domingo, 25 de janeiro de 2015

Frente Ampla: A paz e a mudança democrática

Por Jaime Caycedo Turriago.
A Frente Ampla pela paz, soberania, democracia e justiça social assumiu com sentido cidadão e patriótico o chamado das FARC-EP de exercer uma vedoria ao cessar-fogo unilateral, inicialmente proposta junto com UNASUL, CELAC e CICV, entidades interestatais as primeiras e organização não governamental a última, sujeitas todas elas ao beneplácito do governo colombiano, que não tem sido afirmativo. Com total consciência do desafio proposto, de maneira diligente sua coordenação adiantou consultas com a Defensoria do Povo, a secretaria geral da Unasul, a Conferência episcopal, entre outras entidades, com o objetivo de precisar os alcances e as possibilidades de tão honroso compromisso com a paz.
Tudo isso implica riscos no marco da polarização guerreirista dominante. Não tardaram as acusações nem as ameaças. Nesta terça-feira, no entanto, se rendeu um primeiro informe ao cumprir-se um mês da trégua unilateral por tempo indeterminado decretada pelas FARC-EP. Corresponde à grande expectativa criada pela audaz iniciativa, vinculada à necessária desescalada da guerra, a consideração política do cessar bilateral do fogo e a aproximação a um armistício. Sem dúvida, o gesto de cessar unilateral por tempo indeterminado tornou mais verossímil o processo frente à propaganda de guerra do estabelecimento que não poupa ocasião de relançar todas as insídias da desconfiança, que fazem o jogo dos poderes contrários a uma solução política.
A Frente Ampla representa o componente social ativo da mobilização cidadã em favor da paz democrática, decididamente comprometida com a necessidade das mudanças institucionais indispensáveis para assegurar o trânsito a uma convivência de equidade que inclui não só valores como a fraternização, a respeito pelo outro e a solidariedade, como também implica na coexistência pacífica das diferenças e da luta por mudanças e alternativas de fundo aos fatores que têm sido causas eficientes da guerra. Por isso, a Frente é, ademais, um espaço de convergências e de ações, de diálogos e iniciativas, de pedagogias e impulsos culturais onde é possível centrar o programa de uma construção da democracia social com uma crescente presença dos movimentos populares. A Frente tem que ser uma avançada da justiça social, de mudanças nas relações rurais, da plenitude dos direitos trabalhistas e das liberdades sem limitações, da reivindicação completa das vítimas, da humanização dirigida da sociedade em seu conjunto.
Para o campo de ideias e de forças que se representam e se pensam na Frente Ampla, tem sentido conceber a participação política eleitoral nas eleições locais de outubro como um desenvolvimento consequente de seu compromisso com a paz. Não se trata só de contradizer a influência que a ultra direita tenta consolidar regionalmente, senão que de construir as novas experiências alternativas que prefigurem a mudança democrática historicamente reprimida em Colômbia. Para o Partido Comunista, a União Patriótica e Marcha Patriótica existem coincidências necessárias que convocam a todos os cidadãos e todas as cidadãs honest@s a unirem a paixão pela paz com a paixão pela mudança democrática que permita consolidá-la e torná-la duradoura.


Editorial Voz



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