quarta-feira, 23 de setembro de 2015

FARC saúdam ao Papa Francisco

La Habana, Cuba, sede dos Diálogos de Paz, 21 de setembro de 2015


Querido Papa Francisco



Das montanhas da Colômbia, trazemos para o Papa irmão dos pobres, missionário da paz e da concórdia, ao pontífice que ama e mantém a criação, a saudação de milhares de guerrilheiros e guerrilheiras das FARC, que hoje travam em Havana a mais bela das batalhas que um combatente possa travar: a da paz para todo um povo.



Ainda que alguns nos percebam como sonhadores, ou demasiado otimistas, cremos, ou melhor, temos fé, Sua Santidade, em que estamos nos acercando da reconciliação da Colômbia, depois de seis décadas tristes de conflito armado. Efetivamente: “Não temos direito a nos permitir mais outro fracasso neste caminho de paz e reconciliação”.



Temos razões poderosas para a esperança. Após a aprovação de três acordos parciais, referentes à reforma rural integral, ampliação da democracia, e solução ao problema das drogas de uso ilícito, estamos próximos de combinar uma jurisdição especial para a paz.



O combinado acelerará, sem dúvida, o entendimento na Mesa em torno a temas como o Cessar-Fogo e de Hostilidades, o desmonte do paramilitarismo, a deixação das armas, e a transformação das FARC em movimento político. Queremos redobrar a marcha para uma Nova Colômbia sem exclusões nem desigualdade, onde o ser humano possa viver com dignidade.



A VERDADE é o elemento central da jurisdição especial para a paz; a verdade no sentido da prédica de Jesus –a que nos fará livres-, a verdade que cicatrize as feridas das vítimas do conflito e de toda a sociedade, no marco de uma concepção restaurativa, de perdão e convivência.



Não queremos que as futuras gerações tenham que sofrer e padecer o que vivemos: não mais despojo violento de terras e campesinos, não mais deslocamentos forçados, nem fornos crematórios, nem esquartejamento com motosserras de pessoas vivas por paramilitares. Nunca mais o extermínio de uma força política, nunca mais o assassinato de dirigentes do movimento social, nem políticas econômicas desumanizadas, não mais perseguição nem mais exílio... Paz e reconciliação para a família colombiana.



O perdão está acima da Lei de Talião, do sentimento de vingança que nubla a razão; o perdão deve ser a base da convivência e da instauração da não violência e da solidariedade. Por isso quiséramos pedir-lhe, hoje, Papa Francisco, que continua difundindo a boa-nova da paz em Colômbia, que contribua para realizar uma jornada nacional de contrição em que todos os atores do conflito –combatentes e não combatentes- ofereçamos verdade, reconheçamos responsabilidades e nos comprometamos em um NUNCA MAIS.



Por intercessão da Virgem da Caridade do Cobre e a limpa condução de sua direção revolucionária que se inspira na liberdade, há de seguir o povo cubano construindo sua sociedade digna e soberana, que, solidária com os povos do mundo, agora oferece com absoluta disposição sua gestão altruísta, inclusive seu território, para ajudar a buscar a paz da Colômbia. “Aquele que semeia amor colhe amor, e quem semeia amor, amor terá”.



A presença do missionário da misericórdia nesta terra de gente bondosa, profundamente espiritual e solidária, é alento para acrescentar a esperança num mundo melhor, no qual os laços de amizade entre os povos se fortaleçam, superando muralhas e bloqueios. Com certeza, a passagem do Papa Francisco pelas Antilhas e pelas Américas renovando a fé, o respeito, a misericórdia e a reconciliação é uma oferenda inestimável e uma motivação enorme para os corações daqueles que escutamos sua palavra ansiando pela paz.



DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP




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