Por Alberto Pinzón
No último 5 de junho, o cidadão colombiano Felipe González, ex-presidente do Estado Espanhol e reconhecido porta-voz do capital imperialista global, a quem JM Santos lhe conferiu a cidadania colombiana em 3.12.2014, se fez tomar uma foto demagógica [basta ver sua incomodidade] com uns indígenas vestidos de arahuacos e com o presidente JM Santos. Estavam no congresso do partido de governo La U.
Nesta oportunidade, o criador durante seu governo [1983-1987] dos Grupos paramilitares Antiterroristas de Libertação [GAL], encarregados de exercer o Terrorismo de Estado em Espanha contra o grupo separatista basco ETA, veio a dar-nos lições de democracia e a pôr prazos ao processo que se desenvolve em Havana: “Senhores das Farc”, disse- “Vocês [não disse vós renuncieis, mas sim Vocês] renunciam às botas e veremos quantos votos conseguem; eu creio que, se fosse hoje, pouquinhos”; e a seguir acrescentou o que considera deve ser o fim da Mesa de Havana: - “A única transação possível é que vocês se incorporem à luta política e renunciem à luta armada”, concluiu.
Se a essência das coisas fosse óbvia, não haveria necessidade da ciência, segundo ensina o Marxismo. A essência deste apressado ultimato que nosso ilustre compatriota faz aos delegados das Farc em Havana obedece a que Espanha, desde a época do pérfido governo de Pastrana, se converteu [depois dos EUA] no segundo investidor de capital transnacional em Colômbia.
Porém, não é tudo. “Felipillo pillo”, como o chamam carinhosamente os milhões de seus eleitores do PSOE que deixou órfãos de sua genial liderança e os quais hoje choram sua democracia bipartidarista, faz uma parada obrigatória em Colômbia enquanto continua para Venezuela a fim de reunir-se com a chamada oposição a Maduro e a coincidir com os ex-presidentes Pastrana da Colômbia e Jorge Quiroga da Bolívia em sua campanha desestabilizadora do governo legalmente constituído na pequena pátria de Bolívar.
É uma campanha desestabilizadora que vem de antes; relembre-se a viagem que fizeram em 26 de janeiro de 2015 à Venezuela, para se reunir com a oposição a Maduro, os ex-presidentes do pacto do Pacífico Piñera do Chile e Felipe Calderón do México, junto com Pastrana. É a pressão política internacional que o Departamento de Estado está exercendo através de seus aliados neoliberais alguma vez presidentes de seus países, contra o que o presidente Obama denominou de “ameaça à segurança nacional dos EUA”. [10.3.2015]
Porém surgiu em público e abertamente um novo interesse para completar o nó de contradições que se intenta desatar na Mesa de Havana e volta a pôr a luz da lanterna sobre Venezuela: A pressa do capital transnacional que don Felipe González representa para desarmar as Farc e deixar sem guerrilhas as zonas petroleiras, mineiras, agro cultivadoras etc e que, como dissemos, são as Companhias Transnacionais que constituem uma das 10 rodas dentadas do Bloco de Poder Contra Insurgente [BPCI] dominante em Colômbia, que não entendeu ou não quer entender que há em curso dois processos simultâneos e com a mesma meta:
Um, para finalizar mediante acordos o conflito armado que é o que está se desenvolvendo em Havana; e outro, o processo de mobilização social e de unidade ampla e democrática que se está dando na práxis nas ruas e rodovias da Colômbia, entre as mil e uma organizações populares mobilizadas em torno à realização das reformas estruturais indispensáveis para construir uma Paz com justiça social, democracia e soberania. Em resumindo: Um, fim do conflito armado; e outro, construção de uma verdadeira Paz democrática e popular mediante a mobilização social.
O interesse de González coincide plenamente com a pretensão militar do Comando Sul do US Army, como o analisávamos num artigo passado -http://anncol.eu/index.php/opinion/item/596-alberto-pinzon-sanchez-, para não encontrar nenhuma resistência irregular armada na extensa e quente fronteira colombo-venezuelana na hora em que se decidam por tomar militarmente o complexo petroleiro de Maracaibo e levar Diosdado Cabello, a quem acusaram de narcotraficante, tal e como o fizeram com o panamenho Noriega em 1989.
Todo o qual me remete ao ensaio do filósofo húngaro Georg Lukács intitulado “Lênin, a coerência de seu pensamento”, [1] escrito pouco depois da morte de Lênin com a finalidade de polemizar sobre as vulgarizações do Marxismo que ocorriam nesses períodos. Lukács, no último parágrafo e quase que como conclusão geral, escreve algo tão atual como transparente que não pude evitar não citá-lo por extenso:
{....] “Lênin deve ser estudado pelos comunistas de maneira similar à como Marx foi estudado por Lênin. Há que estudá-lo para aprender o método dialético. Para aprender a encontrar o particular no geral e o geral no particular graças à análise concreta da situação concreta; a encontrar no momento novo de uma situação o que vincula ao processo anterior e nas leis do Processo Histórico o novo que vai surgindo uma e outra vez; a encontrar no Todo a parte e na parte o Todo; a encontrar a necessidade da evolução o momento da ação eficaz e no fato da necessidade do processo histórico. O leninismo implica um nível de pensamento concreto, do pensamento não esquemático nem mecanicista não alcançado até o momento; um pensamento inteiramente vertido à Práxis. Conservar isto é a tarefa dos leninistas. Porém, no processo histórico tão somente se pode conservar aquilo que está imerso numa evolução plena de vida. E semelhante conservação da tradição leninista é, atualmente, a tarefa mais nobre para todo aquele que verdadeiramente assuma o método dialético como arma na luta de classes do proletariado”.
Lukács Georg. Sobre Lenin. 1924-1970 Colección 70 Grijalbo. 1974. Página 130.
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Equipe ANNCOL - Brasil
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