quinta-feira, 18 de junho de 2015

As injustiças de uma justiça deformada e maligna

Que tristeza de país, como dói que passem todas estas coisas. Pobres mulheres, pobres velhos, meninas e meninos que serão lançados às ruas, a mendigar e a prostituir-se.”
Por Carlos Carreño
Guerrilheiro das FARC-EP
Ignoro o que terá de certo a notícia publicada sobre as 22 casas confiscadas às FARC em Planadas, Tolima. Porém, a léguas se vê que se trata de uma farsa, de uma dessas histórias atribuídas ao diabo para espantar almas boas.
Os denunciantes, o tal Olivo Saldaña e seus parceiros, pertenceram alguma vez às FARC, organização na qual cometeram os mais abomináveis crimes, e para não responder pelos mesmos decidiram desertar e trabalhar com o Exército, que os acolheu com os braços abertos. Também são considerados pessoas sérias e respeitáveis pela Promotoria Geral da Nação. Que parece esquecer que esse Olivo Saldaña foi o mesmo da montagem sobre a falsa desmobilização de toda uma Frente, a Cacique Gaitana, que inventaram em conjunto com as autoridades, em outro falso positivo mais, do qual todo o país foi testemunha, porém que se louvou ao máximo em seu momento.
Olivo Saldaña está processado por seu falto testemunho, junto com o ex-Comissionado de Paz Luiz Carlos Restrepo, precisamente por esse caso. Porém, como o governo de Uribe e seu Congresso de bolso, que não é muito diferente do atual, legislaram para a impunidade dos piores criminosos, personagens como Olivo Saldaña e companhia resultam acolhidos pela lei de justiça e paz, que lhes exige uns quantos depoimentos contra terceiras pessoas, a fim de demonstrar sua conversão completa e outorgar-lhes benefícios. Toda uma canalhada, totalmente respeitáveis de um dia para o outro.
Agora, sai o senhor Saldaña, autêntico miserável, a declarar que ele organizou uma invasão de terras em terrenos pertencentes ao município de Planadas, por conta das FARC. E que a prefeitura de então adjudicou em propriedade os lotes aos invasores, que na realidade eram testas de ferro das FARC. Ou seja, que tudo foi uma jogada das FARC para tornarem-se proprietárias de 22 imóveis.
Depois de quinze anos daquela recuperação de terras por parte de gente humilde que não tinha onde cair morta, e de ter construído sobre os terrenos umas casas de pobre, tijolo por tijolo e porta por porta, saem agora os campeões da justiça a embargar as moradias, a meter no cárcere seus proprietários, a acusá-los de crimes dos quais não tiveram ideia, e a instaurar processo crime contra o então prefeito de Planadas. Tudo por conta das declarações interessadas e combinadas de um grupo de repugnantes delinquentes que sacaram todo tipo de proveitos pessoais de cada uma de suas atuações passadas, que não possuem um mínimo de regras morais e resultam, portanto, ideais para adjudicar às odiadas FARC outro crime.
A essa conclusão chegaria sem muito esforço qualquer pessoa honesta que lesse a notícia publicada. Nos meros fatos narrados, ainda com o enfoque que pretendem dar seus divulgadores, salta à vista a verdade. Porém, como se trata é de cair em cima do caído, de pisotear e difamar gente pobre, humilde e inocente que não tem como se defender, de imputar às FARC outro horror mais, atitude diariamente assumida pelas autoridades e pelos grandes meios de comunicação, muita gente, influenciada pela legenda negra lançada a rodar, terminará mordendo o anzol e acreditando em tudo isso.
Que tristeza de país, como dói que passem todas estas coisas. Pobres mulheres, pobres velhos, meninas e meninos que serão lançados às ruas, a mendigar e a prostituir-se, por conta da falsa justiça que rege a Colômbia. Como é possível que passe tudo isto e a sociedade permaneça indiferente, pendente do resultado final de mais um torneio de futebol, no qual nos ensinam se nos deve ir a vida em meio às mais agitadas emoções?
Montanhas de Colômbia, 13 de junho de 2015.
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Equipe ANNCOL - Brasil



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