Por Nelson Lombana
Nos últimos dias, dois helicópteros caíram em Colômbia, ocasionando a morte de vários militares, sobretudo soldados e oficiais de baixa categoria. As versões aparecem por toda parte, algumas superam a alucinação e a própria estupidez, porém ao final é uma versão que há que considerar na análise séria e coerente, se se projeta buscar a verdade e nada mais que a verdade.
Num conflito bélico como o que a Colômbia vive, a primeira grande vítima é a verdade, porquanto quem tem o poder midiático e o poder econômico apresenta sua verdade como a única. A informação na guerra é chave, sobretudo sua manipulação.
No último sinistro há por enquanto duas versões: a do presidente da república, através de seu ministro de defesa, e a versão do ex-presidente Álvaro Uribe Vélez. Uma suposta gravação apresentada aos meios de comunicação assinala que o aparelho tinha sido impactado. Enquanto isso, o ministro de defesa assinala que foi um simples acidente no qual a nave impactou, morrendo todos os seus ocupantes.
Quem está melhor informado, o ministro de defesa ou o tristemente célebre ex-presidente Uribe Vélez? A coisa deve estar por estes lados. Tudo é possível. O complô para dinamitar a Mesa de diálogo instalada em Havana [Cuba] continua em marcha. Os falcões da guerra não dão o braço a torcer e buscam por todos os meios criar as condições para isso. Eles são maquiavélicos por excelência. Em quantas oportunidades não sacrificaram a seus próprios homens para criar um fato político?
Tudo isto se aprende na Escola das Américas. Tem inspiração gringa, dos Estados Unidos. “O fim justifica os meios”, diz Nicolau Maquiavel. No sul do Tolima –por exemplo- resultou por estes dias um suboficial morto supostamente em combate com a guerrilha. Um desprevenido transeunte se perguntou: “Como é possível que um militar dessa categoria, que anda com mais de 30 unidades, tenha sido baleado e aos demais não lhes tenha passado absolutamente nada?” Isso gera suspeita, dúvida.
Todos sabemos que a direita e a extrema-direita vêm fazendo o impossível para que se rompa os diálogos de paz entre a insurgência das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Exército do Povo [FARC-EP] e o governo Santos, começando pelo próprio presidente ante sua tétrica intransigência e pusilanimidade ante os inimigos declarados do processo.
Ao lado de Santos estão o ex-presidente Uribe, o procurador geral da nação, Ordóñez, os meios de comunicação e o comando sul dos Estados Unidos. Todos eles e certamente muitos mais persistem na terrível ideia de assassinar a possibilidade de paz para os colombianos e as colombianas.
Tendo claro os interesses econômicos e políticos que estão em jogo e o poder imperial dos inimigos da paz, que são os que lucram com a guerra e nunca vão ao campo de batalha, tudo é possível porquanto, para eles, “tudo vale”, não importa a que preço.
Se torna estranho, ou melhor, preocupante que o senhor Uribe tenha informação de primeira mão das forças militares. Quem lhe a fornece? Generais? A embaixada dos Estados Unidos? O comando sul das forças militares dos Estados Unidos?
Assim as coisas, a preocupação de fundo tem a ver com o poder militar em Colômbia. Quem governa realmente aos colombianos? Tudo parece indicar que Santos é refém das forças militares, o qual, entre outras coisas, não é nada novo. Recordemos o que se passou com o ex-presidente Belisario Betancur quando da tomada do Palácio de Justiça pelo movimento insurgente M-19. Aparentemente, houve golpe de Estado.
Contra todos estes fatos infames, há que sair a defender o processo de paz com decisão, com coragem e com dor de pátria. Os 47 milhões de colombianos e colombianas temos que cerrar fileiras. Necessitamos de uma paz com justiça social, uma paz com mudanças e uma paz sem impunidade.
Necessitamos de um país livre de violência, um país livre e soberano compartilhando sem ódios e sectarismos. Oxalá haja uma investigação sobre estes fatos e se saiba a verdade e, se há mãos criminosas no meio, que recebam o castigo exemplar, porém não se pode seguir sacrificando jovens só por defender os interesses da pútrida e rançosa oligarquia colombiana.
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Equipe ANNCOL - Brasil
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