Essa
via fechada violentamente é a que devemos abrir entre todos e todas
com a força da razão.
A
proposta de paz com justiça social, democracia popular, ainda que
cheire a pleonasmo, e soberania, sustentada pelas FARC-EP desde sua
gênese, explica sua presença na Mesa de Conversações em Havana.
Sua
convicção na saída dialogada não é um novo invento e muito menos
produto de uma suposta derrota militar. A
Missão de sua Delegação de Paz não tem fins retorcidos nem
duplos. Algo difícil de entender por aqueles que fazem de sua vida
um enredo de calúnias.
Perdem
seu tempo e esforços os pseudo analistas buscando explicações
diz-que profundas a um fato singelo, que consiste em que a luta
revolucionária da organização guerrilheira não implica a guerra
como um fim, já que a guerra foi imposta pelo estabelecimento e seus
determinadores estrangeiros.
No
Programa Agrário dos Guerrilheiros, primeiro documento oficial das
FARC-EP, proclamado a 20 de julho de 1964 no fragor da resistência
em Marquetalia, se explica com clareza o porque da luta armada e os
pretextos assumidos pelo regime para a agressão, quando diz:
“Nós
outros somos revolucionários que lutamos por uma mudança de regime.
Porém queríamos e lutávamos por essa mudança usando a via menos
dolorosa para nosso povo: a via pacífica, a via democrática de
massas. Essa via nos foi bloqueada violentamente com o pretexto
fascista oficial de combater supostas ‘repúblicas independentes’
e como somos revolucionários que de uma ou outra maneira jogaremos o
papel histórico que nos corresponde, nos restou buscar a outra via:
a via revolucionária armada para a luta pelo poder”.
E
o pretexto variou com o passar do tempo, de repúblicas independentes
cabeça de praia do comunismo internacional passamos a ser
narcoguerrilhas e depois claramente narcotraficantes, depois ameaça
terrorista, narcoterroristas e por último simplesmente bandidos.
Sempre na ideia de vedar toda possibilidade de expressão da legítima
rebeldia que encarnamos.
De
passagem, o Programa Agrário informa do fracasso das gestões para
evitar a guerra, ao afirmar:
“Nós
outros batemos em todas as portas possíveis em busca de auxílio
para evitar que uma cruzada anticomunista, que é uma cruzada contra
nosso povo, nos conduzisse a uma luta armada prolongada e sangrenta”
E
há que dizê-lo com toda franqueza, faltou força para acabar com o
propósito de extermínio e o sonho de solucionar com operações
militares os problemas sociais e políticos. Os pobres da Terra se
expressaram, também intelectuais de estatura mundial, o âmbito
cultural se solidarizou, porém foi insuficiente, os ricos de
Colômbia foram insensíveis a essas manifestações, tal como hoje
setores dessa oligarquia o são e por isso cobiçam descarrilar o
processo de diálogos.
A
Guerrilha Fariana nasce empunhando a bandeira da paz com todo vigor.
Também
se revela a violência sustentada no tempo contra o povo e suas
organizações, pois conta como: “Contra
nós outros se desencadearam no curso dos últimos anos quatro
guerras: uma, a partir de 1948; outra, a partir de 1954; outra, a
partir de 1962; outra, a partir de 18 de maio de 1964, quando os
Altos Mandos declaram oficialmente que nesse dia começava a
‘Operação Marquetalia’.”
Algo
que corroborou o informe da Comissão Histórica do Conflito e suas
Vítimas, uma de suas muitas contribuições ao esclarecimento da
verdade histórica.
--
Equipe
ANNCOL - Brasil
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