Por
Nelson Lombana Silva
A
decisão das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército
do Povo [FARC-EP] de decretar um cessar unilateral por tempo
indeterminado de fogo é uma contribuição concreta e real à paz em
Colômbia. Assim, os meios massivos de comunicação se obcecam em
dar pouca importância e minimizar a incompetência do governo
nacional de assumir abertamente uma postura similar, que seria uma
bofetada merecida aos falcões e aos carniceiros da guerra, o fato
assume uma dimensão histórica que há que dimensionar com amplitude
e profundidade.
Que
o que deveria fazer o governo nacional, faça-o a contraparte,
resulta demasiado evidente que não se pode passar de soslaio. O país
nacional deve colher este gesto com entusiasmo e exigir ao país
político que pelo menos faça um gesto concreto de paz de tal
maneira que os diálogos de Havana [Cuba] entrem definitivamente no
cenário da irreversibilidade.
Com
este, são vários fatos similares que a insurgência armada fez,
enquanto o governo nacional –fiel representante da oligarquia
colombiana- se mantém imutável, estático e dogmático, como se
tudo se mantivesse estático e não estivesse fluindo minuto a
minuto, segundo a segundo.
Pelo
contrário. Os gestos do governo são de guerra. O pacote de medidas
aprovadas no parlamento, a pírrica proposta do salário mínimo, o
silêncio sepulcral ante as contínuas ameaças do paramilitarismo
contra os meios alternativos de comunicação e 17 jornalistas,
sindicalistas, dirigentes políticos de esquerda, campesinos,
indígenas, comerciantes, estudantes, cultivadores etc. É como se
nada estivesse sucedendo em Colômbia. E mais: Continua se
assassinando de costa a costa do país e o governo nacional guarda
absoluto hermetismo. Esses
são gestos concretos de paz?
A
posição dos Estados Unidos continua sendo ambígua, ou melhor:
dupla. Da boca pra fora diz estar com o processo de paz, porém não
diz absolutamente nada sobre as sete bases gringas em território
colombiano, tampouco da quantidade de mercenários da guerra que
entram e saem do país como reis, a aproximação com a Otan e a IV
frota militar gringa navegando águas colombianas.
Tampouco
é um gesto de paz do governo nacional a locomotiva
mineiro-energética. Todos sabemos que tal política é uma imposição
imperialista para permitir a entrada e saída, como pedro por sua
casa, de nosso país às multinacionais e transnacionais. Estas não
vêm, propriamente, em missão de paz, vem visando roubar nossos
recursos naturais deixando ferido de morte o meio ambiente. Não
somos apenas nós que o dizemos, dizem-no com voz clamorosa os
ambientalistas, isto é, os expertos na matéria.
Quer
dizer: pouco a pouco se depurando o ambiente e vai se sabendo quem é
quem. Isso,
o país nacional deve ter bem claro. E
a melhor maneira de tê-lo claro é assumindo uma postura ativa e
propositiva. Apresentando iniciativas que circundem e fortaleçam os
diálogos de Havana, porquanto os inimigos do processo, dentro e fora
do governo e dentro e fora do país, não cederão em seus pérfidos
propósitos de fazer abortar este processo tão avançado e
esperançoso. A própria Igreja
Católica
destacou
a seriedade com que a insurgência
assumiu o desafio. Todos
esperamos que haja no governo nacional reciprocidade, ainda que seja
mínima.
O
Cessar
unilateral do fogo pela guerrilha, é um gesto importante que deveria
se
dimensionar de forma correta nos grandes meios de comunicação.
Seria o elemental, se há sinceridade no propósito de encontrar uma
saída política ao conflito social e armado, desnecessário desde
todo ponto de vista. E é mais: seria obvio, caso houvesse no país
liberdade de imprensa e vontade real de paz, na
classe oligárquica que domina o
país há tantos anos, pois a paz não é um saco de palavras vãs,
mas o fruto de fatos concretos em benefício de todas e todos os
colombianos.
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Equipe
ANNCOL - Brasil
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