Por Raul
Longo
A categoria
de jornalista devia se mobilizar num movimento pela ética no jornalismo.
Isso porque
a corrupção no jornalismo ganhou proporções inimagináveis. É chegada a hora de
dar um basta nisso!
Grosseiramente,
convencionou-se que corrupção é roubar dinheiro público. Estão restringindo o
significado da palavra a isso. Mas é muito mais que isso.
A denúncia
falsa, a mentira, a deturpação, a adulteração, a manipulação, da informação, é
um ato de corrupção, tão pernicioso quanto afanar dinheiro do povo.
Se for uma
imposição dos patrões das corporações de comunicação, que exploram as
concessões de serviço público, aos profissionais, que sejam denunciados nas
instâncias devidas, que o Estado dê respaldo aos profissionais para o exercício
digno de suas funções.
O que não
pode continuar é a formação de impérios empresariais como as Organizações Globo,
grupo Abril, Folha, Estado, e outros, por exemplo, que fazem o que querem,
muitas vezes acima da lei, impunemente. As concessões de TV e rádio são um
serviço público da sociedade com finalidade definida na Constituição. Precisa
ser disciplinado, sim.
É o que diz
o artigo 221 da Constituição, que não foi regulamentado por nenhum governo.
Tornou-se um tabu falar em regulamentação dos dispositivos constitucionais.
Art. 221. A
produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos
seguintes princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Por que o
Ministério Público não investiga as empresas de comunicação para verificar se
elas estão cumprindo o que determina a Constituição?
Um médico,
no caso de um erro, pode acabar com a vida de uma pessoa. Imediatamente pode
ser processado e, se condenado, o médico perde o registro profissional.
Um
jornalista, ou o órgão de imprensa onde trabalha, pode acabar com a vida de
alguém, fazendo da pessoa uma morta viva a carregar a chaga de uma informação
falsa sobre ela, como uma cruz, num calvário vida afora.
E tudo bem?
Fica por isso mesmo? O jornalista continua trabalhando e aprontando
inconsequentemente e a empresa onde trabalha tendo picos de audiência ou
vendendo suas publicações com recordes de tiragens?
O
profissional devia sofrer restrições por falta de ética ou inabilidade no
exercício da sua função social, como qualquer outro profissional de qualquer
categoria. Deveriam ser cassados o direito de exercer sua profissão e a
concessão da oferta do serviço do órgão de imprensa em que trabalha.
Isso porque
a profissão e os meios de comunicação são um dos mais importantes instrumentos
para o desenvolvimento da sociedade, para a democracia, para a cidadania, para
a civilização humana. Tão importantes quanto a escola é para a educação e a
construção da nação.
Para citar
apenas um caso recente, entre tantos, a revista Veja acusou o Senador Romário
de ter R$ 7,5 milhões num banco, na Suíça, uma informação falsa da revista,
dada como de costume com imenso estardalhaço.
Romário fez
questão de ir à Suíça checar a informação e, de lá, desmentiu, solenemente, os
repórteres Thiago Prado e Leslie Leitão, que assinaram a matéria e toda a
equipe da revista, responsáveis pela publicação: o diretor de redação Eurípedes
Alcântara, os redatores-chefes Lauro Jardim, Fábio Altman, Policarpo Junior e
Thaís Oyama.
Postou fotos
dos perfis dos repórteres no Facebook e os internautas fizeram o maior
furdunço, dispararam críticas e perguntas a eles, ao ponto de retirarem os
perfis do Facebook. Mas isso só não basta.
Sem falar no
ex-presidente Lula, que se tornou o preferido na perseguição implacável dos
impérios de comunicação, com objetivo claro de barrá-lo na disputa pela
presidência da República em 2018. As capas das revistas de final de semana,
Veja, Época, Istoé, jornais, telejornais, são de uma estupidez inimaginável.
Ele está processando, mas depende do Judiciário reconhecer essa venalidade.
Está demais.
O que pseudorepórteres de polícia, desses programas de sanguera, tipo Datena e
Rezende, Brasil afora, que são os maiores recordistas de audiência, estão
fazendo com as pessoas, principalmente com os mais pobres, mais vulneráveis, é
uma barbárie.
Nesse vale-tudo
pela audiência, pelos acessos aos sites, pelas tiragens de publicações, estão
praticando os maiores absurdos com as pessoas, destruindo vidas.
Esses
pseudoprofissionais não estão à altura da liberdade de imprensa e de expressão
que a sociedade lhes assegura com a Constituição e com a legislação em vigor.
Antes que
seja tarde, precisa ser aberto um debate sobre essa questão, e a apresentação
de uma proposta de lei, de iniciativa popular, com coleta de assinaturas, que
preserve a liberdade de imprensa e de expressão, mas que garanta da mesma forma
os direitos humanos, afim de proteger o cidadão da corrupção no jornalismo.
Sei que
estou arriscando criticar a categoria, da qual sou integrante e que costuma ser
melindrosa e refratária a críticas.
Mas, antes
que seja tarde demais, proponho lutarmos pelo fim da corrupção no jornalismo!
Pela ética
na imprensa!
Corromper -
Segundo o Dicionário Aurélio, significa " 1. Deteriorar, decompor. 2.
Alterar. 3. Perverter. 4. Induzir a realizar ato(s) contrário(s) ao dever, à
ética. P. 5. Apodrecer, adulterar-se, deteriorar-se. 6. Perverter-se."
--
anncol.br@gmail.com
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