Em pronunciamentos simultâneos, transmitidos por
suas redes nacionais de televisão, os presidentes de Cuba, Raúl
Castro, e dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciaram nesta
quarta-feira (17) uma mudança histórica nas relações entre os
dois países, com o "restabelecimento das relações
diplomáticas" e a "adoção de medidas mútuas para
melhorar o clima bilateral".
Em discurso considerado histórico Castro agradeceu o
apoio do Vaticano e do papa Francisco ao "melhoramento" das
relações entre Cuba e Estados Unidos, e ao governo do Canadá por
ter facilitado um diálogo de "alto nível", que os dois
países realizaram ali durante vários meses de forma secreta.
Por sua vez, Barack Obama justificou a abertura do
diálogo com Cuba afirmando que o "isolamento não funcionou",
e argumentou que "chegou o momento de um novo enfoque"
sobre a ilha.
"Não espero que as mudanças que estou
anunciando hoje provoquem uma transformação da sociedade cubana da
noite para o dia", destacou Obama.
No entanto, defendeu que uma "política de
compromisso" com a ilha pode ser muito mais eficaz que o
"isolamento", e que "não serve aos interesses dos
Estados Unidos tentar empurrar Cuba em direção ao colapso".
Nesse sentido, pediu ao Congresso, que a partir de
janeiro estará controlado totalmente pelos republicanos, que inicie
um debate "sério e honesto" sobre o embargo econômico
unilateral imposto a Cuba em 1961.
O líder cubano esclareceu que, embora se tenha
decidido avançar na normalização das relações entre os dois
países, "isto não quer dizer que o principal tenha sido
resolvido" e exigiu o fim do "bloqueio econômico,
comercial e financeiro que provoca enormes danos humanos e
econômicos".
"Embora as medidas do bloqueio tenham sido
transformadas em lei, o presidente dos Estados Unidos pode modificar
sua aplicação com o uso de suas faculdades executivas",
lembrou Castro.
Trocas
Ontem, Obama e Castro, falaram por telefone para
fechar o acordo. As medidas anunciadas hoje incluem a flexibilização
das restrições às viagens e ao comércio entre Estados Unidos e
Cuba, assim como às remessas que os cubanos recebem de território
americano.
Além disso, Obama pediu a seu secretário de Estado,
John Kerry, que revise a inclusão de Cuba na lista de países aos
quais os Estados Unidos consideram patrocinadores do terrorismo.
O presidente americano também confirmou hoje sua
participação na Cúpula das Américas, que o Panamá receberá em
abril de 2015 e para a qual Cuba também foi convidada.
Fruto das conversas entre os dois países, foi
decidida a libertação do americano Alan Gross, preso por subversão
em Cuba, assim como de três agentes cubanos do grupo conhecido como
"Los Cinco", que permaneciam presos nos Estados Unidos.
Embargos
Raúl Castro esclareceu que, embora se tenha decidido
avançar na normalização das relações entre os dois países,
"isto não quer dizer que o principal tenha sido resolvido"
e exigiu o fim do "bloqueio econômico, comercial e financeiro
que provoca enormes danos humanos e econômicos".
"Embora as medidas do bloqueio tenham sido
transformadas em lei, o presidente dos Estados Unidos pode modificar
sua aplicação com o uso de suas faculdades executivas",
lembrou Castro.
O presidente cubano admitiu que persistem profundas
diferenças entre os dois países, "fundamentalmente em matéria
de soberania nacional, democracia, direitos humanos e política
externa", mas reafirmou a "vontade" do governo de Cuba
em dialogar sobre todos esses temas.
"Propomos ao governo dos Estados Unidos a adoção
de medidas mútuas para melhorar o clima bilateral e avançar rumo à
normalização dos vínculos entre nossos países, baseados nos
princípios do Direito Internacional e na Carta das Nações Unidas",
ressaltou Castro.
Neste novo clima de diálogo, Castro pediu que os EUA
"removam os obstáculos que impedem ou restringem os vínculos
entre nossos povos", em particular os relativos às viagens, ao
correio postal direto e às telecomunicações.
"Os progressos alcançados nas conversas
realizadas demonstram que é possível encontrar solução para
muitos problemas. Como repetimos, devemos aprender a arte de
conviver, de forma civilizada, com nossas diferenças",
ponderou.
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Equipe ANNCOL - Brasil
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