Por
Alberto Pinzón Sánchez
A
captura do general Alzate no domingo 16 de novembro de 2014, perto da
corregedoria Las Mercedes sobre o rio Atrato, no “teatro de
operações” da força-tarefa contra guerrilheira Titán do
exército colombiano no Chocó, os fatos posteriores como a suspensão
dos diálogos de paz de Havana por parte do presidente JM Santos, a
gigantesca operação militar para resgatar o general, sua libertação
com foto e tudo, a leitura obrigada de uma autoinculpação
acompanhada de sua renúncia com seus 33 anos de mando e experiência
de guerra contra insurgente, o secretismo e ocultamento com que todo
o ministério de defesa dirigido pelo “militar de civil” Juan
Carlos Pinzón manejou todos estes incidentes.
As
inumeráveis versões que tentaram responder [obviamente sem êxito]
a pergunta elementar que se fazem milhões de pessoas tanto em
colômbia como no resto do globo terrestre sobre o que fazia um
general dessas características e dessa importância militar, só, de
short e chinelos, acompanhado de uma atraente companheira de trabalho
e dois espantados guarda-costas, quilômetros abaixo de seu bunker
oficial e numa pequena canoa artesanal de madeira que os chocoanos
chamam “panga”?
Versões
que podem ser sintetizadas em duas: Uma, que se encontrava fazendo um
negócio “irregular” [não se sabe com certeza qual], se de ouro,
se de coca, ou muito íntimo e pessoal e foi “delatado” por algum
concorrente dos organismos militares e de inteligência dos quais o
mesmo general citou em sua carta de renúncia. E outra, que dá
crédito à versão de que se encontrava fazendo uma supervisão
pessoal em terreno de uma multimilionária ação cívico-militar
numas miseráveis e segregadas comunidades afro-indígenas chocoanas.
Acontecimentos
todos apresentados nas notícias oficiais, numa cascata de
irracionalidade e falta de lógica. De uma inaudita incongruência e
incoerência entre os fatos ocorridos e as ideias ou frases com as
quais querem se explicar; beirando
NÃO na esquizofrenia, que é uma enfermidade mental altamente
perturbadora, senão que em algo concebido a propósito pelo alto
governo de JM Santos e seu executor militar Mindefesa Pinzón, com o
fim de continuar introduzindo na mentalidade dos colombianos e na
consciência social estropiada pelos 70 anos de conflito a tão
antiga matriz midiática de manipulação massiva [que tantos
benefícios tem dado à sua classe social] da incredulidade cidadã e
o ceticismo sobre os diálogos que conduzam à paz com a insurgência
e sobretudo para reforçar a ansiedade altamente manipulável que
produz o estar girando sem sentido num “círculo vicioso” que não
leva a nada, na qual vimos nos debatendo e matando entre irmãos
durante todas estas décadas de pesadelo sem esperança, para o
benefício econômico dos pescadores em águas turvas.
Uns diálogos de paz,
conduzidos pelo Estado colombiano com regras de ferro “supostamente”
muito racionais, impostas à sua Contraparte guerrilheira, para
burlá-las na primeira oportunidade. Diálogos que por este acúmulo
de incoerências não poderão conduzir a uma verdadeira comunicação
humana, senão que muito mais à “incomunicação dialogada” que
se está vendo: A incredulidade, a desconfiança e a suspicácia, ao
distanciamento mútuo e a uma nova frustração preparada e
longamente anunciada pela imprensa do senhor presidente; como quando
insiste com outra de suas famosas regras ilógicas: “Nada está
firmado até que tudo esteja firmado”, em lugar de ir avançando em
acordos parciais firmes como, por exemplo, um armistício bilateral.
Depois de concluída a
segunda guerra mundial e durante a chamada “pós-guerra”, um
grupo de escritores e dramaturgos, principalmente europeus,
atormentados com a barbárie que acabavam de viver e com o temor ou a
ansiedade produzidos pela ameaça de um holocausto nuclear absurdo
[razão fundamental da chamada guerra fria], ao descrever todos estes
medos, temores e ansiedades irracionais e levá-los à cena, deram
origem ao que posteriormente a literatura global denominou de “o
teatro do absurdo”.
Pois bem, hoje a
Colômbia está vivendo um espetáculo do absurdo com atores do
disparate, como se fora mais uma obra daquele teatro do absurdo, no
qual, como numa tresnoitada ironia, nos meteu o governo de Santos e
sua ferramenta Pinzón, com todas as suas incongruências e
absurdidades, mentiras irracionais e ocultamentos hipócritas e
ilógicos, sabendo de antemão que por esse caminho falso e oposto à
verdade não se vai a nenhuma parte. Talvez ao vazio existencial do
“nada” prefigurado de antemão nas advertências presidenciais
permanentes e insistentes de que “se se rompem os diálogos de paz
de Havana não acontece nada, pois seguimos nas mesmas”...
Já
em Colômbia, a pomba branca símbolo da paz foi substituída por um
short e um par de chinelos, acompanhados da absurda gargalhada dos
espectadores da obra de teatro iniciada.
Sairão
Santos-Pinzón com a sua de anunciar aos colombianos que vamos seguir
nas mesmas? Ou conseguirá o povo colombiano impor [com sua ação de
massas, obviamente] a necessidade histórica objetiva de conquistar a
tão ansiada Paz com justiça social, democracia e soberania que
tantos mortos nos custaram até agora?
--
Equipe
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http://anncol-brasil.blogspot.com
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