sábado, 11 de julho de 2015

erá Santos destituído por Vargas lleras?

Por Horacio Duque Giraldo
O atual impasse do processo de paz afetado pela crise do regime santista se toma como pretexto para promover mudanças na Casa de Nariño que facilitem o acesso antecipado do vice-presidente Vargas Lleras ao primeiro cargo do Estado em nome de uma coalizão direitista e ultra direitista com os militares como sócios principais. Uma constituinte soberana com Cessar-Fogo bilateral é a rota adequada para pôr fim ao prolongado conflito armado nacional.
Tudo pode suceder. Exemplos não faltam na história política nacional. O campo político é muito etéreo, ou líquido, como dizem hoje os partidários do pós-modernismo. Na política, como no resto da existência humana, todo sólido se desmancha no ar, como diria Marx. O que hoje não serve, como Santos e seu regime, igualmente se pode descartar em coisa de horas. Isso não tem complicações.
O espaço político colombiano é a estrutura da oligarquia dominante no Estado. O regime de poder reflete os interesses de minoritários núcleos sociais que monopolizam a terra, os bancos, o sistema financeiro, a indústria, o comércio internacional, o excedente social, os orçamentos públicos e as fontes sociais mais importantes do poder. Uma soberba camarilha controla as molas da submissão de milhões de colombianos afundados na pobreza, na miséria, na ignorância e na exclusão social.
As redes de poder materializadas no Estado, no governo, nos partidos, nos meios de comunicação, nas igrejas, nos poderes legislativos, judiciários, nas governadorias, nas prefeituras, constituem a infraestrutura mais preciosa, o patrimônio estratégico fundamental dos donos do país.
Disso não descuidam. Protegem-no até à morte.
O processo de paz em curso em Havana com os acordos e avanços alcançados, com seus impactos democráticos e incidência na mobilização popular, certamente representam hoje o maior desafio aos poderes tradicionais. Se trata de uma complexa estrutura que cabalmente reflete os amplos alcances da potência da resistência popular revolucionária.
A paz neoliberal de Santos, a que não quer que se toque no modelo do Plano de Desenvolvimento, faz água e a última entrevista do senhor Humberto De La Calle intenta um inventário falsificado para justificar a rota de sua extinção.
Os diálogos de paz estão em crise como consequência das grosseiras manipulações oficialistas e o vantajismo do esquema santista enfileirado a tirar lucros para exterminar a contraparte. Vantajismo que se quer ampliar com os mesmos currais uribistas de concentração guerrilheira, em áreas isoladas, os mesmos que maravilham e alucinam a De La Calle.
Como queira que Santos e seu governo vivem a mais complicada encruzilhada em consequência da estrepitosa queda de sua aceitação cidadã e do agravamento dos problemas econômicos e fiscais, agora mais enredados com o triunfo do NO na Grécia, vão surgindo hipóteses e se embaralham cenários de governança que impeçam a paralisação na tomada de decisões do mecanismo de gestão governamental oligárquica.
Nesse sentido, a ata/entrevista de De La Calle é mais a projeção de uma ambição pessoal no sutil jogo para corrigir o vazio que evidencia o esgotamento do santismo. Pretextando o colapso da paz, há uma febril luta de facções pelo poder e Vargas Lleras se perfila como o personagem indicado para reagrupar na Presidência o arco da direita e da ultra direita militarista, numa nova conspiração da guerra e da paz dos cemitérios.
Evidentemente, esse é um projeto retrógrado para superar o atual impasse político derivado do agravamento da guerra civil.
A outra proposta é a da Constituinte, que requer o passo prévio do cessar-fogo bilateral permanente e definitivo.
A Constituinte é a garantia das vítimas, da paz, da terra para o campesino, da democracia ampliada e de uma justiça que seja implacável com os criminais que alimentaram e feito por décadas a guerra contra o povo, de uma justiça que não seja o outro instrumento de vingança e ódio das oligarquias contra a resistência campesina e revolucionária e seus dirigentes, por mais que se disfarce como um plano transicional para liquidar a liderança agrária.

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Equipe ANNCOL - Brasil



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