Montanhas
de Colômbia, 24 de dezembro de 2014
O destino da Colômbia não pode ser o da guerra. Os que queiram a paz, os queiram pátria, venham conosco. Já começou a multitudinária marcha de bandeiras brancas pela paz. Ninguém pode ficar sentado em casa, ou com os braços cruzados quando a reconciliação está tocando com urgência a porta do coração da família colombiana. Os que tenham aversão a ela, por qualquer razão, venham também, no fundo eles sabem que não se deve deixar passar esta oportunidade para tentar nosso reencontro como irmãos.
O destino da Colômbia não pode ser o da guerra. Os que queiram a paz, os queiram pátria, venham conosco. Já começou a multitudinária marcha de bandeiras brancas pela paz. Ninguém pode ficar sentado em casa, ou com os braços cruzados quando a reconciliação está tocando com urgência a porta do coração da família colombiana. Os que tenham aversão a ela, por qualquer razão, venham também, no fundo eles sabem que não se deve deixar passar esta oportunidade para tentar nosso reencontro como irmãos.
Com
o passo de cessar-fogo unilateral e indefinito que demos, queremos
deixar clara a mensagem de que não há melhor maneira de desescalar
o conflito do que chegar à trégua bilateral, ao armistício como
arauto que anuncia o fim da confrontação armada. O caminho está
traçado. Seu norte são as mudanças institucionais que a nação
reclama, é a marcha do soberano através de um processo constituinte
aberto, em prol das transformações estruturais de ordem política,
econômica, social e cultural, que há de nos levar à fundação da
Colômbia justa e em democracia que todos ansiamos.
Um
espírito de concórdia abraça o continente nesta hora. Assim o
confirmam os ventos de paz que sopram entre Havana e Washington, que
começaram a romper os velhos muros da intransigência imposta para
subjugar a um povo digno. Como uma lição para a história, vai
ficando este capítulo de aproximação, no qual se demonstrou que a
diplomacia e o diálogo civilizado podem estar acima das diferenças,
indicando que visões do mundo, por muito dessemelhantes que sejam,
podem conviver, entre o respeito e o mútuo reconhecimento, sem
necessidade de infringir a paz e as boas relações, que é o que
também desejamos para Venezuela e o conjunto das Américas.
O
próprio governo dos Estados Unidos disse que 50 anos de uma política
de isolamento contra Cuba fracassou, porque é a nação do norte que
resultou isolada. E em Colômbia a realidade demonstra, a cada dia,
que meio século de guerra contra os que resistem à desigualdade e à
miséria também fracassou. Chegou o momento, então, de silenciar as
balas e as bombas, o momento de mudar o discurso, de mudar o
orçamento guerreirista, de dar voo ao poder da palavra abrindo
cenários nos quais a única batalha que se trave seja a das ideias.
Após
dois anos de conversações e de esforços de muitos compatriotas por
abrir caminhos de entendimento lançando propostas e iniciativas,
hoje, mais que nunca, é evidente que a confiança na possibilidade
certa de alcançar um acordo final se multiplicou com sobras, e
palpita assim no peito da pátria, com uma ressonância tal que
começa a obscurecer as estridências belicistas. E a voz da
concórdia é a voz da razão convidando aos céticos e adversários
a debaterem conosco sobre suas dúvidas, a compartilhar-nos de
maneira construtiva suas apreciações, e a juntar, em últimas
[instâncias], seus desejos com os nossos, pensando não nos
interesses particulares, mas sim no bem das maiorias e no destino da
nação.
Ademais,
não custa dizer que os colombianos temos direito a fazer a paz à
nossa maneira. Que nos deixem abrir caminhos pensando a partir de
nossa própria realidade, de nossas próprias tradições e
criatividade, sem ingerências jurídicas estrangeiras, privilegiando
o direito de gentes e a doutrina da margem nacional de interpretação,
sobre as normativas dos bastidores jurídicos, sem passar por alto
que, nestas longas décadas de conflito, o que o povo em armas tem
exercido é o legítimo direito à rebelião.
E
porque o direito à paz é o direito síntese por excelência, sem
cuja concreção nenhum outro é possível, juntos temos que
encontrar, ao conflito que nos dessangra, saídas políticas às
quais deveremos adequar qualquer norma que se pretenda estabelecer
para reger o trânsito para a normalização da vida nacional.
Porque
a paz é um assunto de todos os colombianos, a todas as organizações
e todos movimentos sociais e políticos, com o sentimento de
fraternidade que fascina esta saudação de fim de ano, lhes
estendemos nosso chamado a conversar em Havana, com a Delegação de
Paz das FARC, sobre a situação do processo, os temas próximos a
discutir na Mesa, e em torno a opiniões e propostas sobre o futuro
da Colômbia.
Que
2015 seja o ano das mobilizações pela paz.
Secretariado do Estado-Maior Central das FARC-EP
Secretariado do Estado-Maior Central das FARC-EP
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