sábado, 16 de agosto de 2014

Balanço Santos I – A verdade de uma desastrosa gestão para o povo

Por Allende la Paz
Santos visita a corregedoria de Juriakath em La Guajira que ilustra o abandono estatal e onde milhares de pessoas sofrem devido à seca e onde milhares de reses morreram. A foto mostra a outra irrealidade para o povo.
Em 7 de agosto de 2014 se produziu a posse do presidente Juan Manuel Santos II e com ela a imprensa oligárquica tratou –e trata- de “mostrar” os “excelentes” algarismos que evidenciariam a excelente gestão de JMSantos à frente do Estado colombiano. Essa celebração está baseada nas vidas e no sangue de centenas de colombianos que caíram sob as balas assassinas das forças militares-narco-paramilitares –civis não imersos no conflito interno- e a de centenas de soldados, policiais e guerrilheiros –combatentes todos- que morreram em ações de combate. Já de por si, ante estes sacrifícios não há motivo de regozijo senão, pelo contrário, motivo para realizar verdadeiras avaliações e daí impulsionar a fundo o processo de Paz da Mesa de Conversações de Havana. Não é com bravatas presidenciais, do ministrinho de guerra e dos militares como se consolida um processo que eles mesmos com suas estridentes declaratórias dizem que é impostergável a necessidade de uma Paz verdadeira em nosso país.
É claro que a imprensa oligárquica aproveitou para mostrar as “conquistas” alcançadas no período de Santos I. Mostraremos aqui que não há tais conquistas. Porém não o faremos sobre a base de discursinhos altissonantes, mas sim sobre a objetividade da realidade e suas estatísticas, estatísticas que, diga-se de passagem, têm sido distorcidas pela imprensa oligárquica.
Direitos Humanos:
O drama humanitário do qual padece o povo colombiano não cessa. Continua inalterável seu curso, apesar de estar discutindo em Havana uma saída política ao Conflito Interno, mais pelo querer do Governo, quem se nega a acordar um Cessar Bilateral de Fogos, o qual salvaria centenas de vidas que se perdem na guerra fratricida, do que pelo querer das FARC.
Colômbia registra quase 7 milhões de vítimas
« Paula Gaviria, diretora da Unidade de Atenção e Reparação das Vítimas, disse neste domingo, numa entrevista radiofônica, que em Colômbia há 5 milhões de deslocados, que representam 79% do total de afetados pela violência.
“Temos no registro único de vítimas, com data de corte ao 10 de dezembro, que há 5.966.041 pessoas, das quais 5 milhões são vítimas de deslocamento forçado”, afirmou a funcionária à emissora RCN, que acrescentou que muitas das pessoas que tiveram que deixar seus lares sofreram, ademais, outras vulnerações. »
O MOVICE nos diz que: “O movimento de vítimas, social e de direitos humanos documentou nos últimos 50 anos mais de 100.000 execuções extrajudiciais, 10.000 torturas, cerca de 6 milhões de pessoas deslocadas e, segundo o registro nacional de desaparecidos como desaparecidas ou em paradeiro desconhecido, 75.000 desaparecidos, dos quais se estima que 18.527 casos se ajustam à definição nacional de desaparecimento forçado. O governo indicou que durante 2012 foram dadas por desaparecidas ou consideradas em paradeiro desconhecido 5.965 pessoas e se presume que 113 destes casos são desaparecimentos forçados. A responsabilidade destes crimes é atribuída numa alta porcentagem a membros da força pública e à política de guerra suja adiantada pelos governos de turno; por isso reiteramos que o atual processo de paz deve contar com a participação plena das vítimas de crimes de Estado.
... Os escassos avanços na investigação dos crimes cometidos por agentes estatais permitiram que 2% dos casos fossem sancionados judicialmente, as investigações da promotoria e demais organismos para determinar a responsabilidade da perseguição ao movimento social não avança, não se contempla o tema de justiça e se segue tramitando marcos legais de impunidade como o marco jurídico para a paz que estabelece a não perseguição dos crimes de agentes estatais. O assassinato impune de mais de 70 reclamantes de terras, no Meta as ameaças aos familiares em deslocamento das vítimas do massacre de Mapiripan e Puerto Elvira e outros e outras reclamantes de terras, as limitações legais e burocráticas que obstaculizam a participação efetiva das vítimas”.
Os últimos dados informados falam de 5,7 milhões de deslocados internos, mais 500.000 refugiados em Venezuela e Equador e mais de 966.000 vítimas mortais, o qual nos daria uma escabrosa cifra que põe os pelos eriçados: 7’166.000 vítimas!
