Por
Rubín Morro
Integrante
da Delegação de Paz das FARC-EP
“O
homem e a mulher não nascem, se fazem; são resultado do
desenvolvimento político, social, econômico e cultural da
sociedade.
A partir do nascimento, o bebê de sexo masculino já começa a se
dar conta do que se espera dele por ter as características de seus
órgãos genitais. No entanto, não basta nascer com um pênis para
se transformar em homem. Existe um caminho a ser percorrido até
chegar a sê-lo. Os primeiros anos de vida são fundamentais e
responsáveis pelas características do homem que vai surgir”.
(Revista
cubana de Saúde Pública).
A
nova masculinidade não quer dizer que se renuncie a sua condição
de identidade de homem como tal, nem a sua orientação
heterossexual, nem adotar comportamentos afeminados. Não se trata
disso. Trata-se da mudança que o homem em sua condição assume
responsabilidade e papeis até agora pré-determinados exclusivamente
para a mulher, produto do machismo. A nova masculinidade faz do homem
mais humano, um novo conceito teórico e prático em sua relação
diária com a mulher em termos de sentimentos, trabalho, igualdade e
equidade de gênero.
O
homem no novo conceito da masculinidade moderna já não esconde seus
sentimentos, seus afetos, seu amor. Encontra-se a si mesmo no
conceito de sua masculinidade baseado em seu encanto, ternura e
segurança como guia de seu comportamento na sociedade.
A
identidade masculina se caracterizou por patrões patriarcais e
estruturais em todas as manifestações da sociedade por milhares de
anos, na competitividade e no poder. Traços como o medo, o pranto, a
dor e outras manifestações do sentimento não cabem no estereótipo
do homem. No longo processo da socialização do menino influem nele,
normas e valores próprios de uma sociedade basicamente machista, que
castram a verdadeira masculinidade. Impõem-se aos homens exclusivos
conceitos como atividade, força, dureza, virilidade, abrigo,
incentivo, proteção, invulnerabilidade, racionalidade, castigo,
poder, respeito, provimento, coragem, resistência, ira,
exterioridade, reflexão e ordenação. Logicamente, todo o contrário
para a mulher. Submissão, inferioridade, passividade, compreensão,
espera, complacência, intuição, paciência, vulnerabilidade,
debilidade, resistência, pranto, etc.
Estas
realidades, através dos anos e da luta pelo reconhecimento social e
político, foram rompidas como a afirmação do papel protagonista de
homens e mulheres na história: a briga por uma sociedade mais justa
e equitativa nos tirou deste labirinto de papeis imposto pelas
tradições e a má educação. Tanto a mulher como o homem vem se
posicionando fortemente frente a suas responsabilidades e o debate
permitiu uma discussão universal em todas as manifestações da
vida, por resgatar nossa verdadeira identidade como seres humanos, em
uma construção social cuja essência, se possa expressar livremente
sem ser violentados ou estigmatizados.
O
desenvolvimento da identidade se forja mediante a interação das
pessoas com seu entorno social e cultural. Sem dúvida, existem
marcadas diferenças físicas e psicológicas entre mulheres e
homens, algo que se manifesta na relação com outras pessoas no
viver diário; ou seja, não somos iguais. No entanto, apesar dessas
diferenças físicas e psicológicas, ambos são seres humanos; de
onde se depreende que, apesar das diferenças existentes, se impõe a
equidade, motor do desenvolvimento social. Fazer o justo, dar o
justo, todo um complemento humano entre mulher e o homem.
Ante
estas normas e desafios sociais impostos, somos obrigados a alcançar
uma identidade masculina que permita aos homens serem pessoas no mais
amplo sentido da palavra, baseando-se em conceitos como: Aceitar
a própria vulnerabilidade masculina; aprender a expressar emoções
e sentimentos; a buscar ajuda e apoio; aprender métodos não
violentos para resolver conflitos e aceitar atitudes e comportamentos
considerados femininos (atenção e cuidado com seus filhos e filhas,
cozinhar, varrer, lavar, expressar afetos, etc.), o que ao final nos
deve levar a um desenvolvimento humano mais completo.
Frente
aos padrões tradicionais que limitam o verdadeiro conceito do homem,
vai surgindo uma nova masculinidade que rompe com os estereótipos,
até conseguir uma identidade que permita ser uma pessoa acima de ser
homem. Uma construção social que deve iniciar-se na tenra idade,
para ir criando no menino valores humanos de identidade própria, sem
papeis pré-determinados. Nos adultos, trata-se não apenas de
participar do debate, mas em fazer esforços para chegar a uma práxis
diária que implica uma nova conduta e comportamentos, que nos vão
situando em uma condição mais humana, de novo homem.
Estas
realidades, hoje mais que nunca, estão na agenda diária em todas as
latitudes e os setores sociais, populações e em nossa interpretação
pessoal. Ao lado de outros temas necessários de serem abordados,
como são a compreensão, reconhecimento e respeito à comunidade
LGBTI e toda sua diversidade sexual; que cada vez vão conseguindo
fazer-se mais visível e ir posicionando a afirmação social e
política de seus direitos como seres humanos.
Necessitamos
ter a mente aberta ao abordar esses temas, já que são realidade,
independente de se gostamos,
estarmos ou não de acordo.
Tradução:
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
--
Equipe ANNCOL - Brasil
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