quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Cessar unilateral de fogo por tempo indeterminado das FARC-EP: Contribuição real para a paz

Por Nelson Lombana Silva
A decisão das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo [FARC-EP] de decretar um cessar unilateral por tempo indeterminado de fogo é uma contribuição concreta e real à paz em Colômbia. Assim, os meios massivos de comunicação se obcecam em dar pouca importância e minimizar a incompetência do governo nacional de assumir abertamente uma postura similar, que seria uma bofetada merecida aos falcões e aos carniceiros da guerra, o fato assume uma dimensão histórica que há que dimensionar com amplitude e profundidade.
Que o que deveria fazer o governo nacional, faça-o a contraparte, resulta demasiado evidente que não se pode passar de soslaio. O país nacional deve colher este gesto com entusiasmo e exigir ao país político que pelo menos faça um gesto concreto de paz de tal maneira que os diálogos de Havana [Cuba] entrem definitivamente no cenário da irreversibilidade.
Com este, são vários fatos similares que a insurgência armada fez, enquanto o governo nacional –fiel representante da oligarquia colombiana- se mantém imutável, estático e dogmático, como se tudo se mantivesse estático e não estivesse fluindo minuto a minuto, segundo a segundo.
Pelo contrário. Os gestos do governo são de guerra. O pacote de medidas aprovadas no parlamento, a pírrica proposta do salário mínimo, o silêncio sepulcral ante as contínuas ameaças do paramilitarismo contra os meios alternativos de comunicação e 17 jornalistas, sindicalistas, dirigentes políticos de esquerda, campesinos, indígenas, comerciantes, estudantes, cultivadores etc. É como se nada estivesse sucedendo em Colômbia. E mais: Continua se assassinando de costa a costa do país e o governo nacional guarda absoluto hermetismo. Esses são gestos concretos de paz?
A posição dos Estados Unidos continua sendo ambígua, ou melhor: dupla. Da boca pra fora diz estar com o processo de paz, porém não diz absolutamente nada sobre as sete bases gringas em território colombiano, tampouco da quantidade de mercenários da guerra que entram e saem do país como reis, a aproximação com a Otan e a IV frota militar gringa navegando águas colombianas.
Tampouco é um gesto de paz do governo nacional a locomotiva mineiro-energética. Todos sabemos que tal política é uma imposição imperialista para permitir a entrada e saída, como pedro por sua casa, de nosso país às multinacionais e transnacionais. Estas não vêm, propriamente, em missão de paz, vem visando roubar nossos recursos naturais deixando ferido de morte o meio ambiente. Não somos apenas nós que o dizemos, dizem-no com voz clamorosa os ambientalistas, isto é, os expertos na matéria.
Quer dizer: pouco a pouco se depurando o ambiente e vai se sabendo quem é quem. Isso, o país nacional deve ter bem claro. E a melhor maneira de tê-lo claro é assumindo uma postura ativa e propositiva. Apresentando iniciativas que circundem e fortaleçam os diálogos de Havana, porquanto os inimigos do processo, dentro e fora do governo e dentro e fora do país, não cederão em seus pérfidos propósitos de fazer abortar este processo tão avançado e esperançoso. A própria Igreja Católica destacou a seriedade com que a insurgência assumiu o desafio. Todos esperamos que haja no governo nacional reciprocidade, ainda que seja mínima.
O Cessar unilateral do fogo pela guerrilha, é um gesto importante que deveria se dimensionar de forma correta nos grandes meios de comunicação. Seria o elemental, se há sinceridade no propósito de encontrar uma saída política ao conflito social e armado, desnecessário desde todo ponto de vista. E é mais: seria obvio, caso houvesse no país liberdade de imprensa e vontade real de paz, na classe oligárquica que domina o país há tantos anos, pois a paz não é um saco de palavras vãs, mas o fruto de fatos concretos em benefício de todas e todos os colombianos.
-- 
Equipe ANNCOL - Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...