segunda-feira, 29 de junho de 2015

Os acontecimentos de Argelia e Inzá, no estado do Cauca

Os acontecimentos dos últimos dias no corregimento de El Mango, município de Argelia-Cauca, assim como os do município de Inzá, no mesmo estado, mostram claramente que o cansaço da guerra nos colombianos e nas colombianas começa a se transformar em rebelião civil contra a Força Pública em zonas onde sua presença hostil granjeou o rechaço da população civil.

Em Argelia, campesinos e campesinas, fartos de suportar dentro de suas casas policiais confinados pelo temor de serem atacados –convertendo-se em fator de risco para a vida dos habitantes-, procederam a expulsá-los do perímetro urbano, exigindo sua reinstalação longe da população.
Em Inzá, o assassinato de um comuneiro por uma patrulha do Exército resultou na retenção de trinta soldados por parte da comunidade indígena que exige o cessar das operações e que os militares abandonem o território.
A explicação dos fatos e a reação dos altos mandos policiais e militares foi a de acusar aos campesinos e indígenas de serem guerrilheiros infiltrados vestidos de civil e ameaçaram processá-los judicialmente e aumentar o contingente policial.
Ao instalar estações de polícia e unidades militares no meio dos moradores, o Estado colombiano está violando normas do Direito Internacional Humanitário [DIH], do qual é signatário, mais precisamente do Protocolo Adicional aos Convênios de Genebra, Artigo 58 – Precauções contra os efeitos dos ataques, o qual diz:
a) Se esforçarão, sem prejuízo do disposto no artigo 49 do IV Convênio, por distanciar da proximidade de objetivos militares a população civil, as pessoas civis e os bens de caráter civil que se encontrem sob seu controle;
b) Evitarão situar objetivos militares no interior ou nas proximidades de zonas densamente povoadas;
c) Tomarão as demais precauções necessárias para proteger contra os perigos resultantes de operações militares a população civil, as pessoas civis e os bens de caráter civil que se encontrem sob seu controle.”
O repúdio da população à Força Pública, manifestado em Argelia e Inzá, é a demonstração clara do fracasso da mal chamada política de “segurança democrática” que já cumpre 13 anos de implementação e que ainda hoje se insiste em manter com a falsa crença de que servirá de pomada milagrosa para resolver a profunda crise social que nossa pátria vive.
Até quando poderá manter a mal chamada classe dirigente esta falácia? A nação colombiana necessita e quer a paz e está disposta a construí-la com sua participação direta, essa é a mensagem que devemos decifrar das ações das comunidades de Inzá e Argelia.
O tempo da solução militarista de crise se esgotou e já começa a trincar-se esse pretenso apoio à solução militarista.
É hora de abrir a via da democracia ouvindo e dando protagonismo ao povo. O atual momento histórico demanda receptividade e sensatez daqueles que se encontram na condução do Estado.
Isto devem também internalizar esses setores que ficaram mumificados pedindo mais guerra, quando não arriscam uma migalha nela, porém, sim, obtêm vultosos benefícios da corrupção e do rio revolto que gera a repressão e a violência.
O Governo, por sua parte, deve meditar também sobre isto e abrir a via a acordar o cessar-fogo bilateral que as maiorias nacionais e a comunidade internacional exigem. Assim se poderia facilitar a construção de um acordo final de paz: Há que desescalar a guerra, não há outro caminho.

DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP


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Equipe ANNCOL - Brasil

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