Desaparecimento forçado
Segundo as cifras do Instituto Nacional de Medicina Legal, em 31 de agosto de 2012, o total acumulado de desaparecidos era de 74.361 pessoas, das quais 18.638 seriam vítimas de desaparecimento forçado. Desde 7 de agosto de 2010 até 31 de agosto de 2012 foram denunciados 486 casos de supostos desaparecimentos forçados, dos quais 40 pessoas apareceram mortas, 68 vivas e de 738 se desconhece sua sorte e seu paradeiro. 104 casos correspondem a mulheres [25%], 382 a homens [57%] e 73 casos a crianças [18%] [33 meninas e 40 meninos].
Um informe revelado pelo Instituto de Medicina Legal assinala que 20.042 pessoas foram supostamente vítimas de desaparecimento forçado e que delas 366 apareceram vivas e 818 mortas, enquanto que do resto não se tem rastro, porém, segundo o registro nacional de desaparecidos, se informaram como desaparecidas ou em paradeiro desconhecido 75.000 desaparecidos, dos quais se estima que 18.527 casos se ajustam à definição nacional de desaparecimento forçado. O governo indicou que durante 2012 foram dadas por desaparecidas ou consideradas em paradeiro desconhecido 5.965 pessoas e se presume que 113 destes casos são desaparecimentos forçados. É de assinalar que, segundo o Informe Basta Ya [Já Basta], 97% dos desaparecimentos forçados são causados pelo Estado e seus funcionários, isto é, militares, policiais, agências secretas e narco-paramilitares.
Defensores de Direitos Humanos 
Evidentemente que a compilação das violações de direitos humanos não é uma política estatal e menos governamental, o qual explica a incompletude das cifras de violações de DH. Continuam os assassinatos e em 2013 foram assassinados, segundo a ONU, 39 defensores de direitos humanos, entre eles 3 mulheres.
Segundo a Comissão Colombiana de Juristas, «em 2013 as agressões individuais contra defensores[as] se incrementaram em 2.4% com relação a 2012, confirmando uma tendência dos últimos anos, e 78 defensores, defensoras, líderes e lideranças sociais membros de setores comunais, campesinos, indígenas, sindicais e de restituição de terras, a maioria habitantes de zonas rurais, foram assassinados, o que quer dizer que a cada 4 dias um[a] defensor[a] foi assassinado[a] em Colômbia.»
Por sua parte, Oidhaco assinala que 32 defensores foram assassinados em 2010, 49 em 2011, 69 em 2012 e 78 em 2013, para um total de 228 defensores de direitos humanos assassinados no quatriênio de Santos I.
Falsos positivos” ou execuções extrajudiciais
A continuidade dos «falsos positivos» não poderia ser a exceção, já que há que recordar que o atual presidente da Colômbia era o ministro de Defesa quando se apresentou em grau superlativo o fenômeno das execuções, ou «falsos positivos», o qual permitia às forças militares mostrarem que estavam «ganhando a guerra», quando, na realidade, estavam sacrificando filhos do povo que eram levados com enganações ao campo, assassinados ali e serem vestidos de camuflado e armá-los para apresentá-los como «guerrilheiros caídos em combate», ganhando os militares implicados «uns dias de licença».
De janeiro a agosto de 2013 a ONU constatou que 48 casos de «falsos positivos» foram passados da justiça ordinária à justiça penal militar, o que, somado ao escândalo do general comandante das forças militares que pedia ao coronel González, julgado, entre outros delitos comuns, por alguns casos de «falsos positivos», compor «uma máfia contra os juízes» civis, demonstra a verdadeira fachada dos funcionários estatais.
Segundo as cifras publicadas pelas ONG Coordenação Colômbia Europa Estados Unidos e Movimento de Reconciliação dos EUA, entre 2002 e 2010 se registraram 5.763 execuções extrajudiciais. Durante o governo de Uribe Vélez estes casos aumentaram em 101%, alcançando um máximo em 2007 e voltando a diminuir a partir de 2008, quando explodiu o primeiro escândalo dos «Falsos positivos», quando veio à luz que 29 jovens civis inocentes foram assassinados pelo exército, fazendo-os passar por guerrilheiros mortos em combate.
«...o Governo anunciou o maior expurgo nas fileiras castrenses. O número de expedientes catalogados como homicídios em pessoa protegida na Procuradoria Delegada para os Direitos Humanos difere em quase 800 casos com o informe que o próprio procurador Alejandro Ordóñez entregou à ONU em setembro de 2009.
Esta estatística informava ao relator especial da ONU para as execuções arbitrárias, Philip Alston, a existência de 1.274 expedientes para a suspeitosa morte de 1.386 pessoas; no entanto, o referido documento hoje não tem validade para o organismo essa mesma procuradoria.
