quinta-feira, 7 de maio de 2015

A 15 anos do Movimento Bolivariano.

“…Temos o dever de contribuir para resgatar o espírito bolivariano em meio ao matagal mentiroso da interpretação oficial e pró-imperialista de sua obra, com o propósito de tornar viva sua imagem às massas populares da América. São elas as herdeiras legítimas de seu ardente pensamento genitor, e o limo fecundo que há de encarná-lo e multiplicá-lo na hora de agora e na história dos séculos”.
Gilberto Vieira.
Se cumpre hoje o décimo quinto aniversário do lançamento do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia. Um movimento político amplo porém clandestino que surgiu numa data como hoje em 2000 durante o Processo de Paz que se adiantou em San Vicente del Caguán.
O Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia continua reunindo povo na clandestinidade, agitando suas brancas bandeiras de paz e o amarelo, azul e vermelho tremulando na luta pela pátria do futuro, a que sempre queremos em paz, com democracia, com dignidade e com soberania.
Em Havana, também estamos construindo a nova história da Colômbia.
Quanta razão tinha em suas palavras o legendário guerrilheiro Manuel Marulanda Vélez quando, dirigindo-se naquele 29 de abril de 2000 a milhares de homens e mulheres e à juventude reunida, manifestou:
“Este encontro vai ser histórico em Colômbia pelo surgimento de um novo Movimento onde todos, sem distinções políticas, raças ou credos possam agrupar-se para defender seus interesses econômicos e sociais, com a certeza de que estamos abrindo caminhos para uma nova democracia, sem o temor de ser assassinados pelo Estado, e ao mesmo tempo lutando contra a intervenção dos Estados Unidos em nossos assuntos internos...”
E, por sua vez, o comandante Alfonso Cano, chefe desse Movimento Bolivariano que começava a desdobrar sua potência transformadora, quando explicou a proposta política como um instrumento civil, amplo, poli classista, orientado para a conquista do poder, para o ressurgimento da Colômbia sob uma nova ordem social justa, com umas Forças Armadas inspiradas no espírito de nosso Libertador, garantidores da liberdade, da soberania e das conquistas sociais.
“As práticas do exercício político –dizia o Comandante Cano naquela ocasião- devem transformar-se, mudando o que Gaitán chamou os “velhos costumes da pequena mecânica política” para dar passagem ao exercício de uma democracia essencialmente direta, onde as execuções dos administradores da coisa pública se correspondam estritamente com a vontade popular. Construir o Quarto Poder ou o Poder Moral, como ensinou nosso Libertador, a partir do povo, para erradicar a corrupção e assinalar direções éticas certas aos administradores e à própria sociedade. Fazer da liberdade de imprensa uma realidade que impeça o monopólio, a manipulação e a desinformação. Revogar o mandato de todos os politiqueiros responsáveis pelo caos atual e alicerçar precedentes exemplares que erradiquem a impunidade das arbitrariedades que foram exercidas a partir do poder contra a nação inteira”.
“...O rosto semioculto do Libertador Simón Bolívar que faz parte da presidência deste ato e que descobre seu nobre e profundo olhar, -dizia o imolado comandante-, significa que o novo Movimento Político terá um funcionamento clandestino. A amplitude dos objetivos a conquistar não ocultam os perigos que pairam sobre sua existência.
Não repetiremos a experiência da União Patriótica onde a heroicidade de seus integrantes e a generosidade que caracterizou seu compromisso foram brutalmente abatidas pelas Forças Armadas oficiais em trajes civis, até praticamente fazê-la desaparecer”.
...Assim que todos e cada um dos integrantes do Novo Movimento terão uma atividade dentro do setor social onde viva, trabalhe ou estude, sem que seja de público conhecimento seu pertencimento político. Como todos os bolivarianos, deverá fazer esforços por colocar-se à frente das lutas pelas reivindicações do povo e só compartilhará seu segredo com os poucos companheiros que lhe sejam destinados para trabalhar. Ninguém mais será conhecedor de seu pertencimento bolivariano”.
“Difícil?, se perguntava o comandante, certamente sim, porém todos devemos relembrar que são os inimigos do poder os que impuseram as condições. Se as circunstâncias políticas mudam positivamente pela ação popular ou o processo de diálogos avança significativamente, ou se crescemos até ser maioria atuante e combativa, analisaremos a conveniência de novas formas de trabalho e de organização”.
Dentro de tais lineamentos tem marchado o Movimento Bolivariano durante estes 15 anos, aspirando a poder em algum momento mostrar seu rosto pleno porque se abriram em Colômbia as amplas avenidas da democracia.
Como diz a Carta de Reunião do MB: esta nova construção política alternativa é um movimento amplo, sem estatutos, regulamentos, nem discriminações, com exceção dos inimigos do povo. Não tem escritórios e sua sede é qualquer lugar da Colômbia onde haja inconformistas. No Movimento Bolivariano cabem todos os patriotas que sonhem com a concretização do pensamento político e social do Libertador. “Sua base a constituem milhões de colombianos vinculados aos núcleos clandestinos, de múltiplas e variadas formas como círculos, juntas, oficinas, famílias, uniões, irmandades, grupos, clubes, associações, conselhos, mesas de trabalho, mingas, confrarias, comitês e todas as formas que a bem tenham seus integrantes adotar e que, a seu ver, lhes garanta o segredo de pertencimento e a compartimentação”.
Hoje, a 15 anos de seu lançamento lá no Caguán, estamos renovando esse chamamento:
Todas e todos os que se sintam bolivarianos venham com nós outros, que o Movimento Bolivariano é uma imensa bandeira ao vento que segue em construção e que poderia ter neste momento a possibilidade histórica de dar o salto à luta política aberta, sempre e quando, como dissera Alfonso, AS CONDIÇÕES O PERMITAM.
É necessário, então, levar adiante este processo de paz que acendeu novamente a chama da esperança.
A unidade nos está dizendo nas mobilizações populares e em todos os rincões da pátria inconformista que é factível um triunfo popular se nos levantamos como um só punho de indignação frente ao mau governo.
A Colômbia pode ser governada de outra maneira. E isso é o que as FARC-EP queremos. Nos perguntamos: Por que têm que reger nosso destino as mesmas castas oligárquicas de sempre?
Estamos fatos de corrupção, de magistrados corruptos, de sistemas eleitorais fraudulentos, da entrega de nossas riquezas e nossa soberania às transnacionais, de arbitrariedades do poder e da brutal repressão, sim; porém, também sabemos que “não há melhor maneira de alcançar a liberdade que lutar por ela”.
Temos a certeza na vitória da reconciliação dos colombianos e é por isso que convocamos à rebeldia da juventude, às mulheres descendentes da Pola, aos campesinos, aos povos indígenas e comunidades negras, aos trabalhadores e desempregados, aos acadêmicos, aos policiais e militares bolivarianos, aos que queiram pátria soberana, a todos eles os convidamos a reunir-nos neste Movimento que nasceu há 15 anos em San Vicente del Caguán, como um instrumento de todos e todas para mudar a política, a economia, a educação, em favor da justiça social e do humano, com o sentimento de solidariedade que todos levamos por dentro.
Vamos, pois, pôr nosso peito nesse ideal, à restauração moral da República, confluindo na imensa exuberância da Constituinte, com sua força transformadora que há de abrir passagem à materialização do Tratado de Paz que todos desejamos que ponha fim a esta guerra, de um tratado de paz que nasça das mãos do povo colombiano que é o máximo poder soberano que nossa nação tem.
Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia.
La Habana, Cuba, 29 de Abril de 2015.
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Equipe ANNCOL - Brasil

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