La
Habana, sede dos Diálogos de Paz, 3 de junho de 2015
Nos
encontramos uma vez mais os que representamos as FARC-EP
nos
diálogos de paz de Havana, com os plenipotenciários do
governo
da Colômbia. O propósito de agora é continuar
atendendo
nosso compromisso com a reconciliação
nacional,
com a verdade, com as vítimas e sua reparação
integral,
e chegar também à formalização de acordos de
não
repetição. Se trata de continuar a marcha para a paz.
Todos
conhecem o porque de nossa presença em Cuba. Após
décadas
de guerra, nenhuma das partes do conflito conseguiu
derrotar
a outra; quer dizer, nenhuma foi vencida. Em pé de
igualdade
e frente às umas mesmas obrigações e deveres que
surgem
do Acordo Geral para a Terminação do Conflito subscrito a
26
de agosto de 2012, os contendores devemos continuar firmes e
resolutos
a dar cumprimento à Agenda de Conversações
amplamente
conhecida.
O
ambiente, no entanto, está carregado de nuvens escuras e
densas
que vêm obscurecendo o caminho que nos resta por andar
para
chegarmos sem mais contratempos à meta já projetada.
Deploramo-lo.
Porém, não fomos os responsáveis pela
terminação
do cessar-fogo unilateral e por tempo
indeterminado
declarado por nós outros no dia 17 de
dezembro
de 2014. Durante mais de cinco meses o
mantivemos
com disciplina, gesto que conduziu à redução
de
pelo menos noventa por cento das ações de guerra.
Ainda
que este resultado é reconhecido por próprios e estranhos, o
certo
é que pôde mais o caráter arrogante de quem, como ministro
de
Defesa, considerou que o êxito da trégua era sua derrota.
De
tal maneira que, sob o pretexto de uma ação defensiva das
FARC-EP
sucedida a 14 de maio do presente ano em Buenos Aires,
Cauca
–da qual somente agora começa a aflorar a verdade dos
fatos-,
lançou a selvagem retaliação que ocasionou o massacre de
dezenas
de guerrilheiros que permaneciam em seus
acampamentos
atendendo a ordem de alto ao fogo.
Jairo
Martínez e Emiro Jiménez, dois de nossos
negociadores
em Havana destacados para realizar tarefas
de
pedagogia de paz entre nossos combatentes e que
haviam
sido postos em terra colombiana em
desenvolvimento
de protocolos combinados com o governo,
caíram
abatidos em Cauca e em Chocó enquanto realizavam
sua
tarefa. Junto com eles morreram outros valiosos combatentes
e
também Román Ruiz, comandante da 18ª Frente e
integrante
do Estado-Maior Central das FARC-EP.
Não
nos é estranho, então, que hoje nos encontremos num
ponto
de recrudescimento da confrontação por decisão de
uma
contraparte que, frente a nosso gesto de paz,
amplificou
seu grito de guerra. Estamos onde o governo quis
nos
colocar, conhecedor das consequências: nesta contenda
armada
assimétrica e absurda, certamente, não íamos nos deixar
matar.
Porém
temos, ademais, o infortúnio de que, neste contexto não
desejado
por nós outros, muitos fatos são atribuídos às FARC
ainda
que não o sejam, parecendo-se mais a uma pesca em rio
revolto
de uma extrema-direita, que não quer o progresso dos
diálogos
porque teme mais à verdade do que ao cárcere.
Não
obstante o acima exposto, ao finalizar a rodada que hoje
inicia,
paralelamente a nossa disposição de desescalar o conflito,
começando
para que ninguém se deixe contagiar pela linguagem
guerreirista
do anterior ministro de Defesa, que nada resolve,
temos
a aspiração de dar boas notícias a nosso país e ao mundo,
al
redor do tema de Vítimas e da Comissão para o Esclarecimento
da
Verdade, da Convivência e da Não Repetição –se a contraparte
mostra
igual determinação-, para concretizar o texto de um novo
acordo.
O Cessar-Fogo Bilateral, que é vida para o processo,
não
pode continuar sendo reprimido com argumentos
inconsistentes.
DELEGAÇÃO
DE PAZ DAS FARC-EP
--
Equipe
ANNCOL - Brasil
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