Por MARCHA PATRIÓTICA
A 15 anos de início do programa castrense mais vultoso e ambicioso da história nacional, se consolida a via política para a resolução do conflito. Neste 4 de fevereiro, por iniciativa do governo dos Estados Unidos, se comemora em Washington os 15 anos do início do Plano Colômbia, um programa de assistência militar que hoje se dá por fracassado.
Se bem que o Plano Colômbia surgiu como uma iniciativa de luta contra as drogas, o contexto internacional e a decisão oficial logo o transformou para um programa contra insurgente, dirigido em particular a combater a guerrilha das FARC.
Apesar da grande quantidade de recursos que foram investidos [80 por cento deles dedicados ao componente militar], não alcançou sua pretensão de reduzir o narcotráfico e de subjugar a guerrilha. Pelo contrário, se impôs a saída política e negociada ao conflito.
O Plano Colômbia se planificou a partir das autoridades estadunidenses e seu documento oficial foi redigido em inglês. Ainda que foi adotado pelos governos de Bill Clinton e de Andrés Pastrana, sua execução esteve a cargo de seus sucessores: George Bush J. e Álvaro Uribe Vélez.
Seu início, em 2001, coincidiu com a crise do processo de paz do Caguán e a irrupção da fórmula de uma saída militar e repressiva ao conflito, encarnada pela candidatura de Uribe, e quem governaria o país pelos seguintes oito anos.
No plano internacional, confluiu com os atentados do 11 de setembro nos Estados Unidos, que resultaram na “cruzada internacional contra o terrorismo”.
Por isso, muito fácil e rapidamente o propósito inicial do Plano Colômbia derivou numa iniciativa contra insurgente, graças à qual se incrementou o pé de força, se adquiriu armamento mais moderno e se ampliou a presença de assessores militares estadunidenses em território colombiano.
Apesar de que, evidentemente, o exército se fortaleceu, este programa trouxe consequências como o incremento das violações aos direitos humanos, a escalada do conflito armado nas regiões do país e a postergação de uma possibilidade de negociação de paz.
Os “falsos positivos”, como se conhece a execução extrajudicial de civis apresentados como baixas em combate, é uma das dolorosas sequelas desta fórmula fracassada.
Uma década depois, a opção de uma saída política negociada ao conflito tornou a se impor. Em 2012, o governo de Juan Manuel Santos [ex-ministro de Defesa de Uribe] instalou uma mesa de conversações com as FARC para buscar uma saída política à confrontação.
Isto obedece a que, como se expressou a partir de setores populares, acadêmicos e políticos, o conflito obedece a origens sociais e de exclusão, que não devem ser tratados com uma fórmula repressiva
Assim o expressa a agenda que se negocia em Havana: terras, participação política, drogas ilícitas, vítimas... são aspectos que em 50 anos de conflito demandam um tratamento diferente ao militar.
Se as demandas do movimento agrário de Marquetalia e das “repúblicas independentes” [a origem das FARC] tivessem sido atendidas, como o pediu o padre Camilo Torres Restrepo, talvez o rumo da Colômbia houvesse sido diferente.
Hoje os governos de Colômbia e Estados Unidos “celebram” os 15 anos do Plano Colômbia. Uma celebração que é muito mais um enterro, como afirmou o próprio Pastrana, um dos pais desta nefasta estratégia.
Hoje se impõe a alternativa da saída política negociada, mediante a mesa de Havana com as FARC, que em três anos de negociação está na iminência de alcançar um acordo global de paz que poria fim a meio século de confrontação.
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