrou mesa que incluiu ainda o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Luiz Dulci e Clara Ant, diretores do Instituto Lula.
Apesar do aprofundamento da crise econômica mundial, que derrubou tanto preços de combustíveis como das commodities e fragilizou a economia em toda a América Latina, a Bolívia acumula resultados positivos na última década. Desde que Morales foi eleito pela primeira vez, em 2006, a economia cresceu 300% em ritmo de expansão do PIB superior a 5% ao ano, enquanto a desigualdade despencou: se, em 2005, os 10% mais ricos acumulavam patrimônio 170 vezes maior que o dos 10% mais pobres, hoje, a elite econômica boliviana tem riqueza “apenas” 70 vezes maior que o dos mais pobres – um número duas vezes maior do que o objetivo do governo Evo para a próxima década, que é reduzir a distância entre décimo mais rico e décimo mais pobre da sociedade para uma proporção de 35 para 1.
A Bolívia ostenta ainda uma dívida do Estado de somente 19% do PIB, que, aliada a reservas internacionais no valor de 50% do PIB nacional, garantem que o Estado boliviano tenha uma margem de manobra fiscal cada vez mais rara desde o início da crise econômica em 2008.
A um público composto por gestores públicos, parlamentares, acadêmicos, militantes partidários e de movimentos sociais ou sindicais, Linera descreveu os cinco pontos programáticos para conquistar esses resultados. Para o vice-presidente, foram essenciais para o processo boliviano: 1) a ressignificação da democracia, de forma a incentivar a deliberação popular e comunitária sobre assuntos de Estado, em especial com reconhecimento e empoderamento das comunidades indígenas, organizadas em governos locais; 2) o debate sobre que tipos de posicionamentos um movimento ou partido com objetivos revolucionários pode adotar à frente do Estado; 3) a ousadia como valor maior da política econômica, em especial pela defesa dos mais pobres; 4) a luta permanente pela hegemonia cultural nos espaços de atividade e formação política, sem “internar-se” no interior de um governo; e 5) o processo de ascensão de governos progressistas a nível continental, que garantiu estabilidade para a realização de mudanças sociais em diversos países.
Em oposição a essas diretrizes de mudança social, há um modelo de democracia administrativamente conservadora, com política econômica heterodoxa, que concentra riqueza e privatiza bens comuns, regida por partidos sem capilaridade social e cuja prioridade máxima é apenas manter-se no controle do Estado, sem revolucionar suas estruturas. São vícios que, segundo Linera, coexistem na direita conservadora e na esquerda acomodada.
“O socialismo não se opõe à democracia, pelo contrário. O socialismo é a radicalização da democracia”, afirmou o vice-presidente. “Na economia, por exemplo, tomamos decisões sobre as quais não tínhamos sempre certeza dos riscos, mas que valeram a pena porque atenderam aos mais desprotegidos. Sempre vale a pena quando se faz pelos mais pobres, pensando na melhoria de sua condição a longo prazo”.
Lula fez a fala de encerramento do debate, em que declarou-se “orgulhoso” por ter conduzido um governo parceiro dos vizinhos regionais do Brasil, que contribuiu com a estabilidade política e econômica do continente. Mas também fez um mea culpa. “Esse fenômeno [de governos progressistas simultâneos] que aconteceu em diversos países na nossa região, que não vimos no século 20 e estamos vendo agora no começo do século 21, tomara que continue. Não fizemos tudo que pudemos como governo e como partido para transformar nossas conquistas em uma relação de política internacional. Mas vamos fazer. O PT deve essa à América do Sul”, concluiu.
Apesar do aprofundamento da crise econômica mundial, que derrubou tanto preços de combustíveis como das commodities e fragilizou a economia em toda a América Latina, a Bolívia acumula resultados positivos na última década. Desde que Morales foi eleito pela primeira vez, em 2006, a economia cresceu 300% em ritmo de expansão do PIB superior a 5% ao ano, enquanto a desigualdade despencou: se, em 2005, os 10% mais ricos acumulavam patrimônio 170 vezes maior que o dos 10% mais pobres, hoje, a elite econômica boliviana tem riqueza “apenas” 70 vezes maior que o dos mais pobres – um número duas vezes maior do que o objetivo do governo Evo para a próxima década, que é reduzir a distância entre décimo mais rico e décimo mais pobre da sociedade para uma proporção de 35 para 1.
A Bolívia ostenta ainda uma dívida do Estado de somente 19% do PIB, que, aliada a reservas internacionais no valor de 50% do PIB nacional, garantem que o Estado boliviano tenha uma margem de manobra fiscal cada vez mais rara desde o início da crise econômica em 2008.
A um público composto por gestores públicos, parlamentares, acadêmicos, militantes partidários e de movimentos sociais ou sindicais, Linera descreveu os cinco pontos programáticos para conquistar esses resultados. Para o vice-presidente, foram essenciais para o processo boliviano: 1) a ressignificação da democracia, de forma a incentivar a deliberação popular e comunitária sobre assuntos de Estado, em especial com reconhecimento e empoderamento das comunidades indígenas, organizadas em governos locais; 2) o debate sobre que tipos de posicionamentos um movimento ou partido com objetivos revolucionários pode adotar à frente do Estado; 3) a ousadia como valor maior da política econômica, em especial pela defesa dos mais pobres; 4) a luta permanente pela hegemonia cultural nos espaços de atividade e formação política, sem “internar-se” no interior de um governo; e 5) o processo de ascensão de governos progressistas a nível continental, que garantiu estabilidade para a realização de mudanças sociais em diversos países.
Em oposição a essas diretrizes de mudança social, há um modelo de democracia administrativamente conservadora, com política econômica heterodoxa, que concentra riqueza e privatiza bens comuns, regida por partidos sem capilaridade social e cuja prioridade máxima é apenas manter-se no controle do Estado, sem revolucionar suas estruturas. São vícios que, segundo Linera, coexistem na direita conservadora e na esquerda acomodada.
“O socialismo não se opõe à democracia, pelo contrário. O socialismo é a radicalização da democracia”, afirmou o vice-presidente. “Na economia, por exemplo, tomamos decisões sobre as quais não tínhamos sempre certeza dos riscos, mas que valeram a pena porque atenderam aos mais desprotegidos. Sempre vale a pena quando se faz pelos mais pobres, pensando na melhoria de sua condição a longo prazo”.
Lula fez a fala de encerramento do debate, em que declarou-se “orgulhoso” por ter conduzido um governo parceiro dos vizinhos regionais do Brasil, que contribuiu com a estabilidade política e econômica do continente. Mas também fez um mea culpa. “Esse fenômeno [de governos progressistas simultâneos] que aconteceu em diversos países na nossa região, que não vimos no século 20 e estamos vendo agora no começo do século 21, tomara que continue. Não fizemos tudo que pudemos como governo e como partido para transformar nossas conquistas em uma relação de política internacional. Mas vamos fazer. O PT deve essa à América do Sul”, concluiu.
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Com apoio do Instituto Lula
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