Por
Eva
Colinger
A
América Latina sofreu uma constante agressão dirigida desde
Washington durante mais de duzentos anos. Todas as táticas e
estratégias de guerra suja foram aplicadas nos distintos países da
região, desde golpes de Estado, assassinatos, magnicídios,
desaparecidos, torturados, ditaduras brutais, atrocidades,
perseguição política, sabotagens econômicas, guerra midiática,
subversão, infiltração de paramilitares, terrorismo diplomático,
intervenção eleitoral, bloqueios e até invasões militares. Não
tem importado quem governa na Casa Branca –democratas ou
republicanos-, as políticas imperiais se mantêm em marcha.
Durante
o século XX, Washington conseguiu impor sua agenda por toda a
América do Sul, instalando ditaduras sob seu mando e depois governos
neoliberais que seguiam as ordens do Fundo Monetário Internacional e
do Consenso de Washington. Isolaram Cuba com um bloqueio econômico
e, depois das guerras sujas em Centro-América nos anos setenta e
oitenta contra os Sandinistas em Nicarágua, a “ameaça comunista”
na região estava contida.
O
século XXI trouxe novos desafios para o domínio estadunidense. Com
seus olhos postos no outro lado do mundo com suas guerras em Iraque e
Afeganistão, não viram com precisão o renascimento das revoluções
populares por toda a América Latina. Subestimaram as capacidades dos
povos latino-americanos e a visão de seus líderes.
Quando
se voltaram, a Venezuela já havia tomado um caminho irreversível, e
as raízes da Revolução Bolivariana estavam estendendo-se por todo
o continente. A semente de esperança, de dignidade e de libertação
que os Estados Unidos tentaram conter em Cuba estava germinando por
toda a região. Os povos estavam se levantando, a chama da liberdade
soberana estava acesa de novo.
Imediatamente,
Washington ativou suas redes ao sul da fronteira, onde já há
décadas mantinha seus grupos paramilitares, organizações
políticas, meios de comunicação, instituições e agências a seu
serviço. Reiniciaram a maquinaria de agressão, desta vez de uma
escala maior. As garras imperiais tentavam submergir-se nas terras
livres de Venezuela, Bolívia, Equador, Honduras, Nicarágua e em
qualquer rincão que emanasse a revolução.
GOLPE
APÓS GOLPE
O
século XXI trouxe vários golpes de Estado de diferentes estilos à
região, começando em Venezuela [2002][1]. Depois houveram outras
rupturas constitucionais no Haiti [2004][2], uma tentativa de golpe
na Bolívia [2008][3], Honduras [2009][4], outra tentativa de golpe
no Equador em 2010[5] e no Paraguai em 2012[6]. O golpe em Venezuela
em abril de 2002 foi o primeiro sinal do retorno da mão agressiva
dos Estados Unidos na América latina. Durante os anos noventa, havia
sido relativamente controlada e assegurada a “estabilidade” e a
dominação da agenda estadunidense na região. Não obstante, com a
chegada da Revolução Bolivariana, Venezuela saiu do enquadramento e
Washington respondeu com fúria.
A
eleição de Hugo Chávez em 1998 foi um duro golpe para Washington,
que buscava o controle a longo prazo das reservas petroleiras de
Venezuela –certificadas como as maiores do planeta.
Em
abril de 2002, a administração de George W. Bush apoiou um golpe de
Estado contra o Presidente Chávez, dirigido pela mesma elite que
antes tinha estado no poder em Venezuela.[7] O golpe de Estado
utilizou marchas massivas nas ruas de Caracas, integradas pelas
classes média e alta, pedindo a derrocada de Chávez. Utilizaram
franco-atiradores para disparar nas pessoas nas marchas, criando
violência e caos e logo responsabilizando a Chávez pelo
massacre.[8] A televisão, rádio e jornais em Venezuela se uniram
aos esforços de golpe de Estado, manipulando as imagens e
distorcendo os fatos para justificar a derrocada do Presidente.
Converteram-no
em vilão, o malvado ditador, o ‘assassino brutal’, segundo os
meios de comunicação internacionais, ainda que, na realidade, os
opositores apoiados desde Washington foram os responsáveis pela
morte e destruição causadas durante esses dias.[9] Depois Chávez
foi sequestrado a 11 de abril de 2002 e ia ser assassinado, e os
empresários, donos da mídia e dirigentes opositores por trás do
golpe tomaram o poder e impuseram uma ditadura. Dissolveram todas as
instituições democráticas do país, incluindo a Assembleia
Nacional e o Tribunal Supremo de Justiça.