Uma comissão especial –composta pelo hoje diretor de Medicina Legal, Carlos Valdés, e pela magistrada de Justiça e Paz Alexandra Valencia, entre outros- elaborou em 2009 o informe que a Procuradoria entregou à ONU. Informaram da existência de 1.274 expedientes com 2.965 militares investigados. Só nas Segunda e Quinta Divisões havia 150 oficiais vinculados. Nesse momento, a ONU advertiu pela impunidade que cercava as investigações.»
Violência contra sindicalistas
“Se bem que a quantidade de sindicalistas que foram assassinados anualmente nos últimos anos é menor em comparação com uma década atrás, continua sendo elevada: 47 sindicalistas foram assassinados em 2009, 51 em 2010, 30 em 2011 e 12 entre janeiro e 15 de setembro de 2012, segundo dados da Escola Nacional Sindical [ENS], a principal ONG colombiana dedicada ao monitoramente dos direitos sindicais. Se registraram ameaças contra sindicalistas em forma estendida: a ENS informou 539 casos em 2011 e 255 entre janeiro e 15 de setembro de 2012”.
Colômbia é o país mais perigoso para se exercer a atividade sindical. No ano de 2012 foram assassinados 20 sindicalistas, e neste 2013 foram assassinados 26 sindicalistas. Ademais, os sindicalistas são vítimas de sequestros, ameaças e outras violações aos direitos humanos.
A impunidade do Terrorismo de Estado contra sindicalistas é generalizada: Colômbia obteve condenações em menos de 10% dos mais de 2.900 assassinatos de sindicalistas informados pela ENS desde 1986. Destes casos, só em 25% se estabelece o autor material e em 7,8 a autoria intelectual.
O acumulado do governo Santos I é de 128 sindicalistas assassinados durante os quatro anos em que o presidente Santos esteve na Casa de Nariño. Assim, a conta-gotas, continua o Terrorismo de Estado massacrando aos lutadores populares.
Modelo Social
Um de cada 3 trabalhadores em Colômbia vive com menos de 300 mil pesos mensais, diz a ENS. O documento assinala que 24 por cento da população que trabalha, umas 5 milhões 200 mil pessoas, continuam percebendo abaixo do salário mínimo
E apesar de que a tabela mostra que em Colômbia a imensa maioria dos trabalhadores sobrevive com rendas precárias, o Diretor do DANE, Mauricio Perfetti, cinicamente diz que durante o último ano aumentou em 0,7% o número de colombianos com rendas médias. Em dezembro de 2013, 10,2% dos assalariados recebiam entre 2 e 4 salários mínimos, isto é, até 2 milhões e meio de pesos mensais. Um ano atrás, em dezembro de 2012, a porcentagem era de 9,5%.
Mas as carências da população são de todo tipo: carência de moradias [2,5 milhões de famílias sem teto Versus 100.000 casas grátis são o ridículo “pano de água morna” do governo atual. O anterior nem sequer isso lhe preocupou], carências de aqueduto [vergonhosamente, Colômbia tem 17% da população sem água potável], mortalidade infantil de menores de 5 anos em cifras de 17 por mil [Cuba, esse odiado país onde se distribui a riqueza criada por seu povo, está em 4 por mil, acima dos Estados Unidos e Canadá!], Metas do Milênio não cumpridas etc etc, e agora estados como La Guajira estão morrendo de sede e desnutrição.
Alguns de outros índices –para não assinalar os tradicionais de desemprego, pobreza etc- são:
  1. O segundo país do mundo com mais problemas ambientais.
  2. O último país do mundo nas provas PISA.
  3. O país mais desigual de Latino-América.
  4. O segundo país, depois de USAmérica, com mais doentes mentais.
  5. Mais de 900 pessoas queimadas com ácido nos últimos anos.
  6. Só ganhamos do Haiti em educação escolar.
Movimentos e protestos sociais
Os protestos sociais em Colômbia foram prolíficos em 2013. A ONU fala da mobilização de 250.000 pessoas, porém nossas contas ultrapassam essas cifras, já que a Paralisação Nacional Agrária e Popular e a Manifestação de 9 de abril de 2013 mobilizaram mais de 5 milhões de pessoas. A resposta estatal foi o desconhecimento e a repressão. Foram detidas 837 pessoas e estão na prisão 54, o que, somado às vítimas mortais, nos mostra um Estado genocida: 9 manifestantes e 5 transeuntes mortos a bala, ademais de 1 policial e um motociclista que morreu por um acidente nos bloqueios, nos projetam que 15 pessoas resultaram mortas.


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