O
processo de paz ingressa num momento crucial a partir do próximo 20
de julho, quando se fará efetiva a trégua determinada pelas Farc,
que o governo do Presidente Santos disse que acompanhará com ações
recíprocas para alavancar os acordos e consensos na Mesa de
Conversações de Havana. Novas linguagens e uma paciente, massiva e
prolongada pedagogia de paz são ingredientes para aprofundar a
tarefa de terminação do conflito social e armado. A desescalada que
se anuncia, que o país inteiro espera com otimismo, deverá criar um
clima de tranquilidade para o processo eleitoral em curso para
escolher as autoridades locais.
A
partir da segunda-feira 20 de julho, a Colômbia viverá um novo e
histórico ciclo de paz e tranquilidade tão logo se avance na
desescalada da guerra e da destruição com a entrada em vigor da
trégua unilateral ordenada pelas Farc, que foi suspensa desde 22 de
maio, devido as operações militares da Força Aérea, infiltrada
pelo uribismo, a qual executou bombardeios aos acampamentos
guerrilheiros, onde morreram várias dezenas de membros da
resistência campesina revolucionária.
Nos
próximos 4 meses, a sociedade regressará ao clima registrado desde
dezembro de 2014 até maio, em que os fatos violentos, por razões
políticas, diminuíram radicalmente.
A
desescalada recíproca da guerra, nos termos da decisão tomada pelas
partes, contará nesta ocasião com a presença de um delegado das
Nações Unidas e de outro da Presidência da Unasul, expertos na
verificação e monitoramento de tais situações, sem que seja
necessária a concentração e o confinamento pressionados pela ultra
direita uribista, à qual a paz se sobrepôs deixando-a sem
argumentos e sem a manipulação grotesca da violência para obter
dividendos políticos. Ficaram sem combustível estes mercadores da
morte.
Convém
assinalar que os 4 meses projetados para que as negociações de paz
de Havana avancem com agilidade não são um prazo fatal para reviver
a conhecida fórmula da paz express. Do que se trata é de melhorar a
capacidade de trabalho na Mesa de diálogos, de tal maneira que
funcionem simultaneamente comissões que atendam e avanços nos temas
associados com o fim do conflito, da referenda e verificação do
cumprimento dos acordos gerais a que se chegue.
Um
elemento central no novo período do processo de paz se relaciona com
âmbitos de ordem simbólica e conhecimento mais certeiro dos avanços
e conquistas da paz, por parte de milhões de colombianos, para dessa
forma superar o ceticismo e a indiferença que a vulgar cizânia e a
manipulação midiática dos mais caracterizados inimigos da paz
produzem, articulados na delirante ultra direita fascista que Uribe e
Ordoñez lideram.
Nesse
sentido se sugeriu, pelo Presidente Santos, em outro gesto de
sensatez que se lhe deve reconhecer, desescalar as linguagens
recorrendo a formas e expressões verbais e semânticas que estimulem
um clima de convivência e respeito entre os adversários. Se trata
de avançar num “giro linguístico” que recolha as novas
realidades que se quer construir para superar 50 anos ou mais de
polarização com insultos e aberrantes macartismos, ressaca da
guerra fria. Nesse sentido, é pertinente considerar que no terreno
da paz democrática e com justiça social as decisões de um sujeito
não se acham motivadas tanto por seus interesses materiais como
pelos recursos culturais através dos quais concebe seu espaço e
determina sua ação. Alterados esses recursos mediante uma
ressignificação com mudanças na linguagem, se quer que a forma em
que esse sujeito compreende seu contexto e dirige sua ação mude. É
nesse nível, o da semântica e o dos imaginários coletivos, onde a
paz tem que aspirar a intervir através do projeto objetivo e ético
da comunicação, com a finalidade de criar um novo sentido comum
capaz de inspirar consensos mais inclinados à paz, em contraposição
ao crescente ceticismo que a direita e sua falsimídia estimula
estimulam.
De
igual maneira se pede à Mesa de diálogos que promova uma ampla
pedagogia da paz. O que se pretende consiste num dispositivo
educativo que leve a mensagem da paz a milhões de cidadãos; que
adiante sua formação nos conteúdos de nossa paz. Que esclareça
para a sociedade as vantagens que para a mesma trará que a Colômbia
supere a guerra civil que a destrói e mata.
A Mesa
de Havana deve recorrer a todas as ferramentas e infraestruturas à
sua disposição para converter a nação inteira numa grande escola
da paz. Os meios de comunicação, a televisão, a rádio, os
sistemas impressos, as editoras, os jornais, as igrejas, as escolas,
os colégios, o Sena, as universidades, os espaços públicos, a
família, as sedes comunitárias, os hospitais, os cárceres, as
redes sociais e todos os cenários de deliberação devem ser
incluídos nesta grande campanha de pedagogia pela paz.
Finalizemos
dizendo que acerta o Presidente Juan Manuel Santos ao destacar o
ambiente pacífico em que transcorrerão as eleições locais e
regionais de 25 de outubro do ano em curso. Os inimigos da paz
ficarão isolados porque o povo em sua maioria dará um novo
impulsionamento ao fim da guerra, que é o insumo do qual se alimenta
o guerreirismo uribista.
Há
que eleger centenas de prefeitos, vereadores, edis, deputados e
dezenas de governadores comprometidos com a paz e a transparência.
Não
mais máfias parapolíticas e violentas que despojem os patrimônios
públicos e promovam a guerra.
Equipe
ANNCOL - Brasil
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