sexta-feira, 24 de abril de 2015

Santos e seu regime oligárquico, afundados no caos sistêmico que se propaga por toda Colômbia.

Por Horacio Duque
O processo de paz que se adianta entre as Farc e o governo neoliberal de Santos em Cuba agita com mais força a estrutura política oligárquica.
Cada acontecimento, cada passo nas conversações com a insurgência revolucionária, graças à enorme potência acumulada por ela, tem um grande impacto no resto da formação social.
Na conjuntura a Mesa Conversações viabiliza descobre e precipita a crise do Estado e do regime de dominação hegemônica. Confirmou-o a crise da putrefata justiça. Valida-o a crise econômica e fiscal em curso que pretendem maquiar. Alavanca-o a explosão militarista nas Forças Armadas, capturadas pela retrógrada plataforma fascista da ultra direita, com a qual coincide Santos [com seu Ministro da Guerra, Pinzón], na defesa do aparato bélico, aéreo, policial e paramilitar, como a única garantia da continuidade da dominação plutocrática, que, segundo o distraído senhor De La Calle, não existe por nenhum lado. De acordo com a sua última mensagem niilista, a oligarquia [Sarmiento Angulo, Ardila Lule, Santo Domingo, Sindicato Antioquenho etc.], não existe, pois é uma invenção de nós, os “esquerdistas” pré-modernos. Me dá riso esta piada da senilidade liberal.
Crise, a que Santos vive. Parece um doente com complicação de males. Tudo se lhe escapa das mãos, pois a única alternativa é a ascensão das forças populares e democráticas, para aproximar-se de um governo de transição que surja de uma Assembleia Constituinte pela paz e a democracia ampliada. Se trata de uma saída que não admite mais prazos.
Pelas reações dos sujeitos de peso, o processo de paz continuará, mesmo que estejamos ainda longe de um final exato das negociações.
Assim o pediu o governo de Obama e a hierarquia eclesiástica. Quem patina é Santos e sua cúpula ministerial e politiqueira da Unidade, pois se movem no pântano das ambiguidades, dos cálculos traiçoeiros e dos golpes baixos para manter o regime neoliberal e as arcaicas estruturas de poder da oligarquia feudal, bancária e militarista. É o que explica a imposição de seu Plano de Desenvolvimento e as leis que reforçam o modelo privatizador e a ditadura dos mercados.
O certo é que o Chefe da Casa de Nariño, quem devia ter renunciado a seu cargo há tempos, se move na direção da derrota da insurgência revolucionária e do triunfo da podridão política que agencia por todo o Estado com a corrupta distribuição das regalias petroleiras que têm sido literalmente saqueadas por seus coronéis nas regiões. Há que observar os casos dos estados do Cauca e do Quindío, para citar uns poucos. Em Popayán, Temistocles e a quadrilha liberal de Velasco e Cárdenas organizaram contratos de obra fraudulentos e torcidos para roubar milhares de milhões de pesos. De igual forma em Armenia procede dona Sandra Paola e Emilio Carriel, o velho cacique liberal [se diz social-democrata] que está em pleno conluio eleitoral com os seguidores de Uribe Vélez na região para impor prefeitos e governador. Este último caso confirma que Santos e Uribe coincidem estrategicamente na defesa de sua falsa democracia neoliberal. Coincidem no fundamental, como dizia Gómez Hurtado, por isso choram juntos os mortos oficiais do conflito.
Nessas condições, minha sugestão é que assumamos a conjuntura crítica em que estamos como o ingresso do Estado e da nação numa situação de caos sistêmico. Postulo que os acontecimentos/verdade dos últimos dias reflitam um salto qualitativo nesse sentido, no qual se desdobram várias grandes forças cujos choques e rixas dão forma a uma situação de crescente caos estrutural que requer saídas em sentido progressivo e democrático.
A crise e o caos sistêmico operam como uma máquina depredadora que destrói tudo com sua passagem; destrói, devasta, aniquila o que encontra em seu caminho. Avassala os modos de vida dos subalternos e das elites, ainda que uns e outros têm recursos diferentes para enfrentar a nova situação. Os do poder tentam tirar proveito do caos para continuar estando por cima. Os subalternos enfrentam desafios maiores, uma vez que sua existência está em perigo. Só podem sair contentes em movimento e em ação coletiva, lutando com outros e outras aos quais a desordem lhes impõe irmanar-se, sem se deixar comprar por burocratas e ministros em plano de transformismo com os movimentos populares e seus líderes.
O caos sistêmico tende a destruir [neutralizar e transformar suas identidades] a todos os atores coletivos, começando pelos mais frágeis e menos resistentes. Certas “esquerdas” [derivadas do aparelho liberal oficialista do estado de Antioquia] deixam de ser esquerdas não porque tenham poucos apoios, podem ter inclusive milhares de votos, senão porque lançaram pela borda a ética pra ficarem por cima, recebendo migalhas do poder e dos poderosos.
O importante nesta conjuntura é ter claro que não há outro caminho que o combate, que preparar-se para mais conflitos e lutas abertas sob suas mais diversas formas de manifestação, sem descartar a resistência armada. É neste sentido que proponho a necessidade de deixar para trás as simples marchas reivindicativas, os atos simbólicos, e passar ao alçamento generalizado contra a oligarquia imperante e suas manobras santistas e uribistas. São as lições de outros povos, como o palestino e suas intifadas.
As reformas que milhões de colombianos reclamam implicam resistências dos de cima, intensificação dos conflitos. É, outra vez, a hora dos movimentos sociais e populares. Porque só os de baixo organizados são capazes de enfrentá-los e derrotá-los.

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Equipe ANNCOL - Brasil

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