Por
Nelson Lombana Silva
O
General Alzate, seus acompanhantes e os soldados, prisioneiros de
guerra em Arauca, regressaram sãos e salvos a suas casas, vivos. É
o contraste do que faz o governo quando captura insurgentes:
Geralmente os entrega em bolsas de polietileno, esquartejados e
insultados infamemente com qualificativos de terroristas.
Por
mais que tratem de ocultar este contraste, os meios massivos de
comunicação, com sua consabida alienante e perversa desinformação,
não o conseguiu em sua totalidade, graças, entre outras coisas, ao
poder que vai se apropriando na consciência dos povos, dos meios
alternativos
O
próprio presidente Juan Manuel Santos, cínica e criminalmente,
confessou ter dado a ordem de assassinar, em completo estado de
indefensabilidade, ao comandante fariano Alfonso Cano. A guerrilha
superou esse crime de lesa-humanidade e seguiu adiante com o processo
de paz.
E
mais: Sendo o governo Santos quem impõe a torpe iniciativa de
dialogar em meio à guerra, suspende unilateralmente o processo de
paz porque um “peixe gordo” da oligarquia cai em mãos do
exército do povo. Não é fácil imaginar que, se houvesse caído
soldados ou mandos médios, o governo nacional não teria se
alterado, pois, ao fim e ao cabo, estes são povo, e que importa? Se
moveu porque era um General, filho da oligarquia.
A
decisão da guerrilha para contornar o impasse foi histórica. Se o
governo tivesse grandeza, assim o reconheceria. A grande lição não
pode ser minimizada. É única. Clara e contundente: a guerrilha
devolve os prisioneiros de guerra sãos e salvos, os militares
devolvem-nos em bolsas de polietileno, torturados ou simplesmente
desaparece com eles. Que contraste!
A
falta de palavra de Santos o obriga a propor que o fato passe como
si nada tivesse acontecido.
Provocação e conta nova. Porém, um fato tão grave e vergonhoso
não pode ser
tratado com um “deixe para lá”.
A guerrilha tem dito que há que fazer uma discussão sobre o tema,
certamente para pôr as coisas em branco e preto, o qual, no nosso
modo de ver, é o elementar, o correto. Com um governo sem palavra
tudo se torna etéreo, incerto.
Se,
no dia de amanhã, um comandante fariano do Secretariado cai e a
guerrilha suspende os diálogos, o governo atuará da mesma maneira
que atuou o movimento insurgente? É muito difícil. Se diria:
Impossível. Não em vão, estudiosos demonstraram que a oligarquia
colombiana é uma das mais criminais do continente e do mundo.
De
todas as maneiras, o povo colombiano não pode se comportar como
simples espectador. Deve assumir seu papel que a história lhe
depara. Deve pronunciar-se decididamente pelos diálogos aprovando-se
o cessar bilateral do fogo. Nisso não se pode vacilar. Ademais,
caracterizar a conduta dos negociadores, a postura das partes. Há
que ir desentranhando a miserável e ambígua postura do governo
nacional que, como dissera em seu momento Arizala, o governo numa mão
sustenta a pomba da paz e na outra a metralhadora para a guerra
contra o povo. Esse é Santos, o ex-ministro de defesa do pequeno
ditador fascista Álvaro Uribe Vélez.
O
outro grande desafio e nessa mesma direção é o fortalecimento
nacional da Frente Ampla pela Paz. Não se pode poupar energias neste
campo. Há que atuar com dinamismo e celeridade, sobretudo com
consciência de classe e espírito unitário. Realmente, está à
prova a maturidade da esquerda para avançar neste campo e,
evidentemente, os democratas e livres-pensadores que existem de ponta
a ponta do território colombiano. Inclusive, além das fronteiras.
Como diz a Marcha Patriótica: “Há que unir rebeldias”.
Uribe
e sua patota podre ficaram “sem
jeito”,
para usar uma frase coloquial. Eles queriam, certamente, que o citado
general regressasse em bolsa de polietileno e assim pôr fim aos
diálogos de Havana [Cuba].
Mas,
não foi assim.
No entanto, não se pode cantar vitória, porque, com certeza,
continuarão chicoteando as comunicações e provocando sabotagens
para evitar a culminação deste importante acordo de paz em
discussão na ilha da Liberdade. Estar
atentos,
é o chamado ao povo colombiano e às forças democráticas do país.
O inimigo de classe não cederá facilmente e ainda pode fazer muito
dano à sociedade colombiana e ao próprio processo de paz.
Neste
sentido, o presidente Santos deve amarrar as calças. Dizer a verdade
ao país, se está em condições de garantir a culminação
satisfatória do processo de paz ou se, eventualmente, é um refém
do militarismo, das bases gringas e dos mercenários estadunidenses
que pululam pelo país livremente. Deveria ser claro e concreto.
Equipe
ANNCOL - Brasil
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