A
maioria que havia votado por Chávez tinha se convertido em
protagonista do processo político e estava determinado a defender
sua democracia. Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas
horas depois do desaparecimento de Chávez para exigir o retorno de
seu presidente. Quarenta e oito horas depois, Chávez foi resgatado
por seus seguidores e pelas Forças Armadas leais. O golpe foi
derrotado e a revolução sobreviveu, porém as ameaças continuaram.
Quando
o Presidente Hugo Chávez regressou ao poder, as agências dos
Estados Unidos tiveram que reformular suas táticas para continuar
com seus planos de neutralizar a revolução em Venezuela. Meses
depois, houve uma forte paralisação petroleira e sabotagem
econômica que causou milhares de milhões de dólares em prejuízos
ao país, junto com o início de uma brutal guerra psicológica e
midiática.[10] Não obstante, toda a força de Washington e seus
aliados nesse momento era incapaz de derrotar ao carismático
Presidente venezuelano e aos milhões que intercediam por grandes
transformações em seu país.
Ao
mesmo tempo, a região já estava começando a mudar. Havia
insurreição na Bolívia e no Equador. Os movimentos indígenas, os
cocaleiros e campesinos estavam ganhando forças sob a liderança de
Evo Morales. O Equador passava por grandes momentos de instabilidade
e descontentamento social que deram lugar ao nascimento da Revolução
Cidadã e a liderança do Presidente Rafael Correa. O momento de
conter o grande despertar na América Latina tinha passado; não
havia caminho de volta.
A
SUBVERSÃO DA USAID E DA NED
Durante
esse período, Washington buscava a fórmula de neutralizar a
expansão revolucionária na região. Estava movendo suas peças,
aumentando o financiamento aos partidos políticos e às organizações
não governamentais [ONGs] que promoviam sua agenda. As duas
principais agências financeiras dos Estados Unidos estabelecidas
para realizar grande parte do trabalho da Agência Central de
Inteligência [CIA], porém com uma fachada legítima, ampliaram sua
presença por toda a América Latina.[11] A Agência dos Estados
Unidos para o Desenvolvimento Internacional [USAID], o braço
financeiro do Departamento de Estado, e a National Endowment for
Democracy [NED] quadruplicaram os fundos entregues a seus aliados em
Venezuela, Bolívia, Equador e Cuba durante a última década.
Smente
em Venezuela investiram mais de 100 milhões de dólares nesse
período para alimentar aos grupos da oposição, promovendo
adicionalmente a criação de mais de 300 novas organizações não
governamentais [ONGs] e programas para filtrar e canalizar o
dinheiro.[12] Diferentemente de Cuba, Washington tinha entrada direta
dentro de Venezuela através de seu Escritório de Iniciativas para
uma Transição [OTI] da USAID, tanto como na Bolívia e no Equador,
e começou a ampliar as redes penetração e infiltração dentro das
comunidades populares, tentando fragilizar e neutralizar por dentro
os processos de mudança nesses países.
BOLÍVIA
No
caso da Bolívia, de 2005 a 2006, a USAID reorientou mais de 75% de
seus investimentos no país andino aos grupos separatistas que
buscavam afundar o governo de Evo Morales. Para o ano de 2007, o
orçamento da USAID na Bolívia chegou a quase 120 milhões de
dólares. O financiamento aos partidos políticos de oposição e aos
movimentos separatistas era seu trabalho principal. Tão crua e
evidente era a ingerência da USAID na Bolívia que o governo de Evo
Morales expulsou o embaixador estadunidense, Philip Goldberg, do país
em setembro de 2008. As constantes conspirações e tentativas de
desestabilizar ao governo de Evo Morales tinham sido bem documentadas
e evidenciadas.[13]
Desde
logo, movimentos sociais por toda a Bolívia começavam a exigir a
saída da USAID do país devido a suas atividades intervencionistas.
As amplas evidências que confirmavam como a USAID utilizava sua
fachada de trabalho ecologista, altruísta e em prol da democracia
para desestabilizar ao governo de Evo Morales e ao movimento que o
apoiava eram inegáveis. Finalmente, em 2013, o Presidente Morales
anunciou a expulsão por tempo indeterminado da USAID da Bolívia.
Sua saída foi a marca de uma Bolívia soberana, já não subordinada
à agenda estadunidense.[14]
EQUADOR
A
estratégia de subversão através das agências financiadoras de
Washington também teve seu fruto no Equador. O governo estadunidense
via com descontentamento a aproximação do Equador com Venezuela,
Cuba e Bolívia e sua entrada na Aliança Bolivariana para os Povos
de Nossa América [ALBA] em 2009. A popularidade e o êxito político
do Presidente Rafael Correa e sua reeleição contundente depois da
ratificação de uma nova constituição em 2009 provocaram a ira de
Washington e o peso de sua ingerência. Em 2010, o Departamento de
Estado aumentou o orçamento da USAID no Equador para mais de 38
milhões de dólares.[15] Um total de US$5.640.000 em fundos foram
investidos no trabalho de “descentralização” no país, com
enfoque na desintegração do governo central.[16]
Um
dos principais executores dos programas da USAID no Equador era a
mesma empresa que canalizava fundos e coordenava o trabalho das
agências estadunidenses com a oposição na Bolívia: Chemonics,
Inc. Chemonics teve um papel principal na alimentação do conflito
separatista na Bolívia de 2007-2008 com a intenção de provocar a
ruptura do Estado e o enfraquecimento do governo de Evo Morales.[17]
Ao mesmo tempo, a partir de um orçamento de aproximadamente um
milhão de dólares anualmente, a NED outorgou um convênio de
$125.806 ao Centro para a Empresa privada [CIPE] para promover os
tratados de livre comércio, da globalização e da autonomia
regional através da rádio, televisão e imprensa equatoriana, junto
com o Instituto Equatoriano de Economia Política.[18] Organizações
no Equador como Participação Cidadã, Fundamedios e Pro-justicia
dispuseram do financiamento multimilionário da USAID e da NED, tanto
como membros e setores de CODEMPE, Pachakutik, da CONAE, da
Corporação Empresarial Indígena do Equador e da Fundação
Qellka.[19]
Durante
os acontecimentos da quinta-feira 30 de setembro no Equador, quando
vários setores tentaram derrocar ao Presidente Rafael Correa, um dos
grupos com financiamento da USAID e NED, Pachakutik, emitiu um
comunicado respaldando aos golpistas e exigindo a renúncia do
Presidente Rafael Correa, responsabilizando-o pelos fatos.[20] Quase
todos os grupos envolvidos nessa tentativa de golpe tinham vínculos
com agências estadunidenses, desde o ex-presidente Lucio Gutiérrez,
quem havia pedido ajuda de Washington para “sair” do Presidente
equatoriano, até os setores policiais que violentaram os direitos de
Correa, os quais recebiam treinamento em intercâmbios com os Estados
Unidos.[21]
Ainda
que o golpe contra o Presidente Correa não tenha sido exitoso, o
trabalho para afundar sua gestão continuava.
Em
2012, a USAID canalizava um total de $22.869.000 a grupos e programas
no Equador com a maioria dos fundos entregues a temas de
“governabilidade”, economia e desenvolvimento.[22] Em 2014, essa
cifrou baixou quase pela metade, a $11.810.000[23] A redução do
financiamento da USAID no Equador não se devia a uma minimização
das ações intervencionistas dos Estados Unidos no país
sul-americano, senão que, muito mais, porque o Estado equatoriano já
havia deixado claro que não queria mais colaborações com a agência
intervencionista. De fato, o governo de Rafael Correa anunciou, em
fins de 2013, que o velho convênio que o país tinhas com a USAID já
estava terminado e não ia ser renovado.[24]
Com
menos presença da USAID, a NED se fortalece como canal de
financiamento a atores políticos, midiáticos e sociais que promovem
a agenda de Washington. Assim foi o caso no Equador. Durante o ano de
2013, a NED canalizou $1.032.225 para diferentes grupos e projetos no
Equador para fragilizar o poder da gestão do Presidente Correa.[25]
Dentro
desses fundos, $65.000 foram dados a grupos opositores ao governo
equatoriano para contra-arrestar a propaganda do Estado durante as
eleições locais em fevereiro de 2014. Segundo o informe anual da
NED de 2013, o recipiente desses fundos, provenientes da uma agência
estrangeira, estava encarregado de “controlar o uso dos recursos
público em publicidade em meios de televisão, rádio e imprensa
escrita e o uso dos dados gerados para difundir informação sobre o
gasto público para os meios de comunicação e organizações da
sociedade civil.”[26] Em outras palavras, o governo dos Estados
Unidos estava usando organizações equatorianas para tentar
denunciar o uso de fundos públicos do Estado equatoriano durante uma
campanha eleitoral com o objetivo de desacreditar ao governo do
Presidente Correa.
Mais
de $200 mil dólares foram canalizados da NED a esforços para
influir diretamente sobre as leis e os debates na Assembleia Nacional
do Equador, onde existe uma maioria que apoia o governo atual. Outros
$157.896 foram entregues a uma ONG para “estimular a liderança
juvenil, os valores democráticos e o espírito empresarial”.[27]
Segundo a NED, este projeto buscava “promover a democracia, a
participação cidadã e o livre mercado e a liderança entre os
jovens’.[28]
Num
país onde o governo, apoiado pela maioria, promove um modelo
fundamentado em conceitos socialistas, as agências estadunidenses e
suas contrapartes no Equador buscavam fomentar o modelo capitalista,
neoliberal do mercado livre, que já havia causado graves prejuízos
econômicos, políticos e sociais durante a década anterior.
O
grupo Fundamedios, ONG crítica das políticas do Presidente Correa e
com amplo financiamento e assessoria desde Washington, recebeu
$75.000 da NED em 2013 para “defender e proteger aos jornalistas e
a liberdade de expressão” no Equador.[29]
Essa
organização, parecida com a ONG que foi criada em Venezuela pela
NED e USAID, Espacio Público, realiza um trabalho de denúncia
parcializada contra o Governo, tentando projetar a percepção de um
país sem livre expressão.[30] Todos estes milhões de dólares da
USAID e da NED, ademais de outras agências externas que financiam
ONGs e campanhas opositoras no Equador, fomentam e alimentam
conflitos no país. A tática de subversão através das ONGs e da
chamada “sociedade civil” forma parte de uma estratégia mais
ampla de debilitar ao Estado e ao líder do país pouco a pouco, com
objetivo de neutralizar sua base de apoio e, finalmente, derrotá-lo.
O
GOLPE SUAVE
Uma
revolução colorida, um golpe suave, um coup
d’etat ou
simplesmente uma mudança de regime, não existe nenhuma dúvida que
por trás da estratégia da suposta “não violência” ou da
“promoção da democracia” estão os interesses de Washington.
Foi no ano de 1983 que este conceito foi criado e que depois instalou
governos subordinados ao poder imperial da América do Sul ao Cáucaso
e à Ásia. Através da criação de uma série de “fundações”
quase-privadas, como o Instituto Albert Einstein [AEI], a National
Endowment for Democracy [NED], o Instituto Republicano Internacional
[IRI], o Instituto Demócrata Nacional [NDI] e Freedom House, entre
outras, o governo dos Estados Unidos começava a infiltrar
financiamento e assessoria estratégica a partidos políticos e
organizações sociais que promoviam sua agenda em países com
governos não alinhados com os interesses estratégicos de
Washington.[31]
Ao
redor de todas estas “fundações”, sempre está a USAID, que
hoje em dia funciona como parte do eixo de segurança e defesa de
Washington. O Pentágono se encarrega das ações tradicionais
militares, o Departamento de Estado exerce a diplomacia e a USAID
penetra, infiltra e controla as populações civis. A USAID funciona
para promover os interesses econômicos e estratégicos dos Estados
Unidos em quase todo o planeta. Seus departamentos dedicados a
transição, reconstrução, gerência de conflitos, desenvolvimento
econômico, governabilidade e democracia são os principais viadutos
através dos quais infiltram os milhares de milhões de dólares que,
oriundos de Washington, se envia aos partidos políticos, ONGs,
grupos juvenis e sociais que promovem seus interesses no mundo.
Em
qualquer país onde tenha havido um golpe de Estado, uma revolução
colorida ou uma mudança de regime favorável aos interesses dos
Estados Unidos se encontra a USAID e sua chuva de dólares.
Nos
casos de Sérvia [antes Iugoslávia], Ucrânia, Geórgia e
Quirguistão, onde primeiro foram mostradas as estratégias das
“revoluções coloridas”, sempre havia um fator em comum:
recursos estratégicos. Gás, petróleo, gasodutos, oleodutos, bases
militares, fronteiras estratégicas –todos estes são fatores
presentes nestes países. Sérvia tem gás natural e petróleo;
Geórgia compartilha bases militares com Rússia e Estados Unidos e
está na via dos gasodutos mais importantes do Oriente Médio para o
mundo Ocidental; Ucrânia está localizada estrategicamente entre os
maiores produtores de energia na Rússia e na região do Mar Cáspio,
e os consumidores na Eurásia; e Quirguistão tem uma fronteira
estratégica com China, bases militares da Rússia e dos Estados e
também está situada na via destes importantes gasodutos que
Washington e suas empresas do Complexo Militar Industrial pretendem
controlar.
Paralelamente
aos interesses estratégicos, dentro desta estratégia há um enfoque
ideológico. Os movimentos por trás do golpe suave são
principalmente anticomunistas, anti-socialistas, pró-capitalistas e
pró-imperialistas. Onde há um governo com tendência socialista
anti-imperialista num país com recursos estratégicos e naturais,
sem dúvida, haverá um plano de golpe suave para derrocá-lo.
Em
todos os países onde se tem executado esta estratégia, os grupos
que a têm dirigido empregam as mesmas receitas. Envolvem a
estudantes e jovens para dar uma cara nova a seu movimento e também
para fazer o trabalho das forças de segurança mais difícil [na
hora de deter uma criança de 14 anos por uma ação ilegal de rua, o
Estado parece o ente repressor] e realizam um processo de marketing
para desenhar uma logomarca do movimento e/ou uma cor [na Sérvia foi
o punho fechado em branco e preto do OTPOR;[32] na Ucrânia, a mesma
logomarca, porém com a cor laranja; na Geórgia, também o mesmo
punho, porém cor rosa; em Quirguistão, rosada, e em Venezuela, em
lugar do punho de OTPOR utilizam a mão branca com fundo negro].
Se
planejam as ações perto de um processo eleitoral no país, onde
preparam uma rede de observadores, uma organização eleitoral
paralela (Súmate,[33] no caso de Venezuela) e operações
psicológicas para criar um cenário de fraude e rechaço dos
resultados no caso de perder. Utilizam o mesmo material de formação
do ideólogo anticomunista estadunidense Gene Sharp e seu Instituto
Albert Einstein, e sempre recebem fundos e assessoria estratégica e
política das agências de Washington, incluindo a USAID, a NED, o
IRI, o NDI e Freedom House. A estratégia consiste num intento de
enfraquecer e desorganizar aos pilares do poder e neutralizar as
forças de segurança, normalmente no contexto de um processo
eleitoral. Segundo o Coronel Robert Helvey, do Instituto Albert
Einstein, um dos elaboradores desta estratégia, seu objetivo não se
trata de destruir as forças armadas e corpos policiais, mas sim
convertê-los –convencê-los de deixar o governo atual e fazer-lhes
entender que há lugar para eles no governo de amanhã.[34]
Utilizam
os jovens para tentar fragilizar o ânimo das forças de segurança e
para mudar sua submissão ao regime. Realizam contatos com os
militares para tentar negociar, executando operações psicológicas
contra eles. Segundo Srdja Popovic, um dos fundadores de OTPOR na
Sérvia, Helvey lhes ensinou “...como selecionar pessoas dentro do
sistema como policiais e mandar-lhes constantemente a mensagem de que
todos somos vítimas, tanto eles como nós, porque não é o trabalho
da Polícia deter uma criança de 13 anos, por exemplo...”[35]
Esta
estratégia está dirigida para as Forças Armadas, a Polícia, os
funcionários público e o público em geral, através de uma guerra
psicológica, da subversão e de uma presença na rua que dá a
impressão de uma iminente explosão social.
NOTAS
1
“El golpe de Estado de 11 de abril en Venezuela y sus causas”,
por Margarita López
Maya.http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=996179380012
2
“Golpe de Estado en Haiti” por Thierry
Meyssan. http://www.voltairenet.org/article120678.html
3
“La cumbre de Unasur ‘abortó’ un golpe contra Evo Morales,
afirma Hugo Chávez”, La
Jornada.http://www.jornada.unam.mx/2008/09/17/index.php?section=mundo&article=037n1mun
5
“Golpe de Estado en Honduras”, BBC
Mundo.http://periodismoecuador.com/2014/06/11/comision-del-30-de-septiembre-entrega-informe-a-la-medida/
6
“Fernando Lugo denuncia ‘golpe de Estado parlamentario’ en
Paraguay”, El
Universal.http://www.eluniversal.com/internacional/120624/fernando-lugo-denuncia-golpe-de-estado-parlamentario-en-paraguay
7
Ver “Abril Golpe Adentro”, por Ernesto Villegas, Editorial Galac
2009.
8
Ver “Puente Llaguno: Claves de una Masacre”, Panafilms 2004.
9
“Dictadura mediática en Venezuela”, Luis Britto
Garciahttp://www.minci.gob.ve/2012/06/dictadura-mediatica-en-venezuela-luis-britto-garcia/
10
Ver “El Código Chávez: Descifrando la injerencia de Estados
Unidos en Venezuela”, por Eva Golinger, Monte Avila Editores 2006.
11
“Former CIA Agent Tells: How US Infiltrates ‘Civil Societ’ to
Overthrow Governments, Philip
Agee. http://www.informationclearinghouse.info/article4332.htm
12
“Documentos de Wikileaks evidencian que EEUU financia a la
oposición en Venezuela”, La
República. http://www.larepublica.es/2014/02/documentos-de-wikileaks-evidencian-que-eeuu-financia-a-la-oposicion-en-venezuela/
13
“Injerencia de los Estados Unidos en Bolivia: Documentos
desclasificados por el Departamento de Estado de los Estados Unidos”,
Vicepresidencia del Estado Plurinacional de
Bolivia.http://www.vicepresidencia.gob.bo/IMG/pdf/desclasificados.pdf
14
“Evo expulsa a USAID de Bolivia”, Los
Tiempos.http://www.lostiempos.com/diario/actualidad/nacional/20130501/evo-expulsa-a-usaid-de-bolivia_211346_453925.html
15
Foreign Operations Budget 2010, United States Department of
State.http://www.state.gov/documents/organization/123415.pdf
16
Ibid.
17
“Campesinos detectaron ‘objetivos’ de ONG financiada por
USAID”, El
Telégrafo.http://www.telegrafo.com.ec/noticias/informacion-general/item/campesinos-detectaron-objetivos-de-ong-financiada-por-usaid.html
18
National Endowment for Democracy Annual Report 2010. www.ned.org
19
Estos datos se encuentran en documentos desclasificados de la NED y
USAID sobre sus operaciones en el Ecuador obtenidos por la autora
bajo la Ley de Acceso a la Información en Estados Unidos.
20
“Pachakutik pide la renuncia al Presidente Correa y llama a
conformar un solo frente nacional”, 30 septiembre
2010. http://www.sodepaz.org/images/documentos/pachakutikcomunicado141.pdf
21
“Wikileaks revela más vínculos de EEUU con la oposición del
gobierno ecuatoriano”,
RT.http://actualidad.rt.com/actualidad/view/42579-WikiLeaks-revela-mas-v%C3%ADnculos-de-EE.-UU.-con-oposición-del-gobierno-ecuatoriano
22
FY 2012 Congressional Budget Justification for Foreign Operations, US
Department of
State.http://www.state.gov/f/releases/iab/fy2012cbj/pdf/
23
FY 2014 Congressional Budget Justification for Foreign Operations, US
Department of State.http://www.state.gov/f/releases/iab/fy2014cbj/
24
“Usaid cerró cooperación económica”, El
Universo.http://www.eluniverso.com/noticias/2013/12/17/nota/1928241/usaid-cerro-cooperacion-economica
25
National Endowment for Democracy Annual Report 2013 –
Ecuador.http://www.ned.org/where-we-work/latin-america-and-caribbean/ecuador
26
Ibid.
27
Ibid.
28
Ibid.
29
Ibid.
30
“Sigue la mano sucia de la NED en Venezuela”, Eva
Golinger.http://actualidad.rt.com/expertos/eva_golinger/view/125973-mano-sucia-ned-venezuela
31
“La Albert Einstein Institution: no violencia según la CIA”, por
Thierry Meyssan.http://www.voltairenet.org/article123805.html
32
“Otpor y sus revoluciones de colores”. Le
Temps.http://www.yugopedia.org/Wiki/(S(vfgavzabj0vda331ivzqfs3o))/Print.aspx?Page=Otpor%20y%20sus%20revoluciones%20de%20colores&AspxAutoDetectCookieSupport=1
33
“Una ONG financiada por Estados Unidos organizará unas primarias
en Venezuela para elegir candidato presidencial contra Chávez”,
por Pascual Serrano. http://www.rebelion.org/noticia.php?id=34498
34
Ver: On Strategic Non-Violent Conflict: Thinking About the
Fundamentals”, por Robert L. Helvey, Albert Einstein
Institution. http://www.aeinstein.org/wp-content/uploads/2013/09/OSNC.pdf
35
Ver: A Force More Powerful, documental,
2000.http://www.aforcemorepowerful.org/films/bdd/story/otpor/srdja-popovic.php
--
Equipe
ANNCOL - Brasil